Plínio de Arruda Sampaio dá entrevista ao Bom Dia Brasil

Candidato do PSOL falou sobre os planos de governo a Tonico Pereira.

Na série de entrevistas do Bom Dia Brasil com candidatos à presidência, hoje é a vez de Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL. Ele foi entrevistado por Tonico Pereira e falou sobre os planos de governo.

Tonico Pereira: O senhor e o seu partido defendem um regime socialista para o Brasil. Mas a História mostra que todos os regimes socialistas desbancaram para a ditadura, para o Estado policial.... Não é uma contradição no seu caso, que é um político que sempre defendeu a democracia e a liberdade?

Plínio de Arruda Sampaio: O socialismo teve uma experiência e essa experiência não foi boa exatamente porque faltou a liberdade. Mas uma grande ideia ela não se encerra na perda de uma experiência. Ela não se liquida. É preciso refazer esta ideia de novo aproveitando os erros da experiência passada. É isso que nós vamos fazer.

Tonico: Mas nós tivemos mais de 20 países que optaram pelo socialismo. Todos foram para a ditadura, todos abandonaram com exceção de Cuba e Coreia do Norte hoje...

Plínio: Eu digo que foi a experiência numa época histórica, numa época completa. Então todas essas experiências formam uma experiência que não deu certo.

Tonico: A Petrobras está vendendo ações ao público para se capitalizar, mas o seu programa de governo diz que a Petrobras deve ser 100% estatal. Portanto todos os investimentos que a Petrobras pretende fazer teriam que vir de onde? Do dinheiro público? Por que desprezar o investimento privado? Para que?

Plínio: Porque uma empresa da importância da Petrobras, que é estratégica para fazer política econômica, ela precisa ser inteiramente do Estado para ter total liberdade de agir a fim de promover o desenvolvimento. São empresas estratégicas.

Tonico:
Mas a Petrobras, o governo tem 51% da Petrobras e vai continuar tendo, mesmo com a abertura maior do capital. Portanto, com 51% ela faz o que quiser e ao mesmo tempo o senhor recebe um dinheiro sem custo, que é o dinheiro do investidor.

Plínio: Mas a presença do capital privado numa empresa pública é mais que a percentagem acionária. É a informação. O governo tem que agir também com a informação própria.

Tonico: Mas o governo vai conseguir mais de R$ 100 bilhões com esta venda de ações, que não custa nada à Petrobras...

Plínio: O problema do Brasil não é dinheiro. O problema do Brasil é a distribuição do dinheiro. De modo que mais R$ 100 bilhões com a Petrobras não quer dizer grande coisa. O que é importante é que o governo tenha na mão as empresas estratégicas.

Tonico: Mas ele tem, canditado. Com 51% tem a empresa na mão...

Plínio: Mas é o que eu digo: não terá a informação. Porque dentro de uma empresa o que se discute é uma estratégia. Essa estratégia é para conduzir o capital privado para o lugar que se deseja. Se o capital privado está presente ele pode neutralizar a ação da companhia.

Tonico: Seu programa propõe o fim das Organizações Sociais de Saúde. São entidades filantrópicas que administram hospitais públicos. Por que o senhor quer acabar com a filantropia na saúde?

Plínio: Pelo seguinte: porque enquanto houver saúde pública e saúde privada o pobre vai levar quatro meses para fazer um exame, um ano, dois anos para fazer uma cirurgia. E no princípio da igualdade é preciso que tudo seja público. Aliás nós temos um exemplo extraordinário, que é a Rede Sarah Kubitschek, um hospital público administrado descentralizadamente com enorme autonomia.

Tonico: Mas no caso continuaria sendo hospital público. Eles seriam hospitais públicos, só que feitos por entidades sociais filantrópicas. Só a administração é que muda. Para tornar ela mais dinâmica.

Plínio: Mas é uma maquiagem. Outro dia eu estive numa dessas e fez o seguinte: a coisa que não dava recurso, que tinha problema, eles tiraram, que era um centro de estudos lá de problemas médicos. Aí eles tiraram e jogaram para fora. Porque na verdade é uma forma de embutir, de enganar, a extração do lucro.

Tonico: O senhor quer acabar com essas organizações filantrópicas, vai comprar fazendas, ou pelo menos desapropriar grandes fazendas, comprar empresas que foram privatizadas e ao mesmo tempo o senhor pretende dobrar os gastos com educação, que neste ponto é até louvável, mas de onde virão os recursos? Por que se não tem de onde vêm os recursos eu posso dizer o seguinte: melhor triplicar o dinheiro para a saúde.

Plínio: Trinta e seis por cento do Orçamento vai para o pagamento de juros da dívida. Uma auditoria nesta dívida faz cair tremendamente a quantidade do que o governo deve pagar. E sobrará recursos, tranquilo, para duplicar a saúde, duplicar a educação. O problema do Brasil não é falta de dinheiro. O problema do Brasil é má distribuição do dinheiro.

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Fonte: Bom Dia Brasil

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