José de escravo a governador do Egito - Triunfando nas Provas

Jo´sé governador do Egito se revela a seus irmãos e pede que lhe tragam seu pai Jacó para o Egito

Carlos Drummond de Andrade nasceu em 1902, na cidade mineira de Itabira. Foi um dos maiores poetas que o Brasil já teve. “José” é um dos seus mais famosos e populares poemas e começa assim: E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José, e agora você? Este estudo gira em torno de “José”, não do “José” do poeta, mas do “José” de Jacó. O “José” do poeta não tem saída: Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. O outro “José”, o de Jacó, tem saída: tem Deus.

Deus me enviou adiante de vós, para conservar vossa sucessão na terra e para vos preservar a vida por um grande livramento.

Analisando o relato Bíblico

De todas as histórias das Escrituras Sagradas, a história de José é uma das mais conhecidas e mais apreciadas. A sua história, que começa no capítulo 37 e termina no capítulo 50 de Gênesis, é uma história da soberania divina sobre a história humana. José é uma prova eloquente de que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito (Rm 8:28 – NVI). Vejamos, então, como Deus fez com que todas as provações de José cooperassem para a realização do seu plano. Analisemos a procedência, a severidade, a superação e a finalidade da provação de José.

1. A procedência da provação de José

Jacó amava muito seu filho José. Era, na verdade, o preferido dele. Talvez essa predileção esteja relacionada a três fatos. Primeiro: José era o primeiro filho de Raquel, a esposa favorita de Jacó. Segundo: José nasceu quando Jacó já era idoso. Terceiro: A atitude e o caráter de José eram diferentes. Jacó deixou muito clara a sua preferência, quando lhe deu uma túnica comprida e colorida. Depois desse mimo, José passou a ser odiado pelos seus irmãos (Gn 37:4a). O ódio, que era grande, ficou ainda maior, quando José contou o seu sonho (Gn 37:5b). Além disso, seus irmãos o invejavam (Gn 37:11a). A vida do predileto do pai, do escolhido para receber as bênçãos de filho mais velho, do que usava vestimentas distintas e sonhava coisas estranhas passou, então, a ficar muito difícil dentro de casa. O clima com seus irmãos ficou por demais tenso e hostil. A comunicação ficou ofensiva (Gn 37:4) e irônica (Gn 37:19). “Havia ódio no coração deles e veneno em suas palavras. Antes de decidir pela morte de José, feriram-no com a língua”. Note que José não era a causa de suas próprias aflições. Estas, porém, não vieram de pessoas distantes, estranhas, inimigas, mas de seus próprios irmãos.

2. A severidade da provação de José

Por ordem de seu pai, José foi até a perigosa região de Siquém para ver se seus irmãos, que apascentavam o rebanho da família, estavam bem. Ao vê-lo de longe, seus irmãos começaram a ridicularizá-lo. Eles foram além. Falaram em assassiná-lo. A combinação de ódio e inveja é letal. Um de seus irmãos discordou do homicídio e sugeriu somente um castigo (Gn 37:22). Foi o que aconteceu. José foi jogado no fundo do poço. Ele clamou por ajuda, mas seus irmãos o ignoraram. Ele foi rejeitado por aqueles que mais deveriam amá-lo. O pior veio a seguir. José foi vendido para uma caravana de ismaelitas que viajava para o Egito. “Eles não venderam um inimigo capturado na guerra nem um estranho ou um criminoso perigoso, mas o próprio irmão, sua própria carne” (Gn 37:7). Pois bem, depois disso, os irmãos de José, com muita calma, mergulharam a túnica de José no sangue do bode recém-morto. Levaram-na para Jacó, seu pai, e disseram: Achamos isto; vê se é ou não a túnica de teu filho (Gn 37:33). Diante daquela evidência sangrenta, Jacó concluiu que o seu amado filho José havia sido morto por um animal selvagem. Ele chorou por muitos dias e recusou ser consolado.

3. A superação da provação de José

O jovem José foi, então, levado para o Egito, onde foi vendido para Potifar, oficial de Faraó, capitão da guarda. “Ele se tornou escravo numa terra da qual não conhecia sequer a língua”. E Deus, onde estava? O Senhor estava com José (Gn 39:2). “Era ali que Deus estava. Bem ali. Ele jamais foi embora. Jamais partiu”. Isso fez toda a diferença! Deus lhe deu, primeiramente, competência técnica, de modo que ia muito bem em tudo o que fazia. Em pouco tempo, passou a cuidar da casa e do campo do seu senhor. Ele foi promovido. Tudo ia de bem a melhor para José, até que a mulher do seu senhor passou a assediá-lo sexualmente e diariamente. “As mulheres egípcias eram bem conhecidas por sua infidelidade conjugal e imoralidade”. Ele não aceitou ser o amante dela. Ela, então, para se vingar dele, o acusou de abuso sexual. José foi parar na cadeia. Ali, o Senhor, que era com José (Gn 39:21), lhe deu discernimento espiritual. A seguir, mediante uma cadeia de interessantes eventos, depois de ter sido esquecido por mais dois anos, José foi levado perante o rei da terra. Ele interpretou, ali, corretamente um sonho, impressionou Faraó com suas orientações e tornou-se repentinamente poderoso e próspero.

“Depois, disse Faraó a José: Visto que Deus te fez saber tudo isto, ninguém há tão ajuizado e sábio como tu. Administrarás a minha casa, e à tua palavra obedecerá todo o meu povo; somente no trono eu serei maior do que tu. Disse mais Faraó a José: Vês que te faço autoridade sobre toda a terra do Egito. Então, tirou Faraó o seu anel de sinete da mão e o pôs na mão de José, fê-lo vestir roupas de linho fino e lhe pôs ao pescoço um colar de ouro. E fê-lo subir ao seu segundo carro, e clamavam diante dele: Inclinai-vos! Desse modo, o constituiu sobre toda a terra do Egito.” (Gn 41-39-43).

Chegava ao fim a provação de treze anos!

4. A finalidade da provação de José

O sonho de Faraó se cumpriu do jeito que José havia dito. Depois das sete vacas gordas (sete anos fartura), vieram as magras (sete anos de escassez). A situação era crítica e todos estavam famintos. De todas as partes, vinha gente para o Egito, em busca de cereais. Entre os que iam, pois, para lá, foram também os filhos de Israel (Gn 42:5a). Eles foram duas vezes ao Egito. Sem poder se conter por mais tempo, José revela sua verdadeira identidade, para o assombro dos irmãos (Gn 45:4b), que ficaram grandemente espantados, profundamente aterrorizados e visivelmente entristecidos. A seguir, José passou a mostrar-lhes que tudo que lhe ocorreu fazia parte de um plano maior, um plano de Deus: Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque, para conservação da vida, Deus me enviou diante da vossa face. Deus – e não seus irmãos – enviou José para o Egito. E ele o enviou por uma razão: para preservar a vida (Gn 50:18-20). Deus enviou José para o Egito “para preservar a vida de sua família (Gn 45:7) de modo que, um dia, a nação de Israel pudesse dar ao mundo Jesus Cristo, o Pão da Vida (Jo 6:48)”.

José sofreu muito e por muito tempo no Egito. Treze anos, dos 17 (ano da sua chegada humilhante ao Egito) aos 30 anos (ano da sua promoção grandiosa no Egito). No tempo certo, no tempo de Deus, José triunfou. Deus livrou José de todas as suas aflições. Deus está sempre por cima de tudo e de todos. Ele planeja. Ele realiza. Ele intervém. No dia certo, no mês certo, no ano certo, ele nos faz triunfar nas provas. Não se pode adiantar nem atrasar o tempo de Deus.

Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! (Rm 11:33).

Aplicando o conhecimento Bíblico

1. O sucesso não precisa nos deixar corruptos.

José foi um homem integro tanto na época das vacas gordas (Gn 41:47- 49) quanto na época das vacas magras (Gn 41:53-57). Em tempo algum se aproveitou da sua autoridade e da sua influência. José tinha caráter. Ele não abusou do seu poder, uma vez sequer! Todo dinheiro foi para onde deveria ir. Não houve fraude nem desvio financeiro. Ele não abriu nenhuma conta no exterior. Não privilegiou ninguém. Não somos sempre afligidos. Às vezes, Deus nos eleva a uma posição de autoridade e liderança em renomadas empresas públicas ou privadas. Nesses lugares, precisamos demonstrar integridade – o que somos quando ninguém está por perto para verificar.

2. O sucesso não precisa nos deixar vingativos.

José sofreu vários e enormes golpes, mas não contra-atacou, quando tinha poder e chance para fazê-lo. Não se vingou dos seus irmãos que o venderam como escravo, nem da mulher de Potifar, que o acusou falsamente, nem do copeiro chefe que se esquecera dele. Além de agradecido e íntegro, José era uma homem de coração perdoador (Gn 50:15-19). Ele pagou o mal com o bem (Gn 45:21-23, 47:11-12). Quantos utilizam o sucesso alcançado para perseguir e castigar as pessoas que as ofenderam. O melhor mesmo é ter uma atitude perdoadora. “Perdoar é restaurar, é cancelar a dívida, é não cobrar mais. É deixar o outro livre e ficar livre O perdão oferece cura para os ofensores e ofendidos”. Perdoe!

3. O sucesso não precisa nos deixar amnésicos.

De onde veio o sucesso de José? De Deus (Gn 39:2-6, 41:16, 25-39). O próprio José, por duas vezes, admitiu, diante dos seus irmãos, que fora Deus quem o fizera chegar aonde chegara (Gn 45:4-8, 50:15-21). Ninguém vai oferecer um trono a você, mas talvez ofereça a você um cargo de chefia, uma bolsa de estudos, um prêmio, um contrato novo, um aumento de salário, uma chance de abrir um negócio. Você vai, de um modo ou de outro, alcançar sucesso. E quando o alcançar, pode ser tentado a esquecer quem o ajudou você a chegar lá (Dt 8:18; I Cr 29:12). O sucesso sabota as lembranças do bem sucedido. O sucesso provoca amnésia espiritual. O sucesso leva ao esquecimento de Deus (Dt 6:10-12, 8:11-16). Mas não precisa ser assim! Siga o exemplo de José!

Concluindo

José sofreu muito e por muito tempo no Egito. Treze anos, dos 17 (ano da sua chegada humilhante ao Egito) aos 30 anos (ano da sua promoção grandiosa no Egito). Foram treze anos em que, graças a Deus, ele triunfou nas provas. Não é possível saber por quanto tempo você, que está lendo estas linhas, continuará sob provação. Mas lembre-se disto: Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados (ou provados) além do que podem suportar (I Co 10:13). No tempo certo, o seu Deus virá ao seu encontro e fará com que você triunfe sobre todas as suas aflições. Enquanto a sua virada não acontece, continue servindo-o com integridade e disposição.

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