Cachorro mordido por pastor tem medo de pastor

Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e das minhas sou conhecido. Assim como o Pai me conhece a mim, também eu conheço o Pai, e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor. (João 10:14-16)

Por Walter McAlister Jr em waltermcalister.com.br

O ditado original que deu origem ao título deste post é “cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça.” Mas me dei o direito de adaptar o adágio popular para falar de uma tragédia. Inúmeras pessoas fizeram contato comigo nos últimos tempos para contar histórias trágicas de abuso pastoral, traduzidas em atitudes que levaram o membro a sair da sua igreja. Não são poucos os casos de irmãos e irmãs que perderam a confiança no ministério pastoral por completo. Houve, inclusive, pessoas que me contaram como persistiram, indo, vez após vez, de uma igreja a outra. Até chegar à conclusão de que não há como confiar em um pastor.

Muitos se reportam a uma frase que já citei, do falecido Rev. David DuPlessis: “O Senhor é o meu pastor, mas nenhum pastor é o meu senhor”. De fato, o pastorado não intitula quem quer que seja a mandar sobre a vida dos outros. O tão citado “ungido do Senhor” não é uma pessoa inquestionável. Ele é chamado para servir. Ele é escolhido pelo Todo-poderoso para participar dos seus sofrimentos e ser um fiel despenseiro da multiforme graça de Deus. Mas as histórias se acumulam e, por isso, hoje o clero está desacreditado. Assim como há mulheres que afirmam que nenhum homem presta, também já se estabeleceu no imaginário coletivo que não há pastor que preste.

Só que, assim como linguiça parece cobra mas não é, há pastores que se parecem com outros, mas não são falsos, aproveitadores, arrogantes, interesseiros, déspotas, ditadores, preguiçosos ou gananciosos. Há muitos bons pastores que eu conheço pessoalmente. São homens chamados por Deus e cujas vidas são consagradas. São homens bons. Sim, existem homens bons no ministério. Alguns são mais cultos do que outros. Uns são mais preparados do que outros. Alguns são muito simples. Alguns não receberam um discipulado adequado. Mas estão buscando fazer o bem e cuidar do rebanho de Deus.

Lamento que o “pastor imprestável” tenha se tornado tão clichê. Essa figura se alojou na imaginação coletiva de uma maneira tão forte que é difícil falar de igreja sem que alguém levante logo um senão sobre esses imprestáveis.

Não é uma boa época para pastores, muito menos para bispos. Muitos acham que um título é, no mínimo, uma honraria que denuncia a vaidade de quem a invoca. Ledo engano. Para um servo de Deus, esses títulos apenas revelam o tamanho do nosso fardo e da nossa responsabilidade. O bom pastor sofre, ora, busca nas Escrituras o bom alimento para o rebanho, lidera, disciplina e, em alguns raros casos, precisa até ser firme com uns e outros que estão na igreja sabe-se lá por quê.

Não é uma vida fácil para os que a levam a sério. Se você tem um bom pastor, levante as mãos e dê graças a Deus. Ore por ele. Seja um bom discípulo. Se você ainda não achou um, saiba que existem.

Na paz,
+W

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