Sejam santos na palavra

"Agora, porém, despojai-vos, igualmente de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com seus feitos." (Cl 3:8-9)

De que maneira, estamos procedendo em relação as nossas palavras? É evidente que, por elas, podemos cometer erros irreparáveis. Talvez seja essa a razão de Davi demonstrar cuidado no falar: Guardarei os meus caminhos, para não pecar com a língua, porei mordaça na minha boca enquanto estiver na presença do ímpio (Sl 39:1).
O mais recente estudo, divulgado há três semanas pelo Social Issues Research Centre, um centro de pesquisas independente de Londres, entrevistou 1.000 donos de telefones celulares, entre homens e mulheres, perguntando-lhes que tipo de conversa costumam manter em seus aparelhos e em que ocasiões. A conclusão foi que 33% dos homens do grupo eram fofoqueiros contumazes, contra apenas 26% das mulheres. A diferença entre a fofoca masculina e a feminina, apontam os estudos, está no conteúdo. Os homens, mais competitivos por natureza, geralmente fofocam sobre o ambiente de trabalho. Comentam sobre a possibilidade de promoção dos colegas e dos chefes – e também sobre suas gafes e comportamentos inadequados. O que está em jogo, por trás dessas intrigas, é quem vai vencer na carreira e quem vai ficar no meio do caminho. As mulheres preferem fofocar com as amigas e parentes, e seus temas prediletos são os relacionamentos, tanto os próprios quanto os alheios. “Os dois gêneros têm em comum o fato de comentarem muito sobre a aparência de pessoas do sexo oposto”, disse a VEJA Jack Levin, sociólogo da Northeastern University (...). Segundo os especialistas em comportamento, a percepção de que a fofoca é apenas da natureza feminina é uma herança dos tempos em que as mulheres não trabalhavam. Restritas ao limitado universo doméstico, o assunto recorrente de suas conversas era a relação com seus maridos. Estes, na defensiva, menosprezavam as conversas das mulheres sobre eles como sendo fofocas sem importância. No mundo de hoje, em que a teia de relacionamentos se tornou infinitamente maior e mais complexa, a fofoca não conhece gênero. [Fonte: ZAKABI, Rosana. Psiu! Ouviu essa? Disponível em: Veja On line (http://veja.abril.com.br/ 080807/p_104.shtml) - Acessado em 28\09\2009]
E A BÍBLIA, O QUE DIZ?

Ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena e mentira são pecados enfaticamente repudiados pela Bíblia. Ao escrever aos irmãos colossenses, Paulo os alerta a não voltarem à condição espiritual anterior, na qual estavam sob a ira de Deus (3:7). Veja que Paulo faz uma divisão envolvendo o passado e o presente desses irmãos: Agora, porém, despojaivos (3:8). “Despojem-se de todos esses vícios, diz Paulo, assim como alguém se desfaz de uma roupa bem usada, ou que não sirva mais à pessoa que antes a vestia” [Hendriksen (1998:415)]. Pois bem, entre a lista das coisas de que o cristão precisa se despojar, existem, pelo menos, cinco itens que dizem respeito à palavra. Precisamos ser santos nessa área! Vejamos o que a Bíblia diz.

1. A BÍBLIA DIZ QUE DEVE HAVER BRANDURA NO FALAR:

A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira (Pv 15:1). O escritor de provérbios sabia o que estava escrevendo ao fazer essa afirmação. Devemos concordar que toda ação realmente produz uma reação. Uma palavra de elogio culminará em uma resposta de gratidão, porém, uma palavra de ira poderá resultar em respostas agressivas e grosseiras, capazes de mudar para pior os relacionamentos humanos. A ira pode ser definida da seguinte maneira: “... consiste da impaciência com o próximo, em que são usadas palavras de despeito, maculadas pelo egoísmo, contra o próximo, de mistura com sentimentos de superioridade e de ódio”, [Champlin (1979:138)]. Uma pessoa, quando irada, é capaz de produzir tremendos estragos físicos e verbais aos outros. Isso é terrivelmente perigoso, pois, nesses momentos, virtudes essenciais ao cristão, como amor e paciência, são completamente esquecidas e postas de lado. Não é a toa que a “ira” aparece em primeiro lugar na “lista reprovatória” de Colossenses 3:8-9. Como cristãos salvos em Cristo, devemos tratar as pessoas com brandura. Não custa nada sermos gentis com os outros. Lembremo-nos das palavras de nosso Senhor Jesus Cristo: Tomai sobre vós o meu julgo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11:29).

2. A BÍBLIA DIZ QUE DEVE HAVER DOMÍNIO NO FALAR:

O alerta de Paulo continua: Agora, porém, despojai-vos, igualmente de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência (Cl 3:8). Observe que a maledicência é posta em “pé de igualdade” com os demais pecados citados pelo apóstolo. Ela também fere corações, destrói relacionamentos e mata pessoas: “... trata-se da difamação, da injúria contra a reputação alheia” [Champlin (1979:139)]. Quando não conseguimos dominar a “nossa língua” ou “medir as nossas palavras”, corremos o risco de difamarmos e lançarmos injúria contra a reputação dos outros. Se somos espirituais, devemos manifestar o fruto do Espírito Santo em nossa vida: Mas o Espírito de Deus produz (...) a humildade e o domínio próprio (Gl 5.22-23). Ninguém gosta de ter sua reputação abalada. É necessário que tenhamos muita prudência ao lidarmos com nossas palavras. Não devemos falar algo, sem, antes, pensar nas conseqüências que tal palavra poderá trazer. Pessoas que só sabem julgar, falar precipitadamente, apontando falhas, fazendo fofocas, boatos e levantando discórdias, devem ser evitadas, em todo o tempo, [Thitonin (2000:101)]. Evitemos destruir relacionamentos e machucar as pessoas. Evitemos a maledicência! Sejamos santos!

3. A BÍBLIA DIZ QUE DEVE HAVER PUREZA NO FALAR:

Agora, porém, despojai-vos, igualmente de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar (Cl 3:8). Aqui, Paulo retrata um dos pecados mais comuns no meio do povo de Deus daquela geração. Tal pecado rompeu as fronteiras do tempo e, hoje, é um dos responsáveis pela regressão da santificação pessoal de muitos. Martin faz a seguinte observação: “Linguagem obscena do vosso falar é uma palavra achada somente aqui em Novo Testamento e sugere a linguagem abusiva, seja como fala grosseira, seja como um apelo aos palavrões” [Martin (1973:116)]. Santificação pessoal também envolve pureza em nossas palavras. Uma língua pura evita falar palavrões, bem como palavras de “duplo sentido”. O texto de Efésios 5:3-4 (NTLH) é taxativo em afirmar que qualquer tipo de imoralidade sexual, indecência ou cobiça não pode ser nem mesmo assunto de conversa entre vocês. Não usem palavras indecentes, nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. Toda linguagem vulgar deve ser tirada do nosso vocabulário diário, pois expressa total desrespeito aos bons costumes. Alguém já disse que o linguajar vulgar é a “pornografia expressa em palavras”. E não vamos nos iludir: os efeitos da pornografia verbal são tão nocivos quanto os da visual [Koopman (1972:32)]. Procuremos, portanto, proferir palavras puras. Sejamos parecidos com Cristo.

4. A BÍBLIA DIZ QUE DEVE HAVER VERDADE NO FALAR:

Vejamos novamente o texto de Colossenses: Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com seus feitos (3:9). A mentira leva à fraude e à corrupção; é capaz de “jogar por água abaixo” a confiança conquistada durante anos por uma pessoa. Deus odeia a prática da mentira, pois é uma característica de Satanás, que é o próprio pai da mentira (Jo 8:44). Cristo, porém, é verdadeiro! Ele mesmo é a verdade (Jo 14:6). É impossível adorá-lo sem verdade, pois os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade (Jo 4:23). O cristão autêntico tem prazer na verdade porque, à semelhança do salmista, tem a seguinte convicção: Eis que te comprazes na verdade no íntimo (Sl 51:6). Quem é verdadeiro é honesto e fiel. A honestidade é a essência da coragem moral, conforme ficou demonstrado na vida de Jesus. Uma mentira inocente poderia tê-lo salvado da cruz, mas ele não a quis proferir, apesar de a sua vida estar em perigo, [Champlin (1979:139)]. A verdade é um princípio bíblico irrevogável. Sejamos verdadeiros nas finanças, na vida conjugal, nas relações com os nossos filhos, etc.; falemos a verdade uns com os outros (Ef 4:25).

5. A BÍBLIA DIZ QUE DEVE HAVER TEMPO DE FALAR:

Observemos as palavras do escritor de Eclesiastes: Tudo tem a sua ocasião própria, e há tempo para todo propósito debaixo do céu (...) tempo de estar calado, e tempo de falar (3:1,7). Quando falamos muito, tornamo-nos sujeitos a errar nas nossas palavras. Por isso, é interessante atentarmos para o conselho de Tiago: Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar (1:19). Assim como podemos fazer as coisas de modo precipitado, também podemos falar precipitadamente, o que é muito perigoso. O que magoa e fere as pessoas não são as divergências de pontos de vista entre elas, mas são as palavras ditas precipitadamente, [Koopman (1972:13)]. Como vimos, para tudo há um tempo, inclusive, para falar. Todos os dias, falamos milhares de palavras, razão pela qual devemos ter nossas atenções redobradas nesse sentido. É completamente saudável falarmos as coisas no tempo certo, para a pessoa certa e da forma correta. Quando, porém, não estivermos inseridos nessas condições, quando não soubermos dar conselhos positivos ou falar palavras edificantes, o melhor mesmo é ficarmos calados. Quando nos calamos, evitamos fofocas, a maledicências, brigas, etc. Poderíamos evitar muita confusão, se moderássemos mais a língua. Sejamos prudentes no falar!

A Bíblia diz que precisamos nos despir do velho homem com os seus feitos (Cl 3:9). Será que isso tem a ver com nossas palavras? Sim! Na verdade, isso tem tudo a ver. Antes, tínhamos pensamentos dominados pelo pecado; nossas palavras eram torpes e indecentes. Hoje, porém, temos a mente de Cristo! Uma mente cristocêntrica produz palavras que curam, que restauram, que edificam e que pacificam. Para a glória de Deus, fazemos parte de uma geração que não se conforma com a “linguagem profana” deste mundo, mas busca a transformação pela renovação da mente (Rm 12:2). Sejamos, portanto, semelhantes a Cristo: sejamos santos na palavra!


APLICANDO O CONHECIMENTO BÍBLICO

1. Pronunciemos palavras que consolem.

Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras (I Ts 4:18). Na hora da angústia, do sofrimento, da perseguição, da perda, da fraqueza, da queda, da desmotivação, da desesperança e de tantos outros problemas que nos afetam, precisamos ouvir palavras consoladoras. As pessoas precisam de ajuda para não serem reféns da depressão causada, muitas vezes, por palavras indelicadas e duras. À semelhança do apóstolo Paulo, devemos consolar as pessoas com palavras de esperança! Ele dizia: ... se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele (v.14).

2. Pronunciemos palavras que motivem.

Virou-se o Senhor para ele e lhe disse: Vai nesta tua força, e livra a Israel da mão de Midiã; porventura não te envio eu? (Jz 6.14). A vida de Gideão mudou a partir da motivação divina, através dessas palavras. Há muitos irmãos e irmãs desmotivados na casa de Deus. Há muitos jovens sem vontade e sem ânimo de contribuir na obra do Senhor. Há muitos que, há dias, meses e anos, se encontram escondidos na “caverna da desmotivação”. São pessoas que precisam, urgentemente, de palavras que motivem. Você conhece alguém que se encontra em situação semelhante? Então ajude-o! Diga-lhe palavras motivadoras!

3. Pronunciemos palavras que edifiquem.

Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause destruição, mas somente a que seja útil para a edificação (Ef 4:29). Palavras edificantes restauram vidas, curam feridas e revigoram a alma. Palavras edificantes nos levam à prática da justiça, da verdade, do amor, do perdão, da pureza, da fidelidade, etc. As palavras de Jesus abriram os olhos dos cegos, levantaram paralíticos, limparam a pele dos leprosos, desprenderam a língua dos mudos, salvaram e ressuscitaram pessoas. Quando nos preocupamos com o bem das pessoas, dirigimo-nos a elas com palavras que as ajudem a se tornarem amadurecidas espiritualmente. Façamos isso: edifiquemo-nos uns aos outros com nossas palavras!

CONCLUSÃO:

“Sejam santos” é a proposta de Deus para nós. O Deus Santo quer para si uma igreja santa. Estejamos atentos ao que nos diz a Bíblia quanto às nossas palavras e procuremos pronunciá-las com brandura, domínio, pureza, verdade e no devido tempo. Quando pronunciadas dessa maneira, agradam a Deus e nos fazem ter a certeza de que estamos no rumo certo da nossa santificação. Já está mais que na hora de pronunciarmos palavras que consolem, motivem e edifiquem! Façamos isso, agora mesmo, porque Cristo nos chamou não para a imundícia, mas para a santificação! (I Ts 4:7). Sejamos santos na palavra!


Que Deus nos abençoe!

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DEC - Divulgado no PC@maral

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