Psicopatia e Religião

Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; (1 Timóteo 4:2)

Por Elidia Rosa

Entender certos comportamentos, diz muito a respeito da personalidade de um sujeito , apesar de que compreendo cada pessoa como única protagonista de sua história, pois deixar "na mão" de um saber total as explicações ricas da existência seria no mínimo simplista. A dinâmica de compreender como as pessoas agem, movidas por seus impulsos, paixões, é uma experiência interessante, algumas vezes assustadora. Por exemplo, os psicopatas: não aqueles matadores que você no canal Discovery, mas os que dia-a-dia, numa escala, a olhos menos atentos, imperceptível, convivemos na vida real/virtual e interagimos algum dia.

O perverso não sente culpa: ele até demonstra certo arrependimento, numa espécie de teatro, mas suas atitudes reforçam o oposto. Abusa da confiança de gente que cerca, aproveita-se de fragilidades emocionais do outro, e procura sugar o máximo que pode de suas "inter-ações". Ele é sedutor. Se expressa bem. Se há religiosidade presente nas palavras, nas conversas, a interação social deixa descartar qualquer sombra de dúvida sobre a ilibada conduta. Questionei um dia uma terapeuta sobre como eram pais de família dedicados, esposos com poucos deslizes aparentes... e rimos lembrando de Dexter (aí sim um padrão 'Discovery', rs).

Aí começam alguns questionamentos: de quando pessoa diz ser "seguidor de Cristo", e fala dele como se fosse seu mestre - contradizendo o discurso cristão de como age na alma das pessoas, modificando comportamentos e atitudes. Mas como agir em uma "mente sem coração"? A personalidade perversa não "re-conhece" interditos, e usa a desculpa religiosa para servir-se mais em seus intentos, penso que se houvesse a hipótese de sentimento de arrependimento, seria egoístico (para "salvar-se").

Freud trazia a religião e a fé em sua obra, e em como o homem precisava dela enquanto instância divina a fim de abalizar suas ações (recompensa vindoura) e, ou, puni-las (interdito).

O diálogo contemporâneo entre a psicologia e a fé, enquanto "re-produtor" de comportamentos forçadamente modelados para encaixarem-se num padrão que atenda os anseios da moral, traz o respaldo de uma ciência com arremedo de fé (e vive-versa), na maioria das vezes.

A questão da perversão latente no meio "dito" cristão, é sem dúvida, um assunto com muito a discutir.

Fonte: re-pensandodiferente | Compartilhado no PCamaral

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