A Missão da Igreja e as Ideologias das Cidades

A Babilônia foi uma grande cidade e um império que perseguiu o povo de Deus, conquistou os povos do mundo impondo suas ideologias, religião, imoralidade e estilo de vida no mundo antigo. Em Apocalipse dezoito, ela é o símbolo dos valores pecaminosos deste mundo, o que chamamos de "mundanismo". Tais valores são vistos claramente nas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos. Na época dos primeiros cristãos, a cidade de Roma era o grande paradigma destes valores.

A Babilônia foi uma grande cidade e um império que perseguiu o povo de Deus, conquistou os povos do mundo impondo suas ideologias, religião, imoralidade e estilo de vida no mundo antigo. Em Apocalipse dezoito, ela é o símbolo dos valores pecaminosos deste mundo, o que chamamos de "mundanismo". Tais valores são vistos claramente nas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos. Na época dos primeiros cristãos, a cidade de Roma era o grande paradigma destes valores.

Mas, estes valores pecaminosos também estão em todas as cidades que já existiram e ainda existirão; se encontram em todas as sociedades humanas, grandes ou pequenas, rurais ou urbanas.

Ai, ai daquela grande cidade! Que estava vestida de linho fino, de púrpura, de escarlata; e adornada com ouro e pedras preciosas e pérolas! Porque numa hora foram assoladas tantas riquezas. (Ap 18:16)

O foco deste estudo bíblico tem como base o capítulo dezoito do livro de Apocalipse, nos dando luz sobre a missão da igreja nas cidades contemporâneas, e de como esse sistema de valores está por trás das relações humanas, instituições, religiões, arte, cultura e estilos de vida presentes no contexto urbano e suas implicações para uma igreja em missão.

I – Refletindo sobre a missão da igreja nas cidades:

Se quisermos entender as ideologias da cidade, ou seja, o conjunto de ideias que rege o modo de viver, de pensar, de se comportar das pessoas, bem como das instituições e dos valores urbanos, o capítulo dezoito do livro de Apocalipse é o adequado para essa tarefa. Vemos ali um retrato profético e apocalíptico sobre as ideologias das cidades representadas pela figura da “grande cidade”, a Babilônia.

Entendendo o ensino bíblico.

1. As ideologias das cidades:

Os capítulos dezessete e dezoito do livro de Apocalipse formam um par conceitual e representam com símbolos diferentes uma mesma ideia: o sistema deste mundo é contrário a Deus. É um sistema de valores opostos a Deus e à sua vontade. Ele é representado como uma mulher em Apocalipse dezessete e como uma cidade no capítulo dezoito. A mulher e a cidade, portanto, significam, a mesma coisa (Ap 1 7:5), o sistema deste mundo, pecaminoso e contrário aos valores do reino.

As grandes cidades do mundo

Diferente do cenário rural que nos lembra da natureza e os animais, a cidade é construção humana, marcada pela aglomeração de pessoas, um grande símbolo da própria humanidade. A Babilônia, portanto, aparece no capítulo dezoito como arquétipo das cidades do mundo, da própria civilização e de seus valores corrompidos.

Diferente do cenário rural que nos lembra da natureza e os animais, a cidade é construção humana, marcada pela aglomeração de pessoas, um grande símbolo da própria humanidade. A Babilônia, portanto, aparece no capítulo dezoito como arquétipo das cidades do mundo, da própria civilização e de seus valores corrompidos. Ela é um conjunto de ideias ou ideologias, "é a filosofia de vida regente no mundo: aquilo que chamamos de mundanismo".

O mundanismo é esse conjunto de ideias contrárias a Deus. Ele opera por trás das instituições, da cultura, da política, da economia, das religiões e das formas de pensar e agir nas sociedades. Suas ideias são visíveis no ambiente urbano.

A imoralidade

Primeiro, a imoralidade: pois todas as nações beberam do vinho da fúria da sua prostituição (v.3). A "imagem da prostituição para retratar tanto a imoralidade quanto a idolatria é comum no AT" (Jr 3:1-3; Ez 16:15-17; Os 2:5). A Babilônia é chamada de "prostituta" para indicar a imoralidade do mundanismo.

O materialismo

O materialismo, em segundo lugar, é outra ideia simbolizada pela Babilônia: pois à custa do seu luxo excessivo que os negociantes da terra se enriqueceram (18:3). Ele se manifesta no consumismo como referencial de vida (v.11), motivado pela ambição e ganância, pelo supérfluo (v. 1 2;1 4) e luxuoso (v. 7;9), pela injustiça social que desumaniza e trata como mercadoria os corpos e almas de seres humanos (18:13).

A autossuficiência

Em terceiro lugar, vemos a autossuficiência. Babilônia, era uma cidade que glorificava a si, não a Deus. Julgava não necessitar do Rei dos reis: em seu coração ela se vangloriava: Estou sentada como rainha; não sou viúva e jamais terei tristeza (18:7). Ela representa a autossuficiência humana presente nas cidades, em que pessoas julgam não precisarem de Deus, buscando o sucesso e as conquistas e quando os alcançam se sentem intocáveis e superiores.

A falsa religião

Em quarto lugar, a falsa religião. O texto diz que Todas as nações foram seduzidas por suas feitiçarias (18:23), isto é, pelo engano espiritual e apostasia satânica promovidos pela Babilônia.

A hostilidade a fé

Por fim, em quinto lugar, temos a hostilidade à fé: Nela foi encontrado sangue de profetas e de santos, e de todos os que foram assassinados na terra (18:24). Uma das marcas e ideias do mundanismo é a hostilidade para com aqueles que têm a fé em Jesus.

O mundanismo é esse conjunto de ideias contrárias a Deus. Ele opera por trás das instituições, da cultura, da política, da economia, das religiões e das formas de pensar e agir nas sociedades. Suas ideias são visíveis no ambiente urbano.

2. As ideologias e a igreja:

Apocalipse dezoito é um retrato das ideologias ou conjunto de ideias que age por trás do pensamento e do comportamento de muitas pessoas na cidade, bem como de muitas organizações, culturas, economias, valores e crenças das civilizações ao longo da história, isto é, o sensualismo, materialismo, autossuficiência, falsa religião e hostilidade à fé.

Esse sistema de valores deturpados esteve sempre operante no mundo e continua sustentando o tecido cultural das cidades em que estamos. Quais as implicações disto para a missão da igreja? O que Apocalipse dezoito nos ensina?

2 – Aplicando o ensino na missão da igreja

1 - A igreja deve denunciar esses valores e ideias como pecados contra Deus.

A cultura pode aprovar as práticas sexuais promíscuas, o consumismo, o sincretismo religioso, a ridicularização da fé, mas não o povo de Cristo. Esses valores são pecados contra o Senhor: Pois os pecados da Babilônia acumularam-se até o céu, e Deus se lembrou dos seus crimes (Ap 18:5). Ao longo da história, cidades foram destruídas pelo grande volume de sua pecaminosidade, como Sodoma e Gomorra, Babilônia e Nínive (Gn 19; Jr 51; Na 1). Os profetas denunciaram seus pecados e a igreja deve fazer o mesmo.

Apocalipse dezessete mostra a influência do mundanismo na história e o capítulo dezoito sua completa ruína que se dará pelo retorno de Jesus (cap. 19). O sistema deste mundo está com as horas contadas, Assim, a igreja chama as pessoas da cidade ao arrependimento (At 17:30-31), mostrando que os valores deste mundo, opostos a Deus, levarão apenas à ruína e à destruição, por isso devem buscar a salvação que pertence apenas ao Senhor nosso Deus (Ap 19:1).

2 - A igreja não pode ser conivente com o conjunto de ideias mundanas entranhadas na estrutura de nossas cidades:

E ouvi outra voz do céu que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. (Ap 18:4). A Babilônia não existia quando o Apocalipse foi escrito, então, a aplicação desta ordem não seria a de, literalmente fugir de alguma cidade.

"Fugir", no texto, significa não participar dos valores contrários a Deus que são assumidos e praticados em nossas cidades (Ef 5:1 1; 2 co 6:14, 1 7; 2 Tm 2:22).

Nunca foi tão importante entender a extensão e profundidade da cosmovisão cristã, isto é, a aplicação dos princípios bíblicos à realidade da vida, da sexualidade, da política, da economia, da arte, da filosofia e das ideologias para discernir os valores mundanos e não anuir-se a eles.

O alerta para a igreja em missão na cidade é que não se contaminem com as ideologias ou conjunto de ideias presentes no ambiente urbano como a promiscuidade, o materialismo, a autossuficiência humana, a falsa religião e as forças sociais hostis à fé.

II – Agindo aplicando os valores do reino na missão da igreja nas cidades

 1. Em sua missão na cidade, a igreja deve denunciar os valores mundanos.

Entre os itens comerciais da Babilônia estavam os corpos e almas de seres humanos (18:13), uma referência à escravidão em Roma na época. O materialismo mundano influencia a economia e a sociedade cujas relações estão baseadas na injustiça social, na exploração dos mais pobres, na desumanização, com pessoas tornando-se mercadorias, mão de obra barata e números sem rostos.

As cidades estão imersas em ideologias que transfiguram a sexualidade humana, que aprovam comportamentos promíscuos e projetos de vida autossuficientes e arrogantes, que descartam Deus e glorificam a si mesmos. E um conjunto de ideias que difunde falsas religiões e instiga a hostilidade e perseguição à fé. Alerte as pessoas de sua cidade que os pecados da Babilônia acumularam-se até o céu (Ap 18:5), chame-as ao arrependimento (At 17:30-31).

2. Em sua missão na cidade, a igreja deve renunciar os valores mundanos.

A Babilônia é símbolo do materialismo, da ostentação, do consumismo, da desigualdade e da busca pelo luxo e pelo supérfluo que produzem uma relação social injusta. Ela representa a busca por religiões que se adéquam ao gosto do consumidor, a ridicularização dos que têm fé, a permanência do estilo de vida indiferente à existência de Deus e à sua vontade e a rebelião aos padrões morais que o Criador estabeleceu.

O cristão não corre o perigo de ter um estilo de vida marcado pelo materialismo, sensualismo, autossuficiência, bem como pela busca de falsas religiões ou de ideias hostis à fé? Não seria isso um cristianismo mundano? É claro que sim. Portanto, o alerta de Apocalipse é atual: ...não participem dos seus pecados, para que as pragas que vão cair sobre ela não os atinjam! (Ap 18:4). Em sua missão na cidade, a igreja deve renunciar os valores mundanos.

III - Concluindo

Apocalipse dezoito representa o sistema e as ideologias atuantes nas cidades e na civilização humana ao longo da história, através do símbolo da grande Babilônia, cujos valores ou ideias são, entre outros, o sensualismo, o materialismo, a autossuficiência, a falsa religião e a hostilidade à fé.

Nosso desafio missional é reconhecer estes valores em nossa cidade.

A missão da igreja: chamar os pecadores ao arrependimento e ajudá-los a manterem-se fora deste sistema.


Fonte:
Uma Igreja para a Cidade – O desafio da Missão Urbana
Editora Promessa – págs 25 a 30 - 1º trimestre de 2021

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