Parece Campanha do Império!

Pela primeira vez em 120 anos de República, questões religiosas interferem na disputa presidencial.

Marcelo Dias

Fé, catolicismo, protestantismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo e outras religiões, por lei, não combinam com a República. A constituição de 1988 estabelece que o Estado é laico; ou, conforme a definição do filósofo Antônio Houaiss, “aquele que não pertence ao clero nem a uma ordem religiosa”. Apesar disso, os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), e boa parte do eleitorado, tem ignorado esse conceito ao limitar o debate à discussão sobre aborto e homossexualismo sob a ótica de crenças.

Para o historiador Milton Teixeira, a discussão religiosa na escolha do presidente remete o eleitor ao século XIX, aos tempos do Império, quando a Constituição de 1824, “em nome da Santíssima Trindade”, determinava o credo nacional, em seu artigo quinto. O Império erqa católico romano e permitia a prática de outros cultos apenas em templos.

Hoje, 186 anos depois, questões de direito civil e de saúde pública, como o casamento gay e o aborto, descambaram para o terreno de crenças pessoais. Em vez de emprego, segurança, saúde e educação, os candidatos discutem aspectos morais e de fé.

A religião nunca interferiu nos tempos republicanos. Jamais houve uma eleição com intromissão de religiosos. Para se ter uma idéia, nem o Natal era feriado na Republica Velha (1889-1930). Isso, num Estado laico, é de uma lógica incrível. A Igreja não piava. O que vemos nesta campanha faz o país voltar à época do Império; conta Milton Teixeira.

Reflexos no ministério

Segundo o historiador, a interferência religiosa ia além e se refletia até o ministério de Pedro I e Pedro II: Os padres recebiam salários pagos pela Fazenda real. As igrejas eram prédios públicos. Aliás, foi uma grande falha da República elas ficarem com seus bens; mas a Igreja tinha um bom lobby no Congresso. A sociedade era muito hipócrita. Você falava de moralidade e fazia outra coisa por trás. Funcionário público tinha de ser casado, os membros do governo eram quase todos maçons e quem vivia com amantes perdia o cargo.

Tenha Fé

Renato Machado.

DEFINIÇÕES:

ESTADO: Conjunto de poderes políticos de uma nação.
LAICO: Secular, por oposição a eclesiástico.
ECLESIÁSTICO: Relativo ou pertencente à Igreja ou Clero.

Será mesmo o Brasil um Estado laico? Estado laico é aquele em que as religiões não se intrometem na política das nações. No Império o Brasil não era laico, o Catolicismo era a religião oficial. A Constituição de 1824 só permitia eleição de católicos para o Congresso. Com a república, a lei mudou. Voto e religião não se misturam mais. Será?

Mas, hoje, para se chegar ao paraíso [Brasília] eles utilizam artifícios pouco cristãos, promovem caça as bruxas, agem como se fossem candidatos a chefes de igreja, e o rebanho que cai nessa... VOTA E FAZ... o Estado laico se transformar num INFERNO!


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Fonte: Jornal Extra, domingo 17 de outubro de 2010 – Coluna Geral Eleições 2010 – Reportagem Marcos Dias – segunda parte “Tenha Fé” de Renato Machado.
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