Adão e Eva desobedeceram a ordem de Deus e foram expulsos do paraíso

ilustração Adão e Eva

Quando Deus terminou a criação, após seis dias de intenso trabalho, viu que tudo o que havia feito era muito bom (Gn 1:31). Ele e sua obra estavam em total harmonia. Sendo obra prima da criação, Adão e sua mulher viviam em um paraíso, um lugar de delícias, onde não havia morte, dor e nem tristeza. O mundo era maravilhoso! Hoje, porém, ao olharmos em nossa volta, logo notamos que tudo está diferente. O que aconteceu? É o que veremos nesta lição, que se baseia no terceiro capítulo de Gênesis. Nela, veremos como se deu a entrada do pecado no mundo, suas conseqüências e a esperança que temos em Cristo.

Então, a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, os vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal. (Gn 3:4-5)

Analisando o relato Bíblico

O ser humano foi criado livre e com todo o direito de fazer suas escolhas. Tanto isso é verdade que Deus disse: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás (Gn 2:16-17). O Senhor queria que Adão e Eva o amassem de forma livre e espontânea, não como robôs programados; por isso, lhes deu opções. O teste foi inevitável! Para entendermos isso melhor, vamos analisar quatro elementos do relato de Gênesis 3: a proposta, a escolha, o resultado e a esperança.

1. A proposta sedutora da serpente

A Bíblia começa informando que a serpente era o animal mais sagaz (hb. arum), isto é, sutil, astuto, esperto (Gn 3:1). O disfarce perfeito! Satanás usou exatamente este animal para tentar o ser humano. Em Ap 12:9, ele próprio é identificado como o grande dragão, a antiga serpente (...) o sedutor de todo o mundo. Ele, ainda hoje, com suas sutilezas e estratégias, tem levado muitos à derrota. O relato da primeira tentação tem muito a nos ensinar sobre seu método. Nos versos 1 a 5 de Gênesis 3 observe os passos dado pela serpente:

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o SENHOR Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal. Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.

1.1 - A serpente, questiona a palavra de Deus:

A serpente faz uma pergunta maliciosa alterando o mandamento, com o propósito de lançar dúvida: É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim? (Gn 3:1). A resposta de Eva mostrou que ela estava seguindo o exemplo de Satanás e alterando a Palavra de Deus, compare: E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2:16-17) com: Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais. (Gn 3:2-3). Repare que Eva subtraiu, da ordem divina, a palavra “livremente”, e acrescentou a expressão “nem tocareis nele”. Além de conversar com o tentador, o que já é muito perigoso, Eva parece gosta da conversa. A presa havia mordido a isca!

1.2 - A serpente, contradiz a palavra de Deus:

A serpente afirma: É certo que não morrereis (Gn 3:4).

1.3 - A serpente, manipula a palavra de Deus:

A serpente, então, lança sedução ao coração humano, ao dizer à mulher que, ao comerem do fruto proibido, seriam como Deus, conhecedores do bem e do mal (Gn 3:5). Esse foi o golpe final e fatal. Sua proposta instigava o ego e sugeria rebeldia. Perceba que a essência da rebelião de Lúcifer, no céu, foi a soberba de querer ser igual a Deus e de se tornar independente do Senhor (Is 14:12-14; Ez 28:15-17). Foi o que ele sempre tentou implantar no ser humano.

2. A escolha equivocada do homem

Só Deus é autossuficiente. Os demais seres dependem dele como criador e sustentador, inclusive o ser humano. Foi contra esse princípio que a serpente levaria Adão e Eva a se rebelarem. A provável indagação era

“por que deveriam permanecer naquela situação humilhante de dependência e subordinação? Por que não declaravam sua independência a se tornavam iguais a Deus? Eles não iriam morrer; ao contrário, se tornariam como Deus”.

Assim, eles duvidaram da bondade e da sinceridade de Deus e escolheram acreditar no tentador. O autor de Gênesis diz o seguinte: Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu, (Gn 3:6). Agora, compare esse versículo com: porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo, (I João 2:16), e observe que há três áreas em que a tentação atua: a concupiscência da carne (boa para se comer), a concupiscência dos olhos (agradável aos olhos) e a soberba da vida (desejável para dar entendimento). De fato, Eva foi induzida ao pecado; porém, Adão pecou conscientemente (I Tm 2:14). “Adão fez uma escolha, a escolha errada, e a humanidade tem sofrido desde então”.

3. O resultado desastroso do pecado

O que aconteceu? Imediatamente, os olhos dos dois se abriram, e eles perceberam que estavam nus (Gn 3:7). O termo nus (hb. arumim) tem a mesma raiz da palavra arum (qualidade da serpente em Gn 3:1). Aprendemos com isso que a nudez deles era muito mais do que física: era, também, espiritual. Também aprendemos que, ao perceberem o erro absurdo que cometeram, sentiram vergonha de si mesmos, diante do outro e de Deus; perceberem que estavam, de certa forma, parecidos com a serpente; sentiram-se culpados, envergonhados e separados de Deus. Além disso, Deus puniu a serpente, a mulher e o homem pelo pecado (Gn 3:14-19). Warren Wiersbe, [WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico expositivo: AT. Santo André, SP: Geográfica, 2006, vol. 1.], comenta que o amor de Deus pelo pecador jamais elimina sua abominação santa pelo pecado, pois ele é amor (I Jo 4:8,16) e luz (I Jo 1:5). O Deus santo trata do pecado visando ao bem do pecador e à glória de seu nome. Por isso, Adão e Eva foram expulsos do paraíso e condenados à morte física e espiritual. Deixaram de ser livres e passaram a ser escravos do pecado; os seus descendentes já nasceram com a natureza decaída, em escravidão e morte (Rm 5:12, 3:23, 6:23).

4. A esperança grandiosa do salvador

O Senhor Deus, por causa de sua perfeita santidade, não aceita o pecado; porém, por causa do seu imenso amor, está disposto a perdoar o pecador (Jo 3:16; Rm 5:8). Por isso, em toda a narrativa da queda, vemos lampejos da graça divina. Uma evidência disso é Gn 3:15, em que Deus promete que, a partir da mulher, nasceria aquele que esmagaria a cabeça da serpente. Essa promessa é conhecida como proto-evangelho, ou “primeiro evangelho”. É a primeira vez que aparece, na Bíblia, a promessa do Salvador. Adão confiou nestas palavras e, provavelmente, por isso, chamou sua mulher de Eva, isto é, Vida (Gn 3:20), pois dela nasceria aquele que é a esperança de vida! No v.21, encontramos outro ato gracioso de Deus: fez roupas de pele e com elas vestiu Adão e a sua mulher. Sabemos que, para providenciar a pele, um animal teve de morrer. Esse ato já era prenúncio do que Cristo faria pelos pecadores, na Cruz. Jesus é a única esperança, o cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo (AP 13:8).

A seguir, vamos considerar três lições práticas que aprendemos com o capítulo 3 de Gênesis.

Aplicando o conhecimento Bíblico

1. A história do paraíso perdido nos mostra a realidade da tentação.

Assim como o primeiro casal foi tentado pelo diabo no princípio, nenhum ser humano está livre da tentação. Portanto, não podemos ser ignorantes quanto às estratégias e os métodos do tentador. Ele sempre age em nossos pontos fracos, nos seduzindo ao pecado. Porém, a tentação acontece com a permissão de Deus e ele tem propósitos nisto: testar nossa lealdade e desenvolver nosso caráter. Mas é possível vencer as tentações! Deus nunca permite sermos tentados além de nossas forças (1Co 10:13), e nos dá meios suficientes para vencermos (Ef 6:10-18; II Co 10:4-5).

2. A história do paraíso perdido nos mostra a gravidade do pecado.

O relato da queda do homem é também um alerta sobre a gravidade do pecado. Note que o primeiro pecado não parecia muito sério; parecia coisa trivial; porém, os resultados foram catastróficos. O pecado é grave porque tem seu início na rebelião e na ingratidão; seu fim é sempre a morte, porque o salário do pecado é a morte (Rm 3:23). O tentador enfatiza o prazer momentâneo do pecado, enquanto mantém nossa mente afastada de suas consequências. Mas o pecado nunca é sem preço e seu custo é caro demais. Portanto, não se engane: não brinque com pecado! (Is 59:1-2; Jo 8:34; Tg 1:15).

3. A história do paraíso perdido nos mostra a carência de salvação.

Quando Adão e Eva pecaram, fizeram aventais de folhas de figueira para cobrir sua culpa e sua vergonha; porém, isso não foi suficiente! Ainda assim, se esconderam de Deus (Gn 3:7-8). Isso nos mostra a incapacidade dos recursos humanos em salvar a si mesmo. É por isso que carecemos de um salvador. Por ser a morte, o preço pelo pecado, então, o perdão por nossa culpa só é obtido através da morte de um inocente em sacrifício (Hb 9:22; Jo 1:29). Cristo morreu em nosso lugar; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados (Is 53:5). Que maravilhoso salvador!

Concluindo

O ser humano foi criado para viver eternamente feliz; porém, no uso de seu livre arbítrio, escolheu rebelar-se contra o Criador, e, por isso, foi expulso do paraíso e condenado à morte, o que trouxe terríveis consequências a toda a raça humana. Esse relato não é um mito, como alguns supõem, tentando mascarar a realidade de que, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram (Rm 5:12). Essa verdade é fundamental para entendermos, de forma correta, o evangelho. Cristo é a nossa única esperança! Ele é o caminho de volta ao paraíso.

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2 comentários:

  1. Muito massa esses estudos. Por coincidência dou aula em uma classe que se chama "conheça sua Bíblia". Vou aproveitar algumas informações daqui. Domingo a aula vai ser sobre a queda


    Um abraço!!!!

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  2. Muito bom Pb André - Pode usar à vontade! Que Deus abençoe a todos!

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