Jesus Cristo é Aquele que Ampara

Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem? (Jo 9:35)



Não é surpreendente encontrarmos pessoas em total desamparo, pelas ruas de nossas cidades. Principalmente nas metrópoles, há um grande número de indivíduos com problemas físicos ou psiquiátricos, que não desfrutam de qualquer cuidado por parte de instituições públicas, ONGs, igrejas ou de familiares. Mas o surpreendente é encontrarmos indivíduos em completo abandono, dentro das igrejas. São pessoas que vivem em total isolamento, quer sejam deficientes físicos, quer sejam pessoas que se achegam à igreja com alguma conduta moral questionável. Infelizmente, ainda há preconceito, por parte de quem se acha numa situação mais confortável.

No capítulo 9 do Evangelho de João, aprendemos com Jesus como devemos tratar os indefesos, os inválidos, os rejeitados e os excluídos.

I – OLHANDO PARA JESUS

Enquanto caminhava pelas ruas de Jerusalém, Jesus viu um homem cego de nascença, [Preferimos adotar o mesmo termo utilizado no texto bíblico, em lugar de “deficiente visual”], pedindo esmolas. Os discípulos quiseram saber quem seria o culpado por aquela situação: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (Jo 9:2). Jesus, porém, viu, naquele homem, uma razão para que Deus fosse glorificado: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus (v. 3). Ao contrário dos discípulos, Jesus foi sensível o bastante para perceber que ali estava alguém que precisava de amparo, não de julgamento. É essa atitude acolhedora do Senhor que iremos analisar a partir de agora.

1. Jesus ampara os socialmente indefesos: Se, nos dias atuais, uma deficiência física deixa um ser humano indefeso, nos tempos de Jesus, na região da Palestina, o problema era bem maior: não havia proteção alguma, por parte do poder público ou da sociedade em geral, aos portadores de deficiência física. Os cegos, os surdos ou os paralíticos que não tinham família com bons recursos financeiros eram condenados a implorar sempre pelo favor alheio para sobreviver. Para esses, não havia perspectiva alguma de dias melhores. Antes de Jesus se manifestar em carne, não havia quem se interessasse pela dignidade dessas pessoas. O homem do relato de João nove, descrito como cego de nascença vivia nessas condições. Além de nunca ter visto, não conhecia amparo algum por parte da sociedade. Vivia, dia após dia, assentado, pedindo esmolas (v. 8). Uma moeda ou outra era tudo que recebia, nada mais que isso. Ninguém procurava saber como ele se sentia, se tinha o que comer ou onde dormir. Nem seu nome era conhecido. Porém, sua situação não foi mais a mesma, depois que Jesus o viu. O texto bíblico diz que o Senhor não apenas o viu, mas decidiu devolver àquele homem a dignidade e o respeito que lhe haviam sido negados pela sociedade (vv. 1-7).

2. Jesus ampara os fisicamente inválidos: A deficiência visual [Aqui, estamos nos referindo à deficiência visual em seu grau máximo, conhecida como cegueira] não apenas impede seu portador de ver a luz, contemplar paisagens belas, discernir cores, ver as pessoas, distinguir gestos e olhares, mas o torna incapaz para muitas atividades. Aquele homem, desde que nascera, fora condenado a ser inútil. Certamente, ele possuía talentos que sequer foram descobertos, porque não lhe foram dadas as oportunidades necessárias para que desenvolvesse suas habilidades, percebesse seu valor e desfrutasse de algum reconhecimento. Para os outros e para si próprio, ele não passava de um inválido. Essa condição era humilhante; fazia-o sentir-se inferior às pessoas normais, que podiam trabalhar para se sustentar. Nesse sentido, a atitude de Jesus de fazer lodo com a saliva e aplicar aos olhos do cego foi fundamental (vv. 6-7). Ao usar a própria saliva, Jesus estava doando algo de si mesmo, de seu corpo àquela pessoa e deixando claro que se importa com a integridade física do ser humano. O Senhor sabia o quanto a cegueira machucava a auto-estima daquele homem. Por isso, teve grande prazer em restaurá-lo fisicamente.

3. Jesus ampara os afetivamente rejeitados: Não há rejeição maior para o ser humano do que a dos próprios pais. O texto de João nove, versículos 18 a 23, mostra que o homem curado por Jesus não desfrutava do amor de seus pais, pois estes, ao serem interrogados pelos líderes judeus, não lhe demonstraram afeto. Cuidaram de preservar a si mesmos. Para eles, parecia não importar que seu filho fosse expulso da sinagoga, contanto que eles não o fossem. Por isso, disseram: Ele idade tem, interrogai-o (v.23). O peso dessas palavras é de rejeição. Aqueles pais foram incapazes de se arriscar por seu próprio filho. Tudo indica que sabiam como havia sido curado, mas o deixaram à mercê dos fariseus. A covardia foi maior que o amor materno e paterno (v 22). Além disso, aquele homem não pôde contar com qualquer manifestação de compaixão por parte de seus líderes religiosos, que o expulsaram da sinagoga. Jesus não se conteve, ao saber dessas coisas: Foi ao encontro do ex-cego e se revelou a ele (vv. 35-38). Jesus deu àquele homem o acolhimento e o amor que lhe haviam sido negados pelos próprios pais.

4. Jesus ampara os espiritualmente excluídos: Além do desamparo social e familiar, aquele homem tinha de lidar com o desamparo espiritual. Para ele, só havia sentença de condenação, pois, aos olhos de sua comunidade espiritual, uma pessoa que nascia com alguma deficiência estava debaixo de maldição, por seus próprios pecados ou pelos de seus pais. Foi essa a razão de os discípulos perguntarem a Jesus: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? (v. 2). A resposta do Senhor corrigiu aquele preconceito e mostrou, não a causa, mas o propósito daquela deficiência: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus (v. 3). A cura foi a confirmação do acolhimento espiritual que o Senhor lhe deu (v. 6). Mas o problema da exclusão espiritual ainda não estava definitivamente resolvido. Por ter se mantido firme em seu testemunho a respeito de Jesus (vv. 15-17,25-33), o ex-cego foi banido da sinagoga, o lugar onde deveria sentir-se acolhido. Para um judeu, não havia coisa pior. Aquele homem estava desamparado de sua comunidade espiritual. Aos olhos dos demais judeus, ele estava perdido, desvinculado de Deus. Mas Jesus não pensava assim. Ao encontrar-se com o homem, o Senhor lhe ofereceu amparo afetivo e espiritual. Ele creu em Jesus e passou a fazer parte da família de Deus. Ao restaurar a visão daquele homem num sábado, Jesus não quis simplesmente fazer um prodígio ou causar polêmica. O Senhor quis mostrar que veio para restaurar o ser humano em todas as suas dimensões. Em Jesus, aquele que fora cego de nascença teve sua dignidade restaurada: sua integridade física e seu valor social foram restabelecidos; seu valor afetivo e espiritual, restituído. Jesus é aquele que ampara o indefeso, o inválido, o rejeitado e o excluído. Foi para esses que ele veio e é com esses que ele mais se importa. Todo aquele que se achega a Cristo é feito nova criatura e pode desfrutar de acolhimento, pois o nome do Senhor é uma torre forte para onde as pessoas direitas vão e ficam em segurança (Pv 18:10 – NTLH).

II – OLHANDO PARA NÓS

1. Você desfruta o amparo de Jesus, quando o ouve - O apóstolo Paulo tinha toda razão, quando disse: De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus (Rm 10:17). No caso daquele cego de nascença, ouvir fez mesmo toda diferença, pois, antes de ser curado, ouviu de Jesus: Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo (Jo 9:5). Ele creu naquele que lhe dizia tais palavras. Talvez você nunca tenha experimentado o acolhimento em seu ambiente social, jamais tenha provado o aconchego de um lar ou vivido em comunhão com irmãos de fé. Mas, hoje, o mesmo Jesus que devolveu a vista àquele cego de nascença deseja amparar você. Se o ouvir, você será bem acolhido e desfrutará da comunhão com o Pai e com a família espiritual que ele lhe dará.

2. Você compartilha o amparo de Jesus, quando o anuncia - Depois de ser restaurado fisicamente por Jesus, o ex-cego de nascença passou a ser notado por seus vizinhos e conhecidos. O amor de Deus lhes foi transmitido, pois o homem não hesitava em dizer a todos quem o havia curado (vv. 9-11) e testemunhou a respeito de Jesus também diante dos fariseus (vv. 15,17,24-33). E você? Tem compartilhado o amor de Jesus? O que tem respondido, quando lhe perguntam sobre a razão da sua fé? Não tenha medo da rejeição dos outros! Anuncie a pessoa de Cristo, seu amor, sua salvação. Não se envergonhe daquele que ampara!

3. Você reconhece o amparo de Jesus, quando o adora - Desde que fora curado, até ser expulso da sinagoga, o ex-cego ainda não havia visto Jesus. Mas, quando o Senhor soube do que os fariseus lhe haviam feito, encontrou-o e revelou-se ao homem, que se prostrou diante de Jesus e o adorou (vv. 35-38). O que Cristo representa para você, querido irmão? Ele é simplesmente aquele de quem você busca benefícios ou é o único Senhor da sua vida? Aquele excego reconheceu que Jesus é muito mais que um benfeitor ou um profeta. Faça o mesmo: Reconheça-o como o Filho de Deus, o único que merece a sua adoração.

CONCLUSÃO:

À semelhança dos discípulos, que viram a cegueira como consequência de pecado, nós nos ocupamos demais em julgar situações de sofrimento. Mas a vontade de Deus é tão somente que desfrutemos, compartilhemos e reconheçamos o seu amparo, ao nos sentirmos indefesos, desvalorizados, rejeitados ou excluídos. O Senhor também deseja que ofereçamos às pessoas que sofrem o mesmo tratamento que ele nos dispensa. Devemos, portanto, tratá-las com respeito, zelar pelos seus direitos e fazer o melhor para que se sintam acolhidas e valorizadas. Acima de tudo, devemos conduzi-las a Jesus, a fim de que o ouçam, o anunciem e o adorem.
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DEC - PC@maral

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