Nossos filhos "leprosos"

Por Amilton Menezes em Sou da Promessa

Sempre imaginei como deveria ser naqueles dias, quando o conhecimento da ciência médica era bem limitado. Sozinhas, abandonadas, vivendo com outros com o mesmo infortúnio, longe da família e dos amigos. Sem condições de higiene e vendo o próprio corpo ser consumido dia a dia pela lepra. Pior que o corpo ser consumido, penso em como eles deveriam se sentir consumidos pela saudade dos filhos, da esposa ou do marido e dos pais. Por vezes, os leprosos avistavam seus queridos de longe, mas nem podiam desfrutar bem daquele momento, pois tinham que clamar em altos brados: “Imundo! Imundo!" (Levítico 13:45). Não é de admirar que a lepra fosse tão temida.

Os “leprosos” de hoje

A vida nos ensina lições muitas vezes bastante duras, mas sei que em tudo Deus tem um propósito e muitas vezes o sofrimento nos torna pessoas mais bondosas, menos críticas e amorosas. Há poucos dias, meditando a respeito dos leprosos e como era o tratamento que eles recebiam, vi que há uma grande semelhança entre o tratamento dispensado a eles e aos nossos filhos, que já pertenceram ao rebanho do Senhor e que agora se encontram afastados do aprisco. São vistos como “imundos”, como pessoas com quem não se deve manter nenhum contato, a fim de que seja evitado o “contágio”. Não há para com eles nenhum ato de simpatia e tampouco de apreço. A atitude, em geral, reflete o seguinte pensamento: “Devem estar longe do nosso arraial. Afinal de contas, eles conhecem a verdade, então por que se afastaram? Sabem onde os membros se encontram, sabem o caminho da igreja e, se quiserem voltar, as portas estarão abertas, desde que se apresentem primeiro ao sacerdote".

O difícil caminho de volta

Porém, basta abrir os olhos e observar atentamente o que acontece quando aqueles que se afastaram decidem fazer uma visita à igreja. Eles são olhados com desconfiança, as pessoas reparam muito em suas veste. Os cumprimentos são frios e os sorrisos bem amarelos. Parece que a presença desses “imundos” incomoda a “nossa santidade”. É difícil acontecer um sorriso verdadeiro, uma alegria por vê-los de volta, ainda que estejam apenas fazendo uma visita. Salvo raras e honrosas exceções de velhinhas piedosas que, provavelmente através do sofrimento, já aprenderam um pouco mais sobre o amor!

Esses “leprosos” têm a sensação que ali não é o lugar deles, afinal não são bem-vindos. Os sentimentos que carregam de vazio e carência do amor cristão são passados por alto. Apenas quando se encontram com outros “leprosos” eles se sentem aceitos e amados. Como eu almejaria que Jesus se encontrasse à porta de nossas igrejas, recebendo os “nossos filhos leprosos”! Tenho certeza que Seu olhar de amor, Seu sorriso sincero de boas-vindas e Seu abraço caloroso fariam com que eles nunca mais quisessem sair dali.

É imprescindível que o Espírito Santo trabalhe não somente no coração dos nossos filhos, mas também em nosso coração. Somente assim, com atos de bondade e simpatia que brotam de um coração unido ao de Cristo, poderemos atrair as ovelhas feridas e doentes que estão distantes do aprisco.

Que tal fazermos a diferença na vida dessas pessoas?

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