A Salvação do Brasil está nas mãos dos “novos evangélicos”!?

Por Rubem Amorese
Transcrição de artigo do pastor Ariovaldo Ramos, em que ele relata uma conversa mantida com um irmão fictício. Trata-se de um resumo de várias conversas reais. Diálogo que descreve bem a mentalidade cristã da época e de agora, com o seguinte titulo:
VAMOS DAR UM JEITO NO BRASIL
Um dia desses encontrei um colega e logo nos vimos conversando sobre o Brasil e suas crises. Num determinado momento ele me disse: “Não se preocupe, nós, os novos evangélicos, vamos mudar esse país, vamos dar um jeito nele”. “Como assim?”, retruquei. Ele reiterou: “Nós, os novos evangélicos, vamos ganhar esse país e dar um jeito nele. Nós, os novos evangelhos, pois, os velhos evangélicos, não deram nem dariam conta do recado. Eles, os velhos, tinham a mania de construir escolas e hospitais. Achavam que com escolas livrariam as pessoas da ignorância, consequentemente, da miséria e, que, com hospitais, mitigariam o sofrimento do povo. Bobagem! Outra coisa, os velhos evangélicos fugiam da política, diziam não querer contaminar-se. E vai tomar o poder de que maneira?
Nós, não! Nós, os novos evangélicos, temos uma visão maior, mais ampla. Vamos levar o Brasil ao Primeiro Mundo.
Primeiro, para acabar com a miséria, vamos ensinar esse povo a ofertar de verdade. A dar, para receber cem vezes mais; a dar reivindicando, cobrando o cumprimento das promessas. Dessa forma, o Devorador vai ser repreendido e todo mundo vai ficar próspero, rico. Além do mais, vamos destronar as potestades que atuam provocando miséria, prostituição, roubo, assassinato, corrupção, violência, abandono etc. Assim, vamos sanar todos os problemas do país. Você vai ver, as famílias serão restauradas, as crianças abandonadas vão voltar para seus lares... Vai ser uma maravilha! A idade áurea do Brasil.
Segundo, vamos levar esse povo a ter fé, pois quem tem fé não fica doente; em vez de construirmos mais hospitais, gradativamente, não vamos mais precisar deles.
Terceiro, vamos entrar na política, sim Senhor! Vamos lançar candidatos, apoiá-los, dar o púlpito para eles, levá-los nas nossas marchas, fazer o que for preciso. Crente e não-crente, basta que o sujeito se comprometa a lutar pelas nossas causas, pelo nosso bem-estar. Queremos uma política de “portas abertas” para nós; queremos prioridade no uso de estádios e ginásios de esportes para as nossas concentrações; queremos ônibus de graça para os nossos picnics; queremos isenção de tudo quanto é imposto; queremos concessões de rádio e TV; queremos o reconhecimento de nossas rádios piratas; queremos ser deixados em paz, não importa se a falta de estacionamento de nossas igrejas está atrapalhando toda a vizinhança. Queremos tudo o que nos é de “direito”, pois fomos postos por cabeças, não por cauda. Bom, esse negócio de apoiar não-crente é porque a gente ainda não tem um numero suficiente de crentes na política; mas vamos cobrar muito caro cada voto que pudermos carrear para eles; vamos cobrar por cabeça. Aliás, desses incircuncisos que estão sendo postos em nossas mãos, vamos arrancar até o tutano. Depois, quando tivermos um numero suficiente de crentes na política, se os outros não se converterem, a gente os descarta.
Quarto, vamos eleger um presidente evangélico. Não como decorrência de uma militância num dos partidos que estão por aí. Não! Vamos impô-lo a um partido qualquer e Elegê-lo. Olha o nosso numero! Aí, tudo vai mudar: vai acabar a sonegação, pois imposto vai ser considerado como oferta, e oferta é como eu disse, quanto mais dá, mais se recebe: é cem por um! Quem não vai querer isso? Vão acabar os protestos, as greves e as reclamações, pois o país vai ser governado só por ungidos, e o que ungido faz não se discute, mas se obedece, pois ele vai ser julgado em “outra instância”; o que Le faz não é da nossa conta. E, se alguém se levantar contra, a gente disciplina e amaldiçoa.
Quinto, vamos pagar todas as dividas do Brasil. Sabe como? Vamos rifar todas as riquezas naturais do Brasil entre as nações do Primeiro Mundo: Como a bênção está conosco, será sorteado um dos números que vamos manter em nosso poder e, dessa forma, teremos o dinheiro para pagar tudo o que devemos e  ainda vamos manter toda a nossa riqueza.
Bom – disse ele olhando o relógio – eu gostaria de ficar aqui muito mais tempo conversando com você, mas está tarde e tenho de ir embora. Qualquer hora a gente se encontra e eu te falo mais das maravilhosas visões que temos recebido.”
Tendo dito isso, meu colega virou-se e foi embora. Eu tomei o rumo de casa num misto de espanto, escândalo e atordoamento tal, que me provocou uma enorme dor de cabeça: ele falava sério! [1]
Quando tomarmos o Brasil de assalto, como quer esse irmão, qual  é o evangelho que vai tomar o Brasil? Que pensará, qual será a cabeça evangélica desse presidente? Que medidas provisórias promulgará? Tremo só de pensar.

Bibliografia:
[1] RAMOS., Ariovaldo. Vamos dar um jeito no Brasil. SEPAL, Liderança, ago. 1996.
 Fonte: Transcrição na integra de trecho do livro ICABODE Da mente de Cristo à consciência moderna. Rubem Martins Amorese. Editora Ultimato. 1998 págs. 131, 132,133

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