A palavra e a frase

Júnior Mendes


Um dia desses em um caixa de supermercado aconteceu algo que me fez parar para pensar sobre palavras e frases. Imagine a cena: estava na fila para passar minhas compras e a moça do caixa estava atendendo uma senhora que estava na minha frente. A senhora pediu à moça: “passe esse item separado que é para uma amiga”. A moça respondeu: “não dá mais. Já fechei a conta, vou ter que passar esse produto em outra conta” (??!!??)

Perceba que a moça fez exatamente o que a senhora pediu, mas sua resposta demonstra que ela não entendeu a frase que tinha acabado de ouvir. Mas não acabou. Ao receber as duas notas ficais do caixa, a moça informou o valor total da compra. A senhora, para ter certeza, perguntou: “então a soma das duas notas é o total da compra?” Indignada, a moça do caixa respondeu: “não, cada uma é uma conta diferente!”. A senhora insistiu: “isto, o valor total que você me passou para pagar é a soma das duas notas que você me entregou, certo?” Ao que, desconfiada, a moça finalizou: “é a senhora que está dizendo, eu não sei…”

Eu fiquei só ouvindo tudo aquilo, não acreditando no que estava vendo, pois a conversa parecia entre duas pessoas que falavam línguas diferentes. Na verdade, fiquei mais preocupado com a moça que, apesar de compreender palavras, não compreendia frases.

Foi aí que decidi escrever esse texto: existe uma diferença muito grande entre ouvir (palavras soltas) e entender (frases construídas). Quais são as causas dessa distância entre saber palavras e entender frases?

Como minha esposa é pedagoga, ela vive comentando comigo sobre o problema das crianças, adolescentes e jovens brasileiros quanto ao ensino do português. Existe muita gente alfabetizada (que conhece tecnicamente as palavras), mas nem tantos letrados (que utilizam na prática o português em situações reais com propriedade e sabendo o que estão fazendo).

Outro problema é a falta de leitura entre os jovens. Quanto mais você lê, mais você saberá escrever e mais você saberá falar. Por fim, outro grave problema é que o jovem tem certa impaciência (devido ao tempo cibernético que vivemos) quanto a ouvir um discurso (uma pregação, por exemplo) e acompanhar um raciocínio até o fim para poder concordar ou discordar. Quando ele vê que ali tem um caminho que ele vai ter que percorrer para compreender o que está sendo dito, ele pula fora rapidinho e desvia sua atenção (conversas paralelas, pensamento distante etc).

Temo por ter começado esse texto com muita gente lendo, perdido alguns no segundo parágrafo, perdido outros tantos ao longo do texto e aqui, neste último, só estamos eu e você, solitário leitor, acompanhando o raciocínio. Será? Ainda tem alguém aí?

Pensar para a transformação é um desafio, estudar a Palavra de Deus é outro. Se ainda tem alguém comigo, estou mudando o famoso ditado: uma imagem vale mais que mil palavras. Agora para mim é assim: uma imagem vale mais que mil palavras…para quem entendeu a frase!

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Fonte: Autor Junior Mendes divulgado por PC@maral

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