Espantados ou transformados?
Por Hernandes Dias Lopes
No capítulo nove de Atos dos Apóstolos conta-se a conversão de Saulo de Tarso. Como perseguidor da Igreja, ia para Damasco com o intento de continuar a perseguição aos crentes. No caminho, Deus fez brilhar sobre ele uma forte luz do céu que o lançou por terra, ouvindo ao mesmo tempo uma voz que lhe perguntava: “por que me persegues?” À pergunta de Saulo: “Quem és tu Senhor?” ele recebe a resposta: “Eu sou Jesus a quem tu persegues.” A revelação de Jesus ao seu coração operou uma tal transformação que o levou a perguntar humildemente: “Senhor, que queres que eu te faça?”
Enquanto isto se passava, lemos que os companheiros que iam com Saulo: “pararam espantados, ouvindo a voz mas não vendo ninguém.” Não lemos que estes homens fossem convertidos; até onde sabemos, continuaram no seu caminho. É interessante que, nas mesmas circunstâncias, presenciando as mesmas coisas, ouvindo a mesma voz, vendo a mesma luz, eles podiam tomar rumo diferente de Saulo, espiritualmente falando; mas foi um fato. Lemos que eles somente “pararam” enquanto Saulo foi prostrado em terra pelo poder dessa luz; eles mantinham-se de pé, enquanto Saulo estava caído sobre o seu rosto! Que diferença no estado deles!
É possível resistir-se ao mesmo poder de Deus que lança um Saulo por terra; é possível manter-se “em pé” diante Dele, não se curvando nem se baixando. Deus podia-os ter lançado por terra, mas isso seria apenas uma demonstração de força sobre os seus corpos: não se submeteriam espiritualmente, os seus corações não se humilhariam. É possível sermos derrubados pelo poder de Deus e ainda manter-nos em pé, espiritualmente, não nos dando por vencidos. Quando o homem está resolvido a não se prostrar, não há coisa nenhuma no Universo capaz de o obrigar a fazê-lo.
Estes homens param espantados; espantados mas não humilhados; admirados mas não convertidos; ouvindo a voz mas não querendo obedecer-lhe; vendo a luz mas preferindo as trevas do seu próprio caminho e desejos. Muitos há que se têm espantado ao ver o poder de Deus em operação, têm sido obrigados a parar para contemplar a maravilha, mas foi apenas uma pausa no caminho para baixo.
Estes guiaram, sem dúvida, o apóstolo para Damasco, pois que a luz do céu o tinha deixado cego, sem contudo reconhecerem que precisavam de uma guia. Temos o quadro de uns “cegos”, que pensavam ter luz, guiando um “cego” que tinha a luz do céu no seu coração.
Vejamos a reação do nosso próprio coração perante o poder do Senhor e diante do contato com as coisas espirituais; cuidado que não sejamos apenas espantados, mas verdadeiramente transformados, por termos aceitado o lugar onde o Espírito do Senhor nos põe – sobre o nosso rosto no pó da terra, esperando a Sua Palavra, o Seu poder e a Sua ordem – “Levanta-te!”
Fonte: Palavra da Verdade
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