De missionário para missionário

Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra. (Atos 1:8)

Por Osmar Pedro da Silva

O apóstolo Paulo foi, com certeza, uma pessoa influente na história da fé cristã. Nascido em Tarso, cresceu em Jerusalém e foi instruído pelo mestre Gamaliel (At 22.3). Sua conversão é marcada por uma grande transformação de vida e conduta, pois, perseguidor que era dos cristãos passa a ser perseguido e se torna também um exímio defensor do evangelho, fazendo de sua história uma das mais dramáticas das Escrituras Sagradas. Sua submissão ao chamado, seu zelo e determinação, o levaram a cumprir seu ministério em inúmeras cidades da Ásia menor e da Europa, deixando além de seus escritos um grande exemplo para todos aqueles que querem aceitar o chamado divino para sair em busca daqueles que estão perdidos no mundo de trevas. O texto de Atos, capítulo 20, versículos de 17 a 24, nos oferece grandes lições deixadas por este missionário, vejamos:

Sua estratégia: “De Mileto, Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso” (v.17). Ao mandar chamar os presbíteros da igreja de Éfeso, Paulo está seguro que não os veria mais (v.25). Porém, dá a eles instruções claras e precisas de tudo o que deveriam fazer para o desempenho de suas funções e responsabilidades ministeriais. Ele é ciente da necessidade de deixar sucessores, pois a pregação do evangelho não pode parar, não pode estar restrita a uma gestão, um período ou a uma pessoa. As pessoas passam, porém o trabalho do evangelho não pode parar. O apóstolo Pedro disse: “Porque Toda a carne é como a erva, E toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; Mas a palavra do Senhor permanece para sempre” (1Pe 1.24-25)

Seu testemunho: “Servi ao Senhor com toda a humildade e com lágrimas, sendo severamente provado pelas conspirações dos judeus” (v.19). O apóstolo Paulo não se destaca em contar estórias aos irmãos, definitivamente não é um contador de anedotas divertidas, traz consigo seu próprio testemunho e está seguro para dizer, “Vocês sabem como vivi todo o tempo em que estive com vocês”. Esta segurança está baseada em uma vida de submissão ao Senhor, pois é servo disposto a fazer a vontade de seu Senhor com humildade. Não é relapso, desleixado, não subestima as determinações, não dá um “jeitinho”, não procura invenções, simplesmente vive para fazer a vontade daquele que o enviou. Infelizmente hoje há muitos líderes que não dão testemunho, pois está implícito em seus testemunhos de vida a frase: “façam o que eu falo, mas não façam o que eu faço”. Isto é tão certo, que hoje, encontramos milhares de “evangélicos” e entres estes são poucos os “cristãos”. Paulo não era um “evangélico”, era um cristão, e em seu testemunho diz que mesmo com lágrimas pregou o evangelho da salvação em Cristo Jesus e jamais deixou de trazer-lhes palavras que fossem para um fim proveitoso.

Sua persistência: “o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam” (v.23b). O missionário Paulo desde o seu chamado (At 9.16) tinha consciência de que o ministério não era só de rosas, mas de espinhos também. Sua humildade não denota fraqueza, pois era corajoso e determinado. Demonstra aos irmãos que ele é um ser humano normal; não traz consigo o orgulho machista de que homem não chora. Este missionário é consciente de suas limitações e diz: “irmãos é com lágrimas, é com sofrimentos...”. O missionário precisa entender que o ministério não é só de glórias, não há cristianismo sem cruz, não há ministério sem sofrimento. Jesus nos ensinou: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mt 16.24b). Paulo não desistiu, pagou o preço, foi até o fim.

Sua mensagem: “Testifiquei, tanto a judeus como a gregos, que eles precisam converter-se a Deus com arrependimento e fé em nosso Senhor Jesus” (v.21). Paulo traz consigo a mensagem do evangelho. Ele é preocupado em ensinar a igreja. Não vem com palavras persuasivas de sabedoria humana (1Co 2.13), mas com a mensagem do alto. Sabe que a Palavra de cruz é loucura para os que perecem, mas para os salvos é o poder de Deus (1Co 1.18). Sua mensagem é equilibrada, não fazia concessões, mas também não ia a extremos. Não está preocupado com o que as pessoas “queriam” ouvir e sim com aquilo que elas “precisavam” ouvir. Estava determinado em fazer a vontade de Deus e não a dos homens. Sua mensagem não era de conformismo com o mundo, mas de conversão à Deus, não era de prosperidade barata e sim de arrependimento e fé no Senhor Jesus Cristo. Amava os irmãos, porém seu senso de amor não deixava de lado a preocupação com eles e se necessário agia com severidade, para conduzi-los à salvação.

Sua visão abrangente: “Testifiquei, tanto a judeus como a gregos...” (v.21a). Seu tempo é curto, seu trabalho é grande, sua visão não é bairrista. Não pensava só em sua cidade, queria alcançar judeus e gentios, queria alcançar o mundo. Temos razões para acreditar que o grande evangelista John Wesley, quando disse “O mundo é minha paróquia”, com certeza foi influenciado pelo Apóstolo Paulo, pois em seu ministério, em três viagens missionárias, pode defender o evangelho, levar pessoas ao arrependimento e à conversão em Cristo Jesus, plantar igrejas, ensinar líderes, prepará-los para defender o rebanho e dar continuidade a seu trabalho. Nele não havia comodismo, mas dedicação, que serve de exemplo, inspiração e encorajamento para milhares de missionários hoje.

Sua segurança: “Agora, compelido pelo Espírito, estou indo para Jerusalém, sem saber o que me acontecerá ali, senão que, em todas as cidades, o Espírito Santo me avisa que prisões e sofrimentos me esperam” (v.22,23). As informações não eram boas, acontecimentos ruins o aguardavam, porém ele está convicto de que o Espírito Santo o está conduzindo, e, portanto, sente-se seguro. Tem uma vida de comunhão com o Senhor Jesus Cristo, o dono da vida; está disposto a levar o vitupério de Cristo (Hb 13.13) e assim não tem com o que se preocupar. Sua vida está escondida em Cristo e sua segurança não esta baseada em coisas humanas. Nesta fé, quando todos dizem: “não vá para Jerusalém”, ele diz: “vou, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum”. Este missionário sabe o que é viver na dependência de Deus.

Seu alvo: “... se tão-somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (v.24b). Seu alvo consiste em duas coisas; terminar a corrida e completar o ministério, ou seja, ele se sentia como um corredor em busca do prêmio e desejava ardentemente terminar a tarefa dada pelo Senhor Jesus Cristo a ele. Não podia desistir, seria frustrante e considera ser grande bênção alcançar este alvo. Seus anseios não estão baseados em coisas terrenas, não busca promoção pessoal, não quer estar em evidencia, não quer ser o centro das atenções, só quer terminar a corrida e completar o ministério que Jesus lhe deu. Este missionário é espiritual. Quer terminar a vida testemunhando do evangelho da graça de Deus. Que exemplo!

O irmão Paulo já fez a parte dele. Hoje, a responsabilidade é nossa. Vivemos num mundo globalizado, onde as distancias se encurtaram pela agilidade das comunicações e também dos transportes, a alta tecnologia está a nossa disposição. Depois de termos o Senhor Jesus como nosso Salvador, não há como fazer “vistas grossas”; há milhares de pessoas pelo mundo afora, pessoas pelas quais Jesus morreu e é nossa a responsabilidade de levarmos o testemunho do evangelho da graça.

Faça também a sua parte!
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Fonte: Sou da Promessa compartilhado no PCamaral

2 comentários:

  1. Nosso irmão Paulo deixou-nos sua herança porque viveu a sua história de vida com Jesus, ou melhor, a sua história de vida tornou-se a vida de Jesus encarnada na sua própria pele ! Muitos hoje na Igreja elogiam Paulo em discursos e pregações emocionantes, até usam dizeres próprios desse missionário inconfundível e único da história da Igreja, mas não encarnam o espírito pelo qual Paulo viveu ! Porisso a Igreja está pobre de uma teologia saudável e equilibrada, onde a pessoa de Jesus seja o único alvo da vida terrena e eterna. Paulo se preocupou em agradar a Jesus pois O amava incondicionalmente, se tão somente encarnássemos essa verdadade...

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  2. Uma grande verdade! É impressionante como citam o exemplo dado pelo apostolo Paulo, e mais impressionante ainda, e até curioso, é de que ninguém deseja ser Paulo. Trabalhar como ele trabalhou, ser perseguido como ele foi, pregar Jesus Cristo mesmo com risco de morte, ser apedrejado, encarcerado, humilhado, tudo por amor ao Senhor Jesus e a Sua palavra.... não!Isso ninguém deseja!

    Todos miram em eu exemplo, e assim, como o exemplo dado por Jesus, para ser seguido, é deixado de lado, o exemplo de Paulo também.... afinal.... quem quer sofrer por causa do evangelho??????

    Se achamos que é dificil ser imitador de Cristo, por entender que o SENHOR é perfeito demais e não conseguiremos, então vamos seguir o exemplo de um homem imperfeito que foi o apóstolo Paulo, mas que foi perfeito ao imitar o MESTRE JESUS!

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