Pregação temática ou pregação expositiva?


Penso que a marca principal e primeira de uma igreja saudável é a centralidade da Palavra, particularmente conforme ela é expressa na pregação expositiva. Essa é realmente a marca mais importante de uma igreja saudável, e estou convencido de que se for cuidada do modo correto, as outras marcas a seguirão. Em outras palavras, se você errar nessa marca, mas talvez acertar em outras que abordaremos mais adiante, elas acabarão sendo descartadas ou distorcidas porque não brotaram primeiramente da Palavra. Mas se estabelecer a prioridade da Palavra, você terá posicionado corretamente o aspecto mais importante da vida da igreja. E, com isso, a saúde da igreja em crescimento está praticamente assegurada, não importa o que aconteça em termos numéricos.

Então, o que é essa coisa tão importante chamada pregação expositiva? Habitualmente, estabelece-se um contraste entre ela e a pregação temática. A pregação temática se dá quando determinado tema da Bíblia é selecionado e ensinado, enquanto a pregação expositiva consiste em separar um texto da Bíblia e pregá-lo. O sermão temático começa com o pregador elegendo um tema específico para abordar e, então, ele descobre aquela verdade refletida em determinada passagem ou talvez em vários textos bíblicos. Histórias e episódios são combinados, e tudo é entrelaçado em torno do assunto.

Um sermão temático pode certamente ser expositivo, na medida em que faça uso correto e cuidadoso dos textos. Entretanto, o seu objetivo já foi determinado antes de o pregador chegar à Palavra, por seu próprio pensamento acerca do que a congregação precisaria ouvir.

Esse tipo de pregação contrasta com a forma como costumo pregar no dia de culto oficial em minha igreja, em Washington. Lá, prego sermões expositivos. Abordo um texto das Escrituras e ele determina o que direi, os meus objetivos e o que falarei ao povo de Deus em qualquer Dia do Senhor.

Entretanto, a pregação expositiva não é simplesmente expor no púlpito um comentário bíblico, versículo a versículo. Às vezes, esse tipo de ensino pode ser uma pregação. Mas certamente a pregação expositiva não é só isso. Na verdade, ela é aquela que extrai o ponto principal do sermão do ponto principal do texto bíblico que está sendo exposto.

A pregação expositiva é aquela que está a serviço da Palavra. Ela pressupõe a crença na autoridade das Escrituras, mas é algo mais do que isso. Isso ocorre porque um compromisso com a pregação expositiva é um compromisso de ouvir a Palavra de Deus. Ela surge da afeição por Deus e de um desejo de ouvi-lo; da percepção de que a vida e o crescimento espiritual vêm por meio de ouvir a Palavra de Deus. Então, uma pregação expositiva é a Palavra de Deus sendo levada ao povo de Deus.

Aos profetas do Antigo Testamento e aos apóstolos do Novo Testamento não foi apenas dada uma comissão de ir e falar — eles receberam uma mensagem específica para entregar. Assim, realmente não acredito quando alguns pregadores cristãos vêm a mim e dizem ser chamados a pregar. Infelizmente, quando os ouço, às vezes, penso que isso é tudo para o que eles acham que foram chamados a fazer.

Deixe-me explicar. Creio que se um homem é realmente chamado para pregar em um sentido verdadeiramente cristão, ele não é apenas chamado a pregar. Ele não é apenas chamado a falar. Ele é chamado para pregar a Palavra de Deus e a falar a mensagem de Deus. Então, se ele não está fazendo essas duas coisas, não é verdadeiramente chamado a pregar. Não me importa quais experiências subjetivas de “direcionamento” sejam apresentadas como argumento — penso que, se alguém não está pregando a Palavra de Deus, esse alguém está errado. Os ministros de Deus são chamados a ser apenas isto: servos da Palavra de Deus. Isso é o que devemos dar ao seu povo. E, na medida em que não nos dedicamos a dar essa Palavra ao povo de Deus, não somos verdadeiros ministros. Não somos verdadeiros pregadores.

Os pregadores cristãos de hoje têm autoridade para falar da parte de Deus, mas somente desde que falem as palavras do Senhor. Eles não recebem simplesmente a ordem de pregar, mas são comandados especificamente a pregar a Palavra. Ora, os pastores podem aceitar alegremente a autoridade da Palavra de Deus. Eles podem até mesmo professar crer na inerrância da Bíblia. Mas se um pregador professa crer na autoridade e inerrância da Palavra e não prega de modo expositivo com regularidade, descobre-se que ele não ministra algo além do que já sabia ao começar.

Por exemplo, ele busca em algum lugar um texto sobre o dízimo. Ou fica chateado com a falta de recato na cultura, ou vê outras questões verdadeiras. Então, procura algo na Bíblia que reforce aquelas ideias, que as explique e as ilustre. Assim, a pregação temática pode pegar um trecho das Escrituras e exortar a congregação sobre um assunto importante, sem realmente pregar o tema da passagem. Seria quase como você pegar a sua Bíblia, fechar os olhos, orar pedindo orientação e colocar seu dedo na página aleatoriamente. Quando você abrir os olhos e ler o versículo à sua frente, ele poderá trazer uma grande bênção para você. Mas não se pode dizer que você aprendeu o que Deus queria dizer por meio dessa passagem quando ela é compreendida em seu contexto.

Então, o que é verdadeiro no mercado imobiliário também é verdadeiro na compreensão da Bíblia. As três características mais importantes dos imóveis — e também da interpretação das Escrituras — são: localização, localização e localização. A Bíblia não foi escrita um versículo por vez, como aquelas frases das caixinhas de promessas. Ela foi escrita em livros e precisamos entendê-la dentro do seu contexto.

Portanto, não pinçamos apenas determinada frase que nos inspira e falamos sobre ela se queremos ser mestres fiéis da Palavra de Deus. Não! Nós estudamos um livro específico, e nos esforçamos ao máximo para compreender o seu contexto na Bíblia, com a ajuda do Espírito Santo. Nesse sentido, um pregador prega com base em uma passagem ou parte dela, que pode ser desde uma palavra ou frase até um capítulo inteiro. Tomamos essa porção da Palavra de Deus e perguntamos: “Qual é o seu objetivo? Por que ela está aí? O que ela diz?” E então levamos isso ao povo de Deus. Isso é o que queremos encontrar no centro das nossas igrejas.

Quero enfatizar este ponto: alguém pode aceitar a autoridade da Palavra de Deus alegremente e até mesmo professar crer na inerrância da Bíblia. Contudo, se na prática essa pessoa não prega expositivamente, seja de modo intencional ou não, ela nunca pregará mais do que já sabe. E desde o chamado inicial ao arrependimento dos pecados até a última coisa de que o Espírito Santo nos convenceu, toda a nossa salvação consiste em ouvir Deus de maneiras que nunca teríamos imaginado antes de ouvi-lo. Isso acontece porque somos caídos; Deus precisa nos deter em nossa descrença e desobediência. Portanto, confiar a responsabilidade da supervisão espiritual do rebanho a alguém que, na prática, não demonstra um compromisso de ouvir e ensinar a Palavra de Deus é dificultar o crescimento da igreja. E, na prática, isso a incentiva a crescer apenas até o nível do pastor, o que fará com que ela se conforme lentamente à mente do pregador, em vez de à mente de Deus.

Deixe-me acrescentar rapidamente que penso haver ocasiões legítimas para um ensino por meio de temas, mesmo na reunião semanal principal da igreja. Mas creio que a força motriz por trás da convicção de que a pregação deve ser normalmente expositiva é que a pregação deve ter a Palavra de Deus no seu centro. De fato, toda igreja deve ter a Palavra em seu centro e a norteando em todas as coisas. Isso porque, quando lemos as Escrituras, vemos claramente que Deus decidiu usar a sua Palavra para trazer vida. A Palavra é o instrumento que Ele mesmo escolheu para algo tão surpreendente.


Fonte:
Palavra Prudente

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