A intervenção de Jesus Cristo em nossa Vida


Prego, martelo, machadinha, plaina, formão, esquadro, todas essas ferramentas eram bem comuns para ele. Em Nazaré, era conhecido apenas como um carpinteiro. “Ele não é melhor do que nós”, diziam. “É apenas um carpinteiro, o filho de Maria” (Mc 6:3 BV). Se eles soubessem! Se tivessem ao menos ideia de quem estava diante deles. Era o próprio Deus! Ele se fez gente, se humilhou se tornou semelhante aos homens (Fp 2:7), participou da história humana como um humano. A encarnação de Jesus é uma das doutrinas básicas da fé cristã.

Mais de dois mil anos se passaram, desde a primeira vinda de Cristo à terra e, ainda hoje, há quem duvide: Será mesmo que Deus se fez gente? Já houve alguns que negaram a encarnação de Cristo, dizendo que ele não passava de um fantasma, tinha aparência de homem, mas era uma mera simulação [Essa teoria é chamada de docetismo (MACLEOD, Donald. A pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007 pag. 167)]. Difícil para estes é explicar as palavras de João, que cintilam verdade, exalam alegria: Eu mesmo o vi com meus próprios olhos e o ouvi falar. Eu toquei nele com as minhas próprias mãos (I Jo 1:1 BV). Ele esteve entre nós! Consideremos, a partir de agora, quatro aspectos dessa verdade.

E o verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.(Jo 1:14)

O agente da intervenção

Nos primeiros cinco versículos do capítulo 1 do Evangelho de João, temos algumas informações preciosas sobre Jesus, o agente da intervenção. Em primeiro lugar, João aponta a eternidade de Jesus: No princípio era o Verbo (...). Ele estava no princípio com Deus (Jo 1:1a,2). Esses versículos mostram que Cristo sempre existiu! Ele não “se fez” Verbo, no princípio; ele “era” o Verbo no princípio [PFEIFFER, F. C. e HARRISSON, E. F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Imprensa Bíblica Regular, volume 4, 1980 pag. 177]. Não percamos de vista que João vai tratar da encarnação no versículo 14; entretanto, desde os primeiros versículos, já fica bem claro que o agente da intervenção é eterno. Ele não começou a existir a partir dela, não foi criado, como alguns têm afirmado. Em segundo lugar, João revela a identidade de Jesus: ... e o Verbo estava com Deus, e o verbo era Deus (Jo 1:1b). Ele estava com Deus, ou seja, “existia na mais estreita comunhão possível com o Pai” [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 pag.101]. Ele era Deus, aquele que se tornou carne; o agente da intervenção era completamente divino! Além da identidade, João, em terceiro lugar, mostra a capacidade de Jesus. Dois pontos são ressaltados. Primeiro, ele é o criador de todas as coisas. Todas as coisas foram feitas por meio dele... (Jo 1:3a). Segundo, ele é o doador de toda a vida: A palavra era a fonte da vida... (Jo 1:4a – NTLH).

O preparo da intervenção

Para muitos, a palavra “intervenção” soa como algo desorganizado, sem preparação prévia. Por isso, depois de ter meditado sobre o agente da intervenção, pensemos um pouco em seu preparo. No final do versículo 4, Jesus é chamado de a luz dos homens (Jo 1). Essa luz brilhava desde a criação; todavia, no versículo 9, João diz que a luz, uma vez vinda ao mundo, ilumina a todo homem. João está se referindo à intervenção. Através da sua presença no meio dos homens, Jesus traria uma iluminação superior àquela proporcionada antes da sua vinda [PFEIFFER, F. C. e HARRISSON, E. F. Comentário Bíblico Moody. São Paulo: Imprensa Bíblica Regular, volume 4, 1980 pag. 178]. Do versículo 6 até o versículo 9 e também no 15, João mostra que a intervenção foi preparada. Em primeiro lugar, o texto nos informa o nome da pessoa escolhida para anunciar a respeito da luz: ... chamava-se João; este veio (...) para dar testemunho da luz (Jo 1:6-7). É bom lembrarmos que o autor do evangelho não está se referindo a si mesmo, mas a outro João, o Batista, um homem preocupado com a luz, enquanto a maioria vivia em trevas. Além do nome, em segundo lugar, o texto nos informa o conteúdo da mensagem anunciada: João testifica a respeito dele e exclama: (...) O que vem depois de mim tem primazia porque foi primeiro do que eu (Jo 1:15). João veio como testemunha. Sua única mensagem era a luz dos homens: Jesus [ALLEN, Clinfton J. (ed.). Comentário Bíblico Broadmam: NT. Rio de Janeiro: JUERP, vol. 9, 1983 pag. 257].

A maneira da intervenção

João falou do agente e do preparo da intervenção. O texto continua e, no versículo 14, ele mostra a maneira. Leia o texto com atenção: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós (Jo 1:14a). É isso mesmo! Você não leu errado. Jesus se fez homem. Aquele que criou o mundo, que existia antes do mundo, veio participar da história do mundo. Entretanto, ele se fez. Aqui, há um sentido especial. O texto afirma que Jesus se tornou uma pessoa humana histórica e real, mas não sugere que ele deixou de ser o que era antes [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 pag 118]. Jesus abriu mão da sua posição e não da sua divindade (Fp 2:5-6). Ele era, ao mesmo tempo, Deus e homem [BRUCE, F. F. João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1987 pag. 45]. O fato de Jesus assumir a natureza humana, sem deixar de lado a divina é um enigma que já tirou o sono de muitos. Como isso foi possível? Tudo começou com o nascimento virginal de Jesus (cf. Mt 1:18). Deus entrou no mundo como um bebê. Cresceu como uma criança judia normal. “Se o líder da sinagoga em Nazaré soubesse quem estava ouvindo seus sermões...” [LUCADO, Max. Deus chegou mais perto. São Paulo: Vida Cristã, 1998 pag. 24]. Durante sua vida, sentiu o que sentimos. Derramou lágrimas (Jo 11:35), sentiu medo (Lc 22:42), teve sede (Jo 19:28), fome (Mt 4:2), cansou-se (Jo 4:6). Não viveu numa “separação elevada”, mas “conosco”, como um de nós, no meio das multidões, ocupado, assediado.

O objetivo da intervenção

Qual a razão de o Filho de Deus morar entre nós? A Bíblia responde. A intervenção de Jesus, o Verbo encarnado, tem objetivos bem definidos. O primeiro deles está relacionado com a “salvação”: Veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam, mas a todos os que o receberam, àqueles que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus. Jesus se fez gente para que a salvação se tornasse possível ao ser humano! Paulo concorda com essa verdade, quando afirma: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores (I Tm 1:15). Se, por um homem, entrou o pecado, a graça de Deus, por um só homem, Jesus Cristo, abundou para muitos (Rm 5:15). O segundo motivo pelo qual Deus se fez gente está relacionado com “identificação”. Se traduzida, literalmente, do grego para o português, a expressão habitou entre nós (Jo 1:14) significa “armou barraca entre nós”. Jesus veio morar conosco para que um dia nós possamos morar com ele! [KEPLER, Karl (Editor). Bíblia de Estudo Conselheira, Evangelho de João: Acolhimento, Reflexão, Graça. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2008 pag. 3]. Se existe uma pessoa que pode ser tomada como exemplo de verdadeira empatia, esse alguém é Jesus. Deus se fez gente para identificar-se com o ser humano. O Verbo encarnado enfrentou os mesmos dilemas que enfrentamos, tais como: amargura (Lc 22:4), compaixão (Mt 9:36), ira (Mc 3:5), angústia (Jo 12:27), rejeição (Mt 26:69-74). Se você já enfrentou qualquer um dos sentimentos já descritos, lembre que Jesus, aquele que intervém, já os experimentou. Todos nós temos tirado proveito das ricas bênçãos que ele nos trouxe, bênçãos sobre bênçãos amontoadas sobre nós! (Jo 1:17 – BV).

Aplicando a Palavra de Deus a nossa vida

Virtudes que devem ser buscadas

Jesus pensava no outro: Mas, para que não os escandalizemos... (Mt 17:27). Jesus tinha amigos: Digo-vos amigos meus (Lc 12:4). Jesus se sensibiliza com a dor alheia: ... vendo-a chorar, e também chorando os judeus que com ela vinham, comoveu-se profundamente (Jo 11:33). Jesus entendia o valor do serviço humilde: ... qualquer que entre vós quiser ser grande, será o que vos sirva (Mc 10:43). Jesus amava o próximo: ... amou-os até o fim (Jo 13:1). A Bíblia diz: Não atente cada um somente para o que é seu (...); haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2:4, 5).

Atitudes que devem ser imitadas

Em sua primeira carta, Pedro, de forma magistral, ressaltou algumas atitudes tomadas por Jesus, enquanto viveu entre nós: Ele não cometeu pecado algum, e nenhum engano foi encontrado na sua boca. Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava àquele que julga com justiça (I Pe 2:22-23). Esse texto é lindo de se ler; entretanto, não foi escrito apenas para ser lido. No versículo anterior, está escrito: Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos (I Pe 2:21). Essas atitudes descritas são algumas das muitas tomadas pelo nosso Salvador, enquanto viveu neste mundo. A ordem para segui-las continua!

Ensinos que devem ser praticados

Qual o valor que você dá ao ensino de alguém que não vive o que prega? Que diz: “ame”, mas não ama; que diz: “perdoe”, mas não perdoa? Você já parou para pensar que o Jesus que disse: “ame o seu próximo” (Mc 12:30) é o mesmo cujos vizinhos queriam matar? (Lc 4:29) Você já meditou em que o Jesus que desafiou seus seguidores a deixarem suas famílias em favor do evangelho (Mc 10:29) é o mesmo que deixou sua família, por causa do evangelho? (Mc 3:31-35) Você já considerou que a ordem: “orem pelos que os perseguem” (Mt 5:44) veio dos lábios de alguém que, logo, estaria suplicando perdão para os seus assassinos? (Lc 23:34) [LUCADO, Max. Deus chegou mais perto. São Paulo: Vida Cristã, 1998 PAG.25]. Essa é a beleza da encarnação. Jesus ensinou coisas que podem e devem ser praticadas; afinal, ele as viveu!

Conclusão

Diante de tudo o que foi considerado, você consegue entender a importância de saber que Jesus viveu entre nós? Se a resposta for sim, parabéns! “Ninguém me entende” não será uma frase usada por você, pois você sabe que, quando estiver alegre por uma promoção alcançada, por uma boa notícia, por uma data especial, ou quando estiver triste por qualquer motivo, Jesus, aquele que intervém, o compreende. Ele já foi um de nós. Amém!


Fonte:
DEC
PCamaral

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