A Morte do Filho Amado
Valdeci Nunes de Oliveira
"E disse o Senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo-o o respeitem. Mas vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa." (Lc 20:13-14)
A parábola dos trabalhadores maus retrata a situação de Israel, desde a sua organização no deserto (Sl 80:8-9), até a primeira vinda de Jesus Cristo a este mundo. Um paralelo da situação narrada nessa parábola, nós encontramos em Isaías 5:1-7, em que Israel aparece como a vinha do Senhor. Como Senhor da vinha, Deus sempre ouviu e atendeu seu povo nas suas necessidades; sempre enviou profetas para alertá-lo contra o perigo de um desvio do plano original. O escritor da epístola aos Hebreus afirma: “Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 1:1-2) Porém, o próprio Israel, a quem o Senhor trata como seu povo (II Cr 7:14), encheu-se de orgulho e de arrogância, a ponto de não reconhecer o próprio Messias, o enviado de Deus. O presente estudo tem como propósito esclarecer como tudo isto aconteceu, e como foi a reação manifestada pelo Senhor da vinha, ante a conduta demonstrada pelos seus trabalhadores.
Para entendermos o propósito da parábola, precisamos, primeiramente, entender seu significado. Vamos ler, então, o início da narrativa: “E começou a dizer ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, e arrendou- a a lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo; e no tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio.” (Lc 20:9-10) Como as parábolas, normalmente, têm sentido simbólico, a vinha representa o povo de Deus; o dono da vinha, Deus, e os trabalhadores, os líderes religiosos do povo de Deus. Os versículos 11 e 12 demonstram que, não sendo bem sucedido, junto aos trabalhadores, quando lhes enviou o primeiro emissário, o dono da vinha ainda lhes enviou outros, na esperança de que, por meios destes, pudesse obter os frutos esperados. Os trabalhadores deram igual tratamento a todos os que lhes foram enviados, isto é, desprezaram, espancaram e até feriram alguns deles. Isso constrangeu o dono da vinha a lhes enviar seu próprio filho. Em mais uma demonstração de boa vontade, imaginando que, sendo este o filho, talvez o respeitassem. A este, mataram, sob a alegação de que era o herdeiro. O texto afirma: “E disse o Senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo-o o respeitem. Mas vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa.” (Lc 20:13 14) E assim fizeram. Chegou, portanto, o momento de o dono da vinha tomar uma decisão, no sentido de punir esses trabalhadores.
Quando Jesus proferiu a parábola dos lavradores maus, a parte final dela, a que dizia respeito à morte do filho do dono da vinha, ainda não havia se cumprido. Jesus é o Filho do dono da vinha, que, no “tempo próprio”, foi enviado ao mundo, com a finalidade de resgatar para Deus os frutos dela. Porém, mesmo sendo Jesus o Filho, não o respeitaram. Assim, cumpriu-se o que fora dito: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). Cumpriu-se, também, o que Pedro declararia, algum tempo depois, no tocante aos judeus: “Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades.” (At 3:25-26)
Como exemplo desse cuidado de Deus para com o seu povo, temos um paralelo no Antigo Testamento: “E o Senhor, Deus de seus pais, lhes enviou a sua palavra pelos seus mensageiros, madrugando, e enviando-lhos, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação. Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras e mofaram dos seus profetas até que o furor do Senhor subiu tanto, contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve.” (II Cr 36:15-16). Depois de tantas tentativas mal sucedidas, temos a pergunta: “Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?” E a resposta não poderia ser outra: “Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha” (v.16). Portanto, o propósito da parábola foi mostrar aos judeus e, especialmente, a seus líderes, duas coisas, entre outras: (1) O quanto Deus fora misericordioso para com o seu povo e (2) o quanto esse mesmo povo fora ingrato para com o Senhor.
Se, quando Jesus proferiu a parábola dos trabalhadores, a parte final desta narrativa ainda não havia se cumprido, os guias religiosos a quem Jesus especialmente se dirigira, ainda poderiam ter se arrependido e evitado o desfecho que ela teve, já que haviam sido avisados. Porém, a despeito da advertência que lhes fora dada pelo Senhor, continuaram com seus corações endurecidos e não se arrependeram. Então, lançaram mão do Filho de Deus e o mataram. Entretanto, deveria ter ficado bem claro para esses líderes que um crime tal como esse não poderia ficar impune. Daí a decisão do dono da vinha de destruir os lavradores e confiar a outros essa responsabilidade. A resposta, neste caso, não poderia ser outra: “Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha” (v.16). Quando Jesus fala dos “outros” lavradores (v. 16), a quem a vinha, finalmente, seria entregue, em razão da rejeição dos primeiros, faz alusão aos novos líderes, constituídos por ele mesmo, para continuarem cuidando da lavoura de Deus (Cl 1:6). A partir daí, o antigo Israel de Deus deixa de ser reconhecido como o único povo de Deus, e a igreja, fundada por Jesus Cristo e formada por judeus e não-judeus, passa a ser considerada o verdadeiro Israel de Deus. Todos os privilégios de que, até então, Israel era detentor, como povo peculiar de Deus, passam, agora, a ser da Igreja. Começa, assim, uma nova fase na história do povo de Deus. Agora, fazem parte da vinha do Senhor, os que aceitam o Filho de Deus. E foi justamente isso que a maioria dos judeus não fez, com exceção de apenas alguns que, depois, aceitaram a fé em Jesus Cristo (At 6:7).
Essa parábola denuncia o grave pecado cometido pelos guias religiosos de Israel, e Jesus fala disso em outra ocasião, de maneira bem mais direta, como lemos em Mateus 23:29-31: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.” Há fortes indícios de que esses guias estavam bem próximos de Jesus, quando ele proferiu a parábola dos trabalhadores maus. O versículo 16 termina assim: “E, ouvindo eles isto, disseram: “Não seja assim” ou “Tal não aconteça”.
Quando, na parábola, Jesus se refere às diversas tentativas feitas pelo dono da vinha, no sentido de obter os frutos que dela esperava, está se referindo ao amor e à paciência de Deus, demonstrados para com o seu povo. Esse amor e essa paciência de Deus atingiu o seu ponto mais alto, quando o Senhor se dispôs a enviar o seu próprio Filho para salvar o mundo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado.” (Jo 3:16-18)
Na linguagem usada na Escritura, a transferência do arrendamento da vinha para outros lavradores veio como resultado da ingratidão e da desobediência de muitos dos filhos de Israel, que, além de rejeitarem a mensagem trazida ao mundo por Jesus Cristo, o Filho de Deus, zombaram dele, escarneceram-no e mataram-no. Ele foi “a pedra que os edificadores rejeitaram” (Lc 20:17). A rejeição da pedra e a morte do Filho têm o mesmo significado. Tanto o herdeiro da vinha como a pedra rejeitada representam o Filho de Deus.
O Senhor pedirá contas do que seus trabalhadores fizerem - O trabalhador da vinha do Senhor não é o dono da vinha. O trabalhador é apenas um “arrendatário”. A vinha pertence ao Senhor. Por isso, cada trabalhador precisa estar ciente de que, certo dia, deverá prestar contas do que realizou. Os líderes religiosos do povo de Israel não levaram a sério a tarefa que lhes fora confiada por Deus, quando deixaram de ouvir aos profetas que, da parte de Deus, lhes foram enviados. Então Deus os tratou como deveriam ser tratados: foram punidos com a substituição. O Senhor da vinha tirou-os dos lugares que então ocupavam, dando-os a outros. Isso ocorreu porque a vinha que lhes fora confiada não produziu os devidos frutos. A lição ficou para os novos lavradores e está expressa nesse texto: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20). Você é um trabalhador da Igreja do Senhor? O Senhor lhe pedirá contas do seu trabalho.
O Senhor acompanha com interesse a maneira como desempenhamos a tarefa que nos deu - É enganoso pensarmos que o Senhor não se importa com as coisas que fazemos e como as fazemos. Aos que trabalham na vinha do Senhor, lembramos que, ao nos atribuir uma tarefa qualquer, o Senhor acompanha, com o mais absoluto interesse, a maneira como a desempenhamos. A advertência resultante do ensino de Jesus, na parábola, vale também para os atuais líderes da igreja, que é considerada hoje como o “Israel de Deus”. Os novos lavradores devem trabalhar denodadamente, para que a vinha do Senhor produza muitos frutos, pois é com estes que o Senhor será glorificado: frutos de paz, de justiça e de santidade. Jesus declarou: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto” (Jo 15:8). O Senhor em breve virá. Que contas lhe prestaremos?
O Senhor é paciente, mas também é justo - A parábola ensina-nos muitas coisas, e uma delas diz respeito aos cuidados que Deus tem para com o seu povo. Pedro diz: “Humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (I Pe 5:7) O salmista já dizia: “Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá” (Sl 55:22). “Mas tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade” (Sl 86:15). Contudo, não podemos abusar da piedade e da benignidade do Senhor. O texto de Gn 6:3 parece indicar que a paciência e a benignidade do Senhor também têm limites: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem.” Você é líder na igreja do Senhor? Cumpra o seu ministério com santidade, integridade, humildade, fidelidade e responsabilidade, pois, como Pai, o Senhor da igreja é paciente, mas é, também, justo e não se deixa escarnecer.
A parábola dos trabalhadores maus retrata a situação de Israel, desde a sua organização no deserto (Sl 80:8-9), até a primeira vinda de Jesus Cristo a este mundo. Um paralelo da situação narrada nessa parábola, nós encontramos em Isaías 5:1-7, em que Israel aparece como a vinha do Senhor. Como Senhor da vinha, Deus sempre ouviu e atendeu seu povo nas suas necessidades; sempre enviou profetas para alertá-lo contra o perigo de um desvio do plano original. O escritor da epístola aos Hebreus afirma: “Havendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo.” (Hb 1:1-2) Porém, o próprio Israel, a quem o Senhor trata como seu povo (II Cr 7:14), encheu-se de orgulho e de arrogância, a ponto de não reconhecer o próprio Messias, o enviado de Deus. O presente estudo tem como propósito esclarecer como tudo isto aconteceu, e como foi a reação manifestada pelo Senhor da vinha, ante a conduta demonstrada pelos seus trabalhadores.
Para entendermos o propósito da parábola, precisamos, primeiramente, entender seu significado. Vamos ler, então, o início da narrativa: “E começou a dizer ao povo esta parábola: Certo homem plantou uma vinha, e arrendou- a a lavradores, e partiu para fora da terra por muito tempo; e no tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no vazio.” (Lc 20:9-10) Como as parábolas, normalmente, têm sentido simbólico, a vinha representa o povo de Deus; o dono da vinha, Deus, e os trabalhadores, os líderes religiosos do povo de Deus. Os versículos 11 e 12 demonstram que, não sendo bem sucedido, junto aos trabalhadores, quando lhes enviou o primeiro emissário, o dono da vinha ainda lhes enviou outros, na esperança de que, por meios destes, pudesse obter os frutos esperados. Os trabalhadores deram igual tratamento a todos os que lhes foram enviados, isto é, desprezaram, espancaram e até feriram alguns deles. Isso constrangeu o dono da vinha a lhes enviar seu próprio filho. Em mais uma demonstração de boa vontade, imaginando que, sendo este o filho, talvez o respeitassem. A este, mataram, sob a alegação de que era o herdeiro. O texto afirma: “E disse o Senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; talvez que, vendo-o o respeitem. Mas vendo-o os lavradores, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa.” (Lc 20:13 14) E assim fizeram. Chegou, portanto, o momento de o dono da vinha tomar uma decisão, no sentido de punir esses trabalhadores.
Quando Jesus proferiu a parábola dos lavradores maus, a parte final dela, a que dizia respeito à morte do filho do dono da vinha, ainda não havia se cumprido. Jesus é o Filho do dono da vinha, que, no “tempo próprio”, foi enviado ao mundo, com a finalidade de resgatar para Deus os frutos dela. Porém, mesmo sendo Jesus o Filho, não o respeitaram. Assim, cumpriu-se o que fora dito: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11). Cumpriu-se, também, o que Pedro declararia, algum tempo depois, no tocante aos judeus: “Vós sois os filhos dos profetas e do concerto que Deus fez com nossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão benditas todas as famílias da terra. Ressuscitando Deus a seu Filho Jesus, primeiro o enviou a vós, para que nisso vos abençoasse, e vos desviasse, a cada um, das vossas maldades.” (At 3:25-26)
Como exemplo desse cuidado de Deus para com o seu povo, temos um paralelo no Antigo Testamento: “E o Senhor, Deus de seus pais, lhes enviou a sua palavra pelos seus mensageiros, madrugando, e enviando-lhos, porque se compadeceu do seu povo e da sua habitação. Porém zombaram dos mensageiros de Deus, e desprezaram as suas palavras e mofaram dos seus profetas até que o furor do Senhor subiu tanto, contra o seu povo, que mais nenhum remédio houve.” (II Cr 36:15-16). Depois de tantas tentativas mal sucedidas, temos a pergunta: “Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?” E a resposta não poderia ser outra: “Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha” (v.16). Portanto, o propósito da parábola foi mostrar aos judeus e, especialmente, a seus líderes, duas coisas, entre outras: (1) O quanto Deus fora misericordioso para com o seu povo e (2) o quanto esse mesmo povo fora ingrato para com o Senhor.
Se, quando Jesus proferiu a parábola dos trabalhadores, a parte final desta narrativa ainda não havia se cumprido, os guias religiosos a quem Jesus especialmente se dirigira, ainda poderiam ter se arrependido e evitado o desfecho que ela teve, já que haviam sido avisados. Porém, a despeito da advertência que lhes fora dada pelo Senhor, continuaram com seus corações endurecidos e não se arrependeram. Então, lançaram mão do Filho de Deus e o mataram. Entretanto, deveria ter ficado bem claro para esses líderes que um crime tal como esse não poderia ficar impune. Daí a decisão do dono da vinha de destruir os lavradores e confiar a outros essa responsabilidade. A resposta, neste caso, não poderia ser outra: “Irá, e destruirá estes lavradores, e dará a outros a vinha” (v.16). Quando Jesus fala dos “outros” lavradores (v. 16), a quem a vinha, finalmente, seria entregue, em razão da rejeição dos primeiros, faz alusão aos novos líderes, constituídos por ele mesmo, para continuarem cuidando da lavoura de Deus (Cl 1:6). A partir daí, o antigo Israel de Deus deixa de ser reconhecido como o único povo de Deus, e a igreja, fundada por Jesus Cristo e formada por judeus e não-judeus, passa a ser considerada o verdadeiro Israel de Deus. Todos os privilégios de que, até então, Israel era detentor, como povo peculiar de Deus, passam, agora, a ser da Igreja. Começa, assim, uma nova fase na história do povo de Deus. Agora, fazem parte da vinha do Senhor, os que aceitam o Filho de Deus. E foi justamente isso que a maioria dos judeus não fez, com exceção de apenas alguns que, depois, aceitaram a fé em Jesus Cristo (At 6:7).
Essa parábola denuncia o grave pecado cometido pelos guias religiosos de Israel, e Jesus fala disso em outra ocasião, de maneira bem mais direta, como lemos em Mateus 23:29-31: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos, e dizeis: Se existíssemos no tempo de nossos pais, nunca nos associaríamos com eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que sois filhos dos que mataram os profetas.” Há fortes indícios de que esses guias estavam bem próximos de Jesus, quando ele proferiu a parábola dos trabalhadores maus. O versículo 16 termina assim: “E, ouvindo eles isto, disseram: “Não seja assim” ou “Tal não aconteça”.
Quando, na parábola, Jesus se refere às diversas tentativas feitas pelo dono da vinha, no sentido de obter os frutos que dela esperava, está se referindo ao amor e à paciência de Deus, demonstrados para com o seu povo. Esse amor e essa paciência de Deus atingiu o seu ponto mais alto, quando o Senhor se dispôs a enviar o seu próprio Filho para salvar o mundo: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado.” (Jo 3:16-18)
Na linguagem usada na Escritura, a transferência do arrendamento da vinha para outros lavradores veio como resultado da ingratidão e da desobediência de muitos dos filhos de Israel, que, além de rejeitarem a mensagem trazida ao mundo por Jesus Cristo, o Filho de Deus, zombaram dele, escarneceram-no e mataram-no. Ele foi “a pedra que os edificadores rejeitaram” (Lc 20:17). A rejeição da pedra e a morte do Filho têm o mesmo significado. Tanto o herdeiro da vinha como a pedra rejeitada representam o Filho de Deus.
O Senhor pedirá contas do que seus trabalhadores fizerem - O trabalhador da vinha do Senhor não é o dono da vinha. O trabalhador é apenas um “arrendatário”. A vinha pertence ao Senhor. Por isso, cada trabalhador precisa estar ciente de que, certo dia, deverá prestar contas do que realizou. Os líderes religiosos do povo de Israel não levaram a sério a tarefa que lhes fora confiada por Deus, quando deixaram de ouvir aos profetas que, da parte de Deus, lhes foram enviados. Então Deus os tratou como deveriam ser tratados: foram punidos com a substituição. O Senhor da vinha tirou-os dos lugares que então ocupavam, dando-os a outros. Isso ocorreu porque a vinha que lhes fora confiada não produziu os devidos frutos. A lição ficou para os novos lavradores e está expressa nesse texto: “Se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus” (Mt 5:20). Você é um trabalhador da Igreja do Senhor? O Senhor lhe pedirá contas do seu trabalho.
O Senhor acompanha com interesse a maneira como desempenhamos a tarefa que nos deu - É enganoso pensarmos que o Senhor não se importa com as coisas que fazemos e como as fazemos. Aos que trabalham na vinha do Senhor, lembramos que, ao nos atribuir uma tarefa qualquer, o Senhor acompanha, com o mais absoluto interesse, a maneira como a desempenhamos. A advertência resultante do ensino de Jesus, na parábola, vale também para os atuais líderes da igreja, que é considerada hoje como o “Israel de Deus”. Os novos lavradores devem trabalhar denodadamente, para que a vinha do Senhor produza muitos frutos, pois é com estes que o Senhor será glorificado: frutos de paz, de justiça e de santidade. Jesus declarou: “Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto” (Jo 15:8). O Senhor em breve virá. Que contas lhe prestaremos?
O Senhor é paciente, mas também é justo - A parábola ensina-nos muitas coisas, e uma delas diz respeito aos cuidados que Deus tem para com o seu povo. Pedro diz: “Humilhai-vos pois debaixo da potente mão de Deus, para que a seu tempo vos exalte; lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (I Pe 5:7) O salmista já dizia: “Lança o teu cuidado sobre o Senhor, e ele te susterá” (Sl 55:22). “Mas tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade” (Sl 86:15). Contudo, não podemos abusar da piedade e da benignidade do Senhor. O texto de Gn 6:3 parece indicar que a paciência e a benignidade do Senhor também têm limites: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem.” Você é líder na igreja do Senhor? Cumpra o seu ministério com santidade, integridade, humildade, fidelidade e responsabilidade, pois, como Pai, o Senhor da igreja é paciente, mas é, também, justo e não se deixa escarnecer.
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Autor: Pastor Valdeci Nunes de Oliveira divulgado no PC@maral
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