Abraão é provado por Deus na escola da fé

Momento em que Abrão está prestes a sacrificar seu filho Isaque

Por meio de uma escolha soberana, Deus seleciona Abraão e decide que faria nascer dele uma grande nação. Esta seria separada para Deus, seria uma nação santa, escolhida para uma finalidade determinada. Como qualquer pessoa, ele teve altos e baixos em sua trajetória espiritual. O diferencial é que ele se colocou inteiramente à disposição de Deus. Vamos observar o desenrolar da história desse patriarca destacado como Pai da Fé e amigo de Deus, tão conhecida por todos nós, pois ainda tem muito a nos ensinar sobre como alcançar êxito espiritual. Faça um propósito de ingressar na escola da fé e aprender com um dos melhores alunos que por ela passou e foi por Deus aprovado.

Depois dessas coisas, pôs Deus Abraão à prova e lhe disse: Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui! Acrescentou Deus: Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto.(Gn 22:1-2)

Analisando o relato Bíblico

Deus fez a promessa a Abrão de que ele seria pai de muitos filhos. Entretanto, sua esposa, Sarai, era estéril. Sarai, analisando apenas sob a perspectiva humana, verificou sua limitação física e, provavelmente, confrontada pelo padrão social da época, segundo o qual uma mulher era honrada através da geração de filhos, sentiu-se frustrada e envergonhada. Isso a incentivou a providenciar meios alternativos para ter um filho. Mesmo sem a aprovação de Deus, seu esposo concordou em ter um filho com a serva Agar. Eles tiveram Ismael (Gn 16), cujo nascimento gerou muitas discórdias e desgostos a todos os envolvidos. Entretanto, Abrão estava apenas iniciando sua carreira na escola da fé. Dali para frente, ele ainda aprenderia muito com o Senhor.

1. Na Escola da Fé Abraão aprendeu a ser paciente

Quando Abrão tinha noventa e nove anos, mais de vinte anos depois de receber a promessa de Deus, o Senhor, por sua infinita misericórdia, ratifica-lhe a promessa. Não nos parece muito coerente que um homem nessa idade seja o fecundo pai de uma multidão. Por ser isso naturalmente improvável, Deus se apresenta a Abrão como o Deus “Todo Poderoso” (Gn 17:1), porque ele precisava crer que o Senhor era suficiente para garantir o pacto e cumprir o que prometera, e que, para ele, não haveria nenhuma limitação ou empecilho. Abrão precisava continuar acreditando na promessa de Deus.

Deus reitera a promessa para ambos e muda-lhes os nomes para Abraão e Sara, não porque os novos nomes tivessem significado em si, mas porque queria fazer um novo pacto e mostrar que a promessa era para os dois. Nessa nova aliança, Deus mostra que havia duas partes: ...quanto a mim (Gn 17:4-8), a parte dele, e as incumbências de Abraão (Gn 17:9-14). Deus pede que todos da casa de seu servo sejam circuncidados, num ato de devoção a ele. Então, Abraão e os seus obedecem, sendo, assim, caracterizados como um povo santo, diferenciado para Deus. Um ano depois desse acontecimento, Abraão aprenderia que vale a pena esperar, ser paciente, pois Deus cumpre o que diz!

2. Na Escola da Fé Abraão aprendeu a ser confiante

A promessa não é aparentemente absurda apenas para nós. Abraão prostrou-se e riu (Gn 17:17). Alguns estudiosos dizem que seu riso foi de alegria. Entretanto, pelos versículos subsequentes, verifica-se o lapso de fé de Abraão, que riu pelo mesmo motivo que Sara riria mais adiante (Gn 18:12). Riu por incredulidade. Ele menciona a idade avançada de ambos e sugere que Ismael seja herdeiro. A sua incredulidade limitava as expectativas. Então, Deus, que é infinitamente mais poderoso do que imaginamos (Ef 3:20), devolve lhe a esperança que fora abatida pelas contingências (pela idade, pela esterilidade e pela demora) e afirma: ...Sara, tua mulher, te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei a minha aliança (Gn 17:19).

O menino deveria chamar-se Isaque (Gn 17:19). Esse nome, que significa “ele ri”, provavelmente se tornaria um memorial de que, mesmo em meio à incredulidade humana, não há nada demasiadamente difícil para o nosso Deus (Gn 18:14). No versículo 21 do capítulo 17 de Gênesis, Deus coloca um prazo para o cumprimento da promessa: no período de um ano, Isaque finalmente nasceria. A vontade soberana de Deus se mostra determinante. Tudo tem seu tempo determinado (Ec 3:1), e quem determina o tempo certo sempre é Deus. Um ano depois, nasceu Isaque (Gn 21:5).

3. Na Escola da Fé Abraão aprendeu a ter comunhão

Abraão recebe uma visita nada usual: Deus e dois anjos. O patriarca, como um bom hospitaleiro, recebe-os de forma solícita, proporcionando-lhes descanso, água para lavar os pés e alimento. Esse tratamento com os visitantes era um costume que tinha o intuito de tornar possíveis inimigos em amigos. Tal atitude de Abraão revela por que ele fora chamado, posteriormente, de amigo de Deus (Is 41:8). Ele estava aprendendo a ter um relacionamento íntimo com Deus, através do qual ele podia ter a revelação dos planos do Senhor, além de demonstrar um caráter de humanidade e generosidade, que sempre são recompensados (Pv 15:33; Tg 4:6; Lc 6:38; At 20:35).

Na escola da fé, além de ter comunhão com Deus, no capítulo 18 de Gênesis, versículos do 17 ao 33, Abraão demonstrou ter também comunhão com outras pessoas. Nessa visita divina, o patriarca pôde exercitar mais uma característica apreciada por Deus, o altruísmo, por meio da oração intercessória de amor e preocupação pelos justos que moravam em Sodoma e Gomorra. Neste episódio (Gn 18:22-19:29), o patriarca teve o privilégio de aprender sobre o caráter de Deus. Aprendeu que Deus está sempre pronto a perdoar e que sua misericórdia é infinita (Sl 118:1).

4. Na Escola da Fé Abraão aprendeu a ser obediente

Abraão crescia no processo de aprendizado; contudo, ainda teve vários deslizes. Por exemplo: foi repreendido de seu erro por um ímpio. Abimeleque, sendo alertado por Deus de que pecara, ao tomar Sara para fazer parte do seu harém (Gn 20:2), devido a uma meia verdade dita por Abraão, repreende o reincidente (Gn 20:9, 10, cf. 12:10-20); ou mesmo quando permite discórdias em seu lar, incentivadas por um erro do passado. Sua passividade e sua aprovação do pecado resultaram no penoso afastamento do seu também amado filho Ismael (Gn 21:8-21).

Abraão havia aprendido muito com seus erros e acertos. Já havia recebido a bênção pela qual tanto esperara, o filho da promessa, por meio de um milagre divino (Gn 21:2). Passou pela escola da vida. Porém, ainda lhe restava a prova final, que seria a mais dura prova pela qual teria de passar: oferecer seu próprio filho. Se passasse em mais este teste, estaria aprovado na escola da fé. A palavra “provar” (Gn 22:1), no hebraico (idioma original do Antigo Testamento), significa que ele teria de passar por um teste que revelaria sua fé em Deus. O Senhor queria provas de obediência absoluta e fé incontestável. Deus tem prazer em nos ver passar vitoriosos pelas provações.

Ele não nos prova simplesmente para nos ver fracassar, mas nos prepara para sermos aprovados. Abraão vivenciara um grande crescimento espiritual. Ele tinha sua casa em harmonia, tinha paz com seus vizinhos, tinha prosperidade e seu tão querido filho era razão de alegria no lar. Ele reconhecia o agir de Deus em sua vida, e se sentia amado. Então, o texto nos diz: ...depois destas coisas (Gn 22:1), pôs Deus Abraão à prova. Deus queria aquele que era o motivo de toda a sua alegria, aquele que o enchia de orgulho, o filho da promessa. Na escola da fé, Abraão foi aprovado!

Aplicando o conhecimento Bíblico

1. Na escola da fé, aprendemos a demonstrar obediência imediata.

Abraão ouviu e agiu (Gn 22:3). Abraão aprendeu a responder “Eis-me aqui” ao chamado do Senhor. Essa frase significa que ele atendia com prontidão. Não parecia contraditório que justamente o filho prometido pelo Senhor fosse agora requerido? A incoerência do pedido é maior quando levamos em conta que o caráter santo de Deus não permite sacrifícios humanos. As leis dadas, depois, a Moisés proíbem tais sacrifícios humanos e relatam como isso é abominação para Deus. Mas Abraão não perdeu tempo pensando nisso. Ele obedeceu imediatamente. Deus, que nos ama incomparavelmente, tem sua lógica própria e nos ensina a confiar nele de todo o coração.

2. Na escola da fé, aprendemos a demonstrar entrega sacrificial.

Se Deus nos fizesse a mesma ordenança que fez a Abraão, a nossa primeira pergunta poderia ser “Por que comigo?”. O que, para nós, é um sinônimo de pesar, sofrimento e uma dura prova, para Abraão também deve ter sido. Entretanto, ele não questionou, nem duvidou da fidelidade divina, mas simplesmente fez daquele momento um ato de adoração, um ato de entrega sacrificial, um ato de entrega do seu melhor a Deus, que aprovou sua atitude. Deus fez isso porque, na verdade, não queria a vida de Isaque, mas o coração de Abraão: Agora sei que temes a Deus, pois não me negaste o teu filho (Gn 22:12).

3. Na escola da fé, aprendemos a demonstrar confiança inabalável.

Abraão estava totalmente decidido a sacrificar Isaque (Gn 22:9,10). Porém, Deus interveio na hora exata (Gn 22:11), impedindo-o de matá-lo. Deus não precisava de mais provas. Entretanto, é interessante notar a confiança inabalável de Abraão em Deus. Ele disse, em resposta a Isaque: Deus proverá para si o cordeiro (Gn 22:8). A fé de Abraão havia amadurecido, e ele cria que, de alguma maneira, Deus o ajudaria naquela ocasião. O nosso Deus é “Jeová-Jiré”, o Deus provedor (Gn 22:13-14). Ele sempre provê o que nos é necessário, ao seu tempo e do seu modo! Creiamos nisso!

Concluindo

Abraão, que fora chamado por Deus do meio de um povo totalmente pagão, destaca-se, entre os santos, como um herói. Na escola da fé, ele se sobressaiu a muitos, foi aprovado com louvor em seu teste final. Na perspectiva divina, Abraão já havia entregado o que lhe era mais importante. Assim, evidenciou sua confiança inabalável. Deus o avaliou, o aprovou e o elegeu Pai da Fé. Ingresse nessa escola, aprenda a obedecer imediatamente ao chamado de Deus, adore-o com todas as suas atitudes e confie que nosso Deus suprirá todas as suas necessidades, no momento certo. Aprenda com o Pai da Fé.

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