Abrão é chamado por Deus para ser pai de uma grande nação - A escolha soberana de Deus

Caravana de camelos no deserto representando Abrão com sua parentela indo para a terra que Deus prometeu que daria a ele.

Em nossos dias, soberania só é entendida como um atributo de cada pessoa. Cada indivíduo quer e procura fazer suas próprias escolhas e ditar suas próprias regras. Consequentemente, as pessoas se recusam a aceitar a interferência de Deus em suas vidas. A Bíblia, no entanto, nos apresenta um relato, em Gn 12:1-9, sobre o momento em que Abrão foi escolhido para ser aquele de quem descenderia o Cristo. A ordem não fazia sentido algum, mas ele confiou no Deus soberano que o escolhia. No estudo desse relato, aprenderemos que a escolha soberana de Deus é surpreendente, encorajadora, misericordiosa e abrangente. Também conheceremos três princípios que nos encorajarão a nos rendermos à soberania de Deus.

Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!(Gn 12:1-2)

Analisando o relato Bíblico

Abrão era descendente de Sem, que era filho de Noé. Morava em Ur dos caldeus, uma cidade ao norte da Mesopotâmia. Como filho primogênito de Tera, seria o herdeiro legítimo de todos os privilégios e as responsabilidades que cabiam ao patriarca de um clã (família). Abrão, porém, não teria herdeiro, pois Sarai, sua esposa, era estéril. Mas o rumo da história desse homem foi completamente mudado, quando recebeu uma ordem e promessas maravilhosas de Deus. Abrão havia sido escolhido para algo muito especial. Vamos conhecer, agora, quatro características dessa escolha soberana de Deus.

1. A escolha soberana de Deus é surpreendente

O texto de Gn 12:1-9 inicia-se assim: Ora, disse o SENHOR a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei (v.1). Essas palavras foram ditas no momento menos esperado para Abrão e por quem ele não conhecia. Com certeza, Abrão se surpreendeu com aquele pedido, pois, nos versículos anteriores, não há informação alguma de que ele tivesse qualquer noção do pedido que Deus lhe faria. Não há também nenhum indício de que o futuro patriarca buscava uma divindade diferente daquelas que o povo de Ur costumava adorar. Antes de narrar a escolha soberana de Deus com relação a Abrão, o autor de Gênesis, no capítulo anterior (vv. 10-27), apresenta a genealogia de Sem. Há, também, a narrativa da constituição das famílias de Abrão e Naor, bem como a mudança de Abrão, sua esposa, seu sobrinho, Ló, e seu pai, Tera, de Ur para Harã. Foi após a morte de Tera que ocorreu o momento inesperado. Deus ordenou que Abrão saísse de sua terra, quando este pensava que ficaria ali, para suceder seu pai no patriarcado da família. O Senhor o surpreendeu, escolhendo-o para ser o patriarca de todos os fiéis (Gn 12:3). Abrão nunca havia imaginado tal coisa.

2. A escolha soberana de Deus é encorajadora

Deus não havia pedido algo fácil a Abrão. Sair de Harã implicava perdas para ele: dos privilégios de herdeiro de seu pai, da companhia de amigos e parentes. Porém, ao escolhê-lo, o Senhor também lhe fez promessas: ...de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção! Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra (Gn 12:2-3). Com esse encorajamento, o Senhor mostrou que sua escolha implicava algo muito maior que qualquer prestígio terreno: um plano eterno de salvação. As promessas de Deus encorajaram Abrão a tomar a decisão de partir de Harã: Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram (Gn 12:5). Ao encorajá-lo, o Senhor estava produzindo fé no coração de seu servo, fazendo-o confiar em sua palavra. Só Deus poderia cumprir promessas tão grandiosas! Abrão entendeu que aquele que lhe prometia o impossível é digno de confiança. Foi, pois, o caráter confiável de Deus, revelado nas suas promessas, que encorajou Abrão.

3. A escolha soberana de Deus é misericordiosa

Como já lemos anteriormente, não há nada no texto bíblico que nos leve a acreditar que Abrão já adorava a Deus, antes de ter esse encontro com ele. Abrão habitava em uma terra idólatra e não conhecia o Senhor. Não partiu dele a iniciativa de buscar a Deus. Abrão estava cuidando de sua família e de seus bens e não lhe passava pela mente que havia um Deus amoroso preocupado em salvar a humanidade. Tampouco ele sabia que esse Deus o escolhera para ser pai daquele que seria o Salvador. Foi o Senhor quem buscou Abrão, que, como todo o restante da humanidade, estava condenado a morrer eternamente! Ele, que merecia passar o restante de sua vida na infelicidade de nunca ter um filho, recebeu a promessa de que seria pai de uma nação. Abrão estava morto em seus pecados (Ef 2:5), sem a mínima condição de ter fé. Deus, porém, lhe encheu a vida de esperança e o fez crer no impossível. Isso nos lembra o que foi dito pelo profeta Jeremias: As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim (Lm 3:22). Deus escolheu Abrão por pura misericórdia!

4. A escolha soberana de Deus é abrangente

Se observarmos atentamente nas promessas de Deus a Abrão, perceberemos que elas não se limitam a uma pessoa em particular. Ele não seria o único beneficiado. O restante da humanidade também estava incluído na bênção: ...em ti serão benditas todas as famílias da terra. Deus tinha um plano para salvar a humanidade e escolheu Abrão para ser pai da nação através da qual esse plano se concretizaria. A partir da descendência dele, o ser humano conheceria o seu criador, o único Deus. Nesse sentido, a escolha de Deus não foi por um indivíduo em especial. Na verdade, ao escolher Abrão, o Senhor queria mostrar seu amor à humanidade toda e reconduzi-la para junto de si. O patriarca não viveu para ver quão grande se tornaria sua descendência, mas creu que a promessa de Deus se cumpriria. De fato, ela se cumpriu plenamente: no devido tempo, Deus enviou seu Filho Jesus Cristo ao mundo, para pagar o preço de nosso resgate com seu próprio sangue. A promessa de Deus se cumpriu no descendente de Judá, filho de Jacó, que foi neto de Abrão (Mt 1:1-17). Através do sangue de Jesus, fomos reconciliados com o Pai e passamos a ser seus filhos. Em Jesus, a salvação é garantida a todo que crê. Podemos entender, portanto, que a escolha de Deus não teve por base qualquer qualidade especial do patriarca. Não havia nada em Abrão que o tornasse mais digno que outras pessoas para ser o pai da nação de Israel e o pai de todos os crentes em Jesus. Trata-se de uma escolha soberana. Essa escolha se tornou manifesta de forma surpreendente, encorajadora, misericordiosa e abrangente. Abrão creu, não porque já tivesse fé antes de ser escolhido, mas porque foi capacitado a crer, por aquele que lhe fizera promessas de um futuro grandioso. Foi tão somente o caráter confiável de Deus a garantia do patriarca.

Aplicando o conhecimento Bíblico

1. A escolha de Deus é soberana! Vamos atendê-la com renúncia.

Abrão tinha tudo para negar-se a atender a ordem de Deus. Como renunciaria ao convívio de seus parentes e amigos, aos prestígios de que desfrutaria como chefe de sua família? Deus parecia estar pedindo demais! Todavia, ao invés de olhar para o valor do que teria de renunciar, Abrão atentou para a excelência do caráter do Deus que o escolhia, nas promessas que lhe fazia. Precisamos também reconhecer que o Senhor é mais precioso que qualquer bem terreno ou qualquer prazer temporário. Deus é soberano e nos quer por inteiro (Mt 15:27; Lc 14:26-27). Por ele, vale a pena renunciarmos nossas vontades infames. Se o buscarmos, ele nos capacitará a isso.

2. A escolha de Deus é soberana! Vamos atendê-la com submissão.

Chama-nos à atenção a primeira parte do versículo 4 de Gênesis 12, que diz: Assim partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito. Abrão, além de demonstrar renúncia, demonstrou submissão completa a Deus. Ele se preocupou em fazer tudo como o Senhor lhe tinha dito, e não o fez por simples obrigação, mas por fé. Abrão realmente entendeu a soberania de Deus! Da mesma forma, se entendemos que Deus merece a nossa submissão, temos prazer em obedecer-lhe e desejamos a sua interferência na nossa vida. Portanto, não haverá lugar para a insubordinação, quando reconhecermos que as escolhas de Deus são o melhor para nós.

3. A escolha de Deus é soberana! Vamos atendê-la com adoração.

Nos versículos 7 e 8 do capítulo 12, o autor de Gênesis diz que Abrão edificou altares a Deus. Com essa atitude, o patriarca estava reconhecendo o Senhor como o único digno da sua adoração; estava renunciando a si mesmo e reconhecendo o Deus soberano como o único Senhor de sua vida. Abrão mostrou-se um verdadeiro adorador, pois o reconhecimento de sua confiança em Deus não era apenas de palavras, mas também de atos. Será que temos feito o mesmo? Não precisamos mais construir altares de tijolos para adorar a Deus, mas precisamos reconhecer, com palavras e atitudes, a excelência do seu caráter.

Concluindo

Abrão não tinha motivos para se gloriar, mas tinha muitos motivos para se alegrar, pois fora surpreendido, encorajado e alcançado pela misericórdia de Deus. Ele fora escolhido dentre todos os seres humanos de seu tempo para gerar a nação eleita por Deus, a nação de Israel, da qual viria o Salvador. Que o estudo do relato de Gn 12:1-9 nos sirva de auxílio para entendermos a surpreendente, encorajadora, misericordiosa e abrangente escolha soberana de Deus para nós, e que o exemplo do patriarca nos encoraje a atendê-la com renúncia, submissão e adoração.

Página inicial desta série

Um comentário:

Todos os comentários serão moderados. Comentários com conteúdo fora do assunto ou do contexto, não serão publicados, assim como comentários ofensivos ao autor.

Tecnologia do Blogger.