A Trindade Divina

Ao ensino de que há um só Deus em três pessoas distintas, separadas uma das outras, porém da mesma essência, chama-se Doutrina da Trindade, ou A Triunidade de Deus. A palavra “Trindade” não se encontra na Bíblia, mas o ensino encontra-se claramente ali, pois no Novo Testamento existem 108 passagens comprobatórias. Muitos acham a doutrina de difícil compreensão. Nunca devemos imaginar que algo está errado, só porque não o compreendemos bem.

A UNIDADE DE DEUS

Deparamos com um mistério infinito ao estudar a natureza de Deus. Mesmo assim, há algumas verdades sobre este assunto que são reveladas com clareza. Daquilo que as Escrituras ensinam sobre a natureza de Deus nada contradiz a verdade de que só há um Deus.

1 - A Bíblia afirma que há um só Deus (Dt 6:4; Mc 12:29): O hebraico de Deuteronômio diz literalmente: “Jeová [Yahweh] nosso Deus [Elohim], Jeová [é] Um.” Essa passagem afirma que Jeová, nosso Elohim, é Um no sentido de que não há outro, ou seja, Ele é o único Deus (Êx. 20:3; Dt. 4:35,39). A palavra “único”, ligada a Deus, vem do hebraico “ehadh” que indica uma unidade composta. Quando esta palavra é indicada no sentido absoluto, é empregada a palavra “yahadh”. É preciso distinguir entre duas qualidades de unidade: unidade absoluta e unidade composta.
A expressão “um homem” traz a idéia de unidade absoluta, porque se refere a uma só pessoa. Mas quando lemos que o homem e a mulher serão “uma só carne”, essa é a unidade composta, visto que se refere à união de duas pessoas.
2 - As três pessoas divinas são um (I Jo 5:7,8): Como unidade de Deus queremos dizer que a natureza divina é uma unidade indivisível. Isto é, Deus não consiste de partes nem pode ser dividido em partes. Assim, a doutrina da Trindade divina ensina que as três Pessoas Divinas são uma mesma essência. Eles são divisíveis apenas na unidade numérica e indivisível na unidade de Deus.

3 - A unidade absoluta não desfaz a sua individualidade (Mt. 3:16,17): O Pai, o Filho e o Espírito Santo são constantemente citados como Pessoas separadas com operações específicas operadas por cada uma. Porém, os três cooperam unidos e num mesmo propósito, de maneira que no pleno sentido da palavra, são “Um”.

A TRINDADE DIVINA

Não há contradição entre o ensino da unidade de Deus e o ensino da Trindade. Como Trindade queremos dizer que há três distinções eternas em uma essência divina. Estas três distinções são três pessoas, conhecidas respectivamente como Pai, Filho e Espírito Santo. Devemos, portanto, buscar nas Escrituras a verdadeira doutrina da Trindade.

1 - A Trindade no Antigo Testamento (Gn 1:1,26): Muito embora a doutrina da Trindade não fosse explicitamente mencionada no Antigo Testamento, sua origem pode ser vista nos textos bíblicos. A expressão “Deus” vem do hebraico “Elohim” que literalmente quer dizer “deuses”, pois a palavra é plural, e às vezes se usa, em hebraico, acompanhada de adjetivo plural e com verbo no plural. Todos os membros da trindade são mencionados no Antigo Testamento: a) o Pai (Is 63:16; Ml 2:10); b) o Filho de Jeová (Sl 2:6,7; Is 9:6); c) o Espírito Santo (Gn 1:2; Is 61:1).

2 - A Trindade no Novo Testamento (II Co 13:13): Dentro do Novo Testamento, a doutrina da Trindade fica grandemente ampliada. Cada pessoa da divindade é declarada como sendo divina: a) o Pai é Deus (Mt. 6:8; Gl. 1:1); b) o Filho é Deus (Jo. 1:1-4,14,18; Rm. 9:5; Cl. 2:8,9, Tt. 2:13; II Pd. 1:1); c) o Espírito Santo é Deus (Mc. 3:29; At 5:3,4; II Co. 3:17,18). A Bíblia apresenta assim esta realidade singular e misteriosa: um Deus, Pai, Filho e Espírito Santo.

A TRINDADE E OS ATRIBUTOS DIVINOS

É um fato desafiador que os atributos da Divindade sejam atribuídos a cada uma das benditas Pessoas da Trindade.

1 - Eternidade: O Pai (Sl. 90:2); o Filho (Cl. 1:17); o Espírito Santo (Hb. 9:14).

2 - Onipresença: O Pai (Jr. 23:24); o Filho (Mt. 18:20); o Espírito Santo (Sl. 139:7).

3 - Onisciência: O Pai (Jr. 17:10); o Filho (Ap. 2:23); o Espírito Santo (I Co. 2:10,11).

4 - Onipotência: O Pai (I Pd. 1:5); o Filho (II Co. 12:9); o Espírito Santo (Rm. 15:19).

5 - Santidade: O Pai (I Pd. 1:16); o Filho (Atos 3:14); o Espírito Santo (Lc. 12:12).

6 - Amor: O Pai (I Jo. 4:8,16); o Filho (Ef. 3:19); o Espírito Santo (Rm. 15:30).

7 - Verdade: O Pai (Jo. 7:28); o Filho (Ap. 3:7); o Espírito Santo (I Jo. 5:6).

A OBRA DA TRINDADE DIVINA

Além de cada obra distinta de Deus ser realizada por uma Pessoa da Divindade, também as obras principais de Deus são atribuídas a cada uma das Três Pessoas. Podemos observar a atuação da Trindade Divina em pelo menos quatro áreas:

1 - Na criação do universo (Gn. 1:2; Sl. 102:25; Cl. 1:16): A criação do universo foi uma realização de cada Pessoa da Trindade. Todos igualmente participaram neste empreendimento. Os atos da criação separados, ainda que completos, da parte de cada Pessoa reúnem-se na afirmação: “No princípio criou Deus (Elohim – nome que pressagia o mistério da pluralidade na unidade e a unidade na pluralidade) os céus e a terra” (Gn. 1:1).

2 - Na criação do homem (Gn. 1:26; 2:7; Jó 33:4; Cl. 1:16): A criação do homem é um ato criador de Deus. Este ato criador de Deus é obra das Pessoas separadas na Trindade. Houve a participação de Jeová Elohim, do Senhor Jesus e do Espírito Santo. À vista disto, Salomão adverte: “Lembra-te do teu Criador (palavra plural no hebraico) nos dias da tua mocidade” (Ec 12:1, veja ainda Is. 54:5 onde o termo “criador” também é plural).

3 - Na salvação do homem (Jo. 3:16): O Espírito gerou o Filho (Lc 1:35), mas de tal maneira que o filho sempre se dirige à primeira Pessoa chamando-a de Pai (Jo 17:1-8). Cristo, o Filho, sempre fez a vontade do Pai e, para isto, recebeu o Espírito sem medida (Jo. 15:10; Lc. 3:21,22). Na sua morte houve a participação do Pai (Sl. 22:15; Rm. 8:32), do próprio Jesus (Jo. 10:18; Gl. 2:20), e do Espírito Santo (Hb. 9:14). Também na sua ressurreição podemos perceber a atuação dos três (At 2:24; Jo. 10:18; I Pd. 3:18).

4 - Na ressurreição da humanidade (Jo. 5:21; Rm. 8:11): Mais uma vez os três estarão atuando em favor de todos os seres humanos para o Dia da Redenção. Assim a unidade e pluralidade ficaram demonstradas que existem na Divindade em um plano de relacionamento acima e além do alcance da experiência humana.

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DEC - PC@maral

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