Quanto vale um amigo?
Site vende amizades no Twitter e no Facebook e gera polêmica na Internet
Rio - Quanto vale uma amizade? Que tal 177 dólares, mais ou menos R$ 320. E não por uma amizade, mais pelo lote de mil! E quem aproveitar a promoção leva 10 mil amigos pelo equivalente a de R$ 2.100 (1.167 dólares). Ou seja, o sonho de Roberto Carlos de ter um milhão de amigos fica avaliado em R$ 210 mil. Uma pechincha 21 centavos por amigo. Dá para pagar com uma moedinha e ainda levar troco.
O site uSocial.net oferece aumentar sua rede de amigos no Twitter e no Facebook.
Mas quem disse que amizade se compra? O site australiano uSocial.net. Depois de oferecer amizades no atacado no Twitter, o site repete a fórmula polêmica no Facebook, a rede social mais usada do mundo, com mais de 250 milhões de membros. O uSocial parte de princípio, já notado por muitos, de que Facebook e Twitter têm um enorme potencial como ferramenta de marketing. O problema, que também não é novo, é reunir um bom número de seguidores, ou seja, uma audiência. É aí que entra o uSocial.net, “vendendo amigos”.
Mas o próprio CEO da empresa, Leon Hill, admite que o negócio não é 100% garantido. “O que fazemos é mandar paras as pessoas uma mensagem de boas-vindas ou um pedido de amizade em nome do cliente. Se elas quiserem adicioná-lo como amigo ou fã, elas o farão. Caso contrário, não.”
Especialistas em marketing digital são céticos quanto à eficácia da estratégia de “comprar” amigos. “É como comprar um CD cheio de endereços de e-mail no camelódromo”, diz Roberto Cassano, diretor de estratégia da Agência Frog, especializada em redes sociais e que tem entre seus clientes Oi e Ediouro.
Cassano lembra que algo parecido já aconteceu no Orkut, com a venda de comunidades. E cita um exemplo hipotético para explicar que a estratégia é ruim: “Se você cria uma comunidade ‘Eu odeio acordar cedo’ e depois a vende e o novo dono muda a comunidade para ‘Eu amo o América’. Isso não quer dizer que os membros se tornarão automaticamente torcedores do América”. Segundo Cassano, as relações nas redes sociais, inclusive entre consumidor e marca, se baseiam em afinidade e confiança, coisas que não se compram, muito menos no atacado.
Edney Souza, diretor de operações da agência Pólvora Comunicação, não só duvida que a compra de amigos pode ajudar a fazer propaganda, como acredita que possa ser um tiro no pé. “É bem perigoso. Quem deixa um mural aberto no Facebook corre o risco de ser vaiado em público e denegrir a marca”, explica. “Não dá para comprar um pacote desses e esperar a adesão de todos. Você pode vender um contato, mas não pode vender o engajamento”, resume o publicitário, lembrando um dos conceitos mais caros ao marketing digital.
Será esse spam uma ameaça às redes sociais? “Não acredito. O mercado está amadurecendo”, aposta Cassano.
Tuiteiros criticam
Blogueiros e tuiteiros atuantes criticam a venda de amigos. O músico Leo Jaime, celebridade no Orkut e no Twitter, alerta que a prática pode ser nociva. “O Orkut perdeu totalmente a credibilidade como rede social porque virou um grande entulho de flyers de última categoria”, critica, lembrando que outras formas de atrair as pessoas, como oferecer brindes e fazer promoções. Ele faz um alerta a quem se dispõe a pagar qualquer preço pela fama “Ser o maior esparramador de spam e ter o maior índice de fakes como amigos não é ser popular”.
O humorista Ulisses Mattos, editor do site e da revista M... e piloto do @na_kombi no Twitter também torce o nariz para a iniciativa. “Eu não compraria amigos, nem daqueles que emprestam dinheiro e não cobram, e teria um pé atrás com a empresa que usasse o artifício porque mostra que ela não confia no próprio taco”.
Edney Souza, que também é criador do Interney Blogs, sempre entre os mais lidos do Brasil, diz que há uma confusão na ideia de amizade na Internet. “Adicionar uma pessoa não é o mesmo que conhecê-la, mas criar uma oportunidade para que isso aconteça”.
O blogueiro Rodrigo Fernandes, do Jacaré Banguela, diz que só alguém muito carente de amigos na vida real pode se dispor a comprar amigos na vida virtual, e acredita que a compra e venda de amigos não tem o menor futuro. “Logo as pessoas vão começar a bloquear esse tipo de spam”, acredita. Ulisses ainda vê algo de positivo.
“Os usuários ficarão menos ingênuos ao perceber que as redes sociais também são habitadas por sociedades anônimas”.
Marlos Mendes
Rio - Quanto vale uma amizade? Que tal 177 dólares, mais ou menos R$ 320. E não por uma amizade, mais pelo lote de mil! E quem aproveitar a promoção leva 10 mil amigos pelo equivalente a de R$ 2.100 (1.167 dólares). Ou seja, o sonho de Roberto Carlos de ter um milhão de amigos fica avaliado em R$ 210 mil. Uma pechincha 21 centavos por amigo. Dá para pagar com uma moedinha e ainda levar troco.
O site uSocial.net oferece aumentar sua rede de amigos no Twitter e no Facebook.
Mas o próprio CEO da empresa, Leon Hill, admite que o negócio não é 100% garantido. “O que fazemos é mandar paras as pessoas uma mensagem de boas-vindas ou um pedido de amizade em nome do cliente. Se elas quiserem adicioná-lo como amigo ou fã, elas o farão. Caso contrário, não.”
Especialistas em marketing digital são céticos quanto à eficácia da estratégia de “comprar” amigos. “É como comprar um CD cheio de endereços de e-mail no camelódromo”, diz Roberto Cassano, diretor de estratégia da Agência Frog, especializada em redes sociais e que tem entre seus clientes Oi e Ediouro.
Cassano lembra que algo parecido já aconteceu no Orkut, com a venda de comunidades. E cita um exemplo hipotético para explicar que a estratégia é ruim: “Se você cria uma comunidade ‘Eu odeio acordar cedo’ e depois a vende e o novo dono muda a comunidade para ‘Eu amo o América’. Isso não quer dizer que os membros se tornarão automaticamente torcedores do América”. Segundo Cassano, as relações nas redes sociais, inclusive entre consumidor e marca, se baseiam em afinidade e confiança, coisas que não se compram, muito menos no atacado.
Edney Souza, diretor de operações da agência Pólvora Comunicação, não só duvida que a compra de amigos pode ajudar a fazer propaganda, como acredita que possa ser um tiro no pé. “É bem perigoso. Quem deixa um mural aberto no Facebook corre o risco de ser vaiado em público e denegrir a marca”, explica. “Não dá para comprar um pacote desses e esperar a adesão de todos. Você pode vender um contato, mas não pode vender o engajamento”, resume o publicitário, lembrando um dos conceitos mais caros ao marketing digital.
Será esse spam uma ameaça às redes sociais? “Não acredito. O mercado está amadurecendo”, aposta Cassano.
Tuiteiros criticam
Blogueiros e tuiteiros atuantes criticam a venda de amigos. O músico Leo Jaime, celebridade no Orkut e no Twitter, alerta que a prática pode ser nociva. “O Orkut perdeu totalmente a credibilidade como rede social porque virou um grande entulho de flyers de última categoria”, critica, lembrando que outras formas de atrair as pessoas, como oferecer brindes e fazer promoções. Ele faz um alerta a quem se dispõe a pagar qualquer preço pela fama “Ser o maior esparramador de spam e ter o maior índice de fakes como amigos não é ser popular”.
O humorista Ulisses Mattos, editor do site e da revista M... e piloto do @na_kombi no Twitter também torce o nariz para a iniciativa. “Eu não compraria amigos, nem daqueles que emprestam dinheiro e não cobram, e teria um pé atrás com a empresa que usasse o artifício porque mostra que ela não confia no próprio taco”.
Edney Souza, que também é criador do Interney Blogs, sempre entre os mais lidos do Brasil, diz que há uma confusão na ideia de amizade na Internet. “Adicionar uma pessoa não é o mesmo que conhecê-la, mas criar uma oportunidade para que isso aconteça”.
O blogueiro Rodrigo Fernandes, do Jacaré Banguela, diz que só alguém muito carente de amigos na vida real pode se dispor a comprar amigos na vida virtual, e acredita que a compra e venda de amigos não tem o menor futuro. “Logo as pessoas vão começar a bloquear esse tipo de spam”, acredita. Ulisses ainda vê algo de positivo.
“Os usuários ficarão menos ingênuos ao perceber que as redes sociais também são habitadas por sociedades anônimas”.
Fonte: odia.terra.com.br
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