O incômodo do espinho na carne
Espinho na carne é o ferrão não removível procedente do diabo para machucar e ferir a pessoa por dentro, usado soberanamente por Deus para proteger os eleitos da autoexaltação
A expressão “espinho na carne” aparece uma única vez na Bíblia. É uma experiência amarga que Paulo só conta aos crentes de Corinto e de toda a Acaia, assim mesmo com quatorze anos de atraso e fazendo uma associação com a experiência contrária de seu arrebatamento ao terceiro céu (2Co 12.1-10). O apóstolo não se abre completamente e esconde a natureza daquelas bofetadas com as quais o arauto de Satanás o feria. Na avaliação de eruditos e de curiosos, o espinho na carne, no caso de Paulo, poderia ser muitas coisas: uma oftalmia crônica que lhe dava uma aparência repulsiva, problemas de gagueira, acessos penosos e imprevisíveis (ataques de epilepsia), malária, frequentes dores de cabeça, sofrimento emocional causado pela recusa sistemática ao evangelho por parte de seus irmãos judeus, ausência de uma esposa etc. Poucos admitem a existência de uma tentação recorrente, isto é, de um desejo pecaminoso intenso que precisava ser continuamente contido. “Os que imaginam que Paulo era tentado pela luxúria” -- explica João Calvino -- “caem em completo ridículo e devemos descartar isso”. Para ele, o aguilhão do apóstolo seria “a soma de todos os diferentes tipos de provações com que Paulo era atormentado” (“Comentário à Carta de Paulo aos Coríntios”, p. 245).
Homem de oração que era, três vezes Paulo pediu ao Senhor que removesse o espinho de sua carne e três vezes o Senhor disse um austero “não”, e acrescentou: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco” (2Co 12.9). O apóstolo não só se submeteu, mas também entendeu o mecanismo do formidável espinho na carne:
“Para que eu não ficasse orgulhoso, recebi o dom de um obstáculo, que me mantém em contato permanente com minhas limitações. O anjo de Satanás fez o melhor que pôde para me derrubar, mas o que conseguiu foi me pôr de joelhos. Sem chance que eu ande de nariz empinado e orgulhoso! No princípio, eu não pensava nele [no espinho] como um dom [...] agora enfrento com alegria essas limitações, como tudo o que me torna pequeno -- abusos, acidentes, oposição, problemas. Simplesmente permito que Cristo assuma o controle! E, quanto mais fraco me apresento, mais forte me torno” (2Co 12.7-12, AM).
Concretamente falando, o espinho na carne, assim como a depressão, é muito mais do que um incômodo. É uma coisa horrível, um bofetão, uma pancadaria, uma chicotada, um tormento, uma agressão. O pior de tudo é que ele está agarrado no íntimo e de lá não se retira. É inafastável, irremovível. Mas, curiosamente, para os mais íntimos, as ferroadas de Satanás são, ao mesmo tempo, uma manifestação da graça de Deus, que provoca o desmantelamento das estátuas de Nabucodonosor que nós mesmos construímos com o auxílio de Lúcifer.
O espinho na carne tem feito uma falta enorme na história passada e presente da igreja. É preciso um avivamento do espinho na carne, porque há pessoas que estão aparecendo muito mais do que Jesus. Elas estão tirando Jesus do foco, colocando Jesus de lado, empurrando Jesus para trás e projetando sua própria sombra sobre ele. Seja na liderança da igreja, no academicismo teológico, no fundamentalismo, no liberalismo, nas igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais. E nem sequer atinam para isso, pois contam com as palmas dos fiéis que atraem para si e com todos os instrumentos da marquetagem secular.
O cristão precisa aprender a lidar com os incômodos da tentação, da culpa, da ansiedade, da depressão, da solidão e também do espinho na carne. Em todas essas coisas, a oração continua sendo o expediente mais necessário e mais eficiente!
A expressão “espinho na carne” aparece uma única vez na Bíblia. É uma experiência amarga que Paulo só conta aos crentes de Corinto e de toda a Acaia, assim mesmo com quatorze anos de atraso e fazendo uma associação com a experiência contrária de seu arrebatamento ao terceiro céu (2Co 12.1-10). O apóstolo não se abre completamente e esconde a natureza daquelas bofetadas com as quais o arauto de Satanás o feria. Na avaliação de eruditos e de curiosos, o espinho na carne, no caso de Paulo, poderia ser muitas coisas: uma oftalmia crônica que lhe dava uma aparência repulsiva, problemas de gagueira, acessos penosos e imprevisíveis (ataques de epilepsia), malária, frequentes dores de cabeça, sofrimento emocional causado pela recusa sistemática ao evangelho por parte de seus irmãos judeus, ausência de uma esposa etc. Poucos admitem a existência de uma tentação recorrente, isto é, de um desejo pecaminoso intenso que precisava ser continuamente contido. “Os que imaginam que Paulo era tentado pela luxúria” -- explica João Calvino -- “caem em completo ridículo e devemos descartar isso”. Para ele, o aguilhão do apóstolo seria “a soma de todos os diferentes tipos de provações com que Paulo era atormentado” (“Comentário à Carta de Paulo aos Coríntios”, p. 245).
Homem de oração que era, três vezes Paulo pediu ao Senhor que removesse o espinho de sua carne e três vezes o Senhor disse um austero “não”, e acrescentou: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco” (2Co 12.9). O apóstolo não só se submeteu, mas também entendeu o mecanismo do formidável espinho na carne:
“Para que eu não ficasse orgulhoso, recebi o dom de um obstáculo, que me mantém em contato permanente com minhas limitações. O anjo de Satanás fez o melhor que pôde para me derrubar, mas o que conseguiu foi me pôr de joelhos. Sem chance que eu ande de nariz empinado e orgulhoso! No princípio, eu não pensava nele [no espinho] como um dom [...] agora enfrento com alegria essas limitações, como tudo o que me torna pequeno -- abusos, acidentes, oposição, problemas. Simplesmente permito que Cristo assuma o controle! E, quanto mais fraco me apresento, mais forte me torno” (2Co 12.7-12, AM).
Concretamente falando, o espinho na carne, assim como a depressão, é muito mais do que um incômodo. É uma coisa horrível, um bofetão, uma pancadaria, uma chicotada, um tormento, uma agressão. O pior de tudo é que ele está agarrado no íntimo e de lá não se retira. É inafastável, irremovível. Mas, curiosamente, para os mais íntimos, as ferroadas de Satanás são, ao mesmo tempo, uma manifestação da graça de Deus, que provoca o desmantelamento das estátuas de Nabucodonosor que nós mesmos construímos com o auxílio de Lúcifer.
O espinho na carne tem feito uma falta enorme na história passada e presente da igreja. É preciso um avivamento do espinho na carne, porque há pessoas que estão aparecendo muito mais do que Jesus. Elas estão tirando Jesus do foco, colocando Jesus de lado, empurrando Jesus para trás e projetando sua própria sombra sobre ele. Seja na liderança da igreja, no academicismo teológico, no fundamentalismo, no liberalismo, nas igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais. E nem sequer atinam para isso, pois contam com as palmas dos fiéis que atraem para si e com todos os instrumentos da marquetagem secular.
O cristão precisa aprender a lidar com os incômodos da tentação, da culpa, da ansiedade, da depressão, da solidão e também do espinho na carne. Em todas essas coisas, a oração continua sendo o expediente mais necessário e mais eficiente!
Fonte: Revista Ultimato
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