Em nome da moral e dos bons costumes
Por Eliane Pinheiro em Sobre fé e transcendência
Não importa quão estelionatário, quão imoral, quão absurda seja a postura dos políticos evangélicos, sempre terão quem os defenda. Não importa se o cara paga salários para pastores amiguinhos que nunca foram trabalhar, se ele pousar de zeloso pela família. Para crente alienado, basta qualquer safado ser de sua religião, chorar e dizer que zela pela moral (que não tem) que já é defendido como se fosse o que não é. O discurso da “Defesa da família” nega as famílias que temos: gente divorciada que se casa de novo, gente que resolve seguir só com os filhos, gente que não quer ter filhos, família com mãe solteira, família com duas mães, dois pais. Chamam de “família destruída” um casal que admite que seu casamento seja uma farsa e chamam de família “estruturada” quem viva de aparências. De seus adultérios e hipocrisias não falam. Defendem a exclusão, o machismo, têm pavor da igualdade de direitos; cometem homofobia dizendo que amam, que não são homofóbicos.
A piedade dos grandes líderes religiosos equivale a ”levantar um grande clamor” com gemidos de sofrimento contra “a corrupção desse país” e negociar com os políticos um cachê gospel com dinheiro público. O povo se impressiona com quem se joga no chão do palco cheio de “quebrantamento” mas não se impressiona com sua riqueza. O povo, suscetível a pregações barulhentas e demonstrações de pentecostes, desconhece que em geral as igrejas sustentam sua ideologia política na oferta que lhe faz qualquer político: cinco milhões? Uma marcha pra Jesus? Algum cargo político? Ávidos por dinheiro e poder, vendem a si mesmos; com aparência de piedade, enganam seu povo por muito mais que trinta moedas de prata. Judas, o arquétipo da traição cristã, arrependeu-se. Os políticos crentes e os donos corrompidos de certas igrejas evangélicas jamais se arrependem: justificam-se, inventam perseguições, dizem-se injustiçados, abençoam o dinheiro amaldiçoado.
A moral que defendem é a de institucionalizar seu moralismo farisaico.
A liberdade que defendem é a de cercear a liberdade dos outros.
Os bons costumes que praticam é espalhar mentiras e calúnias contra quem ameaça seus privilégios e os desmascaram.
Em tempos de efervescência na Comissão de Direitos Humanos, li escandalizada Ana Paula Valadão se pronunciar a respeito de Marcos Feliciano por ser “corpo de Cristo” e conclamar o povo a apoiá-lo, por fazer parte de seu clube religioso. Sob esta ótica, um ateu ético não é “corpo de Cristo”, ao passo que qualquer patife corrupto com cartão de membro é irmão.
Facilmente consideram herege o cristão que não defenda seu falso evangelho. Não se comovem com nenhuma afirmação social, reino de Deus na Terra nada tem que ver com justiça e ouvir clamor dos pobres, mas com o crescimento de suas denominações, com a expansão do rebanho que os manterá cada vez mais ricos em nome de Deus. Interessam-lhes manter as coisas exatamente como estão para que sua falsa generosidade se perpetue, para que sejam aplaudidos nas praças; dão com a mão direita e tornam públicas suas esmolas. Nas palavras de Paulo Freire, “os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que sua generosidade continue tendo oportunidade de realizar-se, na permanência da injustiça”. E nada mais indignante que um opressor vestido em pele de ovelha. Ou de pastor , no caso.
A piedade dos grandes líderes religiosos equivale a ”levantar um grande clamor” com gemidos de sofrimento contra “a corrupção desse país” e negociar com os políticos um cachê gospel com dinheiro público. O povo se impressiona com quem se joga no chão do palco cheio de “quebrantamento” mas não se impressiona com sua riqueza. O povo, suscetível a pregações barulhentas e demonstrações de pentecostes, desconhece que em geral as igrejas sustentam sua ideologia política na oferta que lhe faz qualquer político: cinco milhões? Uma marcha pra Jesus? Algum cargo político? Ávidos por dinheiro e poder, vendem a si mesmos; com aparência de piedade, enganam seu povo por muito mais que trinta moedas de prata. Judas, o arquétipo da traição cristã, arrependeu-se. Os políticos crentes e os donos corrompidos de certas igrejas evangélicas jamais se arrependem: justificam-se, inventam perseguições, dizem-se injustiçados, abençoam o dinheiro amaldiçoado.
A moral que defendem é a de institucionalizar seu moralismo farisaico.
A liberdade que defendem é a de cercear a liberdade dos outros.
Os bons costumes que praticam é espalhar mentiras e calúnias contra quem ameaça seus privilégios e os desmascaram.
Em tempos de efervescência na Comissão de Direitos Humanos, li escandalizada Ana Paula Valadão se pronunciar a respeito de Marcos Feliciano por ser “corpo de Cristo” e conclamar o povo a apoiá-lo, por fazer parte de seu clube religioso. Sob esta ótica, um ateu ético não é “corpo de Cristo”, ao passo que qualquer patife corrupto com cartão de membro é irmão.
Facilmente consideram herege o cristão que não defenda seu falso evangelho. Não se comovem com nenhuma afirmação social, reino de Deus na Terra nada tem que ver com justiça e ouvir clamor dos pobres, mas com o crescimento de suas denominações, com a expansão do rebanho que os manterá cada vez mais ricos em nome de Deus. Interessam-lhes manter as coisas exatamente como estão para que sua falsa generosidade se perpetue, para que sejam aplaudidos nas praças; dão com a mão direita e tornam públicas suas esmolas. Nas palavras de Paulo Freire, “os opressores, falsamente generosos, têm necessidade, para que sua generosidade continue tendo oportunidade de realizar-se, na permanência da injustiça”. E nada mais indignante que um opressor vestido em pele de ovelha. Ou de pastor , no caso.
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