Falando mais do que o necessário

Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal. Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus. De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim. (Tiago 3:8-10)

Por Guilherme Ávilla Gimenez em Instituto Jetro

Já ouvi algumas vezes pessoas mais idosas utilizando um ditado popular que diz: "quem fala demais dá bom dia a cavalo". Por vivermos em um ambiente urbano, o ditado parece não ter mais a mesma relevância, por isso, utilizo outro, que para mim tem um significado especial: "quem fala demais cumprimenta manequim". O significado especial vem de uma situação que presenciei e que me levou a muitas risadas. Enquanto fazia compras em uma grande loja de departamentos, percebi que uma senhora estava conversando com um manequim. A princípio, pensei se tratar de uma brincadeira, mas não: ela estava conversando de verdade com o boneco de plástico que, de tão bem vestido, parecia um ser humano. Quando ela percebeu se tratar de um manequim, ficou toda sem graça e saiu sorrateiramente da loja, enquanto algumas pessoas - como eu - não resistiram e caíram na risada. Muitos não correm esse risco, pois falam pouco. Mas outros precisam tomar cuidado para não viver a mesma experiência.

Falar demais, um problema para a liderança!

Falar demais pode ser um grave problema comportamental, principalmente para aqueles que têm uma posição em que suas palavras podem fazer a diferença. Líderes, por exemplo, são ouvidos com atenção e, se falarem demais, poderão colocar sua própria posição ou a de outros em risco. E veja que não estou pensando nos discursos ou palestras que passaram por um processo de preparação meticuloso, mas sim na conversa do dia a dia, que em geral, é muito mais perigosa.

Falo da conversa no corredor, durante a refeição ou enquanto nos dirigimos para o estacionamento. Essa conversa informal - mas que é recebida com atenção por quem ouve - não pode passar da medida, pois caso isso aconteça, gerará problemas terríveis; e, alguns deles, não conseguiremos mais resolver, pois, como diz outro ditado popular, "algumas palavras são como jogar penas pela janela: é impossível recolhê-las de volta".

Devemos ser comedidos no falar, principalmente quando o conteúdo da conversa envolve terceiros ou traz assuntos que são controvertidos demais para saírem de nossa boca. Falar o necessário é mais importante do que falar o que se sente vontade. E note que, por vezes, sentimos vontade de falar uma série de coisas das quais podemos nos arrepender nos minutos seguintes.

Parâmetros

Para não falar além da medida, podemos usar alguns parâmetros bem simples e que, em geral, funcionam como medidores do quanto falamos. Faça perguntas como essas abaixo e, se as respostas forem afirmativas, é sinal de que está falando demais:

a) O que estamos falando pode não ser totalmente verdadeiro?
b) Existe alguma restrição sobre o assunto que estamos falando? Ele nos foi confiado como sendo um segredo ou pode denegrir a imagem de alguém?
c) O que estamos falando é vergonhoso, vexatório ou indecente?
d) O que falamos vai expor alguém de modo desnecessário?
e) Estamos aumentando um assunto apenas para que pareça mais interessante?
f) É fofoca?

Por certo existem muitas outras perguntas que podem ser feitas, mas essas já servem para criar alguns parâmetros da extensão e do conteúdo de nossa conversa. Lembre-se de que quanto mais falamos, mais podemos errar. Então, fazendo uma boa medida de nossas palavras, correremos menos riscos. Aliás, o problema não é falar com manequins, pois esses não contarão nada do que ouviram. Problema sim é falar demais a pessoas que também falam demais e, por sua vez, espalharão segredos ou repartirão informações que são de cunho pessoal e não edificam outros que nem têm condição de receber determinadas informações.

Falar menos! Falar o importante! Falar o que vale a pena! Três imperativos para todos os líderes!


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