O reinado do rei Asa o reinado da renovação


“Ouvindo, pois, Asa estas palavras e a profecia do profeta (Azarias) filho de Obede, esforçou-se e tirou as abominações de toda a terra de Judá e Benjamim, como também das cidades que tomara nas montanhas de Efraim; e renovou o altar do Senhor, que estava diante do Pórtico do Senhor.” (II Cr 15:8)
(Asa, reino do sul - Judá)

A importância de o líder cristão agir de acordo com a Bíblia Sagrada, a fim de ser instrumento divino de renovação e vida espiritual sadia para o povo de Deus.
Prosseguindo com o estudo sobre o período monárquico vivido pelo povo de Deus, no Antigo Testamento, lembrando que, até aqui, falamos sobre: rebelião, expansão, riqueza, divisão e idolatria. Hoje, vamos conhecer a história de Asa, rei de Judá, que reinou 41 anos, de 911- 870 a.C. Sobre este monarca, o texto de II Cr 14:2, declara: “E Asa fez o que era bom aos olhos do Senhor, seu Deus.”

Estamos, portanto, diante da história de um homem temente a Deus. Quando consideramos suas ações como rei comparando-as às ações de reis que o antecederam e o sucederam, podemos dizer que Asa realizou um reinado à altura das expectativas da nação, submetendo-se, o máximo que pôde, à vontade de Deus. Isso não quer dizer que Asa tenha sido o melhor rei de Judá; porém, certamente está entre os monarcas que procuraram seguir os mandamentos divinos, e, por isso, foi capaz de promover uma destacada renovação espiritual entre o povo do Senhor.

I - A HISTÓRIA CONTADA

Asa era da descendência de Davi. Seu pai, Abias, era filho de Roboão, que, por sua vez, era filho de Salomão, filho de Davi (II Cr 12:16; I Rs 11:43). Davi foi chamado de o homem segundo o coração de Deus (At 13:22); portanto, era de se esperar que um descendente dessa família real fosse um homem com este testemunho bíblico: ... o coração de Asa foi perfeito todos os seus dias (II Cr 15:17). Evidentemente, Asa não foi perfeito como Deus o é, mas, dentro de suas limitações humanas, buscou a perfeição, enquanto viveu.

Em II Cr 14–16, os feitos do rei Asa estão mais detalhados do que no livro de I Rs 15. O cronista mostra que os primeiros dez anos do reinado de Asa foram caracterizados pela paz em todo o reino. Essa condição permitiu que o rei tomasse as primeiras providências de caráter religioso, em toda a nação. Em II Crônicas 14:3 é dito que Asa destruiu toda forma de idolatria que era praticada em Judá. Os deuses foram destruídos; as estátuas, quebradas; os lugares sagrados para a idolatria foram destruídos. O rei entendeu como Paulo entenderia, séculos depois, isto é, que não se pode participar da mesa de Deus e da mesa do diabo, do culto ao Deus verdadeiro e do culto aos demônios (I Co 10:14-21). Por essa razão, Asa aboliu os altares dos deuses estranhos e o culto nos altos, quebrou as colunas e cortou os postes-ídolos. Também aboliu de todas as cidades de Judá o culto nos altos e os altares do incenso; e houve paz no seu reinado (II Cr 14:3-5).

O rei de Judá queria uma adoração verdadeira, segundo os padrões da palavra de Deus; por isso, combateu toda forma de erro religioso, para fazer o povo voltar ao caminho correto. Este desejo de Asa está caracterizado na determinação que fez a seu povo: E mandou a Judá que buscassem ao Senhor, Deus de seus pais, e que observassem a lei e o mandamento (II Cr 14:4). Seguro de que a obediência aos preceitos da lei era a única forma de ter Deus como aliado invencível, Asa aproveitou a boa fase de paz para expandir o reino de Judá, o que fez ao construir e fortificar cidades. Tudo isso, porém, só foi possível porque Deus estava respondendo positivamente às intenções puras de Asa, que influenciara o povo a buscá-lo com inteiro coração.

O inimigo do povo de Deus, porém, que é sagaz, não contente com a paz no reino de Judá, desencadeou uma perseguição, movida pelo ímpio Zera, o etíope. Diz a Bíblia que o arsenal de guerra do inimigo era muito grande (II Cr 14:9). Asa, entretanto, tinha o seu coração nas mãos de Deus. Clamou ao Senhor e este desbaratou os etíopes, dando grande vitória ao rei de Judá (II Cr 14:11-15). A partir destas vitórias políticas, Asa deu continuidade ao trabalho de renovação espiritual que iniciara, mas, agora, sob orientação do profeta Azarias. Cheio do Espírito de Deus (II Cr 15:1), o profeta disse a Asa:

“Ouvi-me, Asa, e todo o Judá, e Benjamim. O SENHOR está convosco, enquanto vós estais com ele; se o buscardes, ele se deixará achar; porém, se o deixardes, vos deixará. Israel esteve por muito tempo sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei. Mas, quando, na sua angústia, eles voltaram ao SENHOR, Deus de Israel, e o buscaram, foi por eles achado.” (II Cr 15:2-4)

Judá que esteve antes sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote e sem lei (II Cr 15:5-6; cf. Jz 21:25); agora, estava de volta a essa experiência maravilhosa. Champlin explica esse tempo tenebroso anterior com estas palavras:

Quando Israel esteve sem o verdadeiro Deus, privado de seus ensinamentos, de seus profetas, de Sua lei e de suas bênçãos? Alguns falam sobre o tempo dos juízes, quando Israel esteve em baixo nível espiritual, e cada um fazia o que melhor lhe parecia, não havendo nenhuma autoridade central de governo, nem um lugar centralizado de adoração. [1]

A submissão de Asa às orientações divinas começou a mover o povo, a provocar temor nos judeus, que, em resposta, começaram a buscar ao Senhor. Uma grande renovação espiritual começou a acontecer no coração da nação. Foi quando o rei Asa recebeu um maravilhoso incentivo de Deus que o impulsionou a continuar a reforma espiritual: Mas esforçai-vos e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra tem uma recompensa (II Cr 15:7).

Impactado por essa palavra de ânimo, o monarca seguiu limpando o reino de Judá das abominações e das heresias religiosas, porque desejava agradar ao Senhor. Ele restaurou o altar de Deus para que os serviços religiosos pudessem ser efetivamente oferecidos a Jeová (II Cr 15:8); renovou o pacto de fidelidade da nação santa para com Deus, conforme está escrito na lei (II Cr 15:10-15; cf. Dt 31:9-13). Como prova de sua determinação em agradar a Deus, depôs a rainha Maáca, sua mãe, por sua conduta idólatra, e destruiu o ídolo que ela havia construído para Judá pecar (II Cr 15:16; cf I Rs 15:13). É lamentável que o povo que deveria ser luz para o mundo tenha se desviado para a idolatria e praticado toda sorte de heresias que se possa imaginar. Com certeza, o trabalho de Asa para purificar a nação daquelas mazelas espirituais foi bastante árduo.

Já próximo do fim do seu reinado, Asa enfrentou outra luta que o levou a cometer erros que não poderia ter cometido; em primeiro lugar, ele permitiu que os santuários idólatras dos lugares altos continuassem funcionando (II Cr 14:2-5; cf. I Rs 15:11-13); em segundo lugar, seu colega do reino de Israel, Baasa, quis prejudicar o reino de Judá. Neste caso, o erro de Asa foi esquecer-se da vitória que Deus lhe dera sobre os etíopes. Diante da ameaça de Baasa, em vez de buscar a ajuda divina, Asa foi buscar socorro com o rei da Síria, Bem-Hadade, que aceitou a proposta e os presentes de Asa, e como retribuição, ajudou o rei de Judá a se livrar de Baasa (II Cr 16:1-6). Essa atitude desagradou a Deus, que o repreendeu através do profeta Hannani. Asa não gostou da repreensão divina, e, por isso, castigou duramente o profeta de Deus, bem como outras pessoas do povo que temiam ao Senhor (II Cr 16:7-l0). O seu último desatino foi cometido, quando esteve extremamente doente dos pés: ele buscou somente os médicos e não a Deus (II Cr 16:12).

O importante de toda essa história, porém, foi o trabalho de renovação da fé e da prática religiosa empreendido por Asa, rei que tinha o seu coração em Deus. Muitos de seus antecessores fizeram o que era mau aos olhos do Senhor e levaram a nação santa a se desviar dos caminhos da retidão e da verdade. Mas Deus despertou este homem com o seu Espírito Santo para renovar as esperanças de Judá e dar-lhe a luz do conhecimento pleno de sua Palavra. Sempre que Deus age assim, a paz reina entre seu povo (II Cr 15:19).

II - A HISTÓRIA APLICADA

1. Quando Deus renova seu povo, o inimigo cai.

Devido aos graves pecados do povo de Judá, Deus os conturbou com toda sorte de angústia (II Cr 15:6b). Os inimigos vizinhos viviam a oprimi-los; porém, a história do povo de Deus tem provado que o inimigo não resiste à mão poderosa de Deus. Sempre que o Senhor se levanta para combater os adversários de seu povo, a vitória deste é garantida. Os etíopes, com seu exército superior ao de Judá (II Cr 14:8-9), certamente imaginavam que seria fácil vencer e desestabilizar os planos que Deus colocara no coração de Asa, de renovar a vida religiosa do povo judeu. Qual foi o resultado para Zera? Asa clamou ao Senhor e disse: Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso, quer o de nenhuma força; ajuda-nos, pois, Senhor, nosso Deus, porque em ti confiamos e no teu nome viemos contra esta multidão. E o Senhor feriu os etíopes, diante de Asa e diante de Judá; e fugiram os etíopes. (II Cr 14:11-15)

Você se lembra de Davi contra Golias (I Rs 17:44-50)? E de Senaqueribe, rei da Síria, contra o rei Ezequias (II Cr 32:8,10-11,20,21)? Recorda-se da luta, que, realmente, não houve, dos moabitas e amonitas, contra Josafá (II Cr 20:14-20,24)? Ao socorrer seu povo, o Senhor fez cair todos os inimigos! Hoje, a Igreja continua sendo ameaçada (Ap 12:17; 2:10), mas sempre que pessoas buscam ao Senhor da Igreja e lhe obedecem de coração, como Asa, a poderosa mão do Senhor se levanta, derrota o inimigo e dá a vitória a seu povo, pelo renovo espiritual (Ap 17:14; Rm 8:31-39).

Como servos de Deus, estamos nesta terra para sermos vencedores. Confiemos tão somente em Deus e lhe obedeçamos, como disse o profeta Isaías: Por que eu, o Senhor teu Deus, te tomo pela tua mão direita e te digo: não temas, que eu te ajudo (42:13). Creia: A mão do Senhor destrói o inimigo (Dt 2:14-15), mas se levanta poderosa para abençoar e renovar seu povo (Dt 4:34-35; cf. Is 59:1).

2. Quando Deus renova seu povo, o caído é restaurado.

Na experiência do povo de Deus, sob a liderança de Asa está patente o poder da mão divina que restaura. Ao apelo do rei, o povo buscou ao Senhor e se livrou da idolatria ou da apostasia. Deus se manifestou através do Espírito Santo, levando o povo a renunciar os erros na adoração, de maneira que um novo pacto foi feito em nome do Senhor, para a obediência à sua Palavra. Essa foi uma fase linda do povo de Deus, que, caído na idolatria, foi restaurado desse estado deprimente para uma vida de louvor, adoração e alegria na presença do Senhor (II Cr 15:14-15).

O cristão temente, obediente e fiel a Deus, se cair, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustém com sua mão: O SENHOR firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão (Sl 37:23-24). O conselho da Palavra é: Aquele que está em pé, olhe, não caia (I Co 10:12). Assim, o Senhor, através de sua poderosa mão, restaura o caído. O Senhor o coloca de pé, o ajuda, o perdoa e o faz caminhar sempre vencendo.

Se você conhece irmãos que estejam vivendo essa situação cristã, de prostração da fé, de desesperança, de idolatria, ore por eles para que a mão do Senhor os levante. Enquanto estiverem com vida, Deus pode renová-los e restaurá-los! Não se esqueça, estudante, de que o mesmo Espírito Santo que falou e renovou Asa intercede por nós também (Rm 8:26)

3. Quando Deus renova seu povo, o erro é castigado.

O escritor da carta aos hebreus fez esta advertência: Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo (Hb 10:31). Asa, infelizmente, acabou deixando um exemplo negativo em seus anos finais de reinado e de vida. Ele esqueceu as maravilhas que Deus fizera em sua vida, e, por isso, desprezou a ajuda do Senhor, passando a confiar no homem (II Cr 16:1-10). Por isso, Deus o castigou com uma terrível enfermidade (II Cr 16:12). O apóstolo Paulo menciona dois indivíduos que negaram a fé e naufragaram; parece-nos que o pecado daqueles homens era tão grande que o castigo que mereceram foi serem entregues a satanás para aprenderem a não blasfemar; trata-se de Himineu e de Alexandre (I Tm 1:19 e 20).

A Bíblia nos adverte a termos cuidado com esse tipo de pessoas infiltradas no meio do povo de Deus (Rm 16:17-18; Gl 2:4,6; II Jo 9-11; Jd 15-19). Quando Deus renova seu povo, há alegria, paz, prosperidade, mas há, também, punição a quem persistir na prática do erro. Tempo de reavivamento, de renovação, de derramamento do Espírito é tempo de sonhos, de visões, de prodígios (Jl 2:28-30a), mas, também, de fogo e colunas de fumo, de trevas e de sangue (Jl 2:30b a 31). Ao rebelde, Deus pune severamente (Os 7:12, 10:9-10). Para não incorrermos no castigo divino, pautemos nossas vidas pelos ensinos salutares da Bíblia, para recebermos de Deus bênção e não maldição (Dt 30:7-10, 19-20).

CONCLUSÃO

A história da Igreja, de alguma maneira, mostra a fragilidade do ser humano em ser fiel ao seu Deus. Muitos reis de Israel e de Judá, embora conhecedores dos ensinos da Palavra de Deus deixaram-se influenciar por heresias, que lhes resultaram em castigo a toda a nação. Mas Deus tem sempre uma semente de fiéis que lutaram em prol da verdade e da manutenção da fé pura dos filhos de Deus. Essa lista de fiéis (cf. Hb 11), sempre foi bastante longa, destacando líderes religiosos que souberam lidar com as questões mais delicadas, para manter a fidelidade a Deus. A Palavra inspirada, contida na Bíblia, foi sempre a baliza dos defensores da verdadeira adoração. Ela nos ensina em porções, como Ef 4:13-16, sobre a necessidade de renunciarmos todos os ventos de doutrinas contrárias à verdade e nos firmarmos no fundamento eterno ensinado por Cristo ao seu povo, que caminha em busca de uma pátria celestial.

Façamos cada dia um pacto de fidelidade e obediência à verdade eterna, para que sejamos constantemente renovados e preparados para o reino eterno de Cristo.


Referências Bibliográficas

[1] Russel Norman Champlin, O Velho Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Volume 3, Candeia, São Paulo, 2000. p. 1670.



Fonte: 
Estudo bíblico de autoria do Pastor Genésio Mendes
SÉRIE MONARQUIA


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