Síndrome de burnout: não se deixe queimar

A saúde dos líderes pastorais tem sido colocada em cheque constantemente por uma série de males que têm acometido vários pastores nos últimos dias. Os pastores lutam com desafios espirituais em sua essência, mas, não se limitam a estes. Como sujeitos “bio-fisio-psico-socio-espirituais” lidamos o tempo todo com outros indivíduos que mantém a mesma complexidade. Desta dinâmica de relacionamentos uma série de males pode emergir.

Dentre as doenças que têm sido diagnosticadas existe uma sobre a qual eu nunca havia ouvido falar até a pouco tempo. É a chamada “Síndrome de Burnout”*, um mal que parece ter sido feito sob medida para os líderes pastorais que tem na ministração a outros a sua marca de trabalho.

Pregar, ensinar, liderar, aconselhar, visitar, consolar, encorajar, corrigir, planejar, mediar etc. São tarefas que têm tudo a ver com a possibilidade do líder sofrer desta síndrome. Já foi constatado em pesquisas que os profissionais expostos a altos níveis de estresse e aqueles que trabalham em funções em que precisam se doar mais como pessoas são os que mais apresentam este mal.

Os pastores têm todo o perfil para serem vítimas comuns dessa síndrome. Podemos traduzir a palavra “burnout” como “combustão completa”, ou seja, algo queimado totalmente.

Psicologicamente falando este termo se aplica a uma situação de completa exaustão e entrega ao desencorajamento. Este termo pode ser aplicado ao pastor quando este se vê “queimado” com reflexos espirituais, emocionais e físicos. Este mal é terrível e infelizmente temos de constatar que muitos colegas já estão sofrendo dele. Há muitos líderes “queimados”, que já há muito tempo têm revelado sintomas dessa síndrome, talvez eles mesmos não notem, mas quem está ao seu redor sim!

Outro dia atendi um pastor de outra denominação no gabinete que chegou apresentando exatamente os sintomas dessa síndrome. Ele chegou ao ponto de dizer que, em determinados momentos, tinha vontade de jogar o carro no poste. Graças a Deus hoje ele está bem. Nenhum pastor está livre disso.

Quais são os sintomas dessa síndrome? Segundo estudiosos os principais sintomas são:

1) Exaustão emocional com uma profunda falta de estímulo profissional. As perspectivas se perdem, os sonhos são abandonados e a ansiedade ganha espaço.

2) Despersonalização com uma insensibilização diante de tudo e de todos ao redor. O pastor veste uma couraça de auto-proteção diante das tensões interpessoais e circunstâncias do dia-a-dia laboral.

3) Perde-se a capacidade de produzir criativamente e as tarefas que ainda continuam sendo feitas se transformam em simples obrigação e rotina.

4) Apresenta comportamento agressivo e irritadiço sem motivo aparente e um mau humor freqüente.

5) Sentimento de baixa realização e desencorajamento profissional com uma avaliação muito negativa sobre si mesmo.

6) Sentimento de derrota e abatimento também são comuns.

7) Além disso tudo, ainda pode surgir a depressão.

Pela natureza do trabalho, os pastores estão na linha de frente daqueles que podem sofrer da “Síndrome de Burnout”. Um pastor acometido dessa síndrome irá gerar problemas para si mesmo, para sua família e para as pessoas a quem tem de ministrar.

Como podemos buscar prevenir este mal? Penso que não uma, mas muitas ações são indicadas para prevenção:

1) descanso freqüente,

2) um sono reparador,

3) a prática de um hobbie ou esporte saudáveis e contínuos,

4) uma alimentação correta,

5) uma saúde em dia,

6) uma visão de si mesmo equilibrada,

7) a manutenção de expectativas realistas em relação si mesmo e ao ministério,

8) o compartilhar contínuo de fardos,

9) uma vida devocional coerente,

10) o desenvolvimento de amizades verdadeiras,

11) uma divisão mais eqüitativa de horários,

12) a quebra eventual da rotina de vida,

13) o não acumulo de emoções negativas,

14) mudanças na vida sempre que possíveis e necessárias,

15) o desfrutar de aspectos mais simples da vida como um abraço de um filho,

16) o carinho da esposa e o sorriso de um amigo leal,

17) uma caminhada em um local tranqüilo,

18) uma leitura por prazer, etc.

Tudo isso pode cooperar. Se você percebe que está sofrendo desse mal, não se desespere, procure ajuda, há cura. Não tenha vergonha de abrir o coração com alguém que de fato possa lhe ajudar neste momento. Sua vida é muito preciosa para ser “queimada”.

Talvez a pior conseqüência da “Síndrome de Burnout” seja a possibilidade de nos levar a perder a capacidade de descansar no Senhor, mas é ai que reside a base para a prevenção e a cura desse mal.

Se como pastores estamos na linha de frente para sermos pegos por este mal, por outro lado, temos ao nosso dispor o maior recurso do universo para sermos sarados - a mão de Jeová-Rafa estendida em nossa direção. Que ele nos abençoe, nos guarde e nos cure.
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Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso, definido por Herbert J. Freudenberger como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional".A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.
A dedicação exagerada à atividade profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer, termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio, necessidade de se afirmar, o desejo de realização profissional se transforma em obstinação e compulsão

Fonte: Instituto Jetro via Sou da Promessa

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