A Parábola da Grande Árvore

 

Nabucodonosor sofre de uma doença chamada licantropia

Texto em Daniel 4:1-37 

Embora o capítulo quatro do livro do profeta Daniel se inicie com uma doxologia — o testemunho piedoso e corajoso de Daniel e de seus três amigos hebreus sem dúvida fez Nabucodonosor compreender o grande poder de Deus — o rei recusava-se a reconhecer a sua obrigação para com Deus, que lhe concedeu outro sonho parabólico. Dessa vez ele se lembra e narra o sonho, que era sobre uma grande árvore, alta e frondosa. Subitamente é cortada e destruída por ordem do vigia celestial. Seus frutos foram espalhados, e seus galhos não mais serviam de abrigo para as aves e os animais do campo. Tudo o que restou foi um reles tronco. Essa visão parabólica, semelhante em sua implicação à Parábola do cedro no Líbano (Ez 31:3-17), apresenta ainda outras características.

Nabucodonosor, após relatar a Daniel o sonho que seus magos não tinham conseguido interpretar, recebe do profeta (que agora tinha um nome babilônico, Beltessazar) sua interpretação divina. Daniel, atônito ao perceber que o sonho se aplicava ao próprio rei, que o tivera, “começou sua interpretação, dirigindo-se ao rei de forma cortês, o que demonstra sua percepção acerca do infortúnio que lhe sobreviria. Ainda assim, leal que era à verdade, interpretou ao monarca segundo o significado do sonho, e lançou o apelo para que Nabucodonosor abandonasse seus pecados e mostrasse misericórdia para com os pobres, a fim que a sua tranquilidade se prolongasse”. Daniel explicou que a grande árvore simbolizava o próprio rei, a sua robustez e frutificação ilustravam sua opulência e poder; o fato de ser cortada apontava para um rompimento de sua soberania e poder.

A localização da árvore, “no meio da terra”, evidenciava o crescimento desenfreado da Babilônia, em todas as direções. Os antigos orientais gostavam de ilustrar o crescimento da grandeza e do poder humano com a figura de uma árvore em crescimento ou já derrubada. A aves e os animais do campo, reunidos sob a árvore, eram uma forma figurada de se referir aos vários povos unidos sob o cetro de Nabucodonosor. A desgraça não sobreveio de uma só vez a Nabucodonosor. Só um ano depois o rei experimentou o castigo, quando, tendo desobedecido ao apelo de Daniel, andava em seu orgulho, vangloriando-se de ter construído a grande cidade —Babilônia— com o próprio poder e para a sua glória. Uma voz do céu diz ao altivo rei que o império de que se jactava lhe seria tomado, em cumprimento da profecia de Daniel.

E assim que, como acontece nos sonhos, a figura transforma-se de árvore (organismo vegetal preso ao chão) em animal, organismo vivente que, “embora apto por natureza a locomover-se com liberdade e a ter participação independente na vida, está agora violentamente tolhido. As cadeias de ferro e de bronze simbolizam os grilhões de trevas e de grosseira bestialidade em que a mente do rei se manteve por longo período”.

Assim como Herodes, o mesmo aconteceu com Nabucodonosor, que, ao jactar-se em seu orgulho, foi imediatamente golpeado. Dominado pela doença mental conhecida como licantropia, o rei deposto imaginava-se um animal e agia como tal. Deixou o convívio com os homens para habitar e alimentar-se com os animais do campo. Pela misericórdia de Deus, após algum tempo o rei recobrou o juízo e, com a mente recuperada, procurou louvar a Deus.

Nesse caso, o castigo divino parece ter tido um efeito benéfico, pois o rei entendeu o verdadeiro significado do poder de Deus. De volta ao seu reino, louvou ao Rei do céu, cujas obras são verdade e cujos caminhos são juízo. Nabucodonosor aprendeu a lição da humildade, e que o Deus supremo pode abater os que andam orgulhosamente. Aquele castigo foi a disciplina necessária para o orgulhoso governante. Agora estava cumprida a figura do tronco, que apontava para o seu posterior retorno ao poder. As lições dessa parábola para o nosso coração são claras e evidentes. O orgulho carnal, impróprio, em geral resulta em degradação. A vangloria e a auto exaltação trazem as suas desventuras. O orgulho e a autoconfiança arrogante são crimes contra Deus e merecem o seu castigo.

Então, quando o castigo tiver produzido uma atitude correta do coração diante de Deus, retornam os sinais da graça do Senhor. Além disso, o louvor a Deus mostra que a aflição não foi em vão. Nabucodonosor passou por uma experiência angustiosa e humilhante, mas que resultou em levá-lo aos pés do Deus Eterno. Já que o orgulho é um dos pecados mais comuns ao homem e um dos que Deus mais abomina, que por sua misericórdia nos mantenha mansos e humildes de espírito!

Fonte:

Universalidade da Bíblia - Texto extraído do livro "Todas as parábolas da Bíblia – Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras" - Herbert Lockyer – Editora Vida.

Nenhum comentário:

Todos os comentários serão moderados. Comentários com conteúdo fora do assunto ou do contexto, não serão publicados, assim como comentários ofensivos ao autor.

Tecnologia do Blogger.