Raabe uma mulher confiante

Raabe uma mulher confiante

O texto de hoje gira em torno da vida de Raabe, a prostituta cuja história é narrada nos capítulos dois e seis do livro de Josué. O que uma mulher que teve uma vida imoral pode nos ensinar? Ela pode nos ensinar o modo certo de se confiar em Deus! Parece chocante, mas é verdade. Raabe é um incrível exemplo de confiança em Deus. Há, no Novo Testamento, dois extensos, instrutivos e valiosos capítulos a respeito da fé (Hb 11 ; Tg 2). Em ambos capítulos, a fé autêntica é conceituada e exemplificada. Sabe quem é também citada nestes capítulos, como exemplo de fé autêntica? Raabe. Diante disso, vale a pena prestar atenção no que a Bíblia tem a nos dizer sobre a vida desta mulher.

“Raabe subiu ao terraço e disse a eles: — Eu sei que o SENHOR deu esta terra a vocês, os israelitas. O Deus de vocês, o SENHOR, é Deus lá em cima no céu e aqui em baixo na terra”. (Js 2:8a-9a,11b – NTLH)

O que a Bíblia diz sobre Raabe

Por ordem de Deus, Josué assumiu o lugar e a missão de Moisés de levar o povo para tomar posse da tão sonhada e desejada Canaã. Deus disse a Josué: “Moisés, meu servo, é morto; dispõe-te, agora, passa este Jordão, tu e todo este povo, à terra que eu dou aos filhos de Israel”. Não era nada fácil para Josué assumir o lugar de Moisés. Nunca é fácil substituir líderes notáveis e tementes a Deus. Ele, porém, não tinha razão para temer nem para tremer, pois Deus garantira a vitória: “Você nunca será derrotado. Eu estarei com você como estive com Moisés. Nunca o abandonarei”. Então, depois de ser grandemente encorajado pelo Senhor, Josué tomou as primeiras providências para a conquista da Palestina Ocidental.

No mais absoluto sigilo, Josué enviou dois homens a Jericó. Esta missão foi cuidadosamente mantida em segredo, até mesmo dos israelitas, para que uma possível circulação de um relatório desfavorável não desanimasse o povo. Os espias deveriam examinar bem a terra, especialmente a cidade de Jericó. Josué precisava de informações detalhadas a respeito da identidade e do território do inimigo. Eles foram, pois, e entraram na casa de uma mulher prostituta, cujo nome era Raabe, e pousaram ali. Muitos afirmam que Raabe não era uma prostituta, mas, sim, uma estalajadeira, isto é, alguém que administra uma estalagem. Isto, porém, é muito improvável, porque a palavra hebraica traduzida por prostituta é zônah – que, normalmente, é empregada para descrever uma prostituta comum.

Mesmo tendo tomado medidas de precaução, a chegada daqueles homens à cidade de Jericó foi percebida pela população, que estava bastante vigilante. O rei foi imediatamente informado da presença dos israelitas: “Eis que, esta noite, vieram aqui uns homens dos filhos de Israel para espiar a terra”. Canaã, durante esse período, não possuía nenhum governo centralizado. Ao invés disso, tinha um sistema de organização política de cidades-estados. Os governantes dessas cidades são chamados de reis, no livro de Josué. Tão logo soube disso, ele mandou um grupo de busca à casa de Raabe para prendê-los. Eles disseram: “Os homens que estão na sua casa vieram para espionar toda a terra! Traga esses dois para fora!” Raabe escondeu os dois israelitas, e mentiu para os homens que o rei lhe mandara, dizendo que eles já haviam ido embora.

A mentira oportuna de Raabe foi um pecado de fraqueza de alguém, cuja consciência estava começando a ser despertada das trevas do paganismo. Uma pessoa de fé desenvolvida aprende a responder sem mentir. Ao proteger esses homens, ela estava arriscando sua própria vida. Ela não precisava fazê-lo, pois, ao que parece, eles não a ameaçavam. Pelo tipo de vida que levava, seria natural que fizesse o que fosse mais fácil e seguro para ela, e isto implicaria, à primeira vista, entregar os homens para que fossem punidos. Ela, porém, os fizera subir ao eirado e os escondera entre as canas do linho que havia disposto em ordem no eirado (Js 2:6). Então, os soldados saíram em busca dos espiões, até chegarem à parte rasa do rio Jordão.

Antes que os espiões dormissem, Raabe foi falar com eles, e disse-lhes: “Bem sei que o SENHOR vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados” ( Js 2:9). Raabe e os demais moradores de Jericó estavam bem informados a respeito das poderosas intervenções de Deus. Como ele secara o Mar Vermelho, a fim de que os israelitas pudessem escapar dos feitores de escravos egípcios. Como lhes dera vitória na batalha contra Seom e Ogue, dois reis dos amorreus. Ela ainda afirma: “quando ouvimos essas coisas, perdemos a coragem e todos nós ficamos com muito medo por causa de vocês” ( Js 2:11 a).

Após admitir que o Deus de Israel é Deus soberano, que controla os eventos celestiais e terrenos, Raabe suplicou por misericórdia: “agora, pois, jurai-me, vos peço, pelo SENHOR que, assim como usei de misericórdia para convosco, também dela usareis para com a casa de meu pai”(Js 2:12a). Este seu pedido evidencia o quanto o coração daquela prostituta era amoroso. Ela não pensou apenas na sua própria salvação, mas se importou, também, com a salvação de seus familiares e parentes. Ela bem poderia ter proposto um acordo de livramento pessoal, ou, talvez, até mesmo ter fugido com os espias, deixando Jericó entregue à destruição. Porém, pediu pela família: “salvem o meu pai, a minha mãe, os meus irmãos e as minhas irmãs e as famílias deles. Não deixem que nos matem”(Js 2:13 – NTLH).

Os espias prometeram à prostituta que seus familiares não seriam aniquilados, desde que ela observasse três medidas de cooperação e precaução. Ela deveria amarrar um cordão vermelho na janela (Js 2:18 a), reunir toda a sua família dentro da casa e mantê-la ali (Js 2:18 b), e guardar segredo, quanto ao combinado com os espias (Js 2:20). Qualquer que faltasse com a observação dessas medidas seria responsável pela sua própria morte. Depois de ouvir todas estas condições, Raabe disse aos espias: “segundo as vossas palavras, assim seja”(Js 2:21a). Assim que os despediu, Raabe atou o cordão de escarlata à janela (Js 2:21b). Ela creu e agiu! Os espias, então, seguindo orientações da prostituta, seguiram para as montanhas circunvizinhas, onde permaneceram três dias, escondidos. Enquanto isso, os soldados do rei os procuravam por toda aquela região. Não conseguindo localizá-los, voltaram para Jericó.

Tão logo viram que não corriam mais risco de serem presos, os dois espias voltaram para junto de Josué. Passaram para ele as informações que puderam colher, sobretudo, a notícia de que o pânico se alastrava entre os habitantes de Jericó. E terminaram o relatório com uma declaração de confiança: “Estamos certos de que o SENHOR nos deu toda esta terra. Todo mundo aqui está morrendo de medo de nós” (Js 2:24 – NTLH). No dia seguinte, o povo partiu de Sitim para atravessar o Jordão e entrar em Canaã. Por uma ação de Deus, as águas do Jordão se abriram para o povo passar para outro lado. A notícia da travessia milagrosa espalhou-se rapidamente. Assim que os reis amorreus, que habitavam deste lado do Jordão, ao ocidente, e todos os reis dos cananeus que estavam ao pé do mar, ouviram dizer que o SENHOR tinha secado as águas do Jordão, de diante dos filhos de Israel, até que passassem; “desmaiou-se-lhes o coração, e não houve mais alento neles, por causa dos filhos de Israel” (Js 5:1).

O Senhor estava dando a terra a Israel, e, perante a sua poderosa mão, ninguém podia resistir. Josué estava ao pé de Jericó, a cidade cananita mais próxima de Gilgal. Podia ver as fortificadas muralhas da cidade, que, aparentemente, eram inconquistáveis. Possivelmente, imaginava como haveria de tomá-las. De repente, um visitante sobrenatural apareceu-lhe. Ele viu um homem com uma espada na mão parado na sua frente. Josué se aproximou rapidamente dele, perguntando: “És tu dos nossos ou dos nossos adversários?” Aquele homem identificou-se como sendo o príncipe do exército do Senhor. Esta visão, sem dúvida, foi um encorajamento para Josué; serviu para lembrar-lhe de quem seria o verdadeiro comandante naquela campanha militar. Logo depois dessa visão, disse o SENHOR a Josué: “Olha, entreguei na tua mão Jericó, o seu rei e os seus valentes” (Js 6:2).

Deus ordenou a Josué que fizesse os homens de guerra de Israel rodearem a cidade, cercando-a uma vez, e isto por seis dias. Sete sacerdotes, marchando à frente da arca da aliança, levariam consigo sete trombetas. No sétimo dia, os homens rodeariam a cidade sete vezes, os sacerdotes tocariam as trombetas e o povo todo gritaria com grande grito. Então, disse o Senhor: “o muro da cidade cairá abaixo, e o povo subirá nele” (Js 6:2-5). E foi assim que se deu a queda de Jericó. Deus ordenou a Israel que destruísse totalmente a cidade e a tudo o que nela houvesse, incluindo sua população: “Tudo quanto na cidade havia destruíram totalmente a fio de espada, tanto homens como mulheres, tanto meninos como velhos, também bois, ovelhas e jumentos” (Js 6:21).

Raabe havia feito tudo que os espias tinham dito. O cordão vermelho estava amarrado na janela. E os seus familiares? Também estavam todos reunidos em sua casa. O clima era de apreensão e agitação, pois, a qualquer momento, Jericó seria invadida e arrasada. O povo de Israel já havia atravessado, milagrosamente, o Jordão. Os portões da cidade estavam rigorosamente fechados. Ninguém saía nem entrava. Raabe vivia numa casa sobre o muro de Jericó. Da janela, podia detectar qualquer movimentação externa. Foi dali que Raabe notou cerca de uns quarenta mil homens de guerra armados (Js 4:13), que marchavam uma vez ao redor da cidade. Com eles, havia outros sete que tocavam trombetas de chifre de carneiro.

Não se ouvia nenhuma palavra; somente o barulho das trombetas. Por seis dias, Raabe assistiu àquela mesma cena. No sétimo dia, ainda muito cedo, Raabe observou aqueles homens marchando ao redor da cidade novamente. Desta vez, porém, eles não marcharam uma única vez, mas sete vezes. Na sétima vez, quando as trombetas foram tocadas, ela ouviu também o povo gritando. De repente, Raabe sentiu um forte tremor. Era o tremor da queda da muralha de Jericó. Dificilmente se poderia creditar uma vitória ao exército que só fez marchar em círculos e gritar. Mas foi assim que se deu a queda de Jericó. Todos subiram, entraram na cidade e a tomaram. A cena que se seguiu era horrível: pessoas e animais sendo destruídos pela espada dos israelitas. De repente, os mesmos espias que haviam sido salvos por Raabe, apareceram em sua casa de novo. A missão deles fora dada por Josué: “Entrai na casa da mulher prostituta e tirai-a de lá com tudo quanto tiver, como lhe jurastes” ( Js 6:22). Eles foram e fizeram sair Raabe, o seu pai, a sua mãe, os seus irmãos e o restante da família. Tiraram todas as pessoas da casa e colocaram-nas do lado de fora do acampamento israelita. Depois, incendiaram a cidade inteira e tudo o que nela havia.

A história de Raabe, porém, não acaba aqui.

Ela viveu em Israel pelo resto de seus dias; casou-se com Salmon, que foi pai de Boaz, e a mãe de Boaz foi Raabe. Boaz foi pai de Obede, e a mãe de Obede foi Rute. Obede foi pai de Jessé, que foi pai do rei Davi (Mt 1:5-6 – NTLH), de cuja descendência nasceu Jesus, o Messias e Salvador do mundo. Por volta do ano 64 e 68 depois de Cristo, o Espírito Santo estava inspirando a produção de mais uma carta para compor o Novo Testamento. O nome da carta? Hebreus. No décimo primeiro capítulo desta epístola, o Espírito Santo registra grandiosos exemplos de fé, que devem ser seguidos pelos cristãos. Dentre este exemplos, encontra-se o de Raabe (Hb 11:31), que não tinha educação judaica, herança religiosa, família piedosa, marido devoto, caráter decente. Por ter tido fé em Deus, Raabe não morreu com os que tinham desobedecido a Deus! Ela foi transportada da raça infame para a raça eleita.

Lições da vida de Raabe

1. Precisamos afirmar nossa confiança em Deus.

Na sua conversa com os espias, Raabe fez uma declaração de fé que revela, com clareza, o seu conhecimento acerca da pessoa e do caráter de Deus. E quanto a você, prezado leitor? O que você o conhece a respeito da natureza de Deus e de sua relação com o seu povo? Quais os atributos de Deus que você conhece? Você é capaz de declarar claramente o conhecimento que tem a respeito de Deus? Após pensar um pouco, diga em voz alta em que você acredita e, depois, siga o exemplo de Raabe e declare, ousadamente, a sua fé a outras pessoas.

2. Precisamos mostrar nossa confiança em Deus.

A fé de Raabe não consistia somente de declarações e de afirmações teologicamente corretas e bonitas. A sua fé era cheia de boas obras. Ela escondeu de seu rei os espias de Josué; salvou a vida deles, fazendo-os sair da cidade por um caminho secreto (Tg 2:25). Uma pessoa entra no reino de Deus somente pela fé, independentemente das obras (Rm 3:28; Gl 2:16 ). Deus, porém, exige e aguarda boas obras daqueles que já estão dentro do seu reino (At 9:36; Ef 2:10; I Tm 6:18 ; Tt 2:14 ; I Pe 2:2). As boas obras são uma prova da fé autêntica. ["Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento" Mt 3:8]. Uma fé que não se mostra em obras é uma fé inútil, vazia e morta. “Porque, assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta” (Tg 2:26). Uma fé sem obras não pode salvar. “Deus é glorificado com as boas obras praticas por seus filhos e filhas” (Mt 5:16 ). Tiago 2:26 instrui os crentes a não esquecerem que as obras são um produto importante da fé.

3. Precisamos guardar nossa confiança em Deus.

Raabe acreditou que a sua cidade estava definitivamente destinada à condenação e à destruição. Suplicou, então, por livramento pessoal e familiar; recebeu a promessa de que ela e sua família seriam poupados, quando a cidade fosse invadida pelos soldados israelitas (Js 2.12-14). E foi o aconteceu. Graças a sua espera paciente, Raabe e a casa de seu pai, e tudo quanto tinham foram preservados! Não basta conhecer as promessas divinas; é preciso esperar a sua realização, ainda que demore. “Guardemos firmemente a esperança da fé que professamos, pois podemos confiar que Deus cumprirá as suas promessas” (Hb 10:23 – NTLH). Que, no final da nossa vida, possamos declarar:
“combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé” (II Tm 4:7).
“Aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Mt 24:13).

Concluindo

A Bíblia diz: “Os pecadores não têm futuro; eles são como uma luz que está se apagando” (Pv 24:20 – NTLH). O que ocorreu com os habitantes de Jericó mostra que é isso mesmo. O pecador não arrependido não tem futuro. Ele é como palha que o vento dispersa. O seu fim é terrível, frustrante, trágico e, além de tudo, definitivo e irreversível. Por outro lado, os pecadores arrependidos têm futuro.

“Eles são como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais, até ser dia perfeito” (Pv 4:18 ).
O que aconteceu com Raabe mostra que é isso mesmo. Garanta o seu futuro. Faça como Raabe
“apresente-se diante de Deus como uma pessoa falida, extremamente necessitada da graça, humilde, suplicante e, ao mesmo tempo, cheia de fé”.

Valorize o seu futuro.

Fonte:
Autor  Pastor Genilson Soares da Silva
Série:  "Homens de Mulheres da Bíblia -O exemplo dado por eles"

4 comentários:

  1. Excelente texto!!!
    Parabéns.
    Fica com Jesus : )

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  2. arnaldo correia26 outubro, 2013 13:30

    É Deus puro nisso...parabéns não m convive d tanto chorar d quanto Deus falou cmg

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    1. Amém Arnaldo. Glórias a Deus que o texto levou edificação a sua vida. Que Deus continue te abençoando cada vez mais.
      Obrigado pelo comentário no post.
      Fica com Deus.

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    2. Que texto edificante. Deus sempre cuidando de nós. Amém!!!!

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