O Jesus Exaltado


"De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis". Atos 2:33

Após dizer isto, Pedro afirmou que Davi previu, no Salmo 110, a exaltação de Jesus: Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio diz: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés (At 2:34-35). Ele, então, para concluir seu sermão, frisou: Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo (At 2:36). Além desse texto de Atos, outros sete textos afirmam e mostram, de um modo claro, que Jesus está assentado à destra de Deus: um, no Evangelho de Marcos (16:19); um, em Colossenses (3:1), e cinco na Epístola aos Hebreus (1:3, 13, 8:1, 10:12, 12:2). O fato de Jesus assentar-se à destra de Deus, depois de sua ascensão, mostra a sua posição de domínio, de governo de soberania. Porém, não se deve tomar o fato de Jesus assentar-se à direita de Deus como indicação de acomodação ou inatividade. O Jesus exaltado continua atuando e agindo em favor de todos que fazem parte da sua igreja, que é o seu corpo aqui na terra. Quero mostrar, a partir de alguns textos da Bíblia, apenas três funções que o Jesus exaltado exerce em nosso favor. Quais são estas funções?

I – O JESUS EXALTADO EXERCE A FUNÇÃO DE ADVOGADO DA IGREJA

A fim de defender aqueles que fazem parte da sua igreja, a principal obra que Cristo iniciou a partir de sua exaltação foi a de advogado, diante do Pai. Assim está escrito, na palavra de Deus: Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai. Jesus Cristo, o Justo (I Jo 2:1).

Pois bem, analisemos a expressão “temos um advogado”. Vamos pensar um pouco nesse verbo “temos”. “Temos” está na primeira pessoal do plural. Isso quer dizer que “nós” temos. O “nós”, aqui, inclui não “alguns”, mas “todos” que fazem parte da igreja de Cristo. “Temos” está no presente. A palavra de Deus não está dizendo que “tínhamos” nem está afirmando que “teremos”. A palavra de Deus está declarando, claramente, que “temos”. Temos agora! Contudo, a ideia do verbo, no original, não é somente a de que “temos” agora, mas a de que “temos” sempre. “Temos” agora e sempre! “Temos” agora e sempre o quê? Um advogado.

Essa palavra “advogado” foi traduzida de paracleto, que, literalmente, significa alguém convocado para ficar ao lado. Na literatura rabínica, essa palavra podia ser utilizada para se referir a quem atuava como advogado ou como intercessor.
“No presente contexto, a palavra significa, indubitavelmente, advogado de defesa – num sentido jurídico”. Essa palavra “era particularmente empregada nos tribunais de justiça para designar um advogado, cuja responsabilidade é, como consultor de defesa, defender a causa da pessoa em julgamento”
Vejamos, agora, a expressão para com o Pai. Para contém o sentido de: “na presença”, isto é, “junto”, “perto”, “diante”. Temos, então, um Advogado que está “junto” ao Pai ou “perto” do Pai ou “diante” do Pai. Ele tem livre, pleno e total acesso à corte ou à sala do grande Juiz, aquele que julga justamente (I Pe 2:23). O fato de ele estar “agora” e “sempre” diante do Juiz, não de alguns povos, nem de algumas tribos, mas de toda a terra (Gn 18:25a), nos mostra que temos um Advogado que é incrivelmente influente, terrivelmente poderoso e grandemente qualificado. Isso é tanto assustador quanto confortador! Mas quem é esse advogado? A sua identidade é revelada, na sequência do versículo: Jesus Cristo, o Justo. Jesus sempre foi justo em si mesmo, ou seja, a sua “ficha” sempre foi limpa e santa. Por onze vezes, foi declarado inocente, durante seu julgamento e sua crucificação (Mt 27:4, 19, 24, 54; Lc 23:14, 15, 22, 41; Jo 18:38, 19:4, 6).

Então, temos, diante do Pai, um Advogado que não conheceu pecado (II Co 5:21).

Temos, diante do Pai, um Advogado que nunca cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano (I Pe 2:22).

Temos, diante do Pai, um Advogado que, quando viveu na terra, em tudo foi tentado, mas sem pecado (Hb 4:15).

Sendo Justo, ele pode nos defender, diante do Pai, que é justo. Mesmo depois de termos sido convencidos de pecado, pelo Espírito Santo, continuamos pecadores (I Jo 1:8). Não vivemos pecando, mas pecamos (I Jo 3:6 e 9). Existem ocasiões em que pensamos, sentimos, vivemos de um modo que não agrada a Deus. Nessas ocasiões, o diabo ainda tenta e ainda insiste em nos acusar, mas Jesus Cristo, aquele que satisfez inteiramente a justiça divina, refuta e destroi todas as acusações satânicas. O Jesus exaltado é o único e suficiente Advogado de defesa dos crentes que escorregam e pecam. Ele os livra da culpa e das consequências espirituais do pecado.
Guarde essa frase para sempre em sua mente: Você tem Jesus, tem Advogado junto ao Pai. Mas, além da função de advogado, o Jesus exaltado exerce uma segunda função em favor da igreja.
II – O JESUS EXALTADO EXERCE A FUNÇÃO DE INTERCESSOR DA IGREJA

Além de ser o advogado da igreja, o Jesus exaltado é também o seu intercessor. Isso é declarado claramente no oitavo capítulo da Epístola aos Romanos, um dos mais conhecidos e apreciados capítulos da palavra de Deus, ... quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós (Rm 8:34). Veja que, nesse versículo, há uma interrogação e uma declaração. Tanto a interrogação quanto a declaração contém grandes lições para nós. Então, vale a pena gastar um pouco de tempo para analisá-las. Vamos começar pela interrogação.

Antes de tudo, deve-se frisar que essa não é a única interrogação dos últimos nove versículos desse capítulo. Dê, por favor, uma olhada nos versículos 31, 32 e 33 de Romanso 8. Há quantas perguntas, nesses versículos? Se você disse quatro, acertou. As perguntas são: Que diremos, pois, a estas coisas?, se Deus é por nós, quem será contra nós?, como nos não dará também com ele todas as coisas? e quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? Agora, conte o número de perguntas do versículo 35. São quantas? Isso mesmo: duas. São elas: Quem nos separará do amor de Cristo? e a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Há, nesses cinco versículos sequenciais, sete perguntas profundas. Vamos, agora, pensar um pouco apenas na pergunta: ... quem os condenará? O “os” que vem antes do “condenará” refere-se a “escolhidos de Deus”, que aparece no versículo 33.

O que não falta é quem queira condenar os escolhidos de Deus. O mundo incrédulo nos odeia e vive nos perseguindo. O pecado que habita em nós é um poderoso adversário. Além disso, ainda existe aquele que tem o poder da morte, o diabo. Na verdade, o mundo, a carne e o diabo estão juntos e unidos contra nós. O que esse trio do mal mais deseja e mais procura é a nossa condenação. Mas, por mais que tentem e por mais que insistam, não conseguem nos condenar! Por que não conseguem nos condenar? A resposta está na sequência do versículo 35, “Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós”.

Há cinco verbos nessa declaração. Três devem ser destacados: “morreu”, “ressuscitou” e “intercede”. Dos três verbos, dois estão no passado “morreu” e “ressuscitou” – e um verbo está no presente – “intercede”.

Os dois verbos que estão no passado retratam o que Cristo “fez” pelos escolhidos de Deus e o verbo que está no presente descreve o que Cristo “faz” pelos escolhidos de Deus.

O que Cristo fez pelos escolhidos de Deus?

Primeiro: “morreu”. Cristo morreu justamente por aqueles pecados que, com toda certeza, nos levariam à condenação.

Segundo: “ressuscitou”. Quando o Pai o ressuscitou, manifestou sua aceitação do sacrifício de seu Filho, como única base satisfatória para nossa justificação. O que Cristo “faz” pelos escolhidos de Deus? Ele “intercede”. Ele intercede de maneira ininterrupta, porque o seu sacerdócio é perpétuo. Ele vive para sempre, a fim de pedir a Deus em nosso favor. Além de ininterrupta, a intercessão de Jesus é poderosa.

A intercessão de Jesus por nós é poderosa, porque ele tem um título que está acima de todos os títulos das autoridades que existem neste mundo e no mundo que há de vir.

A intercessão de Jesus por nós é poderosa, porque Deus colocou todas as coisas debaixo da autoridade de Cristo e deu Cristo à Igreja como o único Senhor de tudo.

A intercessão de Jesus por nós é poderosa, porque Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome (Fp 2:9).

III – O JESUS EXALTADO EXERCE A FUNÇÃO DE APERFEIÇOADOR DA IGREJA

Além de ser o advogado e o intercessor da igreja, o Jesus exaltado é também o aperfeiçoador da igreja. Sem rodeios, a Bíblia afirma isso, na carta aos Efésios, no capítulo 4, versículo 8. Assim está escrito: Pelo que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens (Ef 4:8). É assim que o versículo começa: “Subindo ao alto”. O que essa expressão significa? De início, somos induzidos a imaginar que se trata de uma referência à ascensão de Jesus. É isso mesmo? Não. A questão aqui é outra. Essa expressão é, na verdade, uma referência à exaltação de Jesus. Como se chega a essa conclusão?

Olhando o contexto imediato, isto é, os versículos seguintes: Ora, isto, ele subiu, que é, senão que também, antes, tinha descido às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. (Ef 4:9-10). Aqui se enfatiza que a suprema exaltação de Jesus ocorreu depois de sua terrível humilhação, que começou com sua encarnação e culminou com o seu sepultamento. Voltemos ao oitavo versículo. Acima de todos os céus, o Senhor Jesus levou cativo o cativeiro. Essa expressão é uma alusão ao desfile da vitória, no qual o vencedor exibia as pessoas capturadas na guerra. Ao subir para a destra de Deus, Jesus “capturou aquilo que nos tinha capturado, e anulou o seu poder”, ou seja, derrotou, destronizou e desarmou os principados e potestades para sempre! Um outro fato ainda ocorreu por ocasião da sua exaltação: ... deu dons aos homens. Isso está de acordo com o que Pedro afirmou, em sua pregação, em Jerusalém: De sorte que, exaltado pela destra de Deus e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis (At 2:33).

Os dons que Jesus deu são, desse modo, frutos de sua exaltação. Sua exaltação era, portanto, necessária, para que pudesse conceder ao seu corpo, a igreja, um pouco do seu poder. Agora, quais são esses dons? Eles são listados e citados no versículo 11: E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores (Ef 4:11). Jesus deu esses dons com o intuito de nos “aperfeiçoar” para o exercício do ministério e do serviço cristão e, assim, edificar a sua igreja. Isso está declarado no versículo 12: ... querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo (Ef 4:12).

A igreja de Jesus é imperfeita.

A igreja é imperfeita no aspecto ministerial. Muitos que fazem parte dela ainda se negam a servir. Alguns outros ainda servem por razões erradas. E ainda há os que querem fazer tudo.

A igreja é imperfeita no aspecto relacional. Há preconceito, indiferentismo, desconfiança, intolerância. Poucos procuram guardar a unidade do Espírito.

A igreja é imperfeita no aspecto doutrinal. Muitos ainda se deixam levar facilmente por qualquer vento de doutrina. Outros ainda ouvem, aceitam e pregam o outro evangelho.

Por que se importar com uma igreja assim com tantas imperfeições? Porque o Jesus exaltado se importa! Ele nunca desistiu e jamais desistirá da sua igreja. Ele a continua aperfeiçoando! Todos que fazem parte da sua igreja estão em processo de aperfeiçoamento. E o Jesus exaltado é o aperfeiçoador, aquele que amou a igreja e entregou-se por ela para santificá-la e apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e inculpável (Ef 5.25-27).

Nós somos imperfeitos, mas estamos em processo de aperfeiçoamento. Quando vier o que é perfeito, então o que é imperfeito desaparecerá para sempre!

CONCLUSÃO:

O Jesus da igreja é o Jesus que foi morto, mas que, agora, está vivo para todo o sempre, nas alturas, à destra do trono de Deus. Você não deve guardar apenas a imagem do Jesus esbofeteado, machucado, ensanguentado, desfigurado, crucificado. Você precisa olhar para o alto, para o trono de Deus, e enxergar, ali, Aquele que está pondo todos os inimigos debaixo de seus pés. Você deve olhar para aquele que se assentou à destra da Majestade, nas alturas. Então, olhe, agora, para o Jesus que está à destra de Deus, o tempo todo agindo em seu favor. Esse Jesus exaltado, glorioso e soberano é o seu poderoso advogado! Esse Jesus exaltado, glorioso e soberano é o seu contínuo intercessor! Esse Jesus exaltado, glorioso e soberano é o seu perfeito aperfeiçoador. O que você vai dizer, diante dessas coisas? Se Jesus é por você, quem será contra você? Absolutamente ninguém! Em Cristo, você está seguro! Penso que esta é a hora de você erguer os seus olhos e as suas mãos para o alto e, do fundo da sua alma, dizer: Digno és de receber a honra, a glória, o poder e o louvor, para todo o sempre! Amém!

Que Deus nos abençoe!

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