A União Entre os Membros do Corpo de Cristo


Do mesmo modo como o Pai está unido ao Filho e o Filho está unido ao Pai, os cristãos devem viver unidos entre si. Viver em união com os seus irmãos na fé constitui a melhor prova que o cristão pode dar de sua união com Deus. Esse foi o desejo expresso por Jesus em sua oração ao Pai: Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. O Mestre completa seu pedido, dizendo: Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade (Jo 17:21,23). É dessa união entre os fiéis que trata o estudo de hoje.

Entendendo o mandamento


Com base nos ensinos de Cristo e dos apóstolos, trataremos a questão da união espiritual entre os cristãos. Antes de tudo, porém, cumpre-nos dizer que o viver em união constitui uma das mais importantes recomendações da palavra de Deus. O apóstolo Paulo, por exemplo, escreve aos Coríntios e solicita desses irmãos, em nome Jesus, que sejam unidos entre si. Ele diz: ... que digais todos uma mesma coisa, e que não haja entre vós dissensões; antes sejais unidos em um mesmo sentido e em um mesmo parecer (1 Co 1:10). O cristão que ainda não aprendeu a viver em harmonia com seus irmãos de fé, ainda não entendeu a verdadeira essência do evangelho de Cristo.

Precisamos aprender a andar em unidade: Para tornar mais clara a questão da nossa unidade, temos a contribuição dada por Paulo, na comparação que fez entre a igreja e o conjunto de membros que formam o corpo humano. No corpo humano, como sabemos, cada membro tem a sua maneira própria de operar e nenhum pode dispensar a participação dos demais. Sobre isso, o apóstolo diz que, assim como, em um corpo, existem muitos membros e nem todos têm a mesma função, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (Rm 12:4-5).


Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros (...). Então, tende o mesmo sentimento uns para com os outros. (Rm 12:5,16)


Considerando a comparação feita entre a igreja de Cristo e o corpo humano, há algo que jamais podemos esquecer: cada membro desse corpo está de tal modo ligado aos demais que aquilo que acontece com um deles afeta, de alguma forma, os outros. A Bíblia afirma: Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele (1 Co 12:26 – NVI). Em virtude dessa dependência que há, entre os membros do corpo de Cristo, Paulo novamente sugere: Alegrai-vos com os que se alegram; e chorai com os que choram (Rm 12:15).

A frase anterior nos mostra que precisamos aprender a ter empatia, a ponto de sofrermos com os que sofrem e alegrar-nos com os que se alegram. Devemos nos importar e nos preocupar uns com os outros. Não estamos num campeonato dentro do corpo de Cristo (igreja), competindo para saber quem é o mais talentoso, o mais espiritual ou para saber quem é o maior ou o melhor. Somos companheiros e não concorrentes. Aos Efésios, Paulo recomendou vida cristã em união, dizendo: Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz (Ef 4:3 – NVI). Isso porque a convivência dos irmãos em união é boa e agradável (cf. Sl 133:1).

O perigo de se destruir a unidade: O modo de tratamento dos membros da igreja de Cristo em relação aos outros pode fortalecer ou enfraquecer a unidade entre ambos. A atitude partidarista, por exemplo, uma vez adotada, pode destruir a comunhão, porque divide as pessoas entre si, colocando-as umas contra as outras, gerando contendas e desentendimentos. Esse tipo de atitude não pode existir entre os cristãos. Daí a recomendação do servo de Deus: Nada façais por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3).

Para que os irmãos vivam em união, é necessário, ainda, que cada um reconheça as virtudes que existem nos outros. Foi seguindo esta linha de pensamento que o apóstolo dos gentios escreveu aos filipenses as seguintes palavras: Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros (Fp 2:4). Quando subvalorizamos os outros e nos supervalorizamos, tornamo-nos egoístas, e o egoísmo leva-nos ao orgulho, que, por sua vez, pode determinar a ruína da unidade existente entre nós, igreja de Cristo. Precisamos ver e reconhecer as virtudes dos outros e evitarmos em nós qualquer sentimento de superioridade.

Além disso: não há unidade onde não há humildade! O humilde alegra-se com o bem-estar do outro e se entristece com a tristeza do outro. A partilha dos sentimentos fortalece a unidade. A palavra de Deus nos exorta: De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus (Fp 2:5-6). Se quisermos permanecer unidos, como Cristo deseja que sejamos, sigamos o exemplo do Mestre, que foi humilde por excelência. Todos nós somos iguais. Não devemos nos achar superiores, ao contrário, devemos nos ver inferiores aos demais irmãos. De outra forma, estaremos contribuindo para a destruição de nossa unidade.

Como preservar a unidade na igreja: A “unidade cristã” não é criada pelos cristãos, mas é produzida pelo Espírito Santo (cf. Ef 4:3). Portanto, é nosso dever preservá-la como algo indispensável à boa convivência entre os cristãos. O desejo que o apóstolo expressou, no tocante aos filipenses, ilustra o desejo de Deus em relação a todos nós. Paulo dizia: ... completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude (Fp 2:1 e 2). Na carta aos Efésios, o mesmo Paulo ensina que essa preservação da unidade deve ser feita com toda diligência e amor (Ef 4:2-3), ou seja, precisamos trabalhar de maneira esforçada e amorosa pela integração da igreja.

Para conservarmos a unidade de pensamento entre os irmãos, precisamos cultivar, entre estes, uma boa relação de amizade. O apóstolo Pedro ensinou: Quanto ao mais, tenham todos o mesmo modo de pensar, sejam compassivos, amem-se fraternalmente, sejam misericordiosos e humildes. Não retribuam mal com mal, nem insulto com insulto (1 Pe 3:8-9 – NVI). Tiago, por sua vez, ensina que não devemos falar mal uns dos outros (Tg 4:11). Paulo também diz que não devemos mentir (Cl 3:9), nem invejar (Gl 5:26), nem odiar (Tt 3:3) uns aos outros. Ao contrário, devemos amar cordialmente uns aos outros com amor fraternal (Rm 12:10).

Em suma, a comunhão uns com os outros se desenvolve e prevalece através do esforço comum e da boa vontade de todos. A nossa maior prioridade deve ser cuidar de nosso irmão, e a do seu irmão deve ser cuidar de você. É assim que acontece com o corpo humano. Por exemplo: você, às vezes, gosta de um tipo de comida; todavia, o médico o proíbe de comê-la, por não ser boa para a sua saúde. Assim, você deixa de comer tal alimento. Por que você deixa de comer? Por causa da saúde do corpo! Imagine que você esteja com dor de cabeça. Você precisa tomar um analgésico. Então, as suas “mãos”, que não têm nada a ver com a sua dor de cabeça, se envolverão, levando o remédio até a boca, o que lhe produzirá o alívio. Isso quer dizer que um membro sofre pelo outro e trabalha em benefício de todo o corpo. [1]

Até aqui, tratamos sobre a necessidade de união entre os filhos de Deus. Vimos a comparação feita pelo apóstolo Paulo entre a igreja de Cristo e o corpo humano. Nesta comparação, ficou claro que, assim como no corpo humano, no corpo de Cristo, cada membro tem a sua maneira própria de operar. Só há regularidade no funcionamento geral da igreja quando cada um dos seus membros estiver operando em perfeita harmonia com os demais. Unir-nos uns aos outros é mandamento do Senhor. Por isso, no que depender de nós, devemos cultivar e preservar a unidade entre os irmãos.

Aplicando a Palavra de Deus em nossa vida.


Não é saudável caminhar sozinho - Se “é melhor andar só, do que mal acompanhado”, muito melhor é andar bem acompanhado do que andar só. Foi isso que disse o sábio: Melhor é serem dois do que um. E ele explica a razão: ... porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só, pois caindo não haverá outro que o levante (Ec 4:9-11). Em nossa caminhada cristã, que tipo de companheiros temos sido? O que ajuda quem precisa ou o que precisa de ajuda? Biblicamente, cada um tem o dever de ajudar o outro.

Não podemos pensar que somos superiores - Em muitos casos, a comunhão da igreja é prejudicada em decorrência da falta de humildade. Há nela algumas pessoas que, por terem a seu favor uma maior experiência religiosa, por terem mais tempo de caminhada cristã, por serem financeiramente mais favorecidas, por serem intelectualmente mais esclarecidas, por serem socialmente mais bem relacionadas etc., julgam-se superioras às demais, chegando a demonstrar isso com gestos, palavras e atitudes. Essas coisas não deveriam existir entre os filhos de Deus, porque, segundo Jesus, não somos nem maiores e nem melhores do que ninguém. Todos nós somos iguais!


Não devemos provocar divisões na igreja - O apóstolo Paulo parece ter sido, entre os apóstolos, aquele que mais sofreu, em consequência das divisões entre os membros da igreja, no seu tempo. Para algumas delas, ele pediu com “rogos” que se mantivessem unidas (Rm 16:17; 1 Co 1:10; Fp 2:2). Em sua primeira carta aos Coríntios, ele diz textualmente: Para que não haja divisões no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros (1 Co 12:25). O cristão deve ser não só uma pessoa pacífica, mas também um pacificador, promovendo e incentivando a unidade e o bom relacionamento entre os irmãos.

Concluindo


Em todo este estudo tratamos sobre necessidade de união entre os irmãos. Na comparação feita entre os membros da igreja e os membros do corpo humano, ficou claro que Deus quer que, como irmãos que somos, vivamos em integração e dependência uns dos outros, assim como acontece com as diversas partes do corpo humano. Para que haja união entre os irmãos, é necessário também que haja humildade. Em matéria de humildade, nenhum exemplo pode ser comparado ao que Cristo nos deixou. Foi ele que, sendo Deus, fez-se homem. Fez de tudo para nos unir a ele e para nos unir uns aos outros, assim como ele está unido com o Pai.

Paz a todos!

Bibliografia:

1. LOPES, Hernandes Dias. 1 Coríntios: Como resolver problemas na igreja. São Paulo: Hagnos, 2008. Págs. 236/237).

DEC - PCamaral

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