Deus não deu ao homem apenas um jardim mas, um planeta inteiro.

imagem de uma paisagem paradisíaca

Graças a Deus, é segunda-feira! Com toda certeza, você não ouve essa frase com freqüência. Mesmo depois de desfrutarmos do descanso restaurador do final de semana, ao invés de estarmos ansiosos para começar mais uma semana de trabalho, a segunda-feira é tida, por muitos, como o pior dia da semana; isso porque a maioria, inclusive nós, cristãos, encara o trabalho como algo penoso e doloroso. Mas será esta a visão bíblica do trabalho? Como o podemos encarar? É por esse caminho que pretendo andar no artigo de hoje. Com a Bíblia na mão, caminhemos um pouco mais.

Então o Senhor Deus pôs o homem no jardim do Éden, para cuidar dele e nele fazer plantações. (Gn 2:15 – NTLH)

Analisando o relato bíblico

Como você vê o trabalho? No mundo grego antigo, especialmente entre os filósofos, o trabalho era visto como uma maldição, um mal absoluto, e ficar sem trabalho era um fato singularmente apreciado. Será esta a visão bíblica? É certo que não. A Bíblia inicia sua narrativa com Deus trabalhando. No presente estudo, continuando a nossa caminhada no livro de Gênesis, chegamos ao capítulo dois. E é com base nele que descobriremos a maneira correta de encarar o trabalho. Analisemos o relato por partes: Primeiro a criação, depois a morada e por fim, a missão do homem.

1 - A criação do homem

Pelo menos “três marcas” peculiares da criação de Adão, o primeiro trabalhador, são vistas neste capítulo.

1.1 - A criação do homem foi enfatizada.

Ao comparar o capítulo 1 e o capítulo 2 de Gênesis, houve quem dissesse tratar-se de duas versões diferentes da criação, cada uma com um autor. Isso é um grande mal entendido. O relato do capítulo 2 de Gênesis não é outro relato da criação, mas apenas “uma visão mais pormenorizada do capítulo 1”. Nesses versículos, o autor do livro conta a mesma história e acrescenta mais alguns detalhes. No capítulo 1, a ênfase está na criação do universo. Já no capítulo 2, a criação do homem é enfatizada.

1.2 - A criação do homem foi detalhada.

Diz o texto: ...Deus formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente (Gn 2:7). A criação do homem foi especial, sem precedentes! O verbo “formou” faz lembrar o oleiro criando uma obra de arte com suas mãos habilidosas. Já o verbo “soprou” indica um sopro caloroso, pessoal, com a proximidade do contato face a face de um beijo. Formar do pó foi um passo enorme, mas o pó estava longe de ser um homem. Com seu sopro, Deus comunicou sua própria vida àquela massa sem vida.

1.3 - A criação do homem foi valorizada.

O texto diz que o Senhor soprou no nariz dele a respiração de vida (Gn 2:7). Esse gesto evidencia carinho. O valor dos seres humanos é incalculável! Somente nós, seres humanos, temos a imagem de Deus (Gn 1:26-27). É por isso que, mesmo tendo sido formado do pó da terra, como aos animais (Gn 2:19), “não há elo biológico entre o homem e os animais”. Não é correto e nem bíblico chamar os seres humanos de “animais racionais”. Somos “seres humanos”! Os únicos capazes de pensar, escolher, criar, amar e adorar!

A morada do homem

“Três qualidades” desse lugar são evidenciadas no capítulo 2 de Gênesis e, com elas, aprendemos que, no Éden não havia espaço para a ociosidade.

2.1 - A morada do homem foi preparada.

Além de criar o homem, Deus também preparou um lugar para ele viver, por certo, um dos cuidados que qualquer pai tem com seus filhos. Em Gênesis, capítulo 2, versículo 8, lemos que o Senhor Deus plantou um jardim na região do Éden (NTLH). O verbo “plantar” é tirado da linguagem agrícola e, aqui, é empregado metaforicamente em relação a Deus. O jardim do Éden era um presente vindo direto das mãos de Deus, o criador, para o ser humano.

2.2 - A morada do homem era formidável.

Éden significa “deleite” ou “lugar de muita água” e indica que esse jardim, lugar da morada do homem, era um paraíso! Neste magnífico jardim, o Senhor Deus fez nascer do solo todo tipo de árvores (Gn 2:9a), umas para propiciar comida: boas para alimento (Gn 2:9c); e outras apenas para proporcionar beleza e torná-lo mais bonito: agradáveis aos olhos (Gn 2:9b). O lugar era formidável! Analisando esse relato, é impossível não concluir que Deus queria que a vida de Adão e Eva fosse de prazer e felicidade.

2.3 - A morada do homem era cultivável.

Nesse lugar de indescritível beleza, não havia lugar para a ociosidade. No versículo cinco, antes mesmo da formação do jardim, está implícito na frase: ...não havia homem para cultivar o solo (Gn 2:5 NVI). O solo era cultivável. Depois de plantar o jardim, um vasto sistema de irrigação foi providenciado por Deus: Saía um rio do Éden para regar o jardim; dali se dividia e se tornava em quatro braços (Gn 2:10). As árvores forneciam alimento, mas alguém teria de cuidar delas. Quem? É o que veremos na seqüência.

3. A missão do homem

Depois de analisarmos alguns detalhes sobre a criação e a morada do homem, estamos prontos para entender corretamente a missão do homem e, assim, ter uma correta visão sobre o trabalho. A missão do homem tem três características marcantes.

3.1 - Trata-se de uma missão singular.

Deus colocou o homem que ele havia criado para cuidar do jardim que ele havia plantado: O Senhor colocou o homem no jardim do Éden para cuidar dele e cultivá-lo (Gn 2:15). Uma missão singular! Deus podia fazer todo o trabalho sozinho, afinal, ele plantara o jardim. Mas, por iniciativa própria, humilhou-se, a fim de precisar de cooperação.

3.2 - Trata-se de uma missão digna.

A responsabilidade de Adão era “cultivar” o solo ou “trabalhá-lo”, como sugere o verbo abad, que aparece no texto hebraico original. Dessa forma, Gênesis ensina a dignidade do trabalho na criação. Há quem pense que o trabalho é parte da maldição; porém, a Bíblia não ensina isso. Adão já trabalhava, antes da queda. O que a Bíblia ensina é que a maldição, em decorrência da queda do ser humano, transformou o trabalho bom em algo difícil e com fadiga. Em Gênesis, capítulo 3, versículo 17, Deus amaldiçoa a “terra” e não o trabalho.

3.3 - Trata-se de uma missão agradável.

Não podemos imaginar que, mesmo iniciando sua vida na terra, o homem se sentiria feliz ficando inativo. A ociosidade e a preguiça nunca estiveram nos planos de Deus. Querer um paraíso sem trabalho é buscar algo diferente do propósito de Deus. Deus deu ao ser humano um trabalho que contribuiu para sua felicidade. As obrigações existiam, mas eram agradáveis. “Sem um trabalho construtivo o homem não pode obter da vida uma verdadeira satisfação”.

Aplicando o conhecimento - como encarar o trabalho

1. Encare o trabalho com seriedade!

Trabalhar é uma ordem divina. Como já estudamos, Adão e Eva foram colocados no jardim para “cuidar dele” e “cultivá-lo” (Gn 2:15). A Bíblia condena a preguiça e rejeita a ociosidade! O telhado da casa do preguiçoso é cheio de goteiras, e as vigas logo vão apodrecer e cair (Ec 10:18 – BV). Para os irmãos que moravam na cidade de Tessalônica, Paulo escreveu: Esforcem-se para (...) trabalhar com as próprias mãos, como nós instruímos; a fim de que andem descentemente aos olhos dos que são de fora e não dependam de ninguém (I Ts 4:11-12). Encare o trabalho com seriedade!

2. Encare o trabalho com satisfação!

Como cristãos, não devemos trabalhar apenas para sobreviver, mas, acima de tudo, para viver. Não trabalhamos apenas para ganhar a vida, mas para ter uma vida. Não trabalhamos apenas para “preencher o tempo”, sempre de olho na próxima folga, nas férias ou no final de semana, mas, sabendo que somos cooperadores de Deus, devemos trabalhar com satisfação em simplicidade de coração, temendo a Deus. E tudo o que fizerdes, fazei-o de todo coração, como ao Senhor e não aos homens (Cl 3:22-23). Não devemos trabalhar por ambição, mas de tal maneira que possamos ofertar nosso trabalho a Cristo.

3. Encare o trabalho com equilíbrio!

Apesar de entendermos que o trabalho, remunerado ou não, é benção e não maldição, engrandece o caráter, dignifica o ser humano. Também sabemos que devemos ter uma visão equilibrada sobre ele, afinal, a vida não é só trabalhar! O mandamento de Deus é que trabalhemos seis dias; Pois em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, mas ao sétimo dia descansou (Ex 20:8,11). Trabalho não é tudo! Existe a necessidade de um dia de descanso, onde os homens recuperam suas forças e lembram que Deus é o criador e reservam tempo para adorá-lo.

Concluindo

Seja sincero consigo mesmo: Você é uma das pessoas que tem o nome na lista daqueles que sofrem com a síndrome das “famosas” segundas-feiras? Se a resposta for sim, cuidado! Sua visão a respeito do trabalho pode estar equivocada. Comece, a partir de hoje, a vê-lo como uma benção de Deus, um privilégio, um presente de um Deus sábio que não tem comunhão com a ociosidade e nem com a preguiça. Ao desenvolver o seu trabalho, não esqueça que você é um colaborador de Deus, do cuidado com animais até a física nuclear, das tarefas domésticas à contabilidade. Por isso, aceite o conselho de Paulo:, ...quer comais, quer bebais, ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus (I Co 10:31).

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Um comentário:

  1. Muito bom o estudo PC. Rico em detalhes e perfeito no conteúdo.
    Deus te abençoe!

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