Paguem O Mal Com O Bem
Finalmente, sede todos de igual ânimo, compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos, humildes, não pagando o mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo, pois para isto mesmo fostes chamados, a fim de receberdes benção por herança (I Pe 3:8-9).
A carta de I Pedro tinha o objetivo de preparar os cristãos acerca do que haveria de vir, sobre as situações que enfrentariam na sociedade. Olhando um pouco para a nossa sociedade e veremos como são, e como estão, as relações interpessoais de nosso tempo. Vivemos em uma época tecnológica e cibernética. Há quem trabalhe em casa, há cursos semi-presenciais e até o próprio culto é transmitido via internet. Não é difícil nos distanciarmos das pessoas. Somando-se a isso, estamos sempre preocupados com nossas agendas, afinal a exigência é que estejamos em movimento contínuo.
As relações ficam extremamente prejudicadas com este nosso jeito de ser no mundo. As pessoas se tornam cada vez mais isoladas, egocêntricas e individualistas. Não prestamos mais atenção às necessidades do nosso próximo. Não paramos para ouvir, nem para ser ouvidos. Há quem pague para ser ouvido e acolhido. Olhamos o que caiu a beira do caminho e prosseguimos, afinal, o mundo não para. Na maioria das vezes, nem percebemos que alguém não está mais em nosso meio. Não sabemos mais nos relacionar, e este trecho da carta de Pedro (3:8-12), escrito há tanto tempo é extremamente atual e serve para nortear nossos relacionamentos interpessoais.
O apóstolo Pedro deu orientações às mulheres, aos homens e agora começa este parágrafo dizendo Finalmente, ou seja, além de tudo o que havia dito, ainda havia instruções que precisava dar para todos os cristãos, independentemente do gênero. Neste momento ele oferece o modelo da conduta cristã. E esta é sem dúvida uma lista fundamental para se mensurar a maturidade cristã. Veja abaixo essa lista com as características que o cristão deve ter e faça uma checagem em seu comportamento para saber como anda seu relacionamento interpessoal e, consequentemente, sua vida espiritual.
1. Unidade de pensamento: A lista que Pedro dá para a família cristã inicia pedindo aos irmãos que sejam todos de igual ânimo (3:8a). Ele se refere sobre a importância dos irmãos terem a mesma mente, ou o mesmo propósito. Afinal todos têm o mesmo manual de instrução, não há motivos para terem objetivos egoístas e independentes dos demais irmãos. Claro, que Pedro não está se referindo aqui a uniformidade ou unanimidade, onde todos são iguais, e concordam em tudo [Swindoll (2002:113)]. Deus deu a cada um de nós características peculiares, e a Bíblia diz que somos um corpo, onde cada um representa uma parte, cada um tem um dom, portanto haverá sim opiniões divergentes dentro da igreja em questões periféricas. Mas o segredo para união de pensamento é que todos se deixem controlar pela mente de Cristo (Fp 2:1-5). Devemos nos mirar em seu exemplo, em sua mensagem e em sua missão. “Nosso alvo sempre deve ser honrar a Cristo, ganhar perdidos e edificar a igreja” [Wiersbe (2008:531)]. Quando todos têm a mesma motivação (Cl 3:2), as partes do corpo trabalham em unidade. Assim sendo, as diferenças não serão desagregadoras, mas enriquecedoras para os irmãos conviverem em clima de cooperação, como uma grande família feliz, conforme traduz a Bíblia Viva o inicio do versículo 8 de I Pedro capítulo 3.
2. Unidade de sentimento: Os irmãos na fé também devem ser compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos (I Pe 3:8b). Aqui Pedro fala especificamente dos sentimentos que os irmãos deveriam ter uns para com os outros. A raiz grega da palavra “compadecido” quer dizer “sentir com”. Em uma igreja com cristãos maduros há espaço para confiança, onde as pessoas se sentem à vontade para compartilhar sentimentos, pois são acolhidas. O texto de Romanos 12:15-16 explica isso. Podemos resumir na palavra empatia, que é a capacidade de se identificar profundamente com a situação em que uma pessoa se encontra [Mueller (1991:185)]. Quando o texto diz fraternalmente amigos incentiva os irmãos a promoverem um ambiente afetuoso. Há quem pense ser impossível que não existam discórdias na igreja, mas salientamos que o amor não tem origem, necessariamente na emoção, mas na volição. Ou seja, consiste na decisão de ter ações nobres e abnegadas [Macdonald (2008:924)]. Também podemos resumir este comportamento na palavra altruísmo, que é quando a sua preocupação pelo outro se sobrepõem a preocupação com você mesmo. E por fim a pessoa misericordiosa é aquela que se comove com o necessitado, com o ferido.
3. Humildade sincera: A humildade é a qualidade daquele que serve. Pedro também orienta: sede... humildes (3:8 - parte final). O que auxilia a pessoa a ser humilde é ter “uma estimativa realista de si mesmo e de elevada consideração pelos outros” [Lopes (2009:2065)]. O texto bíblico consolida esta afirmação: não pense de si mesmo além do que convém (Rm 12:3) e ainda cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3b). Se o cristão compreende, de fato, que é um pecador que não tem mérito algum por receber a salvação, ele entende que não é digno se considerar melhor que seu próximo. Ele sabe que nada, nem condição social, etnia ou o tempo de estudo pode elevar sua posição em relação aos outros. Humildade nada tem a ver com auto-desvalorização. Reconhecer os próprios dons e talentos não é errado, mas a atitude assertiva é ver suas qualidades com gratidão a Deus. Quem é humilde consegue alegra-se com os talentos de outrem e não se sente ameaçado por eles. Humilde é aquele que não precisa de uma platéia para glorificar a Deus, ao contrário, é aquele que é devoto ao Senhor discretamente, e alcança uma posição notável somente para aquele que precisa apreciar, o Senhor.
4. Perdão incessante: Quando Pedro afirma em sua carta não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo (3:9), ele está falando a respeito de perdão. Esta carta foi escrita em um contexto de perseguição, por este motivo o apóstolo relembrou aos fiéis a importância de não revidar os insultos sofridos. E não apenas isso, mas ele os instiga a abençoar aqueles que os maltratavam. A tendência humana é retribuir o mal na mesma medida, mas Jesus nos ensina: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem (Mt 5:44). Ele foi nosso maior exemplo, pois conseguiu perdoar seus algozes e, sobretudo, intercedeu por eles junto ao Pai (Lc 23:34). É fácil ser gentil com os que nos amam e nos respeitam. Não é preciso se esforçar para retribuir amavelmente atitudes generosas. Esta é uma característica humana. Mas Deus nos convida para um nível excelente. Ele quer que revidemos a hostilidade com amor, bênçãos, orações. Lembrando da enorme dívida que tínhamos com o Pai e ele apagou, temos que perdoar as ofensas, pois é uma exigência divina para o nosso próprio perdão (Mt 6:14-15). Aos que assim fazem, Deus promete bênçãos.
5. Discurso moderado: Agora Pedro dá uma receita para a felicidade e o primeiro ingrediente é guarde a sua língua do mal e os lábios da falsidade (3:10). Por que será este um aspecto tão essencial para se viver feliz? Tiago responde: Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (3:2 - NVI). Todo cristão maduro deve empenhar-se e orar para dominar sua língua (Sl 141:3). Tiago esclarece o quanto a fala pode ser prejudicial aos relacionamentos humanos. Com a mesma boca as pessoas glorificam a Deus e proferem mentiras, fofocas. O livro de Tiago afirma que não pode ser este nosso comportamento (Tg 3:1-12). A orientação é para pensar antes de falar, para colocar freios na língua, ou seja, falar menos. Não há outra saída, veja o que o provérbio diz: Quando são muitas as palavras, o pecado está presente (10:19). Quantas vezes você viu determinado fato ser transmitido sem ser verificado? Quantas vezes você ouviu pedidos de oração carregados de confidências alheias? E o que dizer das falas provocativas ou maldosas? A língua pode arruinar a vida da pessoa (Pv 13:3; Tg 3:6), portanto a postura adequada é mantê-la inofensiva, com um linguajar sincero e discreto.
6. Pacificador empenhado: O texto nos incentiva a buscar a paz com perseverança (v. 11b). “É dever dos cristãos não somente adotar a paz quando é oferecida, mas buscar e persegui-la quando é negada” [Henry (2008:874)]. O texto original dá esta idéia de que a paz deve ser perseguida, ou também que devemos correr dela atrás com determinação. Devido à tendência humana egoísta, a paz não é algo que ocorre naturalmente. Você já presenciou alguma desavença ocasionada porque alguém quis que as coisas fossem feitas a sua maneira? Isso acontece, pois humanamente falando ninguém quer estar em posição de desvantagem. Esta carta foi escrita justamente para alertar os irmãos a importância de permanecerem tranquilos quando sofressem afrontas. O próprio Jesus nos ensinou que: Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus (Mt 5:9). Este é mais um ingrediente para ter uma vida feliz, viver em paz com todos. Para ser um pacificador se requer mais do que a ausência de conflitos. Mas se é preciso que se construam bons relacionamentos onde os conflitos são previstos e evitados antecipadamente para não se tornem incontroláveis [Comentário do Novo Testamento: aplicação pessoal]. Antes de falar sobre paz, Pedro faz uma afirmação que podemos considerar um resumo da lista que indica a conduta cristã. Ele exorta: afaste-se do mal e faça o bem. Para conseguir colocar toda a lista acima em prática é importante desviar-se do mal, ou do pecado (I Ts 5:22). A conduta do cristão é marcada pela pureza, pela santificação, ou seja, pelo afastamento contínuo do pecado. Siga o conselho: Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é bom. Aquele que faz o bem é de Deus; aquele que faz o mal não viu a Deus (III Jo 11).
II. PRATICANDO A PALAVRA DE DEUS
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos observa - Você acredita que, se o seu comportamento fosse vigiado, agiria de forma diferente? Seu comportamento se altera, quando você está na presença dos irmãos da igreja ou é o mesmo em casa, na escola, no trabalho? Meu irmão, não importa a sua aparência, porque os olhos do Senhor estão em todo lugar (Pv 15:3). E os seus olhos repousam sobre os justos (I Pe 3:12a). Sobre isso, vemos dois aspectos, o primeiro é que ele observa tudo o que fazemos. Isso soa ameaçador somente para os que não agem com justiça. E o segundo é que ele protege os seus filhos do mal. Procure agir tendo isso em mente.
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos ouve - Quando fazemos a checagem dos itens mencionados acima, certamente reprovamos a nós mesmos em alguns deles. Sabemos onde falhamos, conhecemos as nossas áreas problemáticas: sabemos se tendemos a ter um comportamento opositor, ou mesmo se não resistimos à bisbilhotice, ou quem sabe se gostamos de estar em evidência. Todavia, para tudo isso, temos a certeza que o Senhor nos ouve, os seus ouvidos estão atentos à sua oração (I Pe 3:12b). Deus está a nossa disposição para nos auxiliar a ter uma conduta cristã saudável. Faça a checagem da sua conduta e conte com a ajuda divina.
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos julga - Para encerrar o texto, Pedro diz que o rosto do Senhor está sobre os que praticam o mal. Para um israelita ver a face do Senhor era uma das coisas mais temíveis que poderia acontecer, pois ninguém poderia resistir a sua santidade e morreria. O significado aqui é de julgamento. Deus não deixa impunes aqueles que são injustos, aqueles que retribuem o mal na mesma moeda. Aqui temos um alívio, pois sabemos que o Senhor julgará os que nos perseguem. Mas também um alerta para não negligenciarmos nossa conduta cristã (I Co 10:12). Cuidemos de nós mesmos.
CONCLUSÃO
Nenhuma fórmula moderna pode ser tão milagrosa quanto esta lista descrita por Pedro para nortear as relações interpessoais. Você quer ter uma vida feliz e abençoada (I Pe 3:10a)? Siga os conselhos de Pedro. Escreva este texto e releia de tempos em tempos, se for preciso. Como um cristão que deseja a maturidade na fé, repense sua conduta. Reflita se você está à procura de desenvolver em si mesmo a mente de Cristo. Questione se tem o mesmo sentimento para com seus companheiros na fé ou se de tanto ver o sofrimento alheio criou uma couraça que o torna insensível.
Examine sua motivação ao congregar. Almeja encontrar uma posição de destaque na igreja ou tem o desejo de servir os irmãos? Verifique como anda sua amizade com os irmãos e sua disposição em perdoar. Está desenvolvendo o amor demonstrativo? Observe se tem exercitado a escuta ou a fala. E ainda se tem se empenhado em promover um ambiente harmonioso na igreja. Não relaxe em nenhum destes pontos, pois sempre precisaremos uns dos outros, e o Senhor se agrada quando há harmonia na sua casa.
Que Deus nos abençoe!

As relações ficam extremamente prejudicadas com este nosso jeito de ser no mundo. As pessoas se tornam cada vez mais isoladas, egocêntricas e individualistas. Não prestamos mais atenção às necessidades do nosso próximo. Não paramos para ouvir, nem para ser ouvidos. Há quem pague para ser ouvido e acolhido. Olhamos o que caiu a beira do caminho e prosseguimos, afinal, o mundo não para. Na maioria das vezes, nem percebemos que alguém não está mais em nosso meio. Não sabemos mais nos relacionar, e este trecho da carta de Pedro (3:8-12), escrito há tanto tempo é extremamente atual e serve para nortear nossos relacionamentos interpessoais.
O apóstolo Pedro deu orientações às mulheres, aos homens e agora começa este parágrafo dizendo Finalmente, ou seja, além de tudo o que havia dito, ainda havia instruções que precisava dar para todos os cristãos, independentemente do gênero. Neste momento ele oferece o modelo da conduta cristã. E esta é sem dúvida uma lista fundamental para se mensurar a maturidade cristã. Veja abaixo essa lista com as características que o cristão deve ter e faça uma checagem em seu comportamento para saber como anda seu relacionamento interpessoal e, consequentemente, sua vida espiritual.
1. Unidade de pensamento: A lista que Pedro dá para a família cristã inicia pedindo aos irmãos que sejam todos de igual ânimo (3:8a). Ele se refere sobre a importância dos irmãos terem a mesma mente, ou o mesmo propósito. Afinal todos têm o mesmo manual de instrução, não há motivos para terem objetivos egoístas e independentes dos demais irmãos. Claro, que Pedro não está se referindo aqui a uniformidade ou unanimidade, onde todos são iguais, e concordam em tudo [Swindoll (2002:113)]. Deus deu a cada um de nós características peculiares, e a Bíblia diz que somos um corpo, onde cada um representa uma parte, cada um tem um dom, portanto haverá sim opiniões divergentes dentro da igreja em questões periféricas. Mas o segredo para união de pensamento é que todos se deixem controlar pela mente de Cristo (Fp 2:1-5). Devemos nos mirar em seu exemplo, em sua mensagem e em sua missão. “Nosso alvo sempre deve ser honrar a Cristo, ganhar perdidos e edificar a igreja” [Wiersbe (2008:531)]. Quando todos têm a mesma motivação (Cl 3:2), as partes do corpo trabalham em unidade. Assim sendo, as diferenças não serão desagregadoras, mas enriquecedoras para os irmãos conviverem em clima de cooperação, como uma grande família feliz, conforme traduz a Bíblia Viva o inicio do versículo 8 de I Pedro capítulo 3.
2. Unidade de sentimento: Os irmãos na fé também devem ser compadecidos, fraternalmente amigos, misericordiosos (I Pe 3:8b). Aqui Pedro fala especificamente dos sentimentos que os irmãos deveriam ter uns para com os outros. A raiz grega da palavra “compadecido” quer dizer “sentir com”. Em uma igreja com cristãos maduros há espaço para confiança, onde as pessoas se sentem à vontade para compartilhar sentimentos, pois são acolhidas. O texto de Romanos 12:15-16 explica isso. Podemos resumir na palavra empatia, que é a capacidade de se identificar profundamente com a situação em que uma pessoa se encontra [Mueller (1991:185)]. Quando o texto diz fraternalmente amigos incentiva os irmãos a promoverem um ambiente afetuoso. Há quem pense ser impossível que não existam discórdias na igreja, mas salientamos que o amor não tem origem, necessariamente na emoção, mas na volição. Ou seja, consiste na decisão de ter ações nobres e abnegadas [Macdonald (2008:924)]. Também podemos resumir este comportamento na palavra altruísmo, que é quando a sua preocupação pelo outro se sobrepõem a preocupação com você mesmo. E por fim a pessoa misericordiosa é aquela que se comove com o necessitado, com o ferido.
3. Humildade sincera: A humildade é a qualidade daquele que serve. Pedro também orienta: sede... humildes (3:8 - parte final). O que auxilia a pessoa a ser humilde é ter “uma estimativa realista de si mesmo e de elevada consideração pelos outros” [Lopes (2009:2065)]. O texto bíblico consolida esta afirmação: não pense de si mesmo além do que convém (Rm 12:3) e ainda cada um considere os outros superiores a si mesmo (Fp 2:3b). Se o cristão compreende, de fato, que é um pecador que não tem mérito algum por receber a salvação, ele entende que não é digno se considerar melhor que seu próximo. Ele sabe que nada, nem condição social, etnia ou o tempo de estudo pode elevar sua posição em relação aos outros. Humildade nada tem a ver com auto-desvalorização. Reconhecer os próprios dons e talentos não é errado, mas a atitude assertiva é ver suas qualidades com gratidão a Deus. Quem é humilde consegue alegra-se com os talentos de outrem e não se sente ameaçado por eles. Humilde é aquele que não precisa de uma platéia para glorificar a Deus, ao contrário, é aquele que é devoto ao Senhor discretamente, e alcança uma posição notável somente para aquele que precisa apreciar, o Senhor.
4. Perdão incessante: Quando Pedro afirma em sua carta não tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo (3:9), ele está falando a respeito de perdão. Esta carta foi escrita em um contexto de perseguição, por este motivo o apóstolo relembrou aos fiéis a importância de não revidar os insultos sofridos. E não apenas isso, mas ele os instiga a abençoar aqueles que os maltratavam. A tendência humana é retribuir o mal na mesma medida, mas Jesus nos ensina: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem (Mt 5:44). Ele foi nosso maior exemplo, pois conseguiu perdoar seus algozes e, sobretudo, intercedeu por eles junto ao Pai (Lc 23:34). É fácil ser gentil com os que nos amam e nos respeitam. Não é preciso se esforçar para retribuir amavelmente atitudes generosas. Esta é uma característica humana. Mas Deus nos convida para um nível excelente. Ele quer que revidemos a hostilidade com amor, bênçãos, orações. Lembrando da enorme dívida que tínhamos com o Pai e ele apagou, temos que perdoar as ofensas, pois é uma exigência divina para o nosso próprio perdão (Mt 6:14-15). Aos que assim fazem, Deus promete bênçãos.
5. Discurso moderado: Agora Pedro dá uma receita para a felicidade e o primeiro ingrediente é guarde a sua língua do mal e os lábios da falsidade (3:10). Por que será este um aspecto tão essencial para se viver feliz? Tiago responde: Se alguém não tropeça no falar, tal homem é perfeito, sendo também capaz de dominar todo o seu corpo (3:2 - NVI). Todo cristão maduro deve empenhar-se e orar para dominar sua língua (Sl 141:3). Tiago esclarece o quanto a fala pode ser prejudicial aos relacionamentos humanos. Com a mesma boca as pessoas glorificam a Deus e proferem mentiras, fofocas. O livro de Tiago afirma que não pode ser este nosso comportamento (Tg 3:1-12). A orientação é para pensar antes de falar, para colocar freios na língua, ou seja, falar menos. Não há outra saída, veja o que o provérbio diz: Quando são muitas as palavras, o pecado está presente (10:19). Quantas vezes você viu determinado fato ser transmitido sem ser verificado? Quantas vezes você ouviu pedidos de oração carregados de confidências alheias? E o que dizer das falas provocativas ou maldosas? A língua pode arruinar a vida da pessoa (Pv 13:3; Tg 3:6), portanto a postura adequada é mantê-la inofensiva, com um linguajar sincero e discreto.
6. Pacificador empenhado: O texto nos incentiva a buscar a paz com perseverança (v. 11b). “É dever dos cristãos não somente adotar a paz quando é oferecida, mas buscar e persegui-la quando é negada” [Henry (2008:874)]. O texto original dá esta idéia de que a paz deve ser perseguida, ou também que devemos correr dela atrás com determinação. Devido à tendência humana egoísta, a paz não é algo que ocorre naturalmente. Você já presenciou alguma desavença ocasionada porque alguém quis que as coisas fossem feitas a sua maneira? Isso acontece, pois humanamente falando ninguém quer estar em posição de desvantagem. Esta carta foi escrita justamente para alertar os irmãos a importância de permanecerem tranquilos quando sofressem afrontas. O próprio Jesus nos ensinou que: Bem-aventurados os pacificadores, pois serão chamados filhos de Deus (Mt 5:9). Este é mais um ingrediente para ter uma vida feliz, viver em paz com todos. Para ser um pacificador se requer mais do que a ausência de conflitos. Mas se é preciso que se construam bons relacionamentos onde os conflitos são previstos e evitados antecipadamente para não se tornem incontroláveis [Comentário do Novo Testamento: aplicação pessoal]. Antes de falar sobre paz, Pedro faz uma afirmação que podemos considerar um resumo da lista que indica a conduta cristã. Ele exorta: afaste-se do mal e faça o bem. Para conseguir colocar toda a lista acima em prática é importante desviar-se do mal, ou do pecado (I Ts 5:22). A conduta do cristão é marcada pela pureza, pela santificação, ou seja, pelo afastamento contínuo do pecado. Siga o conselho: Amado, não imite o que é mau, mas sim o que é bom. Aquele que faz o bem é de Deus; aquele que faz o mal não viu a Deus (III Jo 11).
II. PRATICANDO A PALAVRA DE DEUS
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos observa - Você acredita que, se o seu comportamento fosse vigiado, agiria de forma diferente? Seu comportamento se altera, quando você está na presença dos irmãos da igreja ou é o mesmo em casa, na escola, no trabalho? Meu irmão, não importa a sua aparência, porque os olhos do Senhor estão em todo lugar (Pv 15:3). E os seus olhos repousam sobre os justos (I Pe 3:12a). Sobre isso, vemos dois aspectos, o primeiro é que ele observa tudo o que fazemos. Isso soa ameaçador somente para os que não agem com justiça. E o segundo é que ele protege os seus filhos do mal. Procure agir tendo isso em mente.
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos ouve - Quando fazemos a checagem dos itens mencionados acima, certamente reprovamos a nós mesmos em alguns deles. Sabemos onde falhamos, conhecemos as nossas áreas problemáticas: sabemos se tendemos a ter um comportamento opositor, ou mesmo se não resistimos à bisbilhotice, ou quem sabe se gostamos de estar em evidência. Todavia, para tudo isso, temos a certeza que o Senhor nos ouve, os seus ouvidos estão atentos à sua oração (I Pe 3:12b). Deus está a nossa disposição para nos auxiliar a ter uma conduta cristã saudável. Faça a checagem da sua conduta e conte com a ajuda divina.
Paguem o mal com o bem porque o Senhor nos julga - Para encerrar o texto, Pedro diz que o rosto do Senhor está sobre os que praticam o mal. Para um israelita ver a face do Senhor era uma das coisas mais temíveis que poderia acontecer, pois ninguém poderia resistir a sua santidade e morreria. O significado aqui é de julgamento. Deus não deixa impunes aqueles que são injustos, aqueles que retribuem o mal na mesma moeda. Aqui temos um alívio, pois sabemos que o Senhor julgará os que nos perseguem. Mas também um alerta para não negligenciarmos nossa conduta cristã (I Co 10:12). Cuidemos de nós mesmos.
CONCLUSÃO
Nenhuma fórmula moderna pode ser tão milagrosa quanto esta lista descrita por Pedro para nortear as relações interpessoais. Você quer ter uma vida feliz e abençoada (I Pe 3:10a)? Siga os conselhos de Pedro. Escreva este texto e releia de tempos em tempos, se for preciso. Como um cristão que deseja a maturidade na fé, repense sua conduta. Reflita se você está à procura de desenvolver em si mesmo a mente de Cristo. Questione se tem o mesmo sentimento para com seus companheiros na fé ou se de tanto ver o sofrimento alheio criou uma couraça que o torna insensível.
Examine sua motivação ao congregar. Almeja encontrar uma posição de destaque na igreja ou tem o desejo de servir os irmãos? Verifique como anda sua amizade com os irmãos e sua disposição em perdoar. Está desenvolvendo o amor demonstrativo? Observe se tem exercitado a escuta ou a fala. E ainda se tem se empenhado em promover um ambiente harmonioso na igreja. Não relaxe em nenhum destes pontos, pois sempre precisaremos uns dos outros, e o Senhor se agrada quando há harmonia na sua casa.
Que Deus nos abençoe!
***
DEC - PC@maral
Ótima reflexão!
ResponderExcluirContinue nesse projeto de divulgar a excelência do Cristianismo que nos servos.
Um forte abraço.
Marcos Sampaio
http://ideiasprotestantes.blogspot.com
Graça&Paz!
ResponderExcluirReparei que neste artigo o irmão fez referencia à obra: Comentário do Novo Testamento: aplicação pessoal. Creio esta ser editada pela Cpad. Uma pergunta: O que o irmão acha da dita obra? Estou à procura de algo nesta linha. O que me aconselha? Muito obrigado. Abraços
Duarte, a paz do Senhor!
ResponderExcluirSe puder adiquirir para ter em casa para consulta a mão é uma otima fonte de informação.
Copie o link no seu navegador para saber mais sobre os dois volumes da CPAD
http://www.gospeltop.com.br/biblias/comentario-biblico/livro-comentario-do-novo-testamento-aplicacao-pessoal-volumes-1-e-2.html
Deus te abençoe!
Grato pela informação.
ResponderExcluirDeus o abençoe.