Jesus e a raposa


Gostaria de compartilhar com todos que leem meu blog este depoimento, conforme declara o próprio autor, e que me foi enviado por Marcelo Neuschwang Sancho, por email. Abaixo o texto na sua íntegra.

Primeiramente, precisamos esclarecer aos nossos caríssimos leitores que não se trata de uma fábula, mas de um depoimento.

Rev. Uéslei Fatareli*


E que depoimento seria esse? Trata-se de um depoimento feito por Jesus com relação a um dos principais governantes de sua época. Referimo-nos aqui ao rei Herodes, a quem Jesus chamou de raposa (Lc 13.31-32).

Há quem pense que por Jesus ter dito nos Evangelhos “Dai a César o que é de César e a Deus o que é Deus” (Mt 22.21) Ele tenha com isso ensinado a termos uma postura passiva e indiferente com relação às autoridades, não submetendo as mesmas a qualquer tipo de avaliação justa, contínua e criteriosa. Todavia, se olharmos com atenção para a vida de Jesus, conforme é narrada nos Evangelhos, veremos que Ele respeitava sim as autoridades constituídas, mas, também, não era ingênuo com relação a elas, pois Ele bem sabia que por detrás de muitos aparatos oficiais e palacianos escondiam-se ‘raposas da pior espécie’.

Como sabemos, existem raposas que são fruto de uma ordem natural, mas há também um tipo de ‘raposa’ que é resultado de uma desordem da natureza. O primeiro grupo respeita sua espécie e alimenta-se de outras, somente para sua sobrevivência, o que faz com que não haja qualquer tipo de extinção. Por outro lado, o segundo grupo, além de não cuidar e nem de respeitar os de sua própria espécie, promove tanto a destruição dele mesmo, como também a extinção de outros grupos de seres vivos.

Herodes, o rei ao qual nos referimos no início dessa reflexão foi uma autoridade cruel, carregada de inveja, hipocrisia e com o medo doentio de perder sua posição política. Seu governo girava em torno de si mesmo, e, para manter-se no comando de um poder déspota, tudo ele fazia para conservar seus privilégios, até mesmo fingir interesse em prestar adoração ao recém-nascido Jesus (Mt 2), todavia, com objetivo homicida em relação ao Senhor e Salvador do mundo. Não alcançando êxito, deu ordem para que todos os meninos de Belém e de todos os seus arredores, de dois anos para baixo, fossem mortos (Mt 2.16-18).

Pensando no que pudemos refletir até aqui, o que seria manifesto da parte de Jesus com relação a cada autoridade que hoje ocupa algum cargo no poder executivo, legislativo ou judiciário? O que Ele afirmaria de cada autoridade ligada ao comércio, à indústria ou ao terceiro setor? O que Ele diria de cada autoridade religiosa de nossa época? Qual depoimento Jesus faria a nosso respeito?

Finalmente, precisamos ser criteriosos e vigilantes, não só com relação aquele tipo de ‘raposa’ que se reveste ou que é revestida de autoridade, mas, também conosco, visto que a maioria de nós exerce, mais cedo ou mais tarde na vida, algum tipo de domínio. Nesse sentido, precisamos ser exigentes e sóbrios com relação a nós mesmos no que tange a uma conduta que priorize a retidão e a irrepreensibilidade em Cristo. Somente assim, com a graça de Deus, teremos condições de não viver enganando quem quer que seja. Somente assim deixaremos de ser enganados por aquele tipo de ‘raposa’ que Jesus nos alertou a respeito, uma espécie que engana muitas pessoas, mas que não engana a todos em todo o tempo, pois há limite para tudo na vida, inclusive para tais ‘raposas’, pois nada há encoberto que não venha a ser re velado (Lc 12.2).
Soli Deo Gloria.


Fonte: * Rev. Uéslei Fatareli: Mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie


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