Tragédia! Ah, é apenas mais uma!

Por Alex Ribeirão


Enchentes, deslizamentos de terra, terremotos, furacões, mortos e mais mortos, pais condenados por jogar uma criança pela janela… Tais situações, a principio, nos deixam estarrecidos, chocados, por que não dizer comovidos. Mas, estamos nos acostumando com elas. Mal ouvimos uma, logo chega outra. Com maior ou menor intensidade elas nos perseguem. As tragédias ouvidas ou vividas se tornaram naturais a nós, alguns, por incrível que possa parecer, chegam a sentir sua falta quando elas demoram a acontecer. Elas, [as tragédias], se tornaram familiares a nós.
Um dia presenciei o dialogo entre dois pacientes em um hospital de minha cidade.

-“É a 1ª vez que venho aqui”! Dizia o rapaz puxando conversa.
-“Não se preocupe é a primeira de muitas vezes”. Responde a experiente paciente.
-“Demoraram a encontrar meu nome no sistema”
-“Ah é porque você é novato, logo você se tornará bastante conhecido aqui. Você vai ver, nunca mais vai faltar vaga pra você! Eu mesmo venho aqui duas vezes por semana, às vezes até três. Já estou acostumada!”

Será que deveríamos enfrentar situações inesperadas com tanta naturalidade? Será que devemos conviver com as tragédias como se fossem normais? Todos os dias ouvimos boas e más noticias, embora geralmente a mídia dê mais espaço para as más noticias, pois “vendem” mais. Parece-nos que os seres humanos desenvolveram uma atenção maior às más noticias. Elas ganham sempre as primeiras páginas e as manchetes dos jornais e revistas. Mas, se sobrar algum espaço, podemos também ver ainda as boas noticias, nem que seja lá num cantinho qualquer.

As más noticias são mais abrangentes do que imaginamos. Podem afetar desde uma pessoa, a uma família, um bairro, uma cidade, um país, e até o mundo inteiro. Elas abrem espaço para a tristeza, o desânimo, a dependência, seja química, alcoólica ou psicológica, elas trazem consigo uma expectativa de que algo está acontecendo de muito errado, mas ainda pode piorar.

Então, nos acostumamos com o trágico, com os desastres, com as doenças, com os divórcios, com as falências pessoais e relacionais, domesticamos a dor. Estamos, parece que, aguardando o pior. Achamos que estamos sempre preparados, há sempre uma visão ou uma palavra conformista para se expressar, na tentativa de amenizar a dor, ou a situação vivida. Por isso, já não nos chocamos mais com a violência, a noticia de que famílias estão se matando uns aos outros, já não nos comovemos com os bebes abandonados nas portas ou nos rios, o sangue exposto na mídia, bem como os valores desvalorizados e os princípios, distorcidos e infundados, que recebemos no horário nobre. Isso já não nos incomodam mais. Acostumamo-nos a nos acostumar, aprendemos a desenvolver uma "inatitude" chamada passividade.

Que Deus tenha misericórdia de todos nós!

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Fonte: Devocional de autoria do Pastor Alex Ribeirão divulgado no PC@maral
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