Eu tenho direito! Será?

Eleilton William de Souza Freitas


A narrativa de Mateus 17:24-27 é um tanto quanto curiosa. Essa é uma das mais estranhas histórias miraculosas de Jesus. Estudiosos sérios da palavra de Deus “tem perguntado se este milagre, aparentemente bizarro, pode realmente ser atribuído a Jesus”. Todavia, esse ponto de vista peca. Essa aparente “estranha” história tem muito a nos ensinar a respeito de Jesus, o nosso Senhor.

Depois de ficarem alguns meses fora de Cafarnaum, Jesus e seus discípulos voltam ao lugar onde Ele tinha seu centro de operações e onde Pedro também morava. Então, chegaram alguns cobradores de impostos! A data do pagamento do imposto já havia passado há seis meses. Jesus e Pedro estavam realmente muito atrasados quanto ao pagamento. Todo judeu com mais de vinte anos de idade tinha obrigações quanto a esse imposto que servia para o sustento do templo.

Quando as autoridades responsáveis pela cobrança do imposto ouviram falar que Jesus e seus seguidores estavam na cidade imediatamente foram questionar Pedro: "Não paga o vosso mestre as duas dracmas?" (Mt 17:24). É bem possível que essa conversa tenha se dado no meio da rua, perto das barracas dos cobradores de impostos. Pedro como profundo conhecedor do caráter de Jesus, e sabendo que Ele tinha por costume pagar impostos disse: "Sim, paga!" Pedro não hesita um instante sequer!

Quando chega a casa, antes mesmo de abrir a sua boca, ele é interrompido por Cristo: "Que te parece Simão? De quem cobram os reis da terra os impostos ou tributo? Dos seus filhos, ou dos estranhos? Respondeu-lhe Pedro: Dos estranhos. Disse lhe Jesus: Então os filhos estão isentos" (Mt 17:26). Jesus estava mostrando para Simão que Ele não tinha obrigação nenhuma de pagar aquele imposto! Na qualidade de Filho de Deus, Senhor do templo, esta obrigação não estava, de maneira nenhuma imposta a Ele. Os membros da família real não pagam impostos, pelo contrário são mantidos por eles.

Se Jesus não precisava pagar, porque então pagou? O texto diz: "Mas, para que não os escandalizemos..." (Mt 17:27). Essa disposição de abrir mão dos direitos pessoais em favor dos outros é uma características marcante de Jesus. Ele não precisava pagar, mais pagou! E fez mais, pagou para si mesmo e também para Pedro (Mt 17:27b). Esse gesto demonstra a ENORME GENEROSIDADE de Jesus Cristo.

A palavra escandalizar, no grego “skandalizo”, pode significar uma pedra de tropeço ou obstáculo no caminho, sobre o qual outro pode tropeçar e cair. Veja que Jesus estava preocupado com os outros. Ele não queria ser pedra de tropeço. Na Bíblia nós, os cristãos, somos instruídos a "que consideremo-nos uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras" (Hb 10:24). Através desse texto aprendemos que todos nós, de alguma forma, somos responsáveis pelo nosso irmão. Existirão momentos que teremos de abrir mão do nosso “direito” para que nossos irmãos na fé não caiam, ou se desanimem.

Pense nisso, mesmo estando certo, existirão momentos que para não escandalizar o nosso irmão em Cristo precisaremos ceder. Faça isso quando for preciso! Seja diferente. Vivemos num mundo onde todas as pessoas querem fazer seus direitos a todo custo. Ninguém quer ceder. É a lei do que fala mais alto. Não estamos querendo dizer que é errado você lutar por seus direitos, o problema é que para isso muitos passam por cima de quem for; não medem conseqüências. Acho que o modelo de Jesus não é o mais popular hoje.

Porque será que Ele insiste em remar contra a maré?

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Fonte: Eleilton William de Souza Freitas

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