Jesus ora depois da morte de João Batista


Logo após darem sepultura ao corpo sem cabeça de João Batista (a cabeça fora tirada no cárcere, colocada em um prato, entregue a uma jovem chamada Salomé e levada para Herodias, amante de Herodes), seus discípulos foram ao encontro de Jesus e lhe contaram tudo. “Ao saber o que tinha acontecido, Jesus saiu dali num barco e foi sozinho para um lugar deserto” (Mt 14.13).

Essa volta ao deserto era para estar na presença de Deus de modo especial à vista do que havia acontecido com o filho de Isabel, parenta de Maria, e do sacerdote Zacarias. Além de parente, João Batista era o precursor de Jesus e o cumprimento da profecia de Isaías. Poucos dias antes, Jesus havia dito: “Entre os nascidos de mulher não surgiu ninguém maior do que João Batista” (Mt 11.11). Jesus foi atingido em cheio por esta violência cometida contra João e precisou estar a sós com Deus para orar. Daí a pequena viagem de barco atrás de algum descampado do outro lado do lago.

No entanto, o lugar não estava deserto. Uma grande multidão de sofredores o esperava na praia na esperança de ser socorrida por ele. Por estar também em sofrimento, Jesus teve compaixão deles e adiou o momento a sós com Deus. Ele gastou o dia inteiro ensinando, curando e alimentando aquelas pessoas (cerca de 5 mil homens, sem contar mulheres e crianças). Ao entardecer, Jesus despediu as multidões e “insistiu com os discípulos para que entrassem no barco e fossem adiante dele para o outro lado” (Mt 14.22).

Então Jesus subiu sozinho a um monte para orar. Não se sabe o que ele falou com Deus. Talvez não tenha pedido nada. Talvez tenha apenas chorado e derramado o coração como água perante ele (Lm 2.19). Talvez tenha dado graças, pois mesmo abatido havia conseguido confortar a multidão. Talvez tenha agradecido pela vida e ministério de João Batista. Talvez tenha lamentado a miséria humana. O fato é que o período de oração não foi curto. Jesus orou do pôr do sol à meia-noite e da meia-noite à quarta vigília da noite (entre três e seis horas da manhã).

Ao sentir-se refeito, Jesus foi ao encontro dos discípulos, que já haviam remado cerca de cinco ou seis quilômetros. Ele foi andando por sobre a superfície líquida do lago da Galileia, o que os assustou. A oração bem feita é sempre um refrigério, que acalma e recompõe o coração de quem quer que seja. É possível relaxar durante a oração e depois dela.

Publicado originalmente em Revista Ultimato

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