Aquele que nos Fortalece

Então, lhe disse Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda. Imediatamente, o homem se viu curado e, tomando o leito, pôs-se a andar (Jo 5:8-9a)

Jesus não ignora o fraco. A sociedade pode ignorar o fraco, mas ele não. A família pode ignorar o fraco, mas ele não. Até mesmo a igreja pode ignorar o fraco, mas ele não. Quando Jesus vê um fraco, um desclassificado, um excluído, um miserável, um pecador atirado no chão, prostrado no pó da terra, pisado por pés humanos, para; aproxima-se; conversa; pergunta; abaixa e estende a mão para levantá-lo. Essa é uma das maiores belezas do caráter de Jesus Cristo. O evangelho de João, no capitulo cinco, versiculos do um ao quatorze, mostra Jesus dando atenção a um homem fraco, um homem que não ficava de pé nem andava.

I – OLHANDO PARA JESUS

Algum tempo depois de curar, de longe, o filho do oficial, Jesus subiu a Jerusalém (Jo 5:1b). Era um tempo de festa: havia uma festa entre os judeus. Esta deve ter sido uma das três festas da peregrinação: a Páscoa, o Pentecostes ou a festa dos Tabernáculos. O que levou Jesus a Jerusalém? Ele não foi até lá para participar da festa em si, mas para “curar um homem e usar o milagre como ponto de partida para uma mensagem dirigida ao povo” [WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico expositivo: NT, vl. I. Santo André, SP: Geográfica, 2006 pág. 391]. Tendo por base a narrativa desse milagre, olhemos para a percepção de Jesus, a pergunta feita por Jesus, a autoridade e a exigência de Jesus, aquele que nos fortalece.

A percepção de Jesus: Assim que chegou, Jesus se dirigiu não ao templo, mas ao tanque, chamado, em hebraico, de Betesda. Este é um nome de significado interessante: casa da misericórdia. Ali, estava um homem que, há trinta e oito anos, vivia enfermo (Jo 5:5). Isso, porém, “não significa, certamente, que ele estivera ali por todo esse tempo”. O fato é que o Senhor enxergou aquele homem: E Jesus, vendo este deitado (Jo 5:6a). Sem dúvida, ele o olhou com um olhar de compaixão (Mc 8:3, 10:21). Jesus sabia que o homem estava naquele estado há muito tempo (Jo 5:6b). Ele pode ter obtido essa informação por meios naturais ou espirituais. Jesus percebia o sofrimento alheio. Ele via o sofrimento estampado no corpo, que causava deficiência física. Jesus percebeu as costas corcundas por 18 anos da mulher encurvada (Lc 13.11), a pele doente dos dez leprosos (Lc 17:14) e os olhos baços do cego de nascença (Jo 9:1). Ele via também o sofrimento escondido na alma, que produzia desgastes emocionais. Jesus enxergou a dor daquela mulher que já havia perdido o marido e agora estava sepultando o único filho (Lc 7:13), a tristeza do jovem rico (Lc 18:24) e as lágrimas da irmã e dos amigos de Lázaro, sepultado quatro dias antes (Jo 11.33) [CÉSAR, Elben M. Lenz. Pastorais para o terceiro milênio. Viçosa (MG): Ultimato, 2000 pág. 85].

A pergunta feita por Jesus: Jesus se aproximou daquele que se achava enfermo (Jo 5:5). Perguntou-lhe: Queres ficar são? A pergunta parece absurda, mas não é. Ele podia mesmo não querer a cura. A cura lhe traria, por assim dizer, alguns prejuízos. Ele perderia a simpatia das pessoas e, consequentemente, o sustento pessoal. Além disso, não teria mais desculpas para seus fracassos pessoais [RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008 pág. 210]. Enfim, seria preciso começar a vida outra vez! “É possível que, depois de tantos anos nesta condição, o homem preferiria não enfrentar os desafio de uma vida sadia normal” [BRUCE, F. F. João: introdução e comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristão, 1987 pág. 115]. Uma pergunta objetiva exige uma resposta objetiva. A resposta mais óbvia seria: “Sim, quero ser curado!” Mas não foi o que Jesus ouviu. O enfermo respondeu-lhe desta maneira: Senhor, não tenho homem algum que, quando a água é agitada, me coloque no tanque; mas, enquanto eu vou, desce outro antes de mim (Jo 5:7). Não disse “sim” nem disse “não”. Disse apenas que não tinha quem o auxiliasse. Faltou-lhe a objetividade do cego de Jericó (Lc 18:35-43). Quando Jesus lhe perguntou: Que queres que te faça? Ele respondeu prontamente: Senhor, que eu veja.

A autoridade de Jesus: Após uma pergunta aparentemente estranha e uma resposta incrivelmente imprecisa, veio uma instrução grandemente intrigante: Levanta-te, toma tua cama e anda (Jo 5:8). Fazia quase quatro décadas que aquele homem não conseguia se levantar nem se locomover sozinho. Como, então, cumpriria a ordem dada por Jesus? Quem lhe deu a ordem, lhe deu o poder para cumpri-la: ...logo, aquele homem ficou são, e tomou a sua cama (Jo 5:9a). Ele recebeu poder para fazer o que, momentos antes, estivera bem aquém de sua capacidade. O que ele fez depois de curado? Partiu (Jo 5:9b). Preste atenção nessa reação, por favor. Não faltou gratidão? Faltou! “Ficamos esperando que ele caia de joelhos ao ser milagrosamente curado, mas não faz isso” [ SPANGLER, Ann e WOLGEMUTH, Robert. Eles: 50 homens da Bíblia que marcaram a história do povo de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2004 pág 379]. Também “esperamos que ele mostre certa curiosidade sobre a pessoa que o curou, mas ele mesmo sequer pergunta o nome de Jesus” [ SPANGLER, Ann e WOLGEMUTH, Robert. Eles: 50 homens da Bíblia que marcaram a história do povo de Deus. São Paulo: Mundo Cristão, 2004 pág 379]. A multidão que assistiu ao milagre igualmente permaneceu silenciosa. Os líderes religiosos, em vez de se alegraram com o livramento maravilhoso daquele homem, o censuraram e o condenaram, dizendo: É sábado, não te é lícito levar a cama (Jo 5:10) [WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico expositivo: NT, vl. I. Santo André, SP: Geográfica, 2006 pág. 392] – [Os líderes religiosos haviam feito uma lista de 39 trabalhos que não poderiam ser realizados no sábado, e levar uma carga era um deles].

A exigência de Jesus: Ao encontrar aquele homem, um pouco mais tarde, no templo, Jesus lhe fez uma afirmação e uma advertência: Eis que já estás são não peques mais, para que te não suceda alguma coisa pior (Jo 5:14). Alguns acreditam que, aqui, Jesus está se referindo à condição passada daquele homem. “Isso sugere que Jesus via alguma conexão, por indireta que fosse, entre esse caso de sofrimento e algum pecado de que o homem era culpado” [Bruce (2009:1720).]. A coisa pior pode bem ser a morte. Pior do que ficar trinta e oito anos doente é morrer. Às vezes (mas nem sempre – cf. 9:2,3; II Sm 4:4; I Rs 14:4; II Rs 13:14), as doençeas são pena pelos pecados cometidos pessoalmente (I Rs 13:4, II Rs 1:4, II Cr 16:12). Outros entendem que, aqui, “Jesus está se referindo não ao que supostamente aconteceu quase quarenta anos atrás, mas à condição presente desse homem”. Fisicamente, estava saudável, mas, espiritualmente, continuava adoecido. Ainda não havia feito as pazes com Deus. Continuava no pecado. Ele não deveria continuar naquela situação. Se não mudasse a sua condição, haveria guardada para ele uma coisa pior do que a doença da qual há pouco fora libertado, que pode ser a punição eterna. De fato, o tempo do verbo “pecar”, no grego, significa: Não mais continue ou prossiga no pecado.

A ordem de Jesus: não peques mais, quer signifique “não repita o pecado cometido”, quer “signifique não continue nele”, expressa a nova condição em que aquele homem deveria viver. Essa nova condição de vida é biblicamente denominada de santificação. Mas não devemos esquecer que a exigência não peques mais veio após a cura. O que deveria provocar o bom comportamento no homem que fora curado seria a força da gratidão. Quando é a gratidão que promove a mudança de vida, esta se torna mais fácil. O agraciado sente-se no dever de amar aquele que o curou, não só de palavras, mas também de atos.

II – OLHANDO PARA NÓS

Se desejamos ser fortalecidos, busquemos a pessoa certa - Ao redor do tanque de Betesda, jazia grande multidão de enfermos (...) esperando o movimento das águas (Jo 5:3). As pessoas se ajuntam ao redor de qualquer coisa que parece prometer qualquer solução ou resposta para os seus problemas. Inúmeras pessoas procuram libertação através de objetos: a rosa ungida, ramos de arruda, sal grosso, óleo, água, vinho, pedrinhas trazidas da “terra santa”, fitinhas, lenços. A nossa libertação não vem de objetos, mas de uma pessoa, e esta pessoa chama-se Jesus. É no Senhor Jesus que deve estar a nossa esperança. É dele que vem a nossa salvação (At 4:12).

Se desejamos ser fortalecidos, tenhamos a resposta certa - Vimos que a primeira coisa que Jesus fez com o paralítico de Betesda foi perguntar-lhe: Queres ficar são? (Jo 5:6). Se você está prestes a se separar, ele pergunta: “Quer que eu os ajunte outra vez?” Se você é um alcoólatra, ele pergunta: “Quer que eu o liberte do álcool?” Se você é um dependente de droga, ele pergunta: “Quer que eu o livre das drogas?” Se você é um homossexual, ele pergunta: “Quer que eu lhe restaure a identidade sexual?” [CÉSAR, Elben M. Lenz. Pastorais para o terceiro milênio. Viçosa (MG): Ultimato, 2000 pág. 15]. Se você é um pecador, ele pergunta: “Quer que eu o perdoe?” Qual será a sua resposta? Diga “sim”, mas seja objetivo!

Se desejamos ser fortalecidos, adotemos a conduta certa - Não peque mais, disse Jesus ao homem curado. Ele diz o mesmo para você, hoje e agora: Não peque mais. Não volte a usar drogas, não volte a se refugiar no álcool, não volte para os braços da amante. Não peque mais. Não continue acessando sites pornográficos, não continue a fazer sexo com pessoas do mesmo sexo, não continue abusando da misericórdia de Deus. Não peque mais. Você precisa tomar muito cuidado. Você corre o risco de ser duramente castigado. Não com doença ou morte. O castigo é outro, muito pior. É o castigo eterno. Não corra o risco da perdição eterna. Então, deixe de pecar e faça o que é certo (Dn 4:7).

CONCLUSÃO

Talvez você seja igual ao paralítico: inválido, sem opção. Está, há algum ou há muito tempo, deitado no chão, ferido e exausto. Você quer levantar-se da tristeza, da angústia, do choro e não se levanta. Você quer levantar-se da ansiedade, da tensão, do medo e não se levanta. Você quer levantar-se das lembranças do passado, da idéia fixa, do trauma e não se levanta. Você quer levantar-se do desânimo, do pessimismo, da desesperança e não se levanta. Olhe para Jesus. Ouça, ele está dando uma ordem para você: Levante-se, pegue a sua cama e ande! (Jo 5:8 – NTLH).

Com a força de Cristo, você pode levantar se de qualquer situação! tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4:13).

Que Deus nos ajude e nos abençoe!
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DEC - PC@maral

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