Deus tem saudades daqueles que o deixam!

Em certa altura da história do Antigo Testamento, na época de Jeremias, por volta do ano 627 antes de Cristo, o povo eleito se “desprendeu” e “saiu” da presença de Deus, “renunciou” os compromissos religiosos, “pôs-se” do lado de fora da aliança e da cerca que os protegia, “repudiou” a própria história (iniciada há mais de mil anos, com o chamado de Abraão) e “desertou” para o lado oposto. Não é necessário usar tantos verbos para explicar o que aconteceu. Basta dizer, em uma linguagem mais clara, que Israel “apostatou” da fé.

Isso tem se repetido tanto na história dos hebreus como na história da igreja. A pesquisa da American Physical Society mostra que daqui a menos de 40 anos o cristianismo e as outras religiões poderão ser radicalmente extintos em nove países ricos -- Canadá, Austrália, Áustria, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia, Suíça e República Tcheca. Todos esses países são cristãos -- alguns católicos e outros protestantes. Trata-se, portanto, de uma acentuada e generalizada apostasia, que combina com a previsão mencionada por Paulo: “O Espírito de Deus diz claramente que, nos últimos tempos, alguns abandonarão a fé [por darem] atenção a espíritos enganadores e a ensinamentos que vêm de demônios” (1Tm 4.1, NTLH).

A apostasia é algo muito sério. Entre os apóstatas mais notáveis do período bíblico estão o rei Acaz (2Cr 29.19), o rei Manassés (2Cr 33.19), Demas (2Tm 4.10), Himeneu e Alexandre (1Tm 1.19-20).

Há muitas razões para a apostasia. Uma delas é a força destruidora da perseguição religiosa. As ameaças, a tortura, a prisão e o martírio têm feito alguns cristãos renunciarem a fé. Às vezes apenas “da boca para fora”, mas não no íntimo. O relaxamento moral progressivo, por sua vez, pode descambar na apostasia. Daí a exortação: “Se continuarmos a pecar de propósito, depois de conhecer a verdade, já não há mais sacrifício que possa tirar os nossos pecados” (Hb 10.26, NTLH). A intensificação dos poderes demoníacos, por meio de falsos profetas, falsos mestres, falsos cristãos e falsos milagres, pode roubar a fé de muitos. O Apocalipse diz que todos ficarão maravilhados com a cura da besta que havia sido golpeada mortalmente e, então, se porão ao lado dela (Ap 13.3).

É difícil, mas pode acontecer que o apóstata venha a se arrepender e volte para o aprisco. Pela instrumentalidade dos profetas, Deus se dirige às gerações apóstatas de maneira comovente. Às vezes, ele recorda os bons tempos anteriores à apostasia: “Eu me lembro bem de como você procurava me agradar e demonstrar o seu amor, como uma jovem noiva, [e quando] me seguia fielmente, através do deserto onde planta nenhuma podia nascer” (Jr 2.2, BV). Outras vezes, ele reclama com ternura: “O meu povo cometeu dois pecados: Eles abandonaram a mim, a fonte de água fresca, e cavaram cisternas, cisternas rachadas que deixam vazar a água da chuva” (Jr 2.13, NTLH). Quando convém, ele fala mais energicamente e faz promessas de renovo: “Venham cá, vamos discutir este assunto [pois] os seus pecados os deixaram manchados de vermelho, manchados de vermelho escuro; mas eu os lavarei, e vocês ficarão brancos como a neve, brancos como a lã” (Is 1.18, NTLH).

A evangelização pretende alcançar os que nunca ouviram o anúncio das boas-novas. A reevangelização, por sua vez, quer alcançar aqueles que saíram do meio de nós, mas, a rigor, ainda não eram dos nossos (1Jo 2.19). É possível que “com laços de amor e de bondade” (Os 11.4) Deus os traga de volta!
***

Fonte: Revista Ultimato - Edição 331 - Abertura


Obs: Grande parte dos países da Ásia Menor, que adotaram o cristianismo no primeiro século, apostataram e hoje estão convertidos ao islamismo.

2 comentários:

  1. Eu acredito que não pq a gente precisa dele e não ele da gente. Então ele sendo Deus acha que não sente.

    ResponderExcluir
  2. Meu amigo, você está certo em dizer que Deus não sente saudades, isso é um sentimento humano. Nós como seres finitos sentimos saudades mas Deus não, pois, Deus é eterno. O que aconteceu ontem para Deus é presente, para nós passado, e o que acontecerá amanhã para Deus também é presente e para nós futuro.

    O autor coloca este tipo de sentimento para representar e para que possamos compreender que a vontade de Deus é de que nunca o deixemos, e que estejamos sempre perto Dele, amando-o e adorando-o.

    O texto vai nos mostrar que mesmo que deixemos Deus de lado, ou até deixemos de crer Nele, Ele continuará nos chamando para Seu lado a fim de prover a salvação.

    Podemos até parafresear o titulo do post: Deus continua amando até mesmo aqueles que o deixam.

    Que Deus te abençoe!

    ResponderExcluir

Todos os comentários serão moderados. Comentários com conteúdo fora do assunto ou do contexto, não serão publicados, assim como comentários ofensivos ao autor.

Tecnologia do Blogger.