Parábola do Cordeiro e seu fardo
Texto (Jo 1:29-36)
No tema central de seu testemunho, qual seja, a pessoalidade do Senhor Jesus Cristo, João usa três termos expressivos em referência a ele: o Cordeiro de Deus, o Filho de Deus e o Noivo; e, dentre todas as apresentações de Cristo a um mundo arruinado e perdido, essas três nunca foram superadas. Revelam o pensamento do Pai a respeito da obra abrangente de seu Filho, e vieram diretamente de Deus para João Batista: “Este é aquele de quem eu falei”; “Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus” (Jo 1:33,34).
Não se podem negar as três verdades presentes nessas três designações: sua obra expiatória como Cordeiro de Deus, sua divindade como Filho de Deus e o seu advento para os seus como Noivo.
Por duas vezes João fala de Jesus como Cordeiro de Deus, designação tão imensurável em sua profundidade quanto clara como cristal em sua simplicidade. Além das 27 referências à figura do Cordeiro no livro do Apocalipse, raras vezes aparece em outros lugares das Escrituras (At 8:32; Is 53:7; 1Pe 1:19).
O dr. G. Campbell Morgan lembra-nos que “Na primeira vez que a palavra ‘Cordeiro’ é encontrada na Bíblia, ela vem associada ao sacrifício de Isaque. De séculos distantes, ouve-se o triste clamor do moço ao ser conduzido para o sacrifício sobre o altar: ‘… mas onde está o cordeiro para o holocausto?’. A primeira vez que a palavra ocorre no NT é no momento em que o último mensageiro da grande nação surgida dos lombos de Abraão por meio de Isaque anuncia às multidões dos filhos de Abraão: ‘Eis o Cordeiro de Deus’. Não se trata de mera coincidência. Antes, comprova cabalmente a unidade do livro. O AT pergunta: ‘… onde está o cordeiro?’. O NT responde: ‘Eis aqui o Cordeiro’”.
Na plenitude dos tempos Cristo veio como Cordeiro de Deus, o Cordeiro sacrificial para ser levado ao matadouro. Não admira que João nos mande ver aquele que veio como dádiva de Deus para um mundo cheio de pecado, numa manifestação do amor de seu coração. Ele era o Cordeiro sem mancha nem defeito; e esse Inocente, mais inocente que qualquer criança, mais amável que qualquer cavalheiro, compelido pelo amor, mais indefeso que qualquer um.
Que mais podemos fazer senão unir-nos ao apóstolo João no seu refrão que diz: "Digno é o Cordeiro, que foi morto” (Ap 4:11; 5:2,9,12)?
Digno é o Cordeiro que foi morto,
clamam,
de ser assim exaltado;
Digno é o Cordeiro,
nossos lábios repetem,
Porque foi morto por nós.
João Batista, na tentativa de explicar o inexplicável, não só revela quem carregou os pecados, mas como foram carregados. O trágico termo “pecado” abrange de forma total e adequada o problema de todos as pessoas em todos os tempos. Não os pecados, os frutos, mas o pecado, a raiz, que indica um estado errôneo da mente e da alma - o pecado em sua totalidade, compreendendo os pecados de todo gênero, número e grau, sem excluir nem sequer um. Desse modo o símbolo de João mostra que Deus considera “o pecado” acima de tudo uma “carga ou fardo”.
Cristo carregou os nossos em seu corpo, no madeiro. Dessa forma o método divino de retirar a insuportável carga é referido na mensagem de João Batista que “o transformou de último profeta em primeiro e mais importante evangelista da cristandade”. A carga foi levantada, carregada, suportada e retirada. O original traduzido por tira significa “erguer, levantar, levar, retirar”, e é usado nesse sentido 25 vezes no NT.
Essa, então, foi a concepção
de João acerca da obra expiatória daquele cujo caminho ele preparou, a saber,
tirar a iniquidade dos pecadores. Por que viver “sobrecarregados” (Mt 11:28),
se Cristo já carregou o fardo?
Fonte:
Universalidade da Bíblia
Fonte consultada:
Todas as parábolas da Bíblia – Uma análise detalhada de
todas as parábolas das Escrituras | Herbert Lockyer – Editora Vida
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