A juventude do espetáculo
Por Mateus Octávio Alcantara de Souza em Ultimato Jovem
Toda generalização é burra, eu sei. Entretanto, atrevo-me aqui a escrever às massas, que carecem sempre de um fermento novo para levedá-la.
Tenho refletido com pesar sobre a juventude de meu tempo, sobre as suas atitudes e os seus anelos. Essa juventude sem profundidade, que “adora” nadar em águas rasas. Que protestam na rede, mas fogem do debate em suas igrejas, comunidades e famílias. Antecipo aqui, que me incluo nesta análise.
“O que antes era vida passará a ter a vida artificial do arquivo.” — reflete o peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura em 2010, no seu mais recente livro “A Civilização do Espetáculo”. Embora não seja um livro de ensaios denominado cristão, ele faz uma análise da Igreja e do cristianismo moldando a cultura, “Depois da família, a principal transmissora da cultura ao longo das gerações foi a Igreja.”.
Sua análise sobre a sociedade atual, me parece ter sido encomendada para falar dos jovens evangélicos da minha geração. “O que quer dizer civilização do espetáculo? É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal.” — diz Llosa. Tentar fugir do tédio, da introspecção, da reflexão, através de meios que entretêm, faz com que os cidadãos fujam das responsabilidades do mundo ao seu redor.
Virou rotina elegemos sempre “o pastor da moda” “o cantor da moda” “o pregador engraçado” “o Papa pop”, todos formados por uma cultura de entretenimento que logo passa e não preenche. Ele está lá, não pelo seu conteúdo, mas pelo seu perfil para o estrelato. E quando um artista da música fica sem graça, vamos atrás de outro para ouvir aos pulos. “A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca.” — observa ainda Llosa.
Todo esse show tem consequências. Além de tapar o sol de nossas almas com a peneira (ou seja, divertir-se, pular, e no dia seguinte voltar à estaca zero), alma essa que carece de sombra fresca, essa cultura banaliza a cultura e a arte que nós (a Igreja) fomos os maiores promotores no decorrer dos tempos. Além de tudo, diz Llosa, essa nova cultura não forma indivíduos capazes de pensar e discernir, mas, sim, indivíduos que engolem tudo o que recebem, e ainda pedem “bis”. Esses indivíduos não sabem discernir se estão sendo ensinados corretamente. Só sabem que uem diz é o pastor pop , e, afinal, se ele diz é porque é. Sei que não falo a uma totalidade dos jovens, e isso me alegra um pouco.
Vamos nos divertir, sorrir e nos alegrar, faz parte da vida e da juventude. Mas isso não é o primordial. Pensadores têm refletido há anos que pode acontecer não muito tarde a chamada “morte da palavra”. Sem a tradição da palavra, dita ou escrita, a tradição cristã e o cristianismo estariam arruinados. Precisamos pensar seriamente no que estamos ingerindo, e se estamos vomitando isso para as gerações que ainda virão.
Tenho refletido com pesar sobre a juventude de meu tempo, sobre as suas atitudes e os seus anelos. Essa juventude sem profundidade, que “adora” nadar em águas rasas. Que protestam na rede, mas fogem do debate em suas igrejas, comunidades e famílias. Antecipo aqui, que me incluo nesta análise.
“O que antes era vida passará a ter a vida artificial do arquivo.” — reflete o peruano Mario Vargas Llosa, prêmio Nobel de literatura em 2010, no seu mais recente livro “A Civilização do Espetáculo”. Embora não seja um livro de ensaios denominado cristão, ele faz uma análise da Igreja e do cristianismo moldando a cultura, “Depois da família, a principal transmissora da cultura ao longo das gerações foi a Igreja.”.
Sua análise sobre a sociedade atual, me parece ter sido encomendada para falar dos jovens evangélicos da minha geração. “O que quer dizer civilização do espetáculo? É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal.” — diz Llosa. Tentar fugir do tédio, da introspecção, da reflexão, através de meios que entretêm, faz com que os cidadãos fujam das responsabilidades do mundo ao seu redor.
Virou rotina elegemos sempre “o pastor da moda” “o cantor da moda” “o pregador engraçado” “o Papa pop”, todos formados por uma cultura de entretenimento que logo passa e não preenche. Ele está lá, não pelo seu conteúdo, mas pelo seu perfil para o estrelato. E quando um artista da música fica sem graça, vamos atrás de outro para ouvir aos pulos. “A diferença essencial entre a cultura do passado e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela pretendiam transcender o tempo presente, durar, continuar vivos nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são fabricados para serem consumidos no momento e desaparecer, tal como biscoitos ou pipoca.” — observa ainda Llosa.
Todo esse show tem consequências. Além de tapar o sol de nossas almas com a peneira (ou seja, divertir-se, pular, e no dia seguinte voltar à estaca zero), alma essa que carece de sombra fresca, essa cultura banaliza a cultura e a arte que nós (a Igreja) fomos os maiores promotores no decorrer dos tempos. Além de tudo, diz Llosa, essa nova cultura não forma indivíduos capazes de pensar e discernir, mas, sim, indivíduos que engolem tudo o que recebem, e ainda pedem “bis”. Esses indivíduos não sabem discernir se estão sendo ensinados corretamente. Só sabem que uem diz é o pastor pop , e, afinal, se ele diz é porque é. Sei que não falo a uma totalidade dos jovens, e isso me alegra um pouco.
Vamos nos divertir, sorrir e nos alegrar, faz parte da vida e da juventude. Mas isso não é o primordial. Pensadores têm refletido há anos que pode acontecer não muito tarde a chamada “morte da palavra”. Sem a tradição da palavra, dita ou escrita, a tradição cristã e o cristianismo estariam arruinados. Precisamos pensar seriamente no que estamos ingerindo, e se estamos vomitando isso para as gerações que ainda virão.
Mateus Octávio Alcantara de Souza tem 21 anos, é Bacharel em Teologia e escreve no blog Meditações
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