Seguindo os passos de Jesus!


Você lembra quando estava aprendendo a escrever? A professora escrevia em seu caderno e você copiava, seguindo o exemplo dela. Na época do Novo Testamento, a forma de aprender a escrever não era muito diferente [Barclay (1985:97)]. Naquele tempo o material mais usado para escrita era o papiro, um papel feito de uma planta encontrada às margens do Rio Nilo. Contudo, esse era um material caro demais para um menino praticar a escrita. Por isso, o comum era usar uma tábua de cera, que era uma caixa bem rasa cheia de cera macia. Assim, era possível escrever e apagar, quando necessário.

Era impossível fazer isso no papiro. Assim, o professor escrevia na parte superior da tábua, uma linha para o aluno copiar. Essa linha era chamada na língua grega por hupogrammos, que significa “escrita perfeita”, ou “padrão” a ser seguido. Essa é a palavra aplicada a Jesus, quando Pedro diz: ...deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos (I Pe 2:21), ou seja: “Assim como o estudante aprende a escrever copiando de um modelo perfeito de caligrafia, assim também nós somos estudantes da vida, e somente podemos aprender a viver copiando o padrão perfeito da vida que Deus nos apresentou” [Barclay (1985:99)]. Neste artigo separei alguns motivos pelos quais devemos seguir Jesus nesse tempo enquanto estamos aqui na terra.

Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo algum se achou em sua boca. (I Pe 2:21-22)

Perseverando até o fim

“O que é ser cristão? É imitar Jesus. É fazer as coisas do jeito que ele faria e seguir os seus passos” [Maxwell apud. Sheldon (2007:273)]. Cristo é o maior exemplo de vida. Ele é a escrita perfeita! Segui-lo é algo extraordinário, contudo não é fácil, pois o caminho de Cristo é o caminho da cruz (Lc 9:23). Trilhar o caminho dele é andar na contra mão do mundo. Logo, nesse caminho, o sofrimento é um elemento natural e inevitável! Em I Pe 2:18-25, o apóstolo, que entende bem o que isso significa, encoraja um grupo de seus leitores a continuar a caminhada, seguindo os passos de Jesus, mesmo em meio ao sofrimento. Veja as razões:

Ele é o servo sofredor

Esse trecho bíblico de I Pe 2:18-25, foi dirigido especialmente aos escravos cristãos daquela época. É isso mesmo: escravos cristãos. No Império Romano, o número dos escravos era tão grande que, certamente, muitos crentes em Cristo, no primeiro século, encontravam-se nessa condição [Shedd (1993:51)]. Embora, em essência, o cristianismo fosse contrário à escravidão e aqueles irmãos se vissem no direito de serem livres, a sociedade os escravizava. A maioria deles pertencia a senhores pagãos. Por mais que o senhor deles fosse bom, eram, naturalmente, humilhados e injustiçados. O pior é que alguns deles pertenciam a senhores perversos e tiranos que os maltratavam, e que certamente após a conversão a Cristo, eram ainda mais perseguidos e atormentados (I Pd 2:18-19). Eles sofriam, e sabiam que era um sofrimento injusto. Mas reagir àquela situação era sentença de morte para eles. Revoltar-se contra aquela injustiça era inútil. Ao se rebelarem causariam problemas para si mesmos e para as igrejas [Wiersbe (2006:523)].

Então, qual era a saída? O apóstolo lhes mostra que a melhor solução era seguir as pegadas de Jesus, pois ele também foi um servo sofredor. Ele também sofreu injustiças! Pedro não os incentivou a se rebelarem contra os seus senhores, mas a serem submissos, com todo o temor, pois, uma vez que Deus os chamou naquela condição e estava permitindo que eles continuassem assim, eles deviam continuar fiéis, mesmo naquela situação. Isso era a vontade de Deus para deles (I Pe 2:19). Mas como suportar uma situação assim tão adversa? O segredo é paciência! Se, entretanto, quando praticais o bem, sois igualmente afligidos e o suportais com paciência, isto é grato a Deus (I Pe 2:20b). Foi com paciência que Cristo suportou todas as afrontas. Ele assumindo a forma de servo (...) a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz (Fl 2:7-9). Jesus é melhor modelo de submissão e de paciência!

Ele é o padrão perfeito

No versículo seguinte, Pedro afirma: ...também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os seus passos (I Pe 2:21). “Tudo o que Jesus fez aqui na terra, conforme registrado nos quatro Evangelhos é um exemplo perfeito a seguir. Mas ele é um exemplo especialmente na maneira de reagir ao sofrimento” [Wiersbe (2006:524)]. Imagine se você tivesse um poder semelhante ao de Jesus e passasse por situações de afrontas e injustiças que ele passou. Qual seria a sua reação? Pedro, que, lá no Getsêmani, reagiu impulsivamente sacando a espada e ferindo um soldado; agora, relembra aos seus leitores qual foi a reação de Jesus. Vejamos:

Primeiro: Ele nunca pecou. Observe o que Pedro afirmou: Ele não cometeu nenhum pecado... (v. 22a). Por mais severo que fosse o teste, por mais forte que fossem as pressões do mundo para levá-lo a pecar, ele permaneceu fiel ao Pai e a sua vontade. Sigamos seu exemplo! Os motivos para pecar nunca são grandes demais, pois em Cristo, sempre temos motivos mais fortes para evitá-los [Henry (2008:871)].

Segundo: Ele nunca mentiu. Uma pequena mentira poderia livrá-lo de todo aquele infortúnio, mas o Mestre nunca disse uma só mentira (v. 22b). Sempre foi verdadeiro, transparente e honesto.

Terceiro: Ele nunca revidou. O apóstolo explica que Jesus quando foi insultado, jamais revidou os insultos (v. 23a). Ele não se vingava, nem lutava para se defender, mas suportava com paciência [Welch (1978:53)].

Quarto: Ele nunca ameaçou (v. 23b). Bastava uma palavra para exterminar todos os inimigos, mas ele preferiu se calar.

Quinto: Ele sempre se sujeitou. Ao contrário de tudo, Jesus preferiu se entregar vontade do Pai (cf. v. 23c). Ele não buscou vingança, nem fez justiça por conta própria, mas confiou na justiça do Pai. O ser humano tem a tendência a revidar e exigir o que lhe é de direito. Mas essa é a reação natural dos não cristãos; nós, porém, devemos ser diferentes. “Qualquer um é capaz de revidar; mas só o cristão cheio do Espírito Santo pode sujeitar-se e deixar que Deus trave suas batalhas” [Wiersbe (2006:523)] (cf. Rm 12:16-21).

Ele é o salvador exemplar

A terceira razão apresentada por Pedro para seguir os passos de Jesus, é que ele morreu por nós e nos salvou exatamente para andarmos em seus passos. Observe o que o texto nos diz: Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados (I Pe 2:24). Na Bíblia Viva está traduzindo assim: ...morreu na cruz a fim de que possamos morrer para o pecado e viver, daqui em diante, uma vida santa. Pedro expõe aqui a doutrina da substituição. A Bíblia afirma que o salário do pecado é a morte e que todos os homens pecaram e foram condenados à morte (cf. Rm 6:23, 3:23).

Por outro lado, Jesus veio a este mundo, tornou-se homem e habitou entre nós. Vivendo 33 anos, foi tentado em tudo, mas, não pecou em momento algum. Ora se ele viveu aqui e não pecou, ele merece viver e não morrer. Então, aquela cruz não era dele, era nossa. Mas, Jesus nos substituiu nela. Ele tomou o lugar que era nosso! Por amor, ele morreu a nossa morte, para que vivêssemos a sua vida. Essa foi a maior prova do amor de Deus por nós (Rm 5:8).

Viver a vida de Jesus, significa andar por onde ele andou, seguindo o exemplo deixado por ele. Foi para isso que fomos redimidos. Aliás, algo impressionante chama-nos a atenção nas palavras de Pedro quando diz: ...para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça (I Pe 2:24). Ele nos faz entender que não somos salvos porque seguimos os passos de Cristo, mas, seguimos os passos de Cristo porque fomos salvos. Para ser salvo, o pecador não precisa de um exemplo, mas de um Salvador. Mas, após ser salvo, deseja seguir de perto as pegadas de quem o salvou.

Ele é o companheiro leal

Outra grande razão para não se esmorecer na caminhada cristã é que o cristão nunca está sozinho. Jesus está sempre com ele! Observe as palavras usadas pelo apóstolo para concluir esse capítulo: Porque estáveis desgarrados como ovelhas; agora, porém, vos convertestes ao Pastor e Bispo da vossa alma (I Pe 2:25). Aqui, Pedro revela o passado daqueles crentes a quem sua carta fora endereçada. Antes de conhecerem a Jesus, eram como ovelhas sem pastor, que desorientadas, vagavam sem rumo e sem destino. Eles viviam perdidos e expostos a todo tipo de perigo. Careciam de um guia, um guardião e um alvo [Taylor (2006:231)]. Agora tudo era bem diferente! Eles não estavam mais sozinhos e sem direção. Eles tinham Jesus Cristo, o “Pastor” e “Bispo” deles. O termo “pastor” é usado para designar aquele que cuida de ovelhas, conduzindo-as pelo caminho, defendendo-as do inimigo, curando as que estão feridas e buscando as que estão desgarradas.

É exatamente isso que o Senhor faz conosco. Ele é o nosso pastor que nos satisfaz (Sl 23). É o pastor bom que dá a vida por suas ovelhas! (Jo 10:1-14). Já o termo “bispo” significa, simplesmente “aquele que cuida, que supervisiona” [Wiersbe (2006:523)]. Jesus está sempre nos guardando e guiando. A fé cristã não é uma crença deista. O deísmo é o ensino filosófico que diz que Deus criou o mundo e depois o abandonou, entregando-o a sua própria sorte. Prega também que Deus é um ser distante e inacessível.

Todavia, o texto que estamos abordando nos mostra que o nosso Deus não assim: Ele se importa, cuida, está presente. Os seus olhos estão sempre sobre nós. Ele é o nosso guarda e nosso protetor que nunca dorme (Sl 121:3-4). Ele nos cerca por trás e por diante e põe a mão sobre nós para nos proteger (Sl 139:5). Ele é o seu pastor e nada lhe faltará (Sl 23:1). Além disso, Jesus não apenas deixou as pegadas no caminho para as seguir, e depois nos abandou. Não! Jesus está do noso lado, caminhando conosco. Pegando em nossa mão, ele nos ajuda a caminhar. Há muitas razões para continuar seguindo o Mestre, e temos cinco delas aqui, nesta parte da carta do Apóstolo Pedro: Jesus Cristo é o servo sofredor, o padrão perfeito, o salvador exemplar e o companheiro leal. Vale a pena seguir suas pegadas e andar com ele. Na seqüência vamos verificar o que acontece conosco quando seguimos Jesus.

Praticando a Palavra de Deus

Quem segue os passos de Jesus, é aperfeiçoado por ele

Com base na história de Jesus, estamos escrevendo a nossa própria história. Somos seus aprendizes! Se uma criança, que está aprendendo escrever, erra a escrita, o professor não a condena, nem a castiga; apenas apaga o erro e lhe concede a chance de começar de novo. Jesus também nos ajuda em nossos erros e, com amor, nos corrige. Se você falhou, ao tentar imitá-lo e fez algo que ele jamais faria, não se desespere. Se você quiser se acertar, o bondoso Jesus não o condenará por causa disso. Ele é poderoso para apagar o que está errado e ajudá-lo a acertar. Com ele, você pode reescrever a sua história! Nesse caminho, Cristo vai, aos poucos, nos corrigindo, nos aperfeiçoando e nos tornando cada vez mais parecidos com ele.

Quem segue os passos de Jesus, é acompanhado por ele

Na caminhada, Jesus nos trata com compaixão e nos auxilia em nossas fraquezas, pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103:14). Ele não apenas deixou as pegadas, mas também nos ajuda a segui-las. Igual a um professor que segura à mão da criança e a ajuda a escrever as primeiras palavras, Jesus segura nossa mão e nos ajuda a cada passo. Quando caímos, ele nos ajuda a levantar e a continuar. Ele diz: De maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei. Assim afirmemos confiantemente: O Senhor é o meu auxílio, não temerei. (Hb 13:5-6).

Quem segue os passos de Jesus, é compreendido por ele

Aquele a quem seguimos, deixou a sua glória para tornar-se um de nós. Vivenciou todos os dilemas humanos. Foi humilhado, traído, injustiçado e maltratado. Sentiu fome, sede, cansaço e solidão. Ele é um profundo conhecedor do sofrimento humano, pois foi homem de dores e que sabe o que é padecer (Is 53:3). Também, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado (Hb 4:16). Por isso, quem segue os passos de Jesus, pode ter certeza de uma coisa: será sempre compreendido. Quando você enfrentar uma situação difícil, ore ao Senhor com a certeza de que ele o entende. Assim, entregue-se totalmente à vontade dele e confie.

Concluindo

Deus tem um alvo para todos os cristãos: serem conformes à imagem de seu Filho (Rm 8:29). Seu filho, Jesus Cristo, foi o ser humano mais extraordinário que já existiu. Foi em tudo magnífico e perfeito. Por isso, segui-lo é o projeto mais precioso que podemos ter para nossa vida. Mas segui-lo não é algo fácil, pois ele mesmo disse: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (Mc 8:34). Mas uma coisa é certa: Vale à pena seguir as pegadas dele. Ele nos entende, pois também sofreu como nós sofremos. Ele se tornou um de nós e provou que é possível vencer o mundo. Aqui entre nós, Jesus é a escrita perfeita.

Diante das pressões, ele não pecou, nem mentiu. Diante das afrontas, ele não revidou nem ameaçou. Ao contrário, entregou-se totalmente à vontade do Pai. Cristo é o nosso Salvador. Ele morreu a nossa morte, para vivermos a vida santa e plena que nos deu. Também é o companheiro leal que caminha ao nosso lado, que nos guia e nos protege. Por isso, diante de cada decisão, cada proposta, cada situação de conflito, cada aflição, sempre pergunte: “Em meu lugar o que faria Jesus?”

Siga os passos de Jesus, pois, ao segui-lo, você sempre será aperfeiçoado, acompanhado e compreendido por ele.


Fonte:
Paulo Cesar Amaral

2 comentários:

  1. Caríssimo, paz fraterna!
    Tomo consciência da necessidade seguir os passos do Mestre Jesus. Certamente, Ele guiará os meus passos. Ele é o modelo, o exemplo, a ser seguido. Parabéns pelo post. Saudações fraternas!

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    Respostas
    1. A Paz do Senhor Pb Mauricio,

      Obrigado pelo comentário. Sim! Jesus e o modelo a ser seguido. Somente Ele e o exemplo eficaz de uma vida piedosa.

      Deus te abençoe meu querido e que Jesus nos ajude em toda a nossa caminhada.

      Fica na Paz!

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