Igreja de Cristo – A que pode ser comparada?


Metáforas ou figuras da igreja descrevem as qualidades e características da igreja verdadeira. Essas metáforas que foram atribuídas à igreja nos trazem informações consistentes quanto a sua natureza e a sua identidade. Elas também são ilustrativas quanto às intenções de Deus para a igreja. Analisemos algumas dessas imagens na Bíblia.

Ora, o que planta e o que rega são um, e cada um receberá o seu galardão segundo o seu trabalho. Pois nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. (I Co 3:8-9)

I. Analisando o ensino na Bíblia

Na palavra de Deus, encontramos várias imagens que nos ensinam a respeito da igreja. Podemos ver inúmeras, tais como: Povo de Deus, Templo do Espírito Santo, Lavoura de Deus, Corpo de Cristo, Noiva de Cristo, Família de Deus, etc. As imagens são relevantes, pois cada uma delas mostra uma faceta diferenciada da igreja. Nossa compreensão sobre a igreja seria limitada, se a visualizássemos apenas através de uma metáfora. Portanto, nos parágrafos seguintes, delineamos quatro imagens que consideramos fundamentais para o nosso estudo.

1. O Corpo de Cristo:

A imagem do corpo parece ser a mais ampla usada por Paulo, em seus escritos. Ela revela que a igreja não é meramente uma organização, mas sim um organismo vivo. Isso significa que o Cristo vivo está atuante no mundo, por meio da sua igreja. A história de Jesus e a sua missão têm sequência através da nossa vida (Mt 10:40; Jo 20:21). Sendo assim, os cristãos não são simplesmente seguidores, mas membros do seu corpo (I Co 12:12-13). Vejamos mais alguns aspectos desta imagem: a supremacia da cabeça, a unidade, a diversidade e o crescimento do corpo. A metáfora é fácil de ser entendida: como a cabeça comanda o corpo, Jesus exerce liderança sobre a igreja (Cl 1:18), que, por sua vez, lhe deve submissão (Ef 5:24a). O corpo é composto por membros diversificados (I Co 12:14), ou seja, indivíduos com dons particulares. Nenhum dom é dado a todos os irmãos da igreja. Portanto, há espaço para todos, e eles são essenciais ao bom funcionamento do corpo (I Co 12:21,22,25). A interdependência é primordial para o crescimento. Quando cada parte desempenha seu papel, o corpo cresce qualitativa e quantitativamente (Ef 4:16). Todos são beneficiados: os de dentro, com o aperfeiçoamento espiritual, e os de fora da igreja, por ouvirem as boas novas.

2. A Noiva de Cristo:

A imagem da noiva aparece tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, e tem sua origem na aliança que Deus fez com Israel. Deus fez esse pacto para garantir um relacionamento de amor. Para melhor compreensão, vamos analisar a forma de se entender o noivado no Oriente Médio. Tratava-se de um compromisso equivalente ao casamento, com comunhão de bens e compromisso de fidelidade. No Antigo Testamento, a nação de Israel foi retratada, muitas vezes, como uma noiva infiel (Ez 16). Entretanto, o Novo Testamento apresenta um novo quadro: "Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água". (Ef 5:25-26).

Segundo o costume, a noiva, que é a igreja, nunca apresentaria os dotes exigidos para selar a união. Entretanto, o noivo, Cristo, permanece fiel ao pacto de amor. Ele entregou sua própria vida para torná-la apta ao matrimônio. Em retribuição a este amor desmedido, a igreja deve arrepender- se por tê-lo abandonado e voltar ao primeiro amor (Ap 2:4,5a).

Mesmo a igreja sendo impura, maculada e infiel, a perfeição, a imutabilidade e a consistência do amor de Cristo asseguram um relacionamento permanente: "Oro (...) para que possais perfeitamente compreender (...) qual a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento" (Ef 3:16,18,19).

3. O Edifício de Deus:

As duas primeiras imagens expressaram o caráter universal da igreja do Senhor, mas esta pode referir-se à igreja local (não a estrutura física, mas a congregação de irmãos). O texto de I Coríntios 3, explica essa imagem. No versículo 9, a palavra edifício também pode expressar a ideia de uma obra em construção, na qual Deus trabalha. Assim, a igreja está em processo de edificação. Paulo usa essa comparação para mostrar verdades importantes:

a primeira delas é que, para o início da construção, é necessário um alicerce adequado, imperecível. E este é Jesus (v. 10-11). Portanto, os irmãos devem viver de forma a imitá-lo e anunciá-lo. Os que tentam levantar a igreja sobre grandes homens ou métodos e doutrinas revolucionárias fracassarão (v. 5-7). A segunda verdade enfatiza a participação humana na edificação da igreja. Ela diz respeito aos materiais usados (v. 12-17). Paulo destaca dois tipos: uns são resistentes e valiosos e outros, comuns e sem valor. Ambos dizem respeito à edificação da vida cristã. As pessoas que buscam edificar-se continuamente à leitura e meditação bíblica, à aplicação prática e ao ensino escolheram materiais consistentes para a edificação do seu caráter e da igreja. Os que optaram por materiais que se corrompem, preferiram edificar sua vida com valores passageiros e mundanos. Os dois tipos serão postos à prova, no dia do juízo, e receberão sua recompensa, de acordo com suas obras.

4. Templo do Espírito Santo:

O texto bíblico usado para a imagem anterior culmina na imagem do templo (v. 16). Analisemos a igreja sob esta perspectiva. O templo é entendido como a habitação de Deus, um lugar específico para encontrá-lo. O edifício citado anteriormente cresce para se tornar um santuário dedicado ao Senhor (Ef 2:20b-22). No grego, há dois termos para designar o templo ou santuário de Jerusalém: hieron e naos. Neste texto, o termo usado é naos, e ele alude à parte interna do templo, área restrita apenas ao sacerdote somente ele poderia entrar no lugar santíssimo, no dia da expiação. Entretanto, com a vinda de Cristo, o templo físico tornou-se obsoleto, pois ele mesmo era o próprio Deus morando entre os homens (Jo 2:19- 21). No momento de sua morte, o véu do templo se rasgou em duas partes (Mt 27:51), ou seja, a partir de então, todos os cristãos teriam livre acesso à presença divina, não precisariam mais de um interlocutor. E o Consolador enviado por Jesus, o Espírito Santo, agora habita na vida de homens que assim permitem. Essa imagem pode ser compreendida por dois ângulos: o individual e o coletivo. Paulo ressalta que cada crente é morada do Espírito Santo (I Co 6:19), mas também aponta a comunidade cristã como o Templo (II Co 6:16).

Examinamos as diferentes metáforas, ou, imagens da igreja que a Bíblia nos apresenta. Através delas, analisamos a igreja sob vários aspectos, tais como: universal, local e individual. Além disso, verificamos que a igreja subsiste através da parceria dos seres humanos com Deus. Cada uma das imagens tem lições singulares a nos ensinar; entretanto, há alguns aspectos comuns entre todas elas. Podemos observar pelo menos três desses aspectos citados anteriormente.

II. Aplicando o ensino bíblico à nossa vida

1. As imagens atribuídas à igreja nos ensinam sobre a presença de Cristo nela.

Mesmo que Jesus Cristo não permaneça fisicamente ao nosso lado, ainda continua presente na igreja. É ele quem afirma isso: "Pois onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles" (Mt 18:20). Ele está sempre presente, pois ama incondicionalmente a igreja e garante o acompanhamento constante (Mt 28:20), a segurança permanente (Jo 10:28) e a comunhão verdadeira (Jo 17:23). Ele também se mostra presente, pois comanda e santifica a igreja. É o seu alicerce e habita nela por meio do Espírito Santo, que ele enviou. Confie que Cristo é inseparável!

2. As imagens atribuídas à igreja nos ensinam sobre a continuidade de Cristo nela.

Quando os cristãos se identificam totalmente com a natureza de Cristo e expressam isso em meio à sociedade na qual estão inseridos, eles afirmam a sua identidade como igreja de Cristo. Ele nos deu o nome de cristãos para confirmarmos sua obra sacrificial. Nós, os seus discípulos, somos responsáveis por dar continuidade ao trabalho que ele iniciou. Que possamos dizer como Paulo: “completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja” (Cl 1:24). Não seja um mero espectador, mas se envolva na tarefa de continuar a história de Cristo.

3. As imagens atribuídas à igreja nos ensinam sobre a influência de Cristo nela.

Em todas as imagens, vimos que o crescimento na vida cristã deve ser algo inerente à igreja, pois é essa a intenção de Deus. O que promove esse crescimento é a ação de Cristo na vida dos cristãos. Cada indivíduo convertido deve ter o desejo de buscar a santificação pessoal. E, como templo do Espírito Santo, também deve buscar desenvolver o fruto do espírito em sua vida (Gl 5:22-23). O crescimento individual implica crescimento coletivo (Ef 4:15-16). Todos os irmãos procuram não somente sua edificação, mas a de todo o corpo. Um edifício firmado em Cristo, um corpo unido e santo, com toda certeza, crescerá na santificação pessoal. Deixe-se influenciar pela ação de Cristo!

Concluindo

A autoridade de Cristo e o alcance de sua obra são notórios através do estudo das imagens mencionadas neste estudo. Ele só trouxe benefícios à igreja, por meio do seu sacrifício, porque este implica perdão, purificação, santificação e, finalmente, glorificação. A atuação de Cristo assegura que seremos um corpo bem ajustado (Ef 4:16), uma noiva pura (Ef 5:26), um edifício indestrutível (I Co 3:11-14) e um templo santo (Ef 2:22). Quando a igreja permanece unida a Cristo, torna-se inabalável. Jesus Cristo é indispensável à existência da igreja. Permaneçam unidos a ele!


Fonte:
Paulo Cesar Amaral - (facebook.com/pcamaral.blog)

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