A Maior Missão da Igreja

“Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração”. (Cl 3:16)

Qual é a maior missão da igreja de Cristo? Há os que defendem que a maior missão que Cristo deu a sua igreja é a pregação do evangelho aos não crentes; outros ainda afirmam que é a assistência social aos carentes, e, neste sentido, caberia à igreja a responsabilidade de suprir as necessidades básicas dos pobres, sejam estes crentes ou não. Com certeza, Cristo nos mandou pregar o evangelho, exercitar misericórdia aos necessitados. Contudo, a missão que precede tudo isso é a adoração.

A adoração precede qualquer outra missão da igreja, porque é o que move os crentes a fazerem o que Cristo lhes ordenou. Não evangelizamos, não ensinamos, não ofertamos, não amparamos os necessitados, sem que, primeiramente, tenhamos a consciência de que servimos a um Deus que merece nosso amor e nos capacita a servi-lo, e sem que tenhamos um coração desejoso de glorificá-lo. É essa consciência da pessoa de Deus que nos move a ofertar-lhe nosso serviço. Isso vem antes de tudo, e se chama adoração. Nas palavras de Grudem, esta
“é a atividade de glorificar a Deus em sua presença com nossa voz e com nosso coração”
. Vamos conhecer, então, quatro maneiras pelas quais cumprimos essa missão.

1. A nossa maior missão é adorar a Deus de maneira contínua:

O texto escolhido como base deste estudo nos apresenta uma importante lição a respeito da adoração que devemos oferecer a Deus: deve ser contínua. Observe que, na última parte do versículo, o verbo “louvar” indica uma atitude presente, em andamento, ou seja, algo que não tem um término definido: louvando a Deus. No grego, todos os verbos que aparecem nesse versículo apresentam essa ideia de continuidade. Se os transportarmos para o português, teremos: instruindo (ou ensinando), aconselhando, louvando (ou cantando). Com base nisso, podemos dizer que Paulo está tratando de um modo de viver, não de momentos isolados. Infelizmente, somos inclinados a pensar em adoração apenas como um momento específico: aquele em que nos encontramos com os irmãos no templo para cultuar a Deus. O mais grave é que ainda costumamos restringir a adoração apenas ao momento do louvor coletivo, quando, na verdade, todo o culto é adoração a Deus: os louvores, as orações, a pregação. Mas o que precisamos mesmo entender é que o nosso culto deve ir além das paredes do templo; deve ser contínuo, a exemplo da adoração de Davi, que disse: "Bendirei ao Senhor em todo o tempo, o seu louvor estará sempre nos meus lábios" (Sl 34:1).

2. A nossa maior missão é adorar a Deus de maneira musical:

O texto de Cl 3:16 traz outra verdade muito significativa: mostra que Deus quer que seu povo se expresse em adoração de forma musical. Quando Paulo menciona salmos, hinos e cânticos espirituais, está ensinando que, além de contínua, a adoração do crente em Jesus precisa ser cantada. Deus inventou a música e nos deu uma capacidade específica para a atividade musical. O Antigo Testamento está repleto de provas do cuidado de Deus com a música e com os músicos (I Cr 13:8, 15:16-24,28, 16:7,41-42; Ed 2:65). A música sempre fez parte da adoração do povo de Deus. Como percebemos, nas palavras de Paulo, a música também tem seu lugar na adoração do povo da nova aliança. Essas maneiras musicais mencionadas pelo apóstolo são um encorajamento a confiarmos em Deus sempre. Assim, em adoração a ele, devemos cantar hinos de exaltação ao seu nome, de gratidão, de súplica, de lamentação. A beleza dessa mensagem é que Deus ama nossa expressão musical de adoração. O Espírito Santo diz ao Pai, também através da música, o que está escondido em nosso coração, ainda que seja um gemido de dor. Por isso, podemos cantar nossa esperança em seu nome.

3. A nossa maior missão é adorar a Deus de maneira agradecida:

Na sequência do versículo, Paulo apresenta um aspecto importante do culto cristão diário: precisa ser oferecido com gratidão. Observe o texto: ... louvando a Deus, com salmos e hinos e cânticos espirituais, com gratidão, em vossos corações (grifo nosso). Em adoração, os servos de Deus, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, sempre mostraram reconhecimento da pessoa de Deus e dos seus feitos (Cf. I Cr 16:8,34; II Cr 20:21; Sl 7:17, 30:4, 35:18, 50:14, 52:9, 57:9, 92:1; Is 51:3; Mt 11:25; Lc 2:38; Rm 1:21, 7:25), porque sabiam que a gratidão é agradável a Deus e a ingratidão é por ele reprovada. Deus, por ser Senhor de tudo e Senhor das nossas vidas, merece nossa gratidão. Mas dizer que devemos tudo a Deus é muito genérico. Vamos, então, lembrar algumas das dádivas mais valiosas que recebemos dele. Como bem se expressou Paulo: ... ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais (...). Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos (At 17:25b,28a). Deus também é o autor da nossa salvação (Jo 1:12-14, 3:16, 8:42) e nos deu direito à vida eterna. A esse respeito, lemos, no Evangelho de João, capítulo 3, versículo 36a: ... quem crê no Filho tem a vida eterna (Cf.: Jo 8:51, 17:3). Por tudo isso, devemos-lhe nossa gratidão.

4. A nossa maior missão é adorar a Deus de maneira cardíaca:

Observe, ainda, no mesmo versículo, que o apóstolo Paulo inclui outro aspecto muito importante na adoração do crente em Jesus: precisa acontecer no coração. É claro que ele não está se referindo ao órgão responsável pela circulação do sangue no corpo humano. A expressão em vossos corações quer dizer que devemos adorar a Deus por inteiro. Tudo em nós precisa estar sujeito ao Senhorio de Cristo. Isso é o que o mesmo Paulo chama de "culto racional", em Rm 12:1. A adoração apenas de lábios sempre foi reprovada por Deus (Is 29:13; Mc 7:6). O Senhor Jesus não comprou com seu sangue apenas parte de nós. Ele nos comprou por completo! Por isso, devemos adorá-lo "em espírito e em verdade" (Jo 4:22-23), ou seja, devemos nos envolver conscientemente com a pessoa de Deus, o que implica conhecê-lo e estar afetivamente ligados a ele. Portanto, quando o adoramos em nossos corações, reconhecemos quem ele é e demonstramos nosso amor por ele, em intenções, palavras e atitudes. Adoração é a missão principal dos filhos de Deus. Para desempenhá-la de maneira aceitável, precisamos estar cientes de que estamos continuamente diante de Deus, de que ele é digno do nosso louvor e da nossa gratidão; precisamos também lhe entregar tudo que somos. Toda a nossa vida diz respeito a ele. Sendo assim, se queremos adorá-lo em espírito e em verdade, precisamos praticar esses quatro princípios que acabamos de estudar. A partir de agora, vamos aprender mais três importantes lições sobre nossa missão de adorar.

A adoração da igreja precisa ter um conteúdo bíblico.

Vamos refletir sobre o início do nosso texto-base: "Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo". Aqui, Paulo nos ensina que a palavra de Cristo precede todo e qualquer ritual, pois como cantaremos ou oraremos a um Deus cujo ensino ignoramos ou desprezamos? Só conhecemos a Cristo através de sua palavra. No Salmo 119, Davi mostra quão valiosa é a Sagrada Escritura. Por isso, ela deve ser o conteúdo da nossa adoração e deve habitar ricamente em nós. Habitar, diga-se de passagem, não é “ficar” por alguns momentos, mas é morar para sempre! Portanto, a palavra de Cristo deve influenciar nossa vida constantemente.

A adoração da igreja precisa ter um envolvimento humano.

Na sequência do versículo, Paulo diz: "instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria". A partir dessa ordem, entendemos que nossa adoração, ainda que não se restrinja ao culto coletivo, precisa incluir a comunhão do corpo de Cristo, pois cada crente em Jesus deve partilhar com seus irmãos de fé as riquezas espirituais que lhe são concedidas por Deus. É nesse envolvimento que Cristo age em sua igreja, ensinando-a, aconselhando-a e consolando-a, através dos próprios crentes. Isso nos lembra o Salmo 133:1, que diz: "Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!". É essa adoração que agrada a Deus.

A adoração da igreja precisa ter um propósito eterno.

Não podemos esquecer que o apóstolo Paulo diz que nossa adoração tem um destinatário: "louvando a Deus". O nosso alvo deve ser, hoje e sempre, o nosso Senhor Jesus Cristo, aquele que "nos tirou das trevas para a sua maravilhosa luz" (I Pe 2:9), aquele que nos amou primeiro (I Jo 4:19), que nos quis antes de o querermos. A ele, devemos nossa eterna gratidão. O propósito da nossa maior missão é, portanto, engrandecer o nome desse Deus maravilhoso.

Essa é uma missão para sempre, pois, em breve, estaremos diante do Cordeiro, adorando-o constantemente (Ap 5:12-13, 7:9-10, 15:3).

Aprendemos princípios valiosos sobre a adoração: ela precisa ser oferecida a Deus de maneira contínua, musical, agradecida e cardíaca.

Também aprendemos que a adoração precisa ter um conteúdo bíblico: a palavra de Deus; um envolvimento humano: a comunhão entre os crentes em Jesus, e um propósito eterno: a exaltação a Deus, aqui e na eternidade.

A partir desse ensino, podemos entender que a adoração envolve tanto nosso viver diário, fora da igreja, quanto nosso relacionamento com os demais membros do corpo de Cristo.

Não se trata, portanto, apenas de uma parte de nossa vida, mas de nossa vida toda.

Pense nisso

DEC - PCamaral

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