Alguns Passos Simples para Realizar o Culto Doméstico



Para muitos pais cristãos qualquer menção de “culto doméstico” pode provocar um suor frio, uma sensação de culpa e uma consciência de suas deficiências. Mas o culto doméstico não deveria ser um fardo para as famílias cristãs evitarem e sim um prazer que elas procuram a cada dia. Às vezes, a melhor forma de começar uma nova prática – ou começar novamente – é vê-la modelada para você. Na contribuição de R. C. Sproul Jr. em Holy, Holy, Holy: Proclaiming the Perfections of God , há uma seção que descreve como a família dele realiza o culto doméstico.

O Ligonier Ministries adaptou, o iPródigo publicou e o PCamaral compartilha, agora, com seus leitores.

Lembre-se, assim como R. C. Sproul Jr. afirma em seu capítulo, isso não é “a liturgia de Sproul Jr.” que temos que seguir, mas um exemplo prático que oramos que seja útil para você.

Escolha do horário

Nesse momento de nossas vidas, nós realizamos o culto familiar logo após o jantar. Nós costumávamos fazê-lo logo antes das crianças irem para a cama. Qualquer um dos dois é bom para nós, mas há uma razão prática para fazê-lo durante esse tempo. Todos os dias, não importa o que aconteça, nós jantamos e vamos para a cama, portanto, nós temos um par de despertadores que não nos deixa escapar da nossa responsabilidade. Nós pensamos, “Acabamos de terminar o jantar, está na hora” ou “Estamos perto de ir para a cama, está na hora”.

Depois do jantar, eu vou peço para alguma das crianças, “Por favor, reúna as coisas para o culto”. Nós temos um lugar no qual guardamos as coisas para o culto, uma das crianças vai pegar a pilha de livros e as coisas e colocá-los na mesa à minha frente.

Fora de casa ou com convidados

Se não estamos em casa, nós modificamos as coisas um pouco. Nós fazemos o culto no carro às vezes. Se estivermos na casa de um amigo ou, até mesmo, na casa de um estranho, nós não impomos a ele ou a ela e dizemos “Bem, obrigado pelo jantar, agora é a hora do culto familiar da família Sproul”. Se tivermos um convidado em casa, tentamos fazer uma avaliação de sua maturidade espiritual e tomamos uma decisão. Nós devemos perguntar a nós mesmos: “Isso vai deixar nosso convidado com raiva ou ele vai gostar de participar?”. Se parece que ele vai ficar com raiva, nós, provavelmente, não faremos.

O catecismo

Quando estamos em casa, nós começamos com o catecismo. “Catecismo” é uma palavra estranha para muitos hoje. Um catecismo é simplesmente uma ferramenta para ensinar o conteúdo básico da bíblia para os jovens ou para aqueles que são novos na fé. Um catecismo, tipicamente, consiste em perguntas e respostas. Os pais fazem uma pergunta para a criança e ela dá uma resposta.

Nós usamos dois diferentes catecismos. Temos um catecismo infantil, que possui 50 perguntas. Cada pergunta tem por volta de cinco ou seis palavras e cada resposta, três. Eu pergunto para o meu filho Reilly, que tem três anos, “Reilly, quem te fez?” e ele responde, “Deus”. “O que mais Deus fez?” e ele diz, “Todas as coisas”. Como você pode ver, as perguntas e respostas são muito pequenas. Nós ensinamos isso para crianças muito pequenas e, quando elas aprendem essas coisas, nós celebramos. Nós não os subornamos. Nós não os compramos. Mas nós celebramos. Quando um deles aprende completamente o catecismo infantil, a família inteira sai para tomar sorvete, porque o papai gosta de sorvete.

Quando as crianças ficam maiores, nós seguimos para o Breve Catecismo de Westminster, que tem um pouco mais de perguntas (são 107). Quando as crianças já dominam todas elas, levo-as para esquiar, porque o papai gosta de esquiar.

Nós temos um esquema “sofisticado” para fazermos memorização. É mais ou menos assim: eu digo às crianças, “O papai diz: ‘Qual é o fim principal do homem?’ Vocês dizem: ‘O fim principal do homem…’”
Eles dizem: “O fim principal do homem…”
Eu digo: “…é glorificar a Deus…”
Eles dizem: “…é glorificar a Deus…”
Por fim, eu digo: “… e gozá-lo para sempre.”
Eles dizem: “…e gozá-lo para sempre.”
Nós fazemos isso e depois de alguns dias eles pegam. Como eu disse, é um sistema terrivelmente complicado.

Memorização das escrituras

Então, passamos para a memorização das escrituras. Nós temos um sistema “complicado” para isso também. Agora, minha família está memorizando Salmos, então, todos os dias, nós recitamos um dos salmos que aprendemos e trabalhamos em um novo. Não fique muito impressionado, nós estamos apenas no 12. Eu não sei o que faremos quando eles forem realmente grandes. Quando chegarmos ao Salmo 119, aí vocês podem ficar impressionados. Mas, de novo, usamos o mesmo sistema. Eu falo um verso ou uma parte dele, e as crianças repetem. Meus filhos mais velhos riem de mim, porque eu tenho a minha Bíblia aberta para me ajudar enquanto ensino para eles essas coisas, mas eles já sabem muitos salmos de cabeça.

Leitura das Escrituras

Depois, nós passamos para a leitura das Escrituras. Temos feito nossas leituras de maneiras diferentes. Algumas vezes, nós lemos um livro da Bíblia. Outras vezes, quando temos uma criança muito pequena, nós usamos um daqueles livros de histórias bíblicas para crianças. Eu desejo dar a eles um entendimento bem básico sobre a fluência das Escrituras. Agora estamos usando um daqueles livros de histórias bíblicas para crianças nos quais Jesus tem olhos que parecem bolas de ping pong.
Eu leio a história, depois eu dou meu sermão, e todos os meus sermões tem de 20 a 30 segundos de duração. Eu dou às crianças algum tipo de lição presente no texto. Eu desejo trazer do texto algo para nutrir a vida deles e a minha.

Isso me dá uma oportunidade de praticar o primeiro corolário do “Princípio fundamental de hermenêutica do R.C. Sproul Jr”. Hermenêutica é o estudo de interpretação, e o princípio fundamental de hermenêutica do R.C. Sproul Jr. afirma que sempre que você estiver lendo sua bíblia e vir alguém fazendo algo muito estúpido, você não deve dizer para você mesmo: “Como ele pode ser tão burro?”, mas sim: “Como eu tenho sido ainda mais burro?”. O primeiro corolário desse princípio é que sempre que você estiver lendo uma história na bíblia, e você pensa sobre quem você é na história, você é o pecador. Se você está lendo a história e há mais de um pecador, como na parábola do filho pródigo, você é os dois. Então, nós lemos nosso texto bíblico e eu pergunto: “Como nós somos semelhantes a essa pessoa? E como nós somos semelhantes àquela pessoa? E como eu sou semelhante a essa ou àquela pessoa?”. Esse é o sermão.

Oração

Depois do sermão, eu recebo os pedidos de oração. Eu pergunto: “Crianças, sobre o que vocês querem que o papai ore hoje à noite?”. Eu encorajo meus filhos a orarem. Eles oram antes de ir para a cama. Por vezes, eles oram durante o período de estudo (eles estudam em casa). Eles oram em muitas ocasiões. Mas, quando nos ajuntamos para o culto doméstico, eles não oram. Por que não? Desde o princípio, eu tenho feito a oração no culto doméstico porque eu quero comunicar a eles – e, mais importante, a mim mesmo – a importância do papel de sacerdote exercido pelo pai da família. Estou dizendo para eles e para mim: “Eu sou responsável, como o cabeça dessa casa, por levar vocês perante o trono de Deus e por rogar ao Deus dos céus e da terra pelo bem estar de vocês.”

De fato, quando as crianças eram mais novas, nós até tínhamos uma postura para comunicar isso – novamente, mais pra mim do que pra eles. Eu pedia para os pequenos sentarem no meu colo. Eu assentava-os um em cada perna, envolvia meus braços neles, colocava minhas mãos em suas cabeças, e orava por eles. Eu pedia para Deus abençoá-las especificamente. Meu filho Campbell pedia todas as noites: “Por favor, peça para Deus para crescermos em graça , no fruto do espírito, e em sabedoria”. Deus o abençoou com sabedoria.

Cantar

Depois, nós cantamos. Novamente, as crianças são chamadas a escolher o que vamos cantar. Nós cantamos as músicas presentes na liturgia da nossa igreja. Nós cantamos o Gloria Patri, cantamos a Doxologia, o Credo dos Apóstolos, o Credo Niceno. Nós cantamos o Cântico de Simeão, que é como nossa igreja normalmente encerra a parte musical.

Deixe-me falar de algo que pode ser ainda mais útil. Quando os visitantes de nossa igreja tentam achar o berçário, nós dizemos que há um berçário, mas que nós esperamos que eles não se importem de não usar os serviços do berçário naquele dia. Nós asseguramos de que, se eles tomarem conta das crianças, nós ficaremos bem. Veja, nós fazemos o culto juntos – pais e filhos. Visitantes ficam levemente temerosos e confusos com isso. Eles pensam: “Que coisa estranha é essa?”, mas então, quando a congregação se levanta para, juntos, confessarmos nossa fé e criancinhas de dois ou três anos recitam ardentemente o Credo Apostólico, de repente, nossos visitantes vêem a beleza nisso.

Em casa, nós deixamos as crianças escolherem as músicas que elas querem cantar. Temos uma regra: apenas uma música infantil por noite. Reilly sempre quer cantar “Aleluia”. Eu pergunto: “O que você quer cantar hoje, Reilly?”, e ele responde: “Aleluia”. É uma música bem simples: “Alelu, alelu, alelu, aleluia, louvai a Deus!”. Nós dividimos a família em duas metades, uma canta os “alelu’s” e a outra canta “louvai a Deus”, depois nós trocamos e cantamos mais rápido. Mas cantamos apenas uma dessas por noite. É isso. Não é complicado. Não se gasta muito tempo. Não é uma obrigação, é um deleite, um prazer.

E se eu não estiver realizando nenhum culto doméstico?

Nesse ponto, vocês, pais, devem estar pensando: “Ok, R.C., eu entendo isso. Eu entendo que devo fazer isso. Eu vejo como fazer isso. Mas, como eu lido com o fato de que eu não tenho feito o culto doméstico?”. Aqui está o que você deve fazer: reúna sua família, faça com que eles se sentem, e peça desculpas por ter falhado nesse aspecto. Mostre para eles o que significa estar arrependido. Depois, diga a eles que Jesus Cristo veio para sofrer a ira de Deus Pai por falhas como esta que você cometeu. Agradeça a Deus por essa provisão. Ore agradecendo pelo perdão. Depois, cante em louvor por esse perdão. Esse é o primeiro dia. Se você fazia o culto doméstico e perdeu o hábito, siga também essas instruções.

Mas eu estou muito ocupado para fazer o culto doméstico

Mas, se você está muito ocupado, aqui está o que eu quero que você faça: pare de ficar tão ocupado! O que poderia ser mais importante? O Deus do céu e da Terra, o auto-existente, transcendental, santo Deus, está te convidando para conversar com ele ao fim do dia. Você responderia a ele: “Obrigado pelo convite, Senhor, mas hoje à noite eu vou para o campeonato de boliche”? Você diria: “Eu amaria me encontrar com o Senhor hoje à noite, mas eu tenho uma reunião com uma pessoa importante”? Ninguém é ocupado demais para deixar de aproximar-se do Deus vivo. Ninguém é tão ocupado a ponto de escolher o menos importante, o menos gratificante e menos prazeroso em detrimento da fonte de todo o prazer.

A glória do evangelho consiste em que o grande, transcendental e exultante Deus, por causa da obra de Cristo, aproximou-se de nós e de nossos filhos, e continuará fazendo o mesmo. Portanto, não faça isso para ser santo, faça-o para ser feliz. No fim das contas, é a mesma coisa. A nossa busca austera por santidade pessoal não impressiona a Deus nem um pouco. Mas Deus se alegra quando nos deleitamos nEle. Leve as crianças a Ele (Mateus 19.14). Faça isso para que você possa glorificá-Lo e gozá-Lo agora, isso é o que estaremos fazendo para sempre.



Essa série é uma adaptação do material contido na contribuição de R.C Sproul Jr. Para o livro Holy, Holy, Holy: Proclaiming the perfections of God.

Traduzido por Fernanda Vilela | Original aqui

Fonte:
iPródigo.com - Nathan W. Bingham
Publicado originalmente em, Ligonier Ministries

Um comentário:

  1. ...É um exemplo de sacerdote do lá..que este sacerdote contagi toda sua geração.

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