Jesus Cristo! Só Ele é a ressurreição e a vida!

Jesus Cristo! Só Ele é a ressurreição e a vida!

O Mestre estava ensinando na Pereia [1], às margens do Jordão, quando, de repente, chegou um mensageiro assustado e quase sem fôlego: Senhor, seu amigo Lázaro está muito doente! Sua fala denotava urgência. Se Jesus não fizesse algo logo ou fosse depressa até o vilarejo de Betânia, certamente, Lázaro morreria. Em sua mente limitada devia pensar: “Se isso acontecer será o fim e nada mais poderá ser feito”. Não sabia ele que Jesus é a ressurreição e a vida e quem crer nele, ainda que esteja morto, viverá.

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. (Jo 11:25)

I – Olhando para Jesus

Marta e Maria estavam bem preocupadas com a saúde do irmão. A esperança era que Jesus viesse logo. Podemos imaginá-las no quarto de Lázaro repetindo o tempo todo: “Se pelo menos Jesus estivesse aqui!” [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 PAG. 507]. Elas tinham certeza de que ele, ao ouvir o recado, viria apressadamente atendê-las. Mas Jesus não se apressou e Lázaro morreu. Ele sequer compareceu ao enterro; apareceu somente quatro dias depois. Por quê? O capítulo onze de João nos ajuda a entender. Esse texto pinta um quadro sobre Jesus. Nele, vemos o atraso, o plano, o choro e o poder de Jesus, que nos permite conhecê-lo melhor.

1. O atraso de Jesus:

Aos olhos daquelas irmãs, o Mestre demorou demais. Ele não alterou sua agenda e nem se apressou para ir a Betânia, apenas mandou um recado: Esta enfermidade não é para morte, e sim para a glória de Deus (v. 4), entretanto, ele não chegou a tempo, e a tragédia aconteceu! Jesus amava aquela família e era amigo de Lázaro (Jo 11:3,5,11). Por que deixou isso acontecer? Como harmonizar o amor e a demora? Por que não respondeu a oração? Eram questões que afligiam os corações daquelas irmãs. Nunca é fácil entendermos o aparente atraso de Deus em nos atender.

Mas Jesus se atrasou mesmo? Certamente, não! Ele é o Senhor do tempo (Ec 3:1-14), ele age no momento certo e da maneira certa. Houve outras ocasiões em que o Mestre parecia ter se atrasado: Jairo pediu para que ele curasse sua filhinha, mas, por se “atrasar” no caminho, Jesus chegou quando a menina já estava morta (Mc 5:22,35). No mar da Galiléia, os discípulos lutaram a noite inteira contra as ondas, e somente na quarta vigília da noite Jesus apareceu. Em ambos os casos, o resultado final foram milagres e excelentes lições aprendidas. Logo, podemos afirmar que a demora de Deus é proposital e pedagógica. Com Lázaro, não foi diferente.

2. O plano de Jesus:

Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde estava, antes de ir para Betânia, na Judéia (Jo 11:6-7). O Senhor não precisa ter pressa; ele nunca chega atrasado e jamais é surpreendido. Embora ninguém soubesse, ele, em sua onisciência, sabia muito bem o que iria fazer. Disse: Essa doença não acabará em morte; é para a glória de Deus, que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela (v.4 NVI). Jesus permitiu que Lázaro morresse e prometeu: vou despertá-lo do sono (v.11). Aquele que é dono da vida iria ressuscitar Lázaro, em um magnífico milagre. Esse era o seu plano. O Senhor Jesus já havia ressuscitado outras pessoas antes, mas a ressurreição de Lázaro era especial.

Esperou quatro dias (v.17). Sabe por quê? Porque os judeus acreditavam que, até o terceiro dia, havia chance de o morto voltar à vida, pois, depois disso, o corpo se decompunha. [ARRINGTON, Frech L. & STRONSTAD, Roger (ed.). Comentário Bíblico Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003 pag 563]. O quarto dia representava o fim de todas as possibilidades, o fim das esperanças. Assim, ressuscitar o morto de quatro dias é mais extraordinário do que ressuscitar alguém que acabara de morrer. O milagre seria incontestável para os líderes judeus! A fé dos discípulos seria fortalecida, e Maria e Marta se consolariam.

3. O choro de Jesus:

Quando Jesus chegou a Betânia, foi recebido por Marta, que tinha uma queixa: Senhor, se estiveras aqui, não teria morrido meu irmão (v.22). Jesus não ficou aborrecido com ela, pois respeita a dor das pessoas. Ele mesmo sabe o que é padecer (Is 53:3). Com muita sensibilidade, Jesus tratou da fé de Marta, dando-lhe esperança (v.23-27). Em seguida, Maria foi até ele e se lançou aos seus pés (v.32). Ela não disse muita coisa, porque estava extremamente triste; apenas chorou. Os amigos que a acompanhavam começaram a chorar também. Então, o Mestre não se conteve. Jesus chorou (Jo 11:35) “é o versículo mais curto e mais profundo das Escrituras” [WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico expositivo: NT, vl. I. Santo André, SP: Geográfica, 2006 pag 433].

Por que Jesus chorou, se sabia que Lázaro voltaria a viver? Ele chorou porque sentiu a dor de perder um grande amigo, mesmo por apenas quatro dias. Chorou por ver a dor das irmãs e dos amigos de Lázaro. Chorou porque seu amor é compassivo e solidário. Chorou por ver a miséria humana e por saber a sua causa [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 pag. 515]. As lágrimas dele revelam a sua plena humanidade, e ele não disfarçava as emoções de um coração sensível e cheio de compaixão [MANNING, Brennan. Meditações para maltrapilhos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008 pag 180]. Ele é Deus que se solidariza com nossa dor. Ele sofre e chora conosco.

4. O poder de Jesus:

Suspirando, Jesus caminhou em direção ao túmulo e, lá, mostrou o seu poder. Morto há quatro dias, Lázaro estava além de ajuda, pois seu corpo já começava a se decompor. Este homem voltar à vida era algo totalmente impossível. Mas “impossível” é uma palavra que não existe no vocabulário de Jesus. Diante da sepultura, Jesus mandou que tirassem a tampa de pedra. Marta vacilou na fé. Ela voltou sua atenção para seu irmão, que estava morto e esqueceu de olhar para aquele que é a ressurreição e a vida (v.25) [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 pag. 519]. Ela diz: Senhor já cheira mal (v.39), ou seja, “é caso perdido”.

Mas ele responde: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus? (v 40). Após fazer uma breve e linda oração de agradecimento e confiança, Jesus gritou com toda autoridade: Lázaro, vem para fora! (v.43). E Lázaro voltou a viver! A vida se refaz diante da voz onipotente daquele que é o Senhor da vida. “Como isso aconteceu não sabemos, pois foi um milagre, e milagres transcendem a compreensão humana” [HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: O Evangelho de João. São Paulo: Editora Cristã, 2004 pag. 522]. O texto nos faz ver a cena nitidamente: ele sai do túmulo com braços e pernas amarrados e rosto encoberto por um lenço. Então, ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir (v. 44). E, desta forma, a glória de Deus foi manifestada diante de todos (v.45). Esse extraordinário milagre é prova de que o soberano Jesus tem domínio sobre a morte, e é garantia de que um dia aqueles que dormiram em Cristo serão ressuscitados. A ressurreição de Lázaro foi, ainda, prenúncio do que aconteceu alguns dias depois, quando Jesus morreu, na cruz, por nosso pecado e ressuscitou, vencendo, de uma vez por todas, o poder da morte e nos concedendo a vida eterna!

Há, ainda, outras lições que podem ser extraídas de João, capítulo onze. Aprendemos, por exemplo, que amigos de Jesus não estão livres de perdas, aflições e tragédias. Por isso, na sequência deste estudo, veremos três atitudes que nos ajudam a passar pelos momentos difíceis da vida.

II – Olhando para você

Em momentos difíceis, procure entender o plano daquele que ressuscita

No auge da aflição, chegamos a duvidar do amor de Jesus por nós! Entretanto, o amor dele pelos seus amigos “não é uma afeição cheia de mimos, mas, sim, um amor aperfeiçoador” [WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico expositivo: NT, vl. I. Santo André, SP: Geográfica, 2006 pag. 430]. Ao nos permitir passar pela dor, ele tem sempre um plano que visa ao nosso bem, que deseja nos educar, nos aperfeiçoar em santidade e moldar nosso caráter. Ele age assim porque nos ama! Então, em vez de murmurar, pergunte qual o propósito dele para aquela situação. No caso de Lázaro, o que parecia uma cruel demora, na realidade, foi o mais terno cuidado para com o bem-estar de seus discípulos. Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus (Rm 8:28).

Em momentos difíceis, procure perceber a presença daquele que ressuscita

Senhor, se estivesses aqui... foi o que disseram as irmãs de Lázaro. O sofrimento, aliado ao silêncio de Deus, nos traz uma terrível sensação de solidão. Onde está Deus? Parece que ele está distante. Parece que ele não se importa. Mas isso não é verdade: Deus é nosso refugio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade (Sl 46:1 – NVI). “Na realidade, o momento em que Deus permanece mais próximo de nós, é quando enfrentamos a dor mais intensa” [KEMP, Jaime. Onde está Deus no meu sofrimento? São Paulo: Hagnos, 2001 pag. 430]. Em João onze, vemos Jesus presente, mesmo quando estava fisicamente distante. Irmãos, creiam nisto: Nunca estamos sozinhos! Jesus é o Deus que sofre e chora conosco, pois conhece a nossa dor.

Em momentos difíceis, procure confiar no poder daquele que ressuscita

A situação de Lázaro era difícil e tornou-se impossível! Além de estar morto, já se haviam passado quatro dias. Contudo, Jesus, com sua majestosa voz, ordenou: Lázaro, vem para fora. E ele ressuscitou! Jesus é Senhor do “quarto dia”. É especialista em causas perdidas. Se você tem enfrentado uma situação impossível, não desista! Porque aquele que pode ressuscitar mortos, também pode trazer-nos solução para qualquer problema. Se você se vê diante de enfermidades, de decepções, de demoras e até mesmo da morte, creia que Jesus é a ressurreição e a vida. Ele pode ressuscitar sonhos, relacionamentos, projetos, famílias, igrejas. Procure confiar no poder dele!

Concluindo

“A história da ressurreição de Lázaro é extremamente encorajadora” [RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008 pag. 226]. Ela nos faz saber que Deus nos ama e que tem sempre um bom propósito para nós, mesmo quando nos permite sofrer. Ela nos faz conhecer a soberania de Jesus, através de seu aparente “atraso”; sua onisciência, através de seu “plano”; sua compaixão e sensibilidade, através de seu “choro”, e sua onipotência, através de seu “poder”. O poderoso Jesus é a solução para o maior dilema humano: a morte. Logo, não há situação para a qual ele não tenha solução e nada foge ao seu domínio. Permite-nos passar por momentos difíceis, a fim de que a glória de Deus seja manifestada em nós.

Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem. Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras. (I Ts 4:13-18)

Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; (João 11:25)

Notas:
1. Pereia era uma região da Palestina e ficava próximo da Judeia no outro lado do Rio Jordão. O local onde Jesus estava até a cidade de Lázaro era distante dois ou três dias de viagem.

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