Ordenanças de Jesus - O Lava Pés

O costume de lavar os pés era antigo (cf. Gn 18:4) Apareceu o SENHOR a Abraão nos carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada da tenda, no maior calor do dia. Levantou ele os olhos, olhou, e eis três homens de pé em frente dele. Vendo-os, correu da porta da tenda ao seu encontro, prostrou-se em terra e disse: Senhor meu, se acho mercê em tua presença, rogo-te que não passes do teu servo; traga-se um pouco de água, lavai os pés e repousai debaixo desta árvore;.

Sendo as sandálias de couro o único tipo de calçado usado naquelas estradas empoeiradas, imagine como ficavam os pés dos viajantes. Lavar os pés era demonstração de boas vindas ao visitante. Esse costume, bastante conhecido e praticado nos dias de Jesus (Lc 7:44), era realizado pelos escravos menos qualificados da casa. O anfitrião, embora não lavasse os pés dos visitantes, geralmente era quem tomava as providências nesse sentido [HENDRIKSEN, William. Mais que vencedores. São Paulo: Cultura Cristã, 2001 pag. 604]. Na realidade, por ser um trabalho humilhante, ninguém estava disposto a fazê-lo voluntariamente. Jesus sabia que era chegada a hora de despedir-se de seus discípulos (Jo 13:1), mas sabia, também, que, no coração deles, havia o sentimento de competição. Há pouco haviam discutido para saber quem dentre eles era o maior (Mt 20:28). Não poderiam continuar assim, para o seu bem e para o futuro da igreja. Ao invés de ensinar com palavras para dissuadi-los do espírito competitivo, Jesus lhes ministrou uma aula que jamais seria esquecida. Devido aos recursos usados pelo Mestre, eles puderam ouvi-lo, ver o que ele fez e, depois, experimentar, na prática, o que haviam aprendido. O grande ensino do lava-pés é a humildade.
“Alguém disse bem que humildade não é pensar em si mesmo como alguém inferior; antes, a verdadeira humildade é esquecer-se a si mesmo” [WIERSBE, W. W. Comentário Expositivo: Novo Testamento 1. Santo André: Geográfica, 2006 pag.444].
Jesus ensinou que, para superar a crise relacional presente e futura, era preciso humildade (Lc 22:24-27). Seu ensino não era teórico, mas prático. Ele tomou a iniciativa e demonstrou humildade, fazendo o serviço mais humilhante, o trabalho dos escravos inferiores. Lá estava a vasilha com água, a bacia, a toalha; porém, ninguém tomou a iniciativa de lavar os pés de Jesus e dos demais companheiros. Naquele cenáculo, não havia nenhum escravo. Pedir a um dos discípulos para lavar os pés dos outros poderia parecer um insulto. Então, Jesus tirou sua túnica, cingiu-se com uma toalha de linho, pôs água na bacia e começou a lavar os pés dos discípulos.

A demonstração de humildade, mais uma vez, começaria com ele mesmo. Mais uma vez, ele estava sendo o exemplo vivo do tipo de atitude humilde de que a humanidade precisa. Sendo Senhor de tudo, Jesus se fez escravo de todos. Sendo superior a todos, assumiu a postura de servo humilde; dispôs-se a fazer o que ninguém queria fazer. No entanto, Pedro, impulsivo como sempre (Mt 16:21-23, 17:1-8), não entendendo a lição, afirmou: Nunca me lavarás os pés (Jo 13:8a), ao que Jesus respondeu: Se eu não te lavar, não tens parte comigo (Jo 13:8b). O termo grego traduzido como “parte” é meros, e tem o sentido de participação ou uma porção de algo. Sem essa prática, Pedro não teria participação com Cristo. Depois de ter lavado os pés de seus seguidores, Jesus tirou as lições necessárias e ordenou-lhes que também lavassem os pés uns dos outros, acrescentando: ... eu vos dei o exemplo para que, assim como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13:14-15).

O lava-pés é uma ordenança de Cristo a sua igreja e deve ser praticado por todos os cristãos. A arrogância é uma das características da sociedade atual. Em oposição a tal postura, Jesus ensinou que a nobreza do cristianismo consiste em servir. Ele ensinou que aquele que serve, é mais importante do que o que é servido; aquele que quer ter a primazia, deve se colocar à disposição dos demais, como servo. Cristo dignificou seus discípulos, quando lhes apresentou a lição da humildade e do serviço. Ao praticar o lava-pés, o crente é levado a relembrar a necessidade de viver humildemente e de ser servo dos demais.

A lição da humildade é muito atual e necessária. A igreja precisa dela, desesperadamente.
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DEC - PC@maral

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