Hora do Povo de Deus Celebrar


Naquele dia alegre, foram oferecidos muitos sacrifícios, pois Deus os havia enchido de grande alegria. As mulheres e as crianças também se alegraram, e os sons de alegria do povo de Jerusalém podiam ser ouvidos de longe (Ne 12:43- NBV).

Como você reage, ao receber de Deus grandes vitórias, mesmo depois de passar por várias dificuldades? O certo é atentarmos para o conselho do salmista: Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra (Sl 98:4a). Neemias fez isso. Após encarar e vencer os desafios concernentes à reconstrução dos muros de Jerusalém convocou o povo a celebrar a Deus por essa grande realização. O termo “celebrar”, do hebraico hãgag, tem o mesmo sentido de festejar, comemorar, realizar com solenidade. Sl 98:4 e Mt 22:2 expressam isso de maneira clara. A celebração a Deus será o foco deste estudo.

Durante os outros artigos publicados no Blog do PCamaral sobre Nemias, deparamo-nos com a tremenda experiência de um líder, cujos esforços estavam focados em terminar uma grande obra de reconstrução. Para isso, ele teve de lidar com muitos problemas difíceis de resolver: a indiferença, a oposição, a injustiça, a calúnia etc. No capítulo 12, porém, a preocupação de Neemias é outra. Todos os problemas cederam lugar à celebração. Neste capítulo, não vemos resquícios de tristeza, choro, amargura ou algo semelhante. Neemias e o povo estavam certos: “O tempo de lamento cessou; é hora de celebrar!” Mas a celebração a Deus não foi realizada de qualquer maneira. Há alguns aspectos da celebração a serem considerados:

O júbilo: O versículo 27 de Neemias 12 menciona a dedicação dos muros de Jerusalém. Nessa época, as “dedicações serviam não somente para reconhecer certas coisas como santas, mas também para colocar coisas seculares sob a proteção divina e santificá-las”. [1] O texto também relata a forma como essa dedicação foi feita: ... com alegria, louvores, canto, címbalos, alaúdes e harpas. O propósito de Neemias era realizar uma celebração agradável a Deus. Portanto, ela deveria ser marcada pelo louvor jubiloso. Não foi sem razão que os levitas de Judá foram convocados para colaborar na celebração, afinal, eles tinham muita habilidade, dentre outras coisas, com a música. O capítulo 12 do livro “enfatiza o louvor jubiloso de todo o povo. O cântico é citado oito vezes neste capítulo; as ações de graças, seis vezes; o regozijo, sete vezes; e os instrumentos musicais, três vezes.” [2] A alegria é uma marca visível da igreja de Deus. Neemias disse que a alegria do SENHOR é a vossa força (Ne 8:10). O júbilo não deve ser reprimido nos momentos de celebração a Deus, mas expresso de modo contundente. O povo entendeu isso, pois as mulheres e os meninos se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se ouviu até de longe (Ne 12:43c).

O motivo: Durante muito tempo, o povo hebreu foi alvo da zombaria e do desprezo de seus inimigos. Teve de conviver, durante muitos anos, com a triste decadência de um dos símbolos mais relevantes da sua história: Jerusalém. Esta já não tinha glória alguma; estava completamente destruída e os seus muros, derrubados. No entanto, Deus mudou o rumo dessa história. Jerusalém, que vivera mais de cem anos debaixo dos escombros, agora, estava restaurada e os seus muros, reconstruídos. O povo celebrou com grande e intenso júbilo essa conquista. [3] Neemias e o povo celebraram ao SENHOR pela vitória que lhes proporcionou. Esse motivo é expresso em Ne 12:43b: Deus os alegrara com grande alegria. Os inimigos haviam subestimado o povo de Deus e o Deus do povo (Ne 4:3), mas tiveram de reconhecer que estavam errados. Quando celebramos a Deus pelas vitórias que ele nos dá, declaramos a sua onipotência e o seu cuidado para conosco. Além disso, reconhecemos que dele dependemos. Neemias não era o único a ter essa certeza. A respeito dos seus inimigos ele disse: ... reconheceram que por intervenção de nosso Deus é que fizemos esta obra (Ne 6:16).

Todos tinham seus corações voltados para o Senhor. Hoje, não deve ser diferente. Os corações de líderes e liderados precisam estar voltados para Deus. Infelizmente, muitos erram nesse sentido, cantando aquilo que não vivem e esquecendo que o louvor é para glorificar a Deus, não a si próprios.

A pureza: Celebrar a Deus por meio do louvor é um ato de adoração. Esta, por sua vez, precisa ser pura, afinal, o Deus que a recebe é santo em sua essência. Mas a adoração jamais será pura e aceita por Deus, se o adorador estiver impuro. O povo de Israel entendia que aquela grande celebração exigia pureza. A fim de santificarem-se para este evento, Neemias tomou a seguinte atitude: Purificaram-se os sacerdotes e os levitas, que também purificaram o povo e as portas e o muro (Ne 12:30). “O modo usual de purificação consistia em banhar o corpo e lavar as roupas (Lv 15:8,10,11)”. [4] A aspersão de sangue era também utilizada para esse fim (Lv 14:4-7). A pureza não era um propósito somente dos sacerdotes ou dos levitas, mas de todo o povo. Todos tinham seus corações voltados para o Senhor. Hoje, não deve ser diferente. Os corações de líderes e liderados precisam estar voltados para Deus. Infelizmente, muitos erram nesse sentido, cantando aquilo que não vivem e esquecendo que o louvor é para glorificar a Deus, não a si próprios. Todavia, se estes perguntarem: Quem subirá ao monte do SENHOR? Quem há de permanecer no seu santo lugar? (Sl 24:3), obterão a seguinte resposta: O que é limpo de mãos e puro de coração (Sl 24:4).

A união: A reconstrução dos muros foi, sem dúvida, a grande conquista de Neemias e do povo. Mas eles não a conseguiram por acaso. Havia algo importante por trás disso: a união. Os inimigos da obra bem que tentaram esfacelar esta união genuína, por meio de calúnias proferidas contra o líder Neemias. Mas não conseguiram. Se a união fosse abalada, o trabalho seria prejudicado. Os muros eram o resultado de um trabalho conjunto. Havia união na diversidade e na adversidade. Havia união na celebração. O versículo 28 começa assim: Ajuntaram-se os filhos dos cantores. Isso porque todos “os sacerdotes e cantores, deveriam vir, de todos os lugares, para a grande celebração”. [5] A liderança era unida. Havia harmonia não somente no som dos instrumentos musicais, mas também no relacionamento entre aqueles que os tocavam. Tanto ricos quanto pobres, líderes e liderados cantavam em exaltação ao Rei dos reis. Nem as mulheres, nem as crianças ficaram de fora (Ne 12:43). As vozes eram diversas, mas o louvor era o mesmo. Havia diferença entre as pessoas, mas não indiferença. A acepção fora superada pela união. Esta forma de celebração agrada a Deus.

A ordem: Aquela celebração fora detalhadamente organizada. Quando algo é feito para Deus, deve ser feito da melhor maneira e com muita dedicação. Foi isso que Neemias fez: Eu levei os chefes de Judá para cima do muro e dividi o coro em duas fileiras compridas (Ne 12:31 – NBV). Uma grande procissão de celebração fora iniciada. Mas não se tratava de uma festa aleatória, sem sentido e sem propósito. Cada coro tinha um itinerário diferente (vv. 37-38), mas um mesmo destino: a casa de Deus (v. 40). Neemias organizou os grupos e dividiu as pessoas, de acordo com as suas devidas funções e consagrações. Uns estavam encarregados de tocar as trombetas (vv.35,41), enquanto outros tocavam outros instrumentos (36). O escriba Esdras seguia à frente deles (37). Havia o regente e os cantores que dirigiam o louvor (v.42), também havia os encarregados de cuidar das ofertas e dos dízimos (v.44). Ninguém interrompia o serviço do outro. Todos participavam da celebração ao Senhor, respeitando a hierarquia ali vigente. Tudo foi feito com ordem. Eles não se digladiaram por um cargo de aparente proeminência, porque entendiam que o propósito de cada um era o mesmo: celebrar a Deus. Que dia maravilhoso aquele! Quanta alegria! Que grande vitória! Que bela pureza! Que união genuína! Que organização exemplar! Aquela festa foi inesquecível. A celebração ao nosso Deus deve ser, sim, um evento marcante. Não foi fácil para aquele povo chegar aonde chegou. A vitória foi tremenda e a celebração, contagiante. Mas a celebração não deve acontecer apenas em tempos de bonança. Mesmo se as figueiras e as videiras forem destruídas, os frutos, extintos, e não haja mantimentos, nem animais nos pastos, devemos exultar ao Senhor (Hc 3:18,19).

Aplicando a Palavra de Deus em nossa vida


1. É hora de celebrar! Faça-o com fervor - A reação de Neemias e do povo, em meio à celebração, era de alegria. E a nossa? Eles cantavam fervorosamente. E nós? Aquela celebração é um modelo para as celebrações do povo de Deus de nossos dias. A Bíblia diz que os justos exultam na presença de Deus e folgam de alegria (Sl 68:3). Precisamos celebrar com grande júbilo e fervor as nossas conquistas. A vida cristã deve parecer mais com uma festa de casamento do que com um enterro. [6] Portanto, não se intimide, mas seja um cristão fervoroso no louvor. Aceite o convite do salmista: Vinde, cantemos ao Senhor, com júbilo, celebremos o Rochedo da nossa salvação (Sl 95:1).

Dignidade está em falta, mas cabe a cada um de nós fazer a diferença

2. É hora de celebrar! Faça-o com dignidade - Deus é santo e a celebração a ele não pode ser desprovida de santidade. Os levitas, os sacerdotes e o povo tomaram uma atitude admirável: purificaram-se (Ne 12:30). É óbvio que o modo como isso era feito, naquela época, não deve ser feito hoje, ou seja, por meio da lavagem com água, aspersão de sangue etc. Porém, o princípio continua válido. Tanto os que pregam a palavra quanto os que tocam e cantam os louvores precisam comparecer diante do Senhor com mãos santas e vidas puras (Sl 24:4).

3. É hora de celebrar! Faça-o com dedicação - Os muros foram reerguidos sob exaustivo e dedicado trabalho. Não foi à toa que a duração da obra não ultrapassou os 52 dias (Ne 6:15). A celebração vitoriosa não foi diferente. Havia comprometimento de todos os participantes. Todos davam o melhor de si, no louvor cantado ou tocado. Verdade é que poucos toleram o trabalho que é feito de modo relaxado. Deus jamais irá tolerá-lo (Jr 48:10). O Deus de Neemias é nosso também. Portanto, encare o ato da celebração ao Senhor com seriedade. Dedique-se a ele, dê o seu melhor!

Concluindo


Sempre haverá motivos para celebrarmos ao Senhor. O ato da celebração é constante. Tanto hoje como amanhã poderemos afirmar: é hora de celebrar! A propósito, temos feito isso? Reflitamos sobre o assunto. Como vimos, a celebração envolve louvor jubiloso, um motivo vitorioso, pureza, união e ordem. Que, nesta geração, se levantem muitos Neemias dispostos a convocar o povo à celebração que agrada a Deus. Que os cristãos contemporâneos se espelhem naquele povo e celebrem ao Rei dos reis com fervor, dignidade e dedicação.


Bibliografia:

1. CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado: versículo por versículo. Vol. 3. São Paulo: Candeia, 2000. pág. 1811

2. WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Antigo Testamento. Vol. 2. Santo André: Geográfica: 2008. pág. 674

3. LOPES, Hernandes Dias. Neemias: O líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006. pág. 188

4. DOUGLAS, D. J. (Ed.). O Novo Dicionário da Bíblia. Vol 2. São Paulo: Vida Nova, 1962. pág. 1350

5. LOPES, Hernandes Dias. Neemias: O líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006. pág. 189

6. LOPES, Hernandes Dias. Neemias: O líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006. pág. 188-9

DEC
PCamaral

2 comentários:

  1. Que Palavra Abençoada! O povo de Deus precisa aprender muito com Neemias. Que o Senhor o abençoe!

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    1. Amém! Que Deus nos abençoe a todos e possamos aplicar esta palavra em nossa vida diaria em amor ao Senhor Deus todo poderoso!

      Amém e amém!

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