É possível um cristão ser totalmente santo, aqui neste mundo?

O personagem Jesus no filme de Mel Gibson na estrada olhando para nós

“A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. (I Co 15:52b)

Ao nos rendermos a Cristo, fomos salvos da penalidade do pecado, e, então, entramos no processo de santificação. Nesse processo, estamos gradualmente sendo salvos domínio do pecado, tornando-nos cada vez mais parecidos com Cristo. Mas chegará o dia em que seremos completamente salvos da presença do pecado e plenamente santos. Quando isso ocorrerá?

É possível um cristão ser totalmente santo, aqui neste mundo? Pode o crente em Cristo chegar a um ponto, nesta vida, em que não peque mais? Textos como Mateus 5:48, que diz: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste”, ou, ainda, como I João 3: 9, que afirma: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado”, levam alguns a concluírem que é possível, sim, ter uma vida sem pecado neste mundo. Essas pessoas chegam a afirmar que todo cristão é perfeito, desde o dia em que foi regenerado. Será?

A pesquisa bíblica e a experiência da vida cristã nos mostrarão o contrário disso! Mas, enfim, quando se dará a plenitude da santificação pessoal? Essa pergunta tem causado grandes controvérsias, tem dividido as opiniões de vários pensadores cristãos, ao longo da história da igreja. Como podemos respondê-la? O que a Bíblia Sagrada nos ensina a respeito deste tema?

Vejamos dois pontos essenciais.

1) A santificação pessoal jamais será plena nesta vida:

Jamais podemos entender o já citado texto de Mateus 5:48 fora de seu contexto. Esse versículo faz parte do sermão da montanha. Jesus havia mostrado, um pouco antes, nas bem-aventuranças, que fome e sede de justiça seriam uma marca sempre presente nos seus discípulos. E, no capítulo seguinte, ensina que os discípulos deveriam sempre pedir perdão pelos pecados. “A fome de justiça e a oração pelo perdão, sendo contínuas, são indicações claras de que Jesus não esperava que seus seguidores se tornassem moralmente perfeitos nesta vida”.

Quando Jesus ordena aos discípulos a serem perfeitos como o Pai no céu é perfeito, estava apenas mostrando qual é o padrão de pureza moral que eles deveriam desejar e perseguir. O Mestre não estava afirmando que poderiam ser perfeitos neste mundo. Semelhantemente, a afirmação de João de que todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado não quer dizer que uma pessoa convertida torna-se moralmente pura, mas que, sendo filha de Deus, não deve viver na prática contínua e habitual do pecado.

Portanto, o ensino de que alguém pode ficar completamente isento de pecado nesta vida é falso e antibíblico, pois não há nenhum versículo na palavra de Deus que indique claramente essa possibilidade. Pelo contrário, há vários versículos, tanto no Antigo Testamento (I Re 8:46; PV 20:9; Ec 7:20) quanto no Novo Testamento (Tg 3:2; I Jo 1:8,10), que são claros em afirmar que não somos capazes de sermos moralmente perfeitos nesta vida, pois, embora sejamos livres da escravidão do pecado, este continua presente em nós.

Em toda a nossa caminhada na terra, o pecado exercerá influência sobre nós (Rm 6:12 13; I Jo 1:18). Isso é claro no ensino de Cristo: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas [pecados] assim como nós temos perdoado aos nossos devedores” (Mt 6:11-12). Observe que, da mesma maneira que a oração pelo pão de cada dia oferece o padrão de uma oração que deve ser feita todos os dias, também a oração pelo perdão dos pecados deve ser uma prática diária na vida do cristão.

O apóstolo João, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade não está em nós” (I Jo 1:8). Com essas palavras, João, de forma absoluta, elimina qualquer possibilidade de ficarmos totalmente livres de pecar em nossa vida. Apesar disso, não podemos usar essa verdade como desculpa para vivermos acomodados diante do pecado. Uma coisa é o pecado viver em nós; outra, bem diferente, é vivermos no pecado. Aliás, a Bíblia é repleta de incentivos a lutarmos contra o pecado e a crescermos espiritualmente.

Paulo, mesmo que estivesse bem à frente de todos nós, na corrida pela santidade, não descansou. Ele disse: “... não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo” (Fp 3:13-14). Não podemos nos acomodar! É preciso avançar na santificação pessoal! “Aquele que começou a boa em nós é fiel e vai completá-la” (Hb 12:2; Fp 1:6).

Quando isso ocorrerá? A resposta está na seqüência deste estudo.

2) A santificação pessoal será plena na volta de Cristo:

O cristão, enquanto vive neste mundo, deve desejar um maior e melhor aperfeiçoamento, através da santificação; contudo, este só atingirá seu ponto culminante quando Jesus voltar nas nuvens dos céus, com poder e grande glória. Todos nós aguardamos esse dia! Com certeza, chegará! Um dia, ouviremos de Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25:34).

Afinal, foi o próprio Jesus quem prometeu: “Vou preparar-vos lugar. E seu eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também” (Jo 14:2-3). Nesse dia, todos aqueles que, com insistência, avançam na santificação pessoal serão recompensados! Paulo nos diz que, “quando ele se manifestar, também nós nos manifestaremos com ele, em glória” (Cl 3:4) Então, acontecerá a plenitude da santificação em nós, porque, como Cristo é, nós seremos (I Jo 3:2).

A realização desse precioso fim do processo santificador é conhecida, teologicamente, como a glorificação, e significa que seremos semelhantes a Cristo em sua glória. Em seu retorno, Jesus transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso (Fp 3:21). Nessa ocasião, todos os que morreram em Cristo serão levantados e transformados juntamente com os cristãos que estiverem vivos. Em sua primeira carta aos Coríntios, Paulo mostra a diferença entre o corpo atual e o ressurreto.

(a) O corpo atual é corruptível, sujeito ao pecado, a doenças e à morte; o corpo ressurreto será incorruptível e imortal, imune ao pecado, a doenças, à deterioração (I Co 15:42,53).

(b) O corpo atual é semeado em desonra; o corpo ressurreto será glorioso (I Co 15:42).

(c) O corpo atual é fraco; o corpo ressurreto será poderoso (I Co 15:43).

(d) O corpo atual é físico; o corpo ressurreto será espiritual (I Co 15:44).

Então, seremos totalmente livres da presença do pecado em nós e o processo de salvação estará completo.

O apóstolo João afirma que “ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Mas, devemos saber que, quando Cristo se manifestar, seremos semelhantes a ele” (I Jo 3:2); no entanto, segue dizendo que “todo aquele que tem essa esperança, deve purificar-se a si mesmo, como também Jesus é puro” (I Jo 3:3). Portanto, meus amados irmãos, “sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (I Co 15:58).

Nesta vida, sofremos por nos sentirmos incompletos; porém, temos uma grande certeza: a trombeta soará e Jesus aparecerá nas nuvens do céu; os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e seremos transformados em sua glória. Mas, enquanto ele não volta para fazer-nos plenamente puros e santos, qual deve ser nossa atitude?

Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com convicção.

A promessa da vinda de Jesus é referida mais de 300 vezes, no Novo Testamento. Por isso, Pedro, no capítulo 3 de sua segunda carta, deixa-nos claro que podemos ficar seguros quanto ao retorno de Cristo, pois foi Deus quem prometeu, e ele cumpre suas promessas. Podemos ter convicção de que o Senhor voltará e seremos perfeitos como ele. Por isso, devemos viver aguardando, e desejando ardentemente a vinda do Senhor (II Pe 3:12), certos de que aquele que começou a boa em nós vai completá-la (Fp 1:6).

Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com vigilância.

A convicção da volta de Cristo nos leva à vigilância, quanto a nossa santificação pessoal. Pedro nos chama à atenção, ao usar a expressão “virá como ladrão” (II Pe 3:10), numa clara referência ao sermão profético, quando Jesus afirmou: “Cingido esteja o vosso corpo, e acesas, as vossas candeias” (...). “Bem aventurados aqueles servos a quem o senhor, quando vier, os encontre vigilantes” (Lc 12:35,37). Ele disse, ainda: “Eu venho logo. Guardem o que vocês têm, para que ninguém roube de vocês o prêmio da vitória” (Ap 3:11 - NTLH).

Devemos esperar a plenitude da santificação pessoal com empenho.

Na afirmação de Pedro: “Esperando estas coisas, empenhai-vos por serdes achados por ele em paz, sem mácula e irrepreensíveis” (II Pe 3:14), a expressão “empenhai-vos” pode ser traduzida por “esforçai-vos, ocupai-vos”. Enquanto aguardamos a plenitude da santificação, devemos empenhar-nos ao máximo para vivermos uma vida piedosa e santa, que seja digna da glória futura. Esse empenho diz também respeito a apressarmos a vinda do Senhor, através da evangelização dos que nunca ouviram as boas novas (II Pe 3:12; Mt 24:14).

Aleluia! Nosso Senhor em breve voltará, e seremos transformados, livres, para sempre, da presença do pecado em nós, e nos tornaremos semelhantes ao Filho de Deus. Então, a nossa salvação estará completa. Mas, enquanto a plenitude não chega, “vivamos, no presente século, sensata, justa e piedosamente, aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória” (Tt 2:12-13). Com convicção, vigilância e empenho, unamo-nos todos em uma só voz, para dizer:

"Amém, vem Senhor Jesus!" (Ap 22:20 - NTLH).

DEC

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