Jesus Cristo Aquele que Capacita

Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. (Jo 15:5)


O agricultor pega suas ferramentas de trabalho, as sementes e sai ao campo. Sua esperança é ter boa colheita. Respeita o tempo, escolhe a melhor época para plantar. Esforça-se, faz o melhor de si. Plantada a semente, cuida para que nasça, cresça e frutifique. De igual modo, Deus plantou uma vinha: Israel. Mas, lamentavelmente, o povo escolhido não deu os frutos esperados pelo Supremo Agricultor. Ele plantou uma nova Videira no mundo, Jesus Cristo. Nela, enxertou ramos, os salvos, que recebem seiva da Videira para frutificarem. Estes, porém, só têm uma chance de serem produtivos: permanecendo na Videira. Vejamos como isso acontece espiritualmente.

I – OLHANDO PARA JESUS

A festa da Páscoa estava chegando, quando Jesus começou a compartilhar com seus discípulos as partes mais cruciais de sua missão salvadora, ou seja, estava chegando a hora de cumpri-la, através de sua morte na cruz (Jo 13:1). A Páscoa celebrava a libertação dos judeus do poder egípcio. Mas a cruz de Jesus seria a maior manifestação do poder de Deus para libertar toda a humanidade do poder do pecado. Portanto, Jesus reúne seus discípulos e prepara-os para a grande mudança de foco que, inevitavelmente, a mensagem de salvação teria com sua morte na cruz. A Páscoa ganharia um novo significado espiritual. Vejamos.

1. A revelação daquele que capacita: Swindoll considera que o ministério de Jesus avançou, seus discípulos amadureceram e a pregação de Cristo foi se aproximando dos seus atos finais. “Para o público em geral, ele dizia: ‘Venham a mim’. Para aqueles que vieram, ele convidava: ‘Sigam-me’. E para aqueles que o seguiam, ele pedia: ‘Permaneçam em mim’”. [SWINDOLL, Charles R. Jesus, o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008 pág. 180]. É uma pregação dinâmica, crescente, com começo, meio e fim. Jesus usa a figura do pão e do vinho para ilustrar como vai morrer, revela como será traído e como os líderes religiosos vão maltratá-lo, mas tranquiliza seus discípulos, prometendo-lhes o Consolador (cf. Jo 13:2 a 14:31).

Jesus deixa claro que vai morrer. Para isso veio. É o ápice de sua pregação e de seus atos messiânicos. Contudo, ele não interrompera seu relacionamento com os discípulos. Então, começa a explicar-lhes como isso acontecerá: Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor (Jo 15:1). Ele assume que é a videira verdadeira! Mas como é isso, se a videira verdadeira é Israel? (cf. Sl 80:8-16; Is 5:1-7: Jr 2:21) Lembremo-nos: A cruz dará um novo significado espiritual à Páscoa, símbolo de libertação do povo na Antiga Aliança. E por que essa mudança drástica? Porque Israel falhou na missão de ser luz do mundo, não dando a este os frutos esperados.

2. A atuação daquele que capacita: Na Nova Aliança, Jesus Cristo é a Videira Verdadeira! Trata-se de uma parábola cujo objetivo é ensinar os salvos a viverem no reino de Cristo como filhos de Deus, através de uma atitude espiritual chamada por Jesus de permanecer em mim. Essa exigência de Cristo é óbvia, pois nenhum agricultor planta pensando em não colher. Israel era a vinha plantada por Deus no mundo para frutificar, expandir o reino de Deus, mas fracassou. Como videira, foi cortada, porque como afirmou o Senhor: Todo ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta (Jo 15:2a). Deus Pai, o agricultor, “plantou” Jesus no lugar de Israel. De igual modo, se o salvo não produz, é porque não permanece em Cristo e pode vir a ser reprovado (Jo 15:6).

Por outro lado, se o salvo em Cristo produz frutos dignos do reino de Deus (Mt 5:16), o Agricultor limpa, para que produza mais fruto ainda (Jo 15:2b). Não pode haver dúvidas: essa mensagem não se destina aos não salvos, mas aos salvos pela graça. Jesus está falando para os que já estão limpos do pecado: Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado (Jo 15:3). A esses, Jesus ordena: ...permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. A razão da exigência é explícita: Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim (Jo 15:4).

3. O lembrete daquele que capacita: É fácil criticar e condenar Israel. Esse povo, de fato, não frutificou. Mas nós, que somos enxertados na raiz da videira original, por meio de Cristo (Rm 11:17-18), como estamos? Será que a acusação bíblica contra a falha de Israel não se aplica também a nós? Israel falhou como videira, não estaríamos falhando como ramos? Essas perguntas são incômodas, mas são fundamentais para a saúde espiritual de quem já foi salvo em Cristo. Para respondê-las, é necessário honestidade pessoal no uso de João 15. No texto, Jesus afirma que a videira é ele, que seu Pai é o agricultor e que os salvos são os ramos. Há o plantador, há a planta e há os ramos.

Todas as condições para a frutificação foram providenciadas. Mas só existe uma maneira de os ramos frutificarem: permanecendo na árvore. De si mesmos, os ramos não frutificam. Na Bíblia, o ato de “permanecer” equivale a estar “em Cristo”, isto é, refere-se às pessoas que foram justificadas pela fé em Jesus, e, como consequência, estão livres da condenação do pecado (Rm 8:1). Esta é a nova posição dos salvos: estão “em Cristo”. Foi-lhes assegurada a vida eterna. Foram colocados na Videira Verdadeira. Todavia, estando os crentes nessa posição, Jesus exige destes produção. Uma produção totalmente dependente da Videira, porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15:5), disse o Senhor.

4. A condição daquele que capacita: É fatal não estar em Jesus. Não há produção, não há frutos fora dele: Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15:6). Se a condição para frutificar é “permanecer”, como fazê-lo e que fruto é esse? Para permanecer, é necessário absorver o ensinamento da palavra de Deus, os 66 livros da Bíblia: Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós (Jo 15:7a). Sem ler a Bíblia, meditar nela, falar sobre ela com outras pessoas, aplicá-la na vida, não há como ter conexão com Jesus nem produzir algo que lhe agrade [SWINDOLL, Charles R. Jesus, o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008 pág. 180]. “Observe que Jesus não ordenou que os crentes produzissem fruto. O fruto é o propósito do ramo, mas não é a responsabilidade do ramo” [SWINDOLL, Charles R. Jesus, o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008 pág. 184]. Para produzir, o ramo necessita receber seiva da Videira. Se estiver nela, o salvo recebe vigor, ou seja, automaticamente recebe capacidade espiritual para agir produtivamente (Jo 15:7b). Em termos de qualidade, os frutos podem ser “as qualidades de caráter que marcam um crente sadio e maduro” [SWINDOLL, Charles R. Jesus, o maior de todos. São Paulo: Mundo Cristão, 2008 pág. 184]. São as qualidades de Cristo listadas por Paulo em Gálatas 5:22 e 23. Seguindo o exemplo de Jesus, o salvo passa a produzir, isto é, começa a orar, a glorificar a Deus, a amar o próximo e a transbordar de alegria, independentemente das circunstâncias (cf. Jo 15:9-15,17).

No que diz respeito à quantidade, os frutos podem se referir ao ato de conduzir muitos dos não salvos a Cristo (cf. Jo 15:8 e 16). Contudo, o volume da produtividade jamais deve ser atribuído ao esforço humano, mas à perseverança de manter-se inteiramente “em Cristo”, de quem vem a seiva, a força, a capacidade espiritual para ser ramo frutífero. O certo mesmo é que os frutos têm relação direta com a nova identidade do salvo, ou seja, ele é conhecido pelo que produz. Como o próprio Jesus disse: Assim, pelos seus frutos, os conhecereis (cf. Mt 7:16-20). E esta é a grande expectativa da Videira: que seus ramos sejam frutíferos e produtivos.

II – OLHANDO PARA NÓS

1. Se não frutificar, o cristão é cortado - João 15 é um texto maravilhoso e terrível. O Agricultor deu o seu melhor: a Vinha perfeita (Jo 3:16). Agora espera os frutos dos belos ramos. Isso é maravilhoso! Ele aguarda o tempo da colheita. Há tempo de plantar e tempo de colher (Ec 3:2). No tempo certo, os ramos que não dão frutos serão cortados, e secarão como a erva (Jo 15:2a). Há quantos anos você é salvo? Há muita gente que está na Videira há tempos. Mas o tempo passou e nada mudou. Continuam o mesmo temperamento, os mesmos problemas, as mesmas obras. Quase nada do caráter e da vida de Jesus chegou ao coração e à mente. Resultado: será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15:6). O cristão é cortado. Isso é terrível!

2. Se podado, o cristão frutifica mais - O Agricultor olha para o ramo cheio de frutas e se alegra. Mas, para que dê mais frutos, mete-lhe a tesoura e poda-lhe as partes substanciais. O ramo fica mutilado, feio, sem cor, mas, na primavera e no verão, ressurge vigoroso e carregado de frutos. Você é um cristão atuante? Serve incondicionalmente? É de bom testemunho, um exemplo para os de dentro e os de fora da igreja? Prega Jesus aos não salvos? Sim? Então você está em Cristo! Tem seiva, tem força, tem fé, tem boas obras. Mas, atenção: Você pode fazer mais, e, por isso, o Pai vai podá-lo. Os sofrimentos, ao molde de Cristo, vão aperfeiçoá-lo (Hb 5:7-9, 13:12; II Co 2:4; Cl 1:24). Você está nas mãos do Agricultor! Não há vida cristã tranquila. A poda virá e você produzirá mais.

3. Se permanecer, o cristão frutifica sempre - O Agricultor não é um explorador dos ramos. Ele poda porque quer ver o ramo vivo e produtivo, na videira. “Essencialmente, ser cristão é ‘estar em Cristo’, organicamente unido a ele” [STOTT, John. A Bíblia Toda, O Ano Todo: Meditações Diárias de Gênesis a Apocalipse. Viçosa: Editora Ultimato, 2007 pág. 235]. É manter, em forma crescente, a relação com Cristo, iniciada na justificação, crendo que ele permanecerá em nós. É permitir que ele seja Senhor e doador de nossa vida. O que atrai mais você: os mandamentos de Cristo ou a pessoa de Cristo? A quem você ama mais: a igreja de Cristo ou o Cristo da igreja? Atenção: A seiva que nos mantém frutificando sempre vem da íntima relação com Jesus! A alegria, a paz, a esperança vêm direto de Cristo. Ele é superior à igreja, à doutrina, a tudo e todos. Esse é o segredo da vida constantemente frutífera.

CONCLUSÃO

O Pai é o agricultor, o Filho é a videira e os salvos, os ramos. Os ramos mortos serão totalmente amputados da Videira, para não a deixar improdutiva. Os ramos vivos são podados, de forma dramática, para que a seiva da Videira chegue aos frutos e não apenas à madeira dos galhos. Resumidos a tocos secos, os ramos ressurgem no outono, com força e frutos. Assim é Deus cuidando dos salvos em Cristo e da igreja de Cristo. “Deus retira do meio de seus santos todos os ramos mortos, e muitas vezes poda os ramos vivos de tal forma que Seu método chega a parecer cruel. Os melhores frutos, porém, vêm, com freqüência, daqueles que sofrem mais” [GIRE, K. Meditações para a vida: meditando na palavra de Deus nos momentos do dia-a-dia. Rio de Janeiro: Textus, 2001 pág 160].

Ó Agricultor hábil, poda-nos, capacita-nos a frutificar na Videira, que é Cristo Jesus, nosso Senhor e Doador da vida!
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DEC – PC@maral

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