Igreja de Cristo Uma Comunidade Singular

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; (Mateus 16:18)
Se dependesse da oratória de Pedro, da sabedoria de Paulo ou da eloqüência de Apolo, a igreja já teria se extinguido, juntamente com eles.
A igreja é propriedade exclusiva e particular de Jesus, que não admite sócios-proprietários
Por José Lima de Farias Filho
A igreja é o conjunto de todos os verdadeiros cristãos, de todos os tempos e lugares, os que se arrependeram, foram perdoados e justificados, mediante a fé em Jesus Cristo. O primeiro registro de tal palavra na Bíblia se dá em Mateus 16:18. No texto, ao se referir a ela, Cristo utilizou a palavra grega ekklésia, cujo significado literal é “chamados para fora”, e indica, em sua língua de origem, uma assembleia, ou uma reunião de pessoas para tratar de assuntos de interesse comum. Os gregos tinham suas assembleias, nas quais os magistrados decidiam a vida jurídica de seus cidadãos (At 19:32-39). Jesus decidiu criar a sua comunidade, que se reuniria em torno dele. Quando alguém o recebe como Senhor, começa a fazer parte dela, por meio do Espírito Santo, que a unifica (1 Co 12:12-13). Esta comunidade é singular! É a igreja de Cristo! O texto de Mateus 16:18 nos apresenta quatro razões pelas quais podemos afirmar isso.
É uma comunidade alicerçada em Cristo
A igreja de Cristo tem um alicerce seguro, inabalável, sobre o qual Jesus disse a Pedro: “...sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16:18). Quem é “esta pedra”? Obviamente, não é o próprio Pedro. O Rev. Hernandes Dias Lopes diz que o nome de Pedro deriva do termo grego petros, que significa fragmento de pedra. [2] Mas nesse texto, o termo pedra tem origem na palavra grega petra, que significa rocha inabalável, pedra inamovível. Aqui, Cristo refere-se a si próprio: Ele é o alicerce da igreja (Ef 2:20)! Nas palavras de Paulo, ninguém “pode lançar outro alicerce, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3:11).
A base da igreja é Cristo, e por tê-lo como alicerce não depende do poder humano para existir. Se dependesse da oratória de Pedro, da sabedoria de Paulo ou da eloquência de Apolo, a igreja já teria se extinguido, juntamente com eles. Se assim o fosse, não teria suportado a perseguição que lhe foi imposta, ao longo dos séculos. Ela depende única e exclusivamente de Cristo, o seu Senhor! E subsiste porque o Senhor a sustenta (Cl 1:18). Por ser fundamentada em Cristo, a igreja não é objeto de glória humana. Muitos se aproveitam da noiva do Senhor com o intuito de promover a imagem pessoal. Isso, todavia, é um erro grave. Ela é objeto da glória de Cristo e de mais ninguém: “Convém que ela cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
É uma comunidade edificada por Cristo
Além de seu alicerce, ele é também seu construtor. O texto é claro: “... edificarei a minha igreja” (Mt 16:18). O termo tem sua origem no grego oikodomeo, que significa erigir uma construção, promover crescimento. A igreja não é uma comunidade estática, morta, fadada à mesmice. É um edifício em construção, um organismo vivo, um corpo em crescimento. Ela está em construção o tempo todo. Por quê? Por ser uma comunidade de homens e mulheres imperfeitos (1 Jo 1:8). Ela persegue a santificação, mas não a alcança sozinha; precisa da ajuda de Cristo (Rm 6:22). É ele que tem o poder de edificar a igreja, e o tem feito. Ele a conhece e sabe como torná-la espiritualmente madura. As técnicas, a força, a sabedoria e o dinamismo humanos são incapazes de erguê-la, só Jesus tem esse poder.
Para quê a igreja foi por Cristo construída e edificada? Certamente, para cumprir a sua missão na Terra, ou seja, adorar a Deus continuamente (Cl 3:16), anunciar Cristo ao mundo, às criaturas (Mc 16:15), preparar os santos por meio do ensino (Mt 28:19), amparar os necessitados (1 Jo 3:17) e alimentar a esperança (1 Co 15:19). Cristo não a construiu para a ociosidade, mas para fazer diferença num mundo corrompido pelo pecado. Seja feita, portanto, a vontade de seu construtor (Mt 16:18).
É uma comunidade pertencente a Cristo
A terceira razão pela qual a igreja é singular se relaciona com seu proprietário. Preste atenção às palavras de Jesus: “... edificarei a minha igreja”. A igreja é de Jesus, Ele é o proprietário! Por qual motivo? Porque ele a comprou por alto preço. Pedro lembra-nos que não foi com valores terrenos e perecíveis, como prata e ouro, que fomos resgatados do pecado, “mas com o precioso sangue de Cristo” (1 Pd 1:18-19). A Igreja de Cristo foi comprada com o seu próprio sangue, e é preciosa aos olhos dele (Ef 3:7-12). Seu dono é o Cordeiro de Deus e ele fez questão de afirmar isso ao dizer “minha igreja”, pois os homens costumam esquecer-se de tal verdade.
Não é difícil encontrarmos líderes ou membros, em comunidades locais, agindo como donos da igreja, querendo dirigi-la conforme suas vontades, como se fossem seus senhores. Fazem isso pela competência e influência que têm, por estarem nela há muito tempo, ou pela boa condição financeira que possuem. Estão errados! Ninguém tem o direito de sentar-se na cadeira que pertence a Jesus.
Além disso, agimos como seus proprietários quando nos julgamos indispensáveis para ela ou ao pensarmos que sem nosso trabalho ela irá parar. Ledo engano! Membros, consagrados, líderes, pastores, superintendentes e presidentes passarão, mas a igreja, que pertence a Cristo, permanecerá! Ela é propriedade exclusiva e particular de Jesus (1 Pd 2:9-10), que não admite sócios-proprietários. Não é uma empresa, cujas ações estão à venda na bolsa de valores. Ela é de Jesus e só d’Ele. Todos que se levantam para fazer o contrário caem! É singular, porque é de Cristo!
É uma comunidade vencedora em Cristo
A igreja, a comunidade estabelecida por Jesus, já acumula quase dois mil anos de história. Qual o segredo de tamanha longevidade e onde reside sua força? Jesus! O versículo que estamos analisando conclui-se dizendo que “as portas do inferno não prevalecerão” contra a igreja. O que isso significa? Barclay nos recorda que no antigo Oriente, especialmente nas pequenas cidades e aldeias, a “porta” era o local no qual os líderes se reuniam, pronunciavam seus conselhos e emitiam julgamentos. A porta de uma cidade era seu tribunal, o lugar do governo.
Lembremo-nos, por exemplo, que uma das acusações de Deus a Israel, em Amós, foi a de aceitarem suborno na “porta” (5:12). Já a palavra traduzida por “inferno” é derivada do termo grego Hades, lugar que, segundo os judeus, não era de castigo, mas para onde todos os mortos iam. Portanto, é bem provável que a expressão “portas do inferno”, seja sinônimo de “poderes ou governo da morte”, que jamais superarão a força da igreja. Não “prevalecerão”, ou seja, jamais serão superiores em força, disse Jesus! A igreja de Cristo triunfará! E quem garante sua vitória sobre os poderes da morte é ele próprio. Fazemos parte de uma comunidade vencedora: nem a morte poderá destruí-la, pois os que dela fazem parte, ao morrer, ressuscitarão. No decorrer dos tempos, muitos tentaram destruí-la através de perseguições e heresias, todos sem sucesso.
A igreja continua a existir. Por quê? Jesus trouxe a igreja até aqui e a levará até o seu destino final! Um dia, nosso Senhor, que venceu os poderes da morte, buscará esta comunidade singular, todos os verdadeiros cristãos de todos os tempos e lugares, e estaremos para sempre ao lado dele! Até que este dia chegue, continuaremos a proclamar as virtudes de quem nos tirou das trevas para o seu reino de luz. Continuemos influenciando, sendo o sal e a luz, sendo uma comunidade que tem uma mensagem de esperança para uma sociedade enferma.

Somos mais do que vencedores em Cristo!

Bibliografia
[1] BARCLAY, William. The Gospel of Matthew (Título Original em Inglês). Tradução: Carlos Biagini. (Ebook digital, não publicado).
[2] LOPES, Hernandes Dias. O melhor de Deus para sua vida. Belo Horizonte: Betânia, 2004.

Fonte: Revista IAP em Ação Ano IV numero 4 compartilhado no PCamaral

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